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30-10-2003
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A sorte e o azar Desde funcionários ao presidente da Câmara, passando por bombeiros e pelo seu comandante, muita gente com responsabilidade sabia ou tinha ouvido falar em Lamego dos passeios de helicóptero para ver do alto a belíssima paisagem duriense. Muita gente sabia mas calou-se, complacente. Para quê incomodar-se com o facto de um helicóptero ao serviço do Estado, pago a peso de ouro para combater os incêndios, ser usado por grupos de amigos em viagens turísticas? Só depois de uma jornalista da SIC entrar na boca do lobo e uns poucos terem arranjado coragem para denunciar o caso com a voz distorcida e a imagem deformada, é que começaram a aparecer rostos de cara descoberta. Uns para justificarem o injustificável, procurando salvar a pele, outros fingindo desconhecimento e uma indignação exagerada, como o presidente da Protecção Civil, que tinha a cabeça a prémio por outras razões mas correu a aproveitar o caso de Lamego, acrescentando-o à lista de desculpas para o que, durante os fogos, correu mal na sua área de responsabilidade. Só depois de uma jornalista da SIC entrar na boca do lobo e uns poucos terem arranjado coragem para denunciar o caso com a voz distorcida e a imagem deformada, é que começaram a aparecer rostos de cara descoberta. Uns para justificarem o injustificável, procurando salvar a pele, outros fingindo desconhecimento e uma indignação exagerada, como o presidente da Protecção Civil, que tinha a cabeça a prémio por outras razões mas correu a aproveitar o caso de Lamego, acrescentando-o à lista de desculpas para o que, durante os fogos, correu mal na sua área de responsabilidade. A história do helicóptero é reveladora de uma atitude de desprezo e desregramento na utilização de meios e equipamentos pertencentes ao Estado ou ao seu serviço, de que temos notícia de quando em vez. Há boas razões para suspeitar, no entanto, que essa prática será bem mais frequente e generalizada - quer ao nível da administração central, quer dos múltiplos poderes locais - do que se pode avaliar pelos abusos que chegam ao conhecimento público. A história do helicóptero é reveladora de uma atitude de desprezo e desregramento na utilização de meios e equipamentos pertencentes ao Estado ou ao seu serviço, de que temos notícia de quando em vez. Há boas razões para suspeitar, no entanto, que essa prática será bem mais frequente e generalizada - quer ao nível da administração central, quer dos múltiplos poderes locais - do que se pode avaliar pelos abusos que chegam ao conhecimento público. A naturalidade com que, no caso de Lamego, algumas fontes e protagonistas comentaram o caso é tão escandalosa como o próprio escândalo. É idêntica à do construtor civil milionário que se gaba de declarar o salário mínimo para pagar de IRS o mesmo que o servente de uma das suas empresas; à do autarca que usa as máquinas da Câmara nas suas obras particulares, ou nas dos amigos; à do ministro que recorre à Guarda Fiscal para fazer a mudança de casa; à da secretária de Estado que entrega o carro oficial a um amigo para noitadas ou fins de semana de lazer. A naturalidade com que, no caso de Lamego, algumas fontes e protagonistas comentaram o caso é tão escandalosa como o próprio escândalo. É idêntica à do construtor civil milionário que se gaba de declarar o salário mínimo para pagar de IRS o mesmo que o servente de uma das suas empresas; à do autarca que usa as máquinas da Câmara nas suas obras particulares, ou nas dos amigos; à do ministro que recorre à Guarda Fiscal para fazer a mudança de casa; à da secretária de Estado que entrega o carro oficial a um amigo para noitadas ou fins de semana de lazer. Abundam os exemplos que vêm de cima e que a qualquer um ocorrem sem grande esforço de memória. Não admira, pois, que, em Lamego, muitos considerassem normal um convite para viajar de helicóptero nas horas vagas do piloto. O azar foi alguém - por simples ressentimento, por algum interesse especial ou, temos de o admitir, movido por um genuíno propósito moralizador - ter denunciado a situação, quebrando o jogo de cumplicidades e encobrimentos. A sorte, para que os abusos e a impunidade prevaleçam nos casos que ficam por conhecer, é que nem sempre aparecem jornalistas curiosos no circuito. Abundam os exemplos que vêm de cima e que a qualquer um ocorrem sem grande esforço de memória. Não admira, pois, que, em Lamego, muitos considerassem normal um convite para viajar de helicóptero nas horas vagas do piloto. O azar foi alguém - por simples ressentimento, por algum interesse especial ou, temos de o admitir, movido por um genuíno propósito moralizador - ter denunciado a situação, quebrando o jogo de cumplicidades e encobrimentos. A sorte, para que os abusos e a impunidade prevaleçam nos casos que ficam por conhecer, é que nem sempre aparecem jornalistas curiosos no circuito. Entre o azar de uns e a sorte de outros, está esta certeza: por cada escândalo descoberto e denunciado pelas televisões ou pelos jornais - e não pelos poderes que têm a responsabilidade de prevenir e evitar o regabofe - aumenta a desconfiança nos órgãos e instituições do Estado. Alguém se preocupa? Entre o azar de uns e a sorte de outros, está esta certeza: por cada escândalo descoberto e denunciado pelas televisões ou pelos jornais - e não pelos poderes que têm a responsabilidade de prevenir e evitar o regabofe - aumenta a desconfiança nos órgãos e instituições do Estado. Alguém se preocupa? 1 Outubro 2003

