"A construção europeia não deve ser feita à custa da relação transatlântica"

04-02-2003
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"A Construção Europeia Não Deve Ser Feita à Custa da Relação Transatlântica"

Por H.P. E S.J.A.

Sábado, 01 de Fevereiro de 2003

Durão Barroso frisou que o Iraque está em infracção há 12 anos e que a posição da NATO não será "irrelevante" para Portugal

O primeiro-ministro Durão Barroso foi ontem ao Parlamento insistir na importância de "uma nova decisão" do Conselho de Segurança (CS) da ONU, salientando que "o Governo português tem defendido uma política de colocação do ónus da prova a quem, de facto, ele cabe, ao Iraque". Lembrando que a resolução 1441 diz que o CS tem repetidamente avisado o Iraque de que enfrentará "sérias consequências" caso continue a violar as suas obrigações, Durão afirmou que "o Conselho de Segurança terá que saber erguer-se à altura da sua responsabilidade histórica" perante um país que está "em infracção" há 12 anos seguidos.

O primeiro-ministro destacou dois pontos do relatório Blix, que reconhece que o Iraque terá produzido "mais Antrax do que aquele que declarou", tendo encontrado "discrepâncias ou omissões significativas fornecidas pelo Iraque sobre a produção do gás de nervos VX e sobre o número de bombas químicas".

"Mas é bom que não subsistam ambiguidades: caso se esgote a via diplomática, não há neutralidade possível entre a tirania e a democracia, entre os que defendem a dignidade do homem e os que pela violência afrontam, violam e reprimem os direitos humanos", disse, avisando pouco depois, perante as críticas, que "a construção europeia não deve ser feita à custa da relação transatlântica". "Se esgotarmos a via diplomática, que fazemos? Vamos ficar impávidos e serenos? Se houver amanhã um conflito entre os nossos aliados e o Iraque, que fazemos? Mantemo-nos equidistantes?", insistiu.

O deputado do PS Jaime Gama sublinhou que "as etapas do Conselho de Segurança ainda não estão esgotadas". Para atacar o Governo, o PS citou palavras do ministro dos Negócios Estrangeiros em que Martins da Cruz se colocava na "posição exactamente igual" ao de países como o Irão.

Considerando que "em diplomacia externa, não se deve antecipar problemas nem adiar soluções pois isso retiraria margem de manobra", Durão introduziu um novo dado: é importante respeitar as consultas à comunidade internacional sendo que "o que a NATO e os aliados digam não é irrelevante".

Quanto à utilização da base das Lajes pelos EUA, Durão esclareceu o que já era público. A administração norte-americana invocou, dia 18 de Novembro, a possibilidade de intensificar a utilização da base, no quadro do Acordo de Defesa Bilateral. O acordo prevê que a utilização da base dos Açores é automática no cumprimento de resoluções do CS ou do Conselho do Atlântico Norte. Na altura, Martins da Cruz disse que esta "declaração" não significa que Portugal permitirá o uso das Lages apenas no caso de haver resolução da ONU.

"A Construção Europeia Não Deve Ser Feita à Custa da Relação Transatlântica"

Por H.P. E S.J.A.

Sábado, 01 de Fevereiro de 2003

Durão Barroso frisou que o Iraque está em infracção há 12 anos e que a posição da NATO não será "irrelevante" para Portugal

O primeiro-ministro Durão Barroso foi ontem ao Parlamento insistir na importância de "uma nova decisão" do Conselho de Segurança (CS) da ONU, salientando que "o Governo português tem defendido uma política de colocação do ónus da prova a quem, de facto, ele cabe, ao Iraque". Lembrando que a resolução 1441 diz que o CS tem repetidamente avisado o Iraque de que enfrentará "sérias consequências" caso continue a violar as suas obrigações, Durão afirmou que "o Conselho de Segurança terá que saber erguer-se à altura da sua responsabilidade histórica" perante um país que está "em infracção" há 12 anos seguidos.

O primeiro-ministro destacou dois pontos do relatório Blix, que reconhece que o Iraque terá produzido "mais Antrax do que aquele que declarou", tendo encontrado "discrepâncias ou omissões significativas fornecidas pelo Iraque sobre a produção do gás de nervos VX e sobre o número de bombas químicas".

"Mas é bom que não subsistam ambiguidades: caso se esgote a via diplomática, não há neutralidade possível entre a tirania e a democracia, entre os que defendem a dignidade do homem e os que pela violência afrontam, violam e reprimem os direitos humanos", disse, avisando pouco depois, perante as críticas, que "a construção europeia não deve ser feita à custa da relação transatlântica". "Se esgotarmos a via diplomática, que fazemos? Vamos ficar impávidos e serenos? Se houver amanhã um conflito entre os nossos aliados e o Iraque, que fazemos? Mantemo-nos equidistantes?", insistiu.

O deputado do PS Jaime Gama sublinhou que "as etapas do Conselho de Segurança ainda não estão esgotadas". Para atacar o Governo, o PS citou palavras do ministro dos Negócios Estrangeiros em que Martins da Cruz se colocava na "posição exactamente igual" ao de países como o Irão.

Considerando que "em diplomacia externa, não se deve antecipar problemas nem adiar soluções pois isso retiraria margem de manobra", Durão introduziu um novo dado: é importante respeitar as consultas à comunidade internacional sendo que "o que a NATO e os aliados digam não é irrelevante".

Quanto à utilização da base das Lajes pelos EUA, Durão esclareceu o que já era público. A administração norte-americana invocou, dia 18 de Novembro, a possibilidade de intensificar a utilização da base, no quadro do Acordo de Defesa Bilateral. O acordo prevê que a utilização da base dos Açores é automática no cumprimento de resoluções do CS ou do Conselho do Atlântico Norte. Na altura, Martins da Cruz disse que esta "declaração" não significa que Portugal permitirá o uso das Lages apenas no caso de haver resolução da ONU.

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