Divergências entre relatores adiam conclusões do inquérito ao Metro

07-12-2002
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Divergências Entre Relatores Adiam Conclusões do Inquérito ao Metro

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Quinta-feira, 05 de Dezembro de 2002

Relatório incompleto provoca "incidente" na comissão de inquérito, que termina hoje

A comissão de inquérito parlamentar ao acidente nas obras do Metro no Terreiro do Paço adiou para hoje a discussão das conclusões, devido à falta de consenso entre os dois relatores. A ordem de trabalhos definida para ontem era a discussão do relatório a apresentar pelos deputados João Teixeira Lopes (Bloco de Esquerda) e Isabel Gonçalves dos Santos (CDS). Em vez disso, o que se assistiu foi a uma troca de acusações entre a bancada do PS e da maioria sobre notícias vindas a público à volta das conclusões da comissão.

"Acho isto tudo ridículo. Alguém nesta comissão não está a contar toda a verdade" - o socialista António José Seguro insurgia-se assim contra o facto de os dois relatores não terem relatório para apresentar, quando os jornais admitiam já a possibilidade da maioria vir a apoiar a tese de responsabilização do PS no caso. E concluiu: "Não há relatório, ao contrário do que li. O que sei é que há conclusões onde há acordo e há conclusões em que não há acordo."

Antes da "indignação" de Seguro, já Isabel Gonçalves e João Teixeira Lopes tinha explicado que o documento estava "incompleto" por não ter "havido convergência" entre os relatores sobre as conclusões. À comissão chegara apenas a "parte de matéria de facto" do relatório, sem introdução, conclusão e recomendações pretendidas por Teixeira Lopes.

Isabel Gonçalves explicou-se, também, tendo informado a comissão da intenção dos dois relatores fazerem "mais uma reunião no sentido de consensualizar conclusões".

Tal não bastou ao PS que chegou ao ponto de, pela voz de Miguel Coelho, acusar Isabel Gonçalves de estar "prisioneira das malhas de uma lógica de poder".

Conforme o PÚBLICO tinha já noticiado, as divergências em relação às responsabilidades a atribuir foram a causa da não apresentação de conclusões. Foi o próprio Teixeira Lopes que, ontem, o confirmou ao dizer à comissão que as suas conclusões - apesar de ainda não terem sido entregues - "apontam para a repartição de responsabilidades" entre projectista, construtor e fiscalização. Ou seja, Ferconsult e Metropaço.

O deputado do BE disse também ter entendido da sua reunião com Isabel Gonçalves que as conclusões da centrista tendiam para a "concentração de responsabilidades" no consórcio construtor, Metropaço. Uma conclusão - que aliada à conclusão que o acordo entre ministério do Equipamento Social e Metropaço foi prejudicial ao Estado - permite tirar a ilação de que a maioria tenciona responsabilizar o Governo PS.

Caso os dois deputados não consigam chegar a acordo, serão apresentadas hoje à comissão conclusões em separado, cabendo a esta decidir por votação quais as conclusões a ficar no relatório final. Todo o trabalho terá de ser feito hoje uma vez que o mandato da comissão expira amanhã.

Divergências Entre Relatores Adiam Conclusões do Inquérito ao Metro

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Quinta-feira, 05 de Dezembro de 2002

Relatório incompleto provoca "incidente" na comissão de inquérito, que termina hoje

A comissão de inquérito parlamentar ao acidente nas obras do Metro no Terreiro do Paço adiou para hoje a discussão das conclusões, devido à falta de consenso entre os dois relatores. A ordem de trabalhos definida para ontem era a discussão do relatório a apresentar pelos deputados João Teixeira Lopes (Bloco de Esquerda) e Isabel Gonçalves dos Santos (CDS). Em vez disso, o que se assistiu foi a uma troca de acusações entre a bancada do PS e da maioria sobre notícias vindas a público à volta das conclusões da comissão.

"Acho isto tudo ridículo. Alguém nesta comissão não está a contar toda a verdade" - o socialista António José Seguro insurgia-se assim contra o facto de os dois relatores não terem relatório para apresentar, quando os jornais admitiam já a possibilidade da maioria vir a apoiar a tese de responsabilização do PS no caso. E concluiu: "Não há relatório, ao contrário do que li. O que sei é que há conclusões onde há acordo e há conclusões em que não há acordo."

Antes da "indignação" de Seguro, já Isabel Gonçalves e João Teixeira Lopes tinha explicado que o documento estava "incompleto" por não ter "havido convergência" entre os relatores sobre as conclusões. À comissão chegara apenas a "parte de matéria de facto" do relatório, sem introdução, conclusão e recomendações pretendidas por Teixeira Lopes.

Isabel Gonçalves explicou-se, também, tendo informado a comissão da intenção dos dois relatores fazerem "mais uma reunião no sentido de consensualizar conclusões".

Tal não bastou ao PS que chegou ao ponto de, pela voz de Miguel Coelho, acusar Isabel Gonçalves de estar "prisioneira das malhas de uma lógica de poder".

Conforme o PÚBLICO tinha já noticiado, as divergências em relação às responsabilidades a atribuir foram a causa da não apresentação de conclusões. Foi o próprio Teixeira Lopes que, ontem, o confirmou ao dizer à comissão que as suas conclusões - apesar de ainda não terem sido entregues - "apontam para a repartição de responsabilidades" entre projectista, construtor e fiscalização. Ou seja, Ferconsult e Metropaço.

O deputado do BE disse também ter entendido da sua reunião com Isabel Gonçalves que as conclusões da centrista tendiam para a "concentração de responsabilidades" no consórcio construtor, Metropaço. Uma conclusão - que aliada à conclusão que o acordo entre ministério do Equipamento Social e Metropaço foi prejudicial ao Estado - permite tirar a ilação de que a maioria tenciona responsabilizar o Governo PS.

Caso os dois deputados não consigam chegar a acordo, serão apresentadas hoje à comissão conclusões em separado, cabendo a esta decidir por votação quais as conclusões a ficar no relatório final. Todo o trabalho terá de ser feito hoje uma vez que o mandato da comissão expira amanhã.

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