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Comentários

1 a 20 de 34 capitão 20:50 4 Outubro 2003 helis civis para quê?

Como é possível ao Estado português andar a pagar o aluguer de helis a empresas privadas, quando dispõe de 40 helis na FAP e mais alguns na Armada? Zé dos Anzóis 13:00 2 Outubro 2003 Antes e depois

Em tempo de candidatura é vê-los arrastarem-se sob o peso do dever e da responsabilidade. Depois, tomam posse dos lugares públicos e juram por sua honra cumprir com lealdade blá, blá, blá.

Nos lugares, distinguem-se pelo novo riquismo, seja das casas de banho que não estarão à altura de tanta dignidade, seja no usufruto de todas as benesses que o cargo proporciona, o carro, o telefone, as despesas de representação, e sei lá mais o quê.

Acabado o tacho, surgem sempre "inesperados" convites para conselhos de administração e outros lugares mais ou menos simbólicos mas sempre muito bem remunerados.

É mais ou menos este o percurso e é por isto que o crime continua a compensar. Até quando? Zulo 12:50 2 Outubro 2003 por cada escândalo descoberto e denunciado pelas televisões ou pelos jornais - e não pelos poderes que têm a responsabilidade de prevenir e evitar o regabofe - aumenta a desconfiança nos órgãos e instituições do Estado. Alguém se preocupa?

Eu preocupo-me! Sempre me preocupei e continuarei a preocupar, mas que adianta, eles, os ... não me têm respeito. Quando falo fazem de conta que não é com eles, efim ... até um dia! queijo da serra 11:41 2 Outubro 2003 O mal está no "porreirismo nacional". Nós, a malta nascida na Tugalândia, somos, regra geral, aquilo que costuma na gíria designar-se por "uns gajos porreiros". O piloto, evidentemente, é um "gajo porreiro", que, como forma de agradecimento aos "gajos porreiros" que o apoiavam durante a chamada "época dos incêndios" lhes proporcionava umas viagens, também elas "porreiras", sobre a região duriense, as quais, inevitavelmente, terminavam com jantares também eles "porreiros", servidos em sítios "porreiros" e por pessoal "porreiro".

E o Povo, que é "porreiro", paga alegremente os seus impostos sem ir aos cornos a toda esta gajada "porreira".

Somos todos bons rapazes e boas raparigas, que se há-de fazer!? >Asdrúbal 11:07 2 Outubro 2003 Só cá faltava mais este...

Jaime Gama declarou que referendar a constituição europeia seria «uma paródia democrática» (sic).

