Governo vaiado e criticado na Avenida da Liberdade

02-06-2004
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Governo Vaiado e Criticado na Avenida da Liberdade

Por SIMÃO AGOSTINHO, com Lusa

Segunda-feira, 26 de Abril de 2004

O primeiro-ministro, Durão Barroso, e o ministro da Defesa, Paulo Portas, foram ontem recebidos com assobios quando chegaram à tribuna para assistir à parada militar que assinalou os 30 anos do 25 de Abril, ao fim da manhã.

O Presidente da República, Jorge Sampaio, acompanhado pelo presidente de Timor-Leste, Xanana Gusmão, foi aplaudido pelos populares que assistem à parada e que também receberam com palmas o presidente da Assembleia da República, Mota Amaral. Mas à medida que foram anunciados os nomes de Paulo Portas e Durão Barroso, os populares presentes na avenida lançaram vaias, assobios e mesmo vitupérios.

À tarde, a manifestação popular das comemorações do 25 de Abril, em Lisboa, encheu ontem por completo a Avenida da Liberdade. Tendo como principal objectivo celebrar a conquista da democracia, houve também espaço para fortes críticas ao governo.

A multidão que acorreu ontem à concentração no Marquês de Pombal, aproveitou a ocasião festiva dos 30 anos da Revolução de Abril para dirigir ao governo as suas preocupações e exigências face à acção executiva no campo social e em relação à guerra no Iraque.

Encabeçados por uma larga faixa vermelha com "25 de Abril Sempre" escrito a branco, desfilaram lado a lado representantes dos vários partidos de esquerda, incluindo os líderes do PS, Ferro Rodrigues, e do PCP, Carlos Carvalhas, o dirigente do Bloco de Esquerda Miguel Portas e o ex-Presidente da República Mário Soares.

Nomes como Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, que organizou o desfile, Vasco Gonçalves ou Vítor Crespo, marcaram também presença, assim como políticos - João Soares, Manuel Alegre, Odete Santos, Jamila Madeira, Jerónimo de Sousa - e sindicalistas - Carvalho da Silva da CGTP e Paulo Sucena da FENPROF.

A adesão popular ao desfile foi contabilizada em 40 mil manifestantes pela organização, dizendo que quando a cabeça do desfile chegou ao Rossio ainda a cauda estava no ponto de partida, a Praça do Marquês de Pombal.

As forças políticas presentes lembraram também o já intitulado "revisionismo" da maioria governamental, gritando "Abril é Revolução". A esse propósito, algumas pessoas levavam um 'r' na mão, defendendo que "o 25 de Abril não foi só evolução, como diz o governo".

As críticas à coligação PSD-CDS/PP estenderam-se ainda à área laboral, reclamando melhores salários e mais emprego, e à situação de Portugal face à situação no Iraque. Os manifestantes ergueram um cartaz com as fotos de Durão Barroso, Tony Blair, George Bush e Jose Maria Aznar e vaiaram-nos pelo que pensam ser politicas de guerra no Médio Oriente o que, segundo algumas faixas da manifestação, é uma nova forma de "colonialismo". As frases mais gritadas durante todo o desfile pela Avenida da Liberdade, mesmo quando aludindo à Revolução, tiveram sempre como alvo o Governo.

Já no final da manifestação, depois de um breve espaço musical num palco montado no Rossio, Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, disse algumas palavras contra o actual panorama político. No seu discurso, cingiu-se assim às duas temáticas predominantes da manifestação: a afirmação do carácter revolucionário do 25 de Abril e as políticas governamentais. O capitão de Abril afirmou que todos os que ali estavam "são da revolução" e que "o 'r' que a maioria tirou de evolução não pode tirar do coração".

Lembrando as conquistas de Abril como aquilo que "significa os mais nobres desejos da humanidade", Vasco Lourenço apelou ao pleno "exercício da cidadania" e exigiu "transparência política" para concretizar um maior "compromisso com a liberdade".

No final da manifestação, Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, disse, em declarações aos jornalistas, que o actual Governo está a tentar "apagar o carácter revolucionário que foi essencial e inevitável em Abril". "Há uma acção do Governo contra a revolução", sublinhou.

Também Carlos Carvalhas, secretário-geral do PCP, afirmou que "o povo está descontente com a maioria e a manifestação demonstrou-o bem". Interpelado sobre se o evento foi uma evidência de união à esquerda, Carvalhas sublinhou apenas estar convencido de que "o povo quer essa união".

No final da manifestação, todos cantaram a canção que marcou a Revolução "Grândola, vila morena", erguendo cravos vermelhos e gritando "fascismo nunca mais".

