Manchas de fuel desapareceram no mar

16-02-2003
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Manchas de Fuel Desapareceram no Mar

Por ÂNGELO TEIXEIRA MARQUES

Quarta-feira, 12 de Fevereiro de 2003

Com a mudança dos ventos, aumenta o medo da chegada da poluição do "Prestige"

Os "vestígios de fuelóleo" detectados anteontem pelo voo de vigilância da Força Aérea Portuguesa ao largo de Aveiro, Peniche e Vila do Conde não foram localizados nas buscas, realizadas posteriormente, pelos meios navais e aéreos. Ontem, pelo segundo dia consecutivo, saíram aviões, navios e helicópteros, mas a pesquisa voltou a ser infrutífera.

O responsável pela Relações Públicas da Marinha, Gouveia e Melo, disse ao PÚBLICO que as manchas seriam "muito peliculares" e ter-se-ão desfeito durante a noite, com o agravamento das condições do mar. Ainda assim, hoje será mobilizado o mesmo tipo de vigilância dos últimos dias - com meios aéreos e navais -, já que se aproxima o período mais propício para que "alguma" poluição oriunda do "Prestige" possa chegar à costa portuguesa. "Nesta altura do ano, os ventos começam a mudar [passam para o sentido norte-sul] e os resquícios da poluição poderão atingir as praias, ainda que em quantidades mínimas e em zonas dispersas", explicou Gouveia e Melo.

Terá sido este temor que levou à activação de mais meios do que tem sido habitual. Desde que foram avistadas as manchas "alinhadas no corredor de navegação norte-sul", a Marinha concentrou embarcações com capacidade de combate à poluição, o navio-patrulha "Save" e o aviocar da Força Aérea para uma operação de vistoria que não obteve sucesso.

Também as estruturas locais das zonas afectadas foram, de imediato, accionadas. Em Vila do Conde, por exemplo, uma lancha da Polícia Marítima esteve toda a tarde de anteontem à procura de uma mancha, com uma dimensão aproximada de 100 metros de comprimento por 50 de largura. Ainda em alto mar, o comandante da Capitania, Costa Rei, abordou duas embarcações do arrasto, mas os pescadores garantiram que não tinham visto qualquer mancha na zona apontada pelo avião, nem nas imediações.

Antes de regressar a terra, os elementos da Capitania vistoriam bóias de sinalização das artes de pesca que não apresentavam sinais de terem sido atingidas por fuelóleo. Já ontem de manhã as autoridades marítimas percorreram as praias de Vila do Conde e da Póvoa de Varzim, mas não encontraram sinais de poluição.

O porta-voz da Marinha qualificou ainda como "provável" que as manchas de fuelóleo avistadas sejam provenientes de uma lavagem ilegal de tanques de um navio. Em relação a este aspecto, Gouveia e Melo considera que, após o naufrágio do "Prestige" esse tipo de crime "não aumentou" - comparando com anos anteriores - mas a relevância pública é maior, dado o acompanhamento mediático mais intenso. Seja como for, desde o naufrágio, a zona marítima está mais vigiada e "já foram detectados alguns infractores", que Gouveia e Melo escusou especificar.

Entretanto, Honório Novo, deputado do PCP, disse ao PÚBLICO que "o ministro da Defesa tem de esclarecer o país sobre o que é que se está a passar", já que "não é normal mobilizar tantos meios para verificar meros vestígios". O parlamentar lembrou que o PCP apresentou, na semana passada, um requerimento a Paulo Portas onde solicita dados precisos sobre o conhecimento que o ministro tem desta matéria.

"Até hoje [ontem] não recebemos qualquer resposta e queremos saber qual a origem das manchas, a sua dimensão e se estão a ser, efectivamente, controladas. Está a faltar transparência nesta questão nacional", sublinhou.

Manchas de Fuel Desapareceram no Mar

Por ÂNGELO TEIXEIRA MARQUES

Quarta-feira, 12 de Fevereiro de 2003

Com a mudança dos ventos, aumenta o medo da chegada da poluição do "Prestige"

Os "vestígios de fuelóleo" detectados anteontem pelo voo de vigilância da Força Aérea Portuguesa ao largo de Aveiro, Peniche e Vila do Conde não foram localizados nas buscas, realizadas posteriormente, pelos meios navais e aéreos. Ontem, pelo segundo dia consecutivo, saíram aviões, navios e helicópteros, mas a pesquisa voltou a ser infrutífera.

O responsável pela Relações Públicas da Marinha, Gouveia e Melo, disse ao PÚBLICO que as manchas seriam "muito peliculares" e ter-se-ão desfeito durante a noite, com o agravamento das condições do mar. Ainda assim, hoje será mobilizado o mesmo tipo de vigilância dos últimos dias - com meios aéreos e navais -, já que se aproxima o período mais propício para que "alguma" poluição oriunda do "Prestige" possa chegar à costa portuguesa. "Nesta altura do ano, os ventos começam a mudar [passam para o sentido norte-sul] e os resquícios da poluição poderão atingir as praias, ainda que em quantidades mínimas e em zonas dispersas", explicou Gouveia e Melo.

Terá sido este temor que levou à activação de mais meios do que tem sido habitual. Desde que foram avistadas as manchas "alinhadas no corredor de navegação norte-sul", a Marinha concentrou embarcações com capacidade de combate à poluição, o navio-patrulha "Save" e o aviocar da Força Aérea para uma operação de vistoria que não obteve sucesso.

Também as estruturas locais das zonas afectadas foram, de imediato, accionadas. Em Vila do Conde, por exemplo, uma lancha da Polícia Marítima esteve toda a tarde de anteontem à procura de uma mancha, com uma dimensão aproximada de 100 metros de comprimento por 50 de largura. Ainda em alto mar, o comandante da Capitania, Costa Rei, abordou duas embarcações do arrasto, mas os pescadores garantiram que não tinham visto qualquer mancha na zona apontada pelo avião, nem nas imediações.

Antes de regressar a terra, os elementos da Capitania vistoriam bóias de sinalização das artes de pesca que não apresentavam sinais de terem sido atingidas por fuelóleo. Já ontem de manhã as autoridades marítimas percorreram as praias de Vila do Conde e da Póvoa de Varzim, mas não encontraram sinais de poluição.

O porta-voz da Marinha qualificou ainda como "provável" que as manchas de fuelóleo avistadas sejam provenientes de uma lavagem ilegal de tanques de um navio. Em relação a este aspecto, Gouveia e Melo considera que, após o naufrágio do "Prestige" esse tipo de crime "não aumentou" - comparando com anos anteriores - mas a relevância pública é maior, dado o acompanhamento mediático mais intenso. Seja como for, desde o naufrágio, a zona marítima está mais vigiada e "já foram detectados alguns infractores", que Gouveia e Melo escusou especificar.

Entretanto, Honório Novo, deputado do PCP, disse ao PÚBLICO que "o ministro da Defesa tem de esclarecer o país sobre o que é que se está a passar", já que "não é normal mobilizar tantos meios para verificar meros vestígios". O parlamentar lembrou que o PCP apresentou, na semana passada, um requerimento a Paulo Portas onde solicita dados precisos sobre o conhecimento que o ministro tem desta matéria.

"Até hoje [ontem] não recebemos qualquer resposta e queremos saber qual a origem das manchas, a sua dimensão e se estão a ser, efectivamente, controladas. Está a faltar transparência nesta questão nacional", sublinhou.

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