Só se é porque a «União» é uma criação irresponsável de uma burocracia europeia e ninguém de boa saúde "referenda" uma irresponsabilidade... vmt418 04:28 2 Outubro 2003 Muçulmanos, Árabes, Mangos, Templários e... almoçaradas

Tem toda a razão o Mango quando diz que não lhe interessa se os árabes comem ou não as indonésias. A mim também não me tira o sono... o que me admira é que o Mango não saiba (ou não queira dizer) porque é que nem os árabes, nem os judeus não comem porco.

A razão é exactamente a mesma pela qual os portugueses não comem carne de burro, amigo Mango... é para não serem acusados de CANIBALISMO. Ulisses 02:28 2 Outubro 2003 A SORTE E O AZAR

Sem tentar desculpabilbizar seja quem for, gostaria de conhecer alguns dados que permitirão melhor avaliar o grau da eventual infracção.

Os serviços do helicóptero eram pagos em função das horas gastas numa operação ou por um período mais ou menos longo, horas ou dias, durante o qual o aparelho fica à disposição do afretador?

Na primeira hipótese, terminada a operação, o dono do helicóptero pode fazer com ele o que bem entender. Na segunda situação, não existe encargo adicional para o afretador se o aparelho for utilizado nos tempos mortos durante a vigência do contrato ou depois.

Em ambas as situações há que averiguar quem é responsável pelo combustível, e na segunda, se ao cliente, o Estado, foram cobrados os tempos gastos nos eventuais passeios.

Pode ser que me engane, mas parece-me que há coisas muito piores do que isto. Até pode acontecer que a haver um lesado, seja o dono do aparelho.

Cordiais cumprimentos JSB 23:54 1 Outubro 2003 O respeito pelos outros começa pelo respeito que temos por nós próprios!Os bens do estado e públicos, deveriam ser respeitados como se fossem nossos, mas infelizmente a mente 'tuga' acha que se´e público, 'também é meu', e logo posso estragar ou utilizar abusivamente. Isto não mudará nem nos próximos 50 anos. Já viram a quantidade de cáca de cão que se encontra nos passeios das cidades? O lixo que atiram para o chão? Escarrar? Urinar em qualquer esquina? Separar Residuos? Qué isso? Mesmo os que separam separam mal inviabilizando o trabalho correcto de uma minoria! Vale tudo meus amigos... Afinal que diferença faz utilizar o Heli em proveito próprio? ... além de que o exemplos vêm de cima...muito de cima... cromagnon 23:05 1 Outubro 2003 comecemos por educar de pequeninos e daqui a duas gerações vê-se o efeito

Há coisa de uns 20 anos começaram a ensinar ecologia aos jovens do nosso país. E hoje nota-se que as pessoas estão mais preocupadas em velar pelo bem estar ambiental, protestando se o virem em perigo.

Se introduzirem nos currículos escolares uma cadeira que ajude a pensar como é que uma comunidade vive, de onde vem o dinheiro para os bens e serviços que o Estado disponibiliza, far-se-á a revolução que tanta falta faz.

A partir daí, as pessoas deixarão de olhar para os bens públicos como sendo de ninguém e reagirão se os virem desperdiçados ou espoliados.

Deixará de ser a habitual meia dúzia de pessoas que alertam para esses problemas.

Se as pessoas se consciencializarem que tudo que o Estado faz é com o nosso dinheiro muita coisa vai mudar!

E deixará de haver tanta fuga ao fisco ! aiaiai 22:18 1 Outubro 2003 Pois, isto não é um país, é um sítio mal frequentado!

Já alguém tinha dito isto antes ?

doubleyou 19:28 1 Outubro 2003 CORRUPCAO ? QUAL CORRUPCAO ?

Nao se iludam os ingenios que a corrupcao e um exclusivo do sector privado.. O Estado ( qualquer Estado..),o sector Co-operativo, Associativo, Sindical,Politico, e ate Caritativo sofrem tambem deste cancro que tem a sua origem na cobica egoista do ser humano quando exposto a facinacao perversa que o Dinheiro e o Poder tem sobre pessoas mal formadas, sem moral e com falta de civismo.