Governo Vaiado e Criticado na Avenida da Liberdade

Por SIMÃO AGOSTINHO, com Lusa

Segunda-feira, 26 de Abril de 2004

O primeiro-ministro, Durão Barroso, e o ministro da Defesa, Paulo Portas, foram ontem recebidos com assobios quando chegaram à tribuna para assistir à parada militar que assinalou os 30 anos do 25 de Abril, ao fim da manhã.

O Presidente da República, Jorge Sampaio, acompanhado pelo presidente de Timor-Leste, Xanana Gusmão, foi aplaudido pelos populares que assistem à parada e que também receberam com palmas o presidente da Assembleia da República, Mota Amaral. Mas à medida que foram anunciados os nomes de Paulo Portas e Durão Barroso, os populares presentes na avenida lançaram vaias, assobios e mesmo vitupérios.

À tarde, a manifestação popular das comemorações do 25 de Abril, em Lisboa, encheu ontem por completo a Avenida da Liberdade. Tendo como principal objectivo celebrar a conquista da democracia, houve também espaço para fortes críticas ao governo.

A multidão que acorreu ontem à concentração no Marquês de Pombal, aproveitou a ocasião festiva dos 30 anos da Revolução de Abril para dirigir ao governo as suas preocupações e exigências face à acção executiva no campo social e em relação à guerra no Iraque.

Encabeçados por uma larga faixa vermelha com "25 de Abril Sempre" escrito a branco, desfilaram lado a lado representantes dos vários partidos de esquerda, incluindo os líderes do PS, Ferro Rodrigues, e do PCP, Carlos Carvalhas, o dirigente do Bloco de Esquerda Miguel Portas e o ex-Presidente da República Mário Soares.

Nomes como Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, que organizou o desfile, Vasco Gonçalves ou Vítor Crespo, marcaram também presença, assim como políticos - João Soares, Manuel Alegre, Odete Santos, Jamila Madeira, Jerónimo de Sousa - e sindicalistas - Carvalho da Silva da CGTP e Paulo Sucena da FENPROF.

A adesão popular ao desfile foi contabilizada em 40 mil manifestantes pela organização, dizendo que quando a cabeça do desfile chegou ao Rossio ainda a cauda estava no ponto de partida, a Praça do Marquês de Pombal.

As forças políticas presentes lembraram também o já intitulado "revisionismo" da maioria governamental, gritando "Abril é Revolução". A esse propósito, algumas pessoas levavam um 'r' na mão, defendendo que "o 25 de Abril não foi só evolução, como diz o governo".

As críticas à coligação PSD-CDS/PP estenderam-se ainda à área laboral, reclamando melhores salários e mais emprego, e à situação de Portugal face à situação no Iraque. Os manifestantes ergueram um cartaz com as fotos de Durão Barroso, Tony Blair, George Bush e Jose Maria Aznar e vaiaram-nos pelo que pensam ser politicas de guerra no Médio Oriente o que, segundo algumas faixas da manifestação, é uma nova forma de "colonialismo". As frases mais gritadas durante todo o desfile pela Avenida da Liberdade, mesmo quando aludindo à Revolução, tiveram sempre como alvo o Governo.

Já no final da manifestação, depois de um breve espaço musical num palco montado no Rossio, Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, disse algumas palavras contra o actual panorama político. No seu discurso, cingiu-se assim às duas temáticas predominantes da manifestação: a afirmação do carácter revolucionário do 25 de Abril e as políticas governamentais. O capitão de Abril afirmou que todos os que ali estavam "são da revolução" e que "o 'r' que a maioria tirou de evolução não pode tirar do coração".

Lembrando as conquistas de Abril como aquilo que "significa os mais nobres desejos da humanidade", Vasco Lourenço apelou ao pleno "exercício da cidadania" e exigiu "transparência política" para concretizar um maior "compromisso com a liberdade".

No final da manifestação, Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, disse, em declarações aos jornalistas, que o actual Governo está a tentar "apagar o carácter revolucionário que foi essencial e inevitável em Abril". "Há uma acção do Governo contra a revolução", sublinhou.

Também Carlos Carvalhas, secretário-geral do PCP, afirmou que "o povo está descontente com a maioria e a manifestação demonstrou-o bem". Interpelado sobre se o evento foi uma evidência de união à esquerda, Carvalhas sublinhou apenas estar convencido de que "o povo quer essa união".

No final da manifestação, todos cantaram a canção que marcou a Revolução "Grândola, vila morena", erguendo cravos vermelhos e gritando "fascismo nunca mais".

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