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19-08-2002
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UE tenta minimizar o impacto político e económico

dos ataques em Nova Iorque e Washington

Quinta-feira, 13 de Setembro de 2001

Por Isabel Arriaga e Cunha, em Bruxelas

Em várias reuniões de emergência, todas as instituições da União estenderam a mão aos EUA, oferecendo solidariedade e colaboração contra o terrorismo. Facto sem precedentes: sexta-feira será o primeiro feriado "europeu", com três minutos de silêncio, às 11 horas de Lisboa A União Europeia (UE) mobilizou-se ontem em peso para sublinhar a sua profunda solidariedade para com o Governo e o povo americanos e oferecer simultaneamente a sua total disponibilidade para colaborar nos esforços de busca e salvamento das vítimas e de luta contra o terrorismo. Em Bruxelas, todas as instituições comunitárias - Comissão Europeia, Parlamento Europeu e conselho de ministros dos Quinze - realizaram reuniões de emergência ainda em estado de choque para expressar o seu horror pelo que muitos classificaram de "actos contra toda a Humanidade". "Hoje (ontem), sentimo-nos todos um pouco americanos", afirmou Guy Verhofstadt, primeiro-ministro da Bélgica e presidente em exercício da UE perante o PE. "Nas horas mais sombrias da história da Europa, os Estados Unidos estiveram próximos de nós. Hoje, somos nós que estamos próximos dos Estados Unidos", afirmou Romano Prodi, presidente da Comissão Europeia, no final da reunião de emergência da sua instituição. Já os ministros dos Negócios Estrangeiros, que se reuniram de emergência - incluindo durante alguns momentos com o secretário-geral da NATO, George Robertson -, ofereceram toda a sua cooperação aos americanos para lutar contra o terrorismo, tanto ao nível diplomático como judiciário. "A UE e os seus Estados-membros não pouparão esforços para ajudar a identificar, julgar e punir os responsáveis: não haverá refúgio para os terroristas e os seus patrocinadores", afirma uma declaração aprovada no final da reunião, sublinhando os "laços fortes e duradoiros" que ligam a Europa e os Estados Unidos. Facto sem precedentes em toda a história da UE: os ministros decretaram o dia de amanhã, 14 de Setembro, como um dia de "luto europeu", pedindo a todos os cidadãos para respeitarem três minutos de silêncio às 11 horas de Lisboa (meio-dia na Europa Central). Em paralelo, à hora do fecho desta edição, prosseguia uma reunião dos embaixadores dos dezanove países da NATO, sobre as medidas de urgência, durante a qual foi invocado o artigo 5º do Tratado fundador de Washington, segundo o qual um ataque armado contra um dos aliados é encarado como um ataque contra todos: ou seja, é sinónimo de solidariedade incondicional em caso de guerra. Em contrapartida, entre os chefes da diplomacia, o tom foi sobretudo de calma e serenidade: todos tiveram o cuidado de classificar os atentados não como um acto de guerra, mas de terrorismo, e, sobretudo, evitaram entrar em especulações sobre eventuais cenários de retaliação. "Não vamos agir a quente e de forma precipitada", afirmou Teresa Moura, secretária de Estado dos Assuntos Europeus em substituição de Jaime Gama, retido na Ásia Central. "Primeiro é preciso ver quem está por trás destes actos bárbaros e depois pensar nas consequências", afirmou o ministro alemão, Joschka Fischer. "Hoje (ontem) é o dia e a hora da solidariedade", sublinhou. De forma implícita, os Quinze marcaram já as suas posições sobre a forma de reagir aos acontecimentos. "É preciso encontrar uma punição justa e não a vingança pela vingança", defendeu Benita Ferrero-Waldner, a ministra austríaca. Na mesma linha, o seu homólogo francês, Hubert Védrine, considerou necessário evitar estigmatizar o mundo árabe com eventuais actos de retaliação indiscriminada. "Não sei qual será a reacção dos Estados Unidos", afirmou, reconhecendo que "o traumatismo, o sofrimento e a humilhação da população americana não têm precedentes". Mas, sublinhou, "é preciso evitar o choque das civilizações". "Devemos lutar de forma determinada contra o terrorismo e contra todos os que o alimentam, para podermos erradicá-lo", continuou o ministro francês. Mas, frisou, "as democracias batem-se no quadro da lei, as democracias não devem, na luta contra o terrorismo, negar a sua identidade". A presidência belga da UE tratou, entretanto, de travar os pedidos vindos essencialmente da Alemanha para a realização de várias reuniões, considerando-as, em privado, contraproducentes: um encontro dos ministros da justiça e administração interna e uma cimeira especial de lideres dos Quinze. As reuniões serão convocadas se se revelar necessário e à luz das propostas concretas que forem eventualmente apresentadas, afirmou. _