Enqunato a concecpcao politica de se acabar com o Dinheiro e o Poder for do foro utopica da ideologia Anarquista, havera sempre corrucao em todas esferas das actividades da sociedade em Portugal..

O resto sao so lagrimas de crocodilo..

Webmaster

www.fotografia-3d.freewire.co.uk

E

ariosto 18:39 1 Outubro 2003 Amigo Mango

Não sei a resposta, mas sei o que diz o povo: ' Em Roma não coma as romanas...' Abraço e boa-noite. Vitor Mango 17:49 1 Outubro 2003 OK caro Templário 15:00

Se os arabes comem ou não indonesias não é esse o meu problema

O que eu gostava que me dissessem é porque é que os arabes não comem carne de PORCO

Porquê ?

Eu tenho uma teoria ! vikto 17:34 1 Outubro 2003 QUEVERGONHA

A isto o ministro responde com o despedimento dum seu subordinado, sem saber se as culpas lhe cabem a ele, a outros, a mais alguém ou se em última análise a sí próprio!

Kabaral 17:32 1 Outubro 2003

Todos tugas porreiros que ofereciam umas voltas com o que era dos outros.

Aqui está um exemplo de como quando é de todos não é de ninguém!

Já agora, estes beneméritos do deles, tenho a certeza que não deram nada a ninguém!!!! cápramim 17:29 1 Outubro 2003 O problema não é o Estado ter os seus meios prórpios para combater incêndios.

O problema é a mentalidade do português que cada vez que tem um brinquedo novo - independetemente de quem o paga - tem, não apenas que o experimentar, mas também convidar os amigos para brincar com ele.

Foi o que aconteceu com o sr. Comandante dos Bombeiros de Lamego.

É apenas uma questão de responsabilização, não é um problema politico ou de tutela, porque se assim fosse, não havia politicos que resistissem e não havia governos que chegassem.

Logo, o que se devia fazer era por o sr. Comandante a pagar do seu bolso todas as despesas que existiram bem como a manutenção do helicoptero.

Assim, se se passasse a responsabilizar as pessoas pelos actos ilicitos que cometem e se lhes fossem à carteira, de certeza que cenas tristes como esta deixavam de existir. acard 16:46 1 Outubro 2003 E a tutela?...

... "muita gente com responsabilidades sabia"... E a tutela? Desconhecia? Como é isso possivel?

Partidários do governo e partidários da oposição,todos se encobrem?

É que ,por vezes, só com um "abanão" forte da comunicação social é que as coisas vêm a lume e se resolvem... Press 15:38 1 Outubro 2003 HeliBronca

É uma questão de altitude...

Neste caso o pessoal voou demasiado alto.

Nos casos em que voam baixinho as broncas são mais difíceis de detectar...ou porque não vendem tantos jornais, nem prime-time nas TVs ou devido ao clima de laxismo generalizado, que pura e simplesmente não liga a estas coisas insignificantes como uso indevido dos dinheiros e recursos pagos pelo Estado...

Querem melhor exemplo do que a "institucionalizada" evasão fiscal?

Templário 15:00 1 Outubro 2003 RTP Árabes e Regabofe

Ficámos ontem a saber via RTP e via Concurso " quem quer ser milionário " que os árabes NÃO COMEM CARNE de PORCO!

A pergunta era:

Os árabes não comem carne de...

a) vaca

b) porco

c) borrego

d) galinha

a concorrente respondeu vaca.

errado !

a resposta certa é...é... porco !

os árabes não comem carne de porco !

Fiquei parvo.

um concurso que testa a cultura dos concorrentes, mas que não testa, a de quem faz as perguntas ?

será que os muçulmanos da Indonésia, que devem ser uns 180 milhões, agora são árabes ?

se eu fosse inglês diria: no comments !

ou então

Fechem as universidades e comecemos todos a aprender pela televisão !!!

JR 14:37 1 Outubro 2003 "REGABOFE"

"por cada escândalo descoberto e denunciado pelas televisões ou pelos jornais - e não pelos poderes que têm a responsabilidade de prevenir e evitar o regabofe - aumenta a desconfiança nos órgãos e instituições do Estado. "

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A sorte e o azar Desde funcionários ao presidente da Câmara, passando por bombeiros e pelo seu comandante, muita gente com responsabilidade sabia ou tinha ouvido falar em Lamego dos passeios de helicóptero para ver do alto a belíssima paisagem duriense. Muita gente sabia mas calou-se, complacente. Para quê incomodar-se com o facto de um helicóptero ao serviço do Estado, pago a peso de ouro para combater os incêndios, ser usado por grupos de amigos em viagens turísticas? Só depois de uma jornalista da SIC entrar na boca do lobo e uns poucos terem arranjado coragem para denunciar o caso com a voz distorcida e a imagem deformada, é que começaram a aparecer rostos de cara descoberta. Uns para justificarem o injustificável, procurando salvar a pele, outros fingindo desconhecimento e uma indignação exagerada, como o presidente da Protecção Civil, que tinha a cabeça a prémio por outras razões mas correu a aproveitar o caso de Lamego, acrescentando-o à lista de desculpas para o que, durante os fogos, correu mal na sua área de responsabilidade. Só depois de uma jornalista da SIC entrar na boca do lobo e uns poucos terem arranjado coragem para denunciar o caso com a voz distorcida e a imagem deformada, é que começaram a aparecer rostos de cara descoberta. Uns para justificarem o injustificável, procurando salvar a pele, outros fingindo desconhecimento e uma indignação exagerada, como o presidente da Protecção Civil, que tinha a cabeça a prémio por outras razões mas correu a aproveitar o caso de Lamego, acrescentando-o à lista de desculpas para o que, durante os fogos, correu mal na sua área de responsabilidade. A história do helicóptero é reveladora de uma atitude de desprezo e desregramento na utilização de meios e equipamentos pertencentes ao Estado ou ao seu serviço, de que temos notícia de quando em vez. Há boas razões para suspeitar, no entanto, que essa prática será bem mais frequente e generalizada - quer ao nível da administração central, quer dos múltiplos poderes locais - do que se pode avaliar pelos abusos que chegam ao conhecimento público. A história do helicóptero é reveladora de uma atitude de desprezo e desregramento na utilização de meios e equipamentos pertencentes ao Estado ou ao seu serviço, de que temos notícia de quando em vez. Há boas razões para suspeitar, no entanto, que essa prática será bem mais frequente e generalizada - quer ao nível da administração central, quer dos múltiplos poderes locais - do que se pode avaliar pelos abusos que chegam ao conhecimento público. A naturalidade com que, no caso de Lamego, algumas fontes e protagonistas comentaram o caso é tão escandalosa como o próprio escândalo. É idêntica à do construtor civil milionário que se gaba de declarar o salário mínimo para pagar de IRS o mesmo que o servente de uma das suas empresas; à do autarca que usa as máquinas da Câmara nas suas obras particulares, ou nas dos amigos; à do ministro que recorre à Guarda Fiscal para fazer a mudança de casa; à da secretária de Estado que entrega o carro oficial a um amigo para noitadas ou fins de semana de lazer. A naturalidade com que, no caso de Lamego, algumas fontes e protagonistas comentaram o caso é tão escandalosa como o próprio escândalo. É idêntica à do construtor civil milionário que se gaba de declarar o salário mínimo para pagar de IRS o mesmo que o servente de uma das suas empresas; à do autarca que usa as máquinas da Câmara nas suas obras particulares, ou nas dos amigos; à do ministro que recorre à Guarda Fiscal para fazer a mudança de casa; à da secretária de Estado que entrega o carro oficial a um amigo para noitadas ou fins de semana de lazer. Abundam os exemplos que vêm de cima e que a qualquer um ocorrem sem grande esforço de memória. Não admira, pois, que, em Lamego, muitos considerassem normal um convite para viajar de helicóptero nas horas vagas do piloto. O azar foi alguém - por simples ressentimento, por algum interesse especial ou, temos de o admitir, movido por um genuíno propósito moralizador - ter denunciado a situação, quebrando o jogo de cumplicidades e encobrimentos. A sorte, para que os abusos e a impunidade prevaleçam nos casos que ficam por conhecer, é que nem sempre aparecem jornalistas curiosos no circuito. Abundam os exemplos que vêm de cima e que a qualquer um ocorrem sem grande esforço de memória. Não admira, pois, que, em Lamego, muitos considerassem normal um convite para viajar de helicóptero nas horas vagas do piloto. O azar foi alguém - por simples ressentimento, por algum interesse especial ou, temos de o admitir, movido por um genuíno propósito moralizador - ter denunciado a situação, quebrando o jogo de cumplicidades e encobrimentos. A sorte, para que os abusos e a impunidade prevaleçam nos casos que ficam por conhecer, é que nem sempre aparecem jornalistas curiosos no circuito. Entre o azar de uns e a sorte de outros, está esta certeza: por cada escândalo descoberto e denunciado pelas televisões ou pelos jornais - e não pelos poderes que têm a responsabilidade de prevenir e evitar o regabofe - aumenta a desconfiança nos órgãos e instituições do Estado. Alguém se preocupa? Entre o azar de uns e a sorte de outros, está esta certeza: por cada escândalo descoberto e denunciado pelas televisões ou pelos jornais - e não pelos poderes que têm a responsabilidade de prevenir e evitar o regabofe - aumenta a desconfiança nos órgãos e instituições do Estado. Alguém se preocupa? 1 Outubro 2003