UE tenta minimizar o impacto político e económico

dos ataques em Nova Iorque e Washington

Quinta-feira, 13 de Setembro de 2001

Por Isabel Arriaga e Cunha, em Bruxelas

Em várias reuniões de emergência, todas as instituições da União estenderam a mão aos EUA, oferecendo solidariedade e colaboração contra o terrorismo. Facto sem precedentes: sexta-feira será o primeiro feriado "europeu", com três minutos de silêncio, às 11 horas de Lisboa A União Europeia (UE) mobilizou-se ontem em peso para sublinhar a sua profunda solidariedade para com o Governo e o povo americanos e oferecer simultaneamente a sua total disponibilidade para colaborar nos esforços de busca e salvamento das vítimas e de luta contra o terrorismo. Em Bruxelas, todas as instituições comunitárias - Comissão Europeia, Parlamento Europeu e conselho de ministros dos Quinze - realizaram reuniões de emergência ainda em estado de choque para expressar o seu horror pelo que muitos classificaram de "actos contra toda a Humanidade". "Hoje (ontem), sentimo-nos todos um pouco americanos", afirmou Guy Verhofstadt, primeiro-ministro da Bélgica e presidente em exercício da UE perante o PE. "Nas horas mais sombrias da história da Europa, os Estados Unidos estiveram próximos de nós. Hoje, somos nós que estamos próximos dos Estados Unidos", afirmou Romano Prodi, presidente da Comissão Europeia, no final da reunião de emergência da sua instituição. Já os ministros dos Negócios Estrangeiros, que se reuniram de emergência - incluindo durante alguns momentos com o secretário-geral da NATO, George Robertson -, ofereceram toda a sua cooperação aos americanos para lutar contra o terrorismo, tanto ao nível diplomático como judiciário. "A UE e os seus Estados-membros não pouparão esforços para ajudar a identificar, julgar e punir os responsáveis: não haverá refúgio para os terroristas e os seus patrocinadores", afirma uma declaração aprovada no final da reunião, sublinhando os "laços fortes e duradoiros" que ligam a Europa e os Estados Unidos. Facto sem precedentes em toda a história da UE: os ministros decretaram o dia de amanhã, 14 de Setembro, como um dia de "luto europeu", pedindo a todos os cidadãos para respeitarem três minutos de silêncio às 11 horas de Lisboa (meio-dia na Europa Central). Em paralelo, à hora do fecho desta edição, prosseguia uma reunião dos embaixadores dos dezanove países da NATO, sobre as medidas de urgência, durante a qual foi invocado o artigo 5º do Tratado fundador de Washington, segundo o qual um ataque armado contra um dos aliados é encarado como um ataque contra todos: ou seja, é sinónimo de solidariedade incondicional em caso de guerra. Em contrapartida, entre os chefes da diplomacia, o tom foi sobretudo de calma e serenidade: todos tiveram o cuidado de classificar os atentados não como um acto de guerra, mas de terrorismo, e, sobretudo, evitaram entrar em especulações sobre eventuais cenários de retaliação. "Não vamos agir a quente e de forma precipitada", afirmou Teresa Moura, secretária de Estado dos Assuntos Europeus em substituição de Jaime Gama, retido na Ásia Central. "Primeiro é preciso ver quem está por trás destes actos bárbaros e depois pensar nas consequências", afirmou o ministro alemão, Joschka Fischer. "Hoje (ontem) é o dia e a hora da solidariedade", sublinhou. De forma implícita, os Quinze marcaram já as suas posições sobre a forma de reagir aos acontecimentos. "É preciso encontrar uma punição justa e não a vingança pela vingança", defendeu Benita Ferrero-Waldner, a ministra austríaca. Na mesma linha, o seu homólogo francês, Hubert Védrine, considerou necessário evitar estigmatizar o mundo árabe com eventuais actos de retaliação indiscriminada. "Não sei qual será a reacção dos Estados Unidos", afirmou, reconhecendo que "o traumatismo, o sofrimento e a humilhação da população americana não têm precedentes". Mas, sublinhou, "é preciso evitar o choque das civilizações". "Devemos lutar de forma determinada contra o terrorismo e contra todos os que o alimentam, para podermos erradicá-lo", continuou o ministro francês. Mas, frisou, "as democracias batem-se no quadro da lei, as democracias não devem, na luta contra o terrorismo, negar a sua identidade". A presidência belga da UE tratou, entretanto, de travar os pedidos vindos essencialmente da Alemanha para a realização de várias reuniões, considerando-as, em privado, contraproducentes: um encontro dos ministros da justiça e administração interna e uma cimeira especial de lideres dos Quinze. As reuniões serão convocadas se se revelar necessário e à luz das propostas concretas que forem eventualmente apresentadas, afirmou. _

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