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Comentários

1 a 20 de 34 capitão 20:50 4 Outubro 2003 helis civis para quê?

Como é possível ao Estado português andar a pagar o aluguer de helis a empresas privadas, quando dispõe de 40 helis na FAP e mais alguns na Armada? Zé dos Anzóis 13:00 2 Outubro 2003 Antes e depois

Em tempo de candidatura é vê-los arrastarem-se sob o peso do dever e da responsabilidade. Depois, tomam posse dos lugares públicos e juram por sua honra cumprir com lealdade blá, blá, blá.

Nos lugares, distinguem-se pelo novo riquismo, seja das casas de banho que não estarão à altura de tanta dignidade, seja no usufruto de todas as benesses que o cargo proporciona, o carro, o telefone, as despesas de representação, e sei lá mais o quê.

Acabado o tacho, surgem sempre "inesperados" convites para conselhos de administração e outros lugares mais ou menos simbólicos mas sempre muito bem remunerados.

É mais ou menos este o percurso e é por isto que o crime continua a compensar. Até quando? Zulo 12:50 2 Outubro 2003 por cada escândalo descoberto e denunciado pelas televisões ou pelos jornais - e não pelos poderes que têm a responsabilidade de prevenir e evitar o regabofe - aumenta a desconfiança nos órgãos e instituições do Estado. Alguém se preocupa?

Eu preocupo-me! Sempre me preocupei e continuarei a preocupar, mas que adianta, eles, os ... não me têm respeito. Quando falo fazem de conta que não é com eles, efim ... até um dia! queijo da serra 11:41 2 Outubro 2003 O mal está no "porreirismo nacional". Nós, a malta nascida na Tugalândia, somos, regra geral, aquilo que costuma na gíria designar-se por "uns gajos porreiros". O piloto, evidentemente, é um "gajo porreiro", que, como forma de agradecimento aos "gajos porreiros" que o apoiavam durante a chamada "época dos incêndios" lhes proporcionava umas viagens, também elas "porreiras", sobre a região duriense, as quais, inevitavelmente, terminavam com jantares também eles "porreiros", servidos em sítios "porreiros" e por pessoal "porreiro".

E o Povo, que é "porreiro", paga alegremente os seus impostos sem ir aos cornos a toda esta gajada "porreira".

Somos todos bons rapazes e boas raparigas, que se há-de fazer!? >Asdrúbal 11:07 2 Outubro 2003 Só cá faltava mais este...

Jaime Gama declarou que referendar a constituição europeia seria «uma paródia democrática» (sic).

Só se é porque a «União» é uma criação irresponsável de uma burocracia europeia e ninguém de boa saúde "referenda" uma irresponsabilidade... vmt418 04:28 2 Outubro 2003 Muçulmanos, Árabes, Mangos, Templários e... almoçaradas

Tem toda a razão o Mango quando diz que não lhe interessa se os árabes comem ou não as indonésias. A mim também não me tira o sono... o que me admira é que o Mango não saiba (ou não queira dizer) porque é que nem os árabes, nem os judeus não comem porco.

A razão é exactamente a mesma pela qual os portugueses não comem carne de burro, amigo Mango... é para não serem acusados de CANIBALISMO. Ulisses 02:28 2 Outubro 2003 A SORTE E O AZAR

Sem tentar desculpabilbizar seja quem for, gostaria de conhecer alguns dados que permitirão melhor avaliar o grau da eventual infracção.

Os serviços do helicóptero eram pagos em função das horas gastas numa operação ou por um período mais ou menos longo, horas ou dias, durante o qual o aparelho fica à disposição do afretador?

Na primeira hipótese, terminada a operação, o dono do helicóptero pode fazer com ele o que bem entender. Na segunda situação, não existe encargo adicional para o afretador se o aparelho for utilizado nos tempos mortos durante a vigência do contrato ou depois.

Em ambas as situações há que averiguar quem é responsável pelo combustível, e na segunda, se ao cliente, o Estado, foram cobrados os tempos gastos nos eventuais passeios.

Pode ser que me engane, mas parece-me que há coisas muito piores do que isto. Até pode acontecer que a haver um lesado, seja o dono do aparelho.

Cordiais cumprimentos JSB 23:54 1 Outubro 2003 O respeito pelos outros começa pelo respeito que temos por nós próprios!Os bens do estado e públicos, deveriam ser respeitados como se fossem nossos, mas infelizmente a mente 'tuga' acha que se´e público, 'também é meu', e logo posso estragar ou utilizar abusivamente. Isto não mudará nem nos próximos 50 anos. Já viram a quantidade de cáca de cão que se encontra nos passeios das cidades? O lixo que atiram para o chão? Escarrar? Urinar em qualquer esquina? Separar Residuos? Qué isso? Mesmo os que separam separam mal inviabilizando o trabalho correcto de uma minoria! Vale tudo meus amigos... Afinal que diferença faz utilizar o Heli em proveito próprio? ... além de que o exemplos vêm de cima...muito de cima... cromagnon 23:05 1 Outubro 2003 comecemos por educar de pequeninos e daqui a duas gerações vê-se o efeito

Há coisa de uns 20 anos começaram a ensinar ecologia aos jovens do nosso país. E hoje nota-se que as pessoas estão mais preocupadas em velar pelo bem estar ambiental, protestando se o virem em perigo.

Se introduzirem nos currículos escolares uma cadeira que ajude a pensar como é que uma comunidade vive, de onde vem o dinheiro para os bens e serviços que o Estado disponibiliza, far-se-á a revolução que tanta falta faz.

A partir daí, as pessoas deixarão de olhar para os bens públicos como sendo de ninguém e reagirão se os virem desperdiçados ou espoliados.

Deixará de ser a habitual meia dúzia de pessoas que alertam para esses problemas.

Se as pessoas se consciencializarem que tudo que o Estado faz é com o nosso dinheiro muita coisa vai mudar!

E deixará de haver tanta fuga ao fisco ! aiaiai 22:18 1 Outubro 2003 Pois, isto não é um país, é um sítio mal frequentado!

Já alguém tinha dito isto antes ?

doubleyou 19:28 1 Outubro 2003 CORRUPCAO ? QUAL CORRUPCAO ?

Nao se iludam os ingenios que a corrupcao e um exclusivo do sector privado.. O Estado ( qualquer Estado..),o sector Co-operativo, Associativo, Sindical,Politico, e ate Caritativo sofrem tambem deste cancro que tem a sua origem na cobica egoista do ser humano quando exposto a facinacao perversa que o Dinheiro e o Poder tem sobre pessoas mal formadas, sem moral e com falta de civismo.

Enqunato a concecpcao politica de se acabar com o Dinheiro e o Poder for do foro utopica da ideologia Anarquista, havera sempre corrucao em todas esferas das actividades da sociedade em Portugal..

O resto sao so lagrimas de crocodilo..

Webmaster

www.fotografia-3d.freewire.co.uk

E

ariosto 18:39 1 Outubro 2003 Amigo Mango

Não sei a resposta, mas sei o que diz o povo: ' Em Roma não coma as romanas...' Abraço e boa-noite. Vitor Mango 17:49 1 Outubro 2003 OK caro Templário 15:00

Se os arabes comem ou não indonesias não é esse o meu problema

O que eu gostava que me dissessem é porque é que os arabes não comem carne de PORCO

Porquê ?

Eu tenho uma teoria ! vikto 17:34 1 Outubro 2003 QUEVERGONHA

A isto o ministro responde com o despedimento dum seu subordinado, sem saber se as culpas lhe cabem a ele, a outros, a mais alguém ou se em última análise a sí próprio!

Kabaral 17:32 1 Outubro 2003

Todos tugas porreiros que ofereciam umas voltas com o que era dos outros.

Aqui está um exemplo de como quando é de todos não é de ninguém!

Já agora, estes beneméritos do deles, tenho a certeza que não deram nada a ninguém!!!! cápramim 17:29 1 Outubro 2003 O problema não é o Estado ter os seus meios prórpios para combater incêndios.

O problema é a mentalidade do português que cada vez que tem um brinquedo novo - independetemente de quem o paga - tem, não apenas que o experimentar, mas também convidar os amigos para brincar com ele.

Foi o que aconteceu com o sr. Comandante dos Bombeiros de Lamego.

É apenas uma questão de responsabilização, não é um problema politico ou de tutela, porque se assim fosse, não havia politicos que resistissem e não havia governos que chegassem.

Logo, o que se devia fazer era por o sr. Comandante a pagar do seu bolso todas as despesas que existiram bem como a manutenção do helicoptero.

Assim, se se passasse a responsabilizar as pessoas pelos actos ilicitos que cometem e se lhes fossem à carteira, de certeza que cenas tristes como esta deixavam de existir. acard 16:46 1 Outubro 2003 E a tutela?...

... "muita gente com responsabilidades sabia"... E a tutela? Desconhecia? Como é isso possivel?

Partidários do governo e partidários da oposição,todos se encobrem?

É que ,por vezes, só com um "abanão" forte da comunicação social é que as coisas vêm a lume e se resolvem... Press 15:38 1 Outubro 2003 HeliBronca

É uma questão de altitude...

Neste caso o pessoal voou demasiado alto.

Nos casos em que voam baixinho as broncas são mais difíceis de detectar...ou porque não vendem tantos jornais, nem prime-time nas TVs ou devido ao clima de laxismo generalizado, que pura e simplesmente não liga a estas coisas insignificantes como uso indevido dos dinheiros e recursos pagos pelo Estado...

Querem melhor exemplo do que a "institucionalizada" evasão fiscal?

Templário 15:00 1 Outubro 2003 RTP Árabes e Regabofe

Ficámos ontem a saber via RTP e via Concurso " quem quer ser milionário " que os árabes NÃO COMEM CARNE de PORCO!

A pergunta era:

Os árabes não comem carne de...

a) vaca

b) porco

c) borrego

d) galinha

a concorrente respondeu vaca.

errado !

a resposta certa é...é... porco !

os árabes não comem carne de porco !

Fiquei parvo.

um concurso que testa a cultura dos concorrentes, mas que não testa, a de quem faz as perguntas ?

será que os muçulmanos da Indonésia, que devem ser uns 180 milhões, agora são árabes ?

se eu fosse inglês diria: no comments !

ou então

Fechem as universidades e comecemos todos a aprender pela televisão !!!

JR 14:37 1 Outubro 2003 "REGABOFE"

"por cada escândalo descoberto e denunciado pelas televisões ou pelos jornais - e não pelos poderes que têm a responsabilidade de prevenir e evitar o regabofe - aumenta a desconfiança nos órgãos e instituições do Estado. "

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