EXPRESSO online

14-12-2003
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. Cartas sem resposta

10 Dezembro 2003 . Alguém se lembra?

3 Dezembro 2003 . Manda quem pode

25 Novembro 2003 . Contra a Ordem

19 Novembro 2003 . Um país de Alvercas

12 Novembro 2003 . Vingança mesquinha

5 Novembro 2003 . A lição da Luz

30 Outubro 2003 . Tiro ao PGR

22 Outubro 2003 Vingança mesquinha As festas de inauguração dos novos estádios construídos para o Euro 2004 estão convertidas em rituais de consagração nacional desse poder estabelecido que é o futebol. O país assiste e uma parte dele participa com grande entusiasmo e fervor clubista. Não há qualquer surpresa nisto. Nem viria daí mal ao mundo se, a pretexto da festa, não houvesse quem aproveitasse para fazer descabelados ajustes de contas com esse outro poder - fragilizado por culpas próprias e pela voragem mediática - que é o poder político. No último fim de semana tivemos, no Porto, um presidente da Câmara apupado e insultado quando inaugurava, sozinho, o conjunto de obras envolventes do novo Estádio do Dragão. Foi mais uma cena triste e lamentável da guerra de morte entre Rui Rio e Pinto da Costa que começou nas eleições autárquicas de há dois anos e, desde então, conheceu vários episódios pouco recomendáveis e dignificantes. No último fim de semana tivemos, no Porto, um presidente da Câmara apupado e insultado quando inaugurava, sozinho, o conjunto de obras envolventes do novo Estádio do Dragão. Foi mais uma cena triste e lamentável da guerra de morte entre Rui Rio e Pinto da Costa que começou nas eleições autárquicas de há dois anos e, desde então, conheceu vários episódios pouco recomendáveis e dignificantes. Sucede que a construção dos novos estádios não é obra exclusiva dos clubes. Contou com o empenho activo das câmaras municipais e vultosas somas do Orçamento do Estado. Ora, se houve convergência de esforços de todas as partes, a nenhuma delas devia ser recusado o direito de participar nas inaugurações. Sucede que a construção dos novos estádios não é obra exclusiva dos clubes. Contou com o empenho activo das câmaras municipais e vultosas somas do Orçamento do Estado. Ora, se houve convergência de esforços de todas as partes, a nenhuma delas devia ser recusado o direito de participar nas inaugurações. Mas o que vemos no caso do FCPorto? Um braço de ferro impróprio com a Câmara e um exercício de vingança espúria patente nos dois factos seguintes. Primeiro: a direcção do Futebol Clube do Porto convidou para uma visita ao seu novo estádio todos os deputados que foram, em Maio, à final da taça UEFA a convite de Pinto da Costa e aos quais a presidência do Parlamento aplicou faltas. Todos menos um, o deputado do PCP Honório Novo, que se recusou a justificar a sua ausência com «trabalho político». Segundo facto: à semelhança do que fizeram os outros clubes, a direcção do FCPorto convidou todas as altas figuras do Estado para o jogo inaugural. Todas menos uma: o presidente da Assembleia da República que, nesta qualidade, assumiu, com a firmeza que se lhe exigia, o ónus de aplicar as referidas faltas. Mas o que vemos no caso do FCPorto? Um braço de ferro impróprio com a Câmara e um exercício de vingança espúria patente nos dois factos seguintes. Primeiro: a direcção do Futebol Clube do Porto convidou para uma visita ao seu novo estádio todos os deputados que foram, em Maio, à final da taça UEFA a convite de Pinto da Costa e aos quais a presidência do Parlamento aplicou faltas. Todos menos um, o deputado do PCP Honório Novo, que se recusou a justificar a sua ausência com «trabalho político». Segundo facto: à semelhança do que fizeram os outros clubes, a direcção do FCPorto convidou todas as altas figuras do Estado para o jogo inaugural. Todas menos uma: o presidente da Assembleia da República que, nesta qualidade, assumiu, com a firmeza que se lhe exigia, o ónus de aplicar as referidas faltas. Seis meses depois de um incidente que apenas dizia respeito ao Parlamento, Pinto da Costa usa o seu enorme poder no pequeno mundo português vidrado na bola para se vingar daquilo que disparatadamente tomou por uma afronta a si próprio e ao clube que dirige. E responde com uma afronta acintosa à segunda figura do Estado. Seis meses depois de um incidente que apenas dizia respeito ao Parlamento, Pinto da Costa usa o seu enorme poder no pequeno mundo português vidrado na bola para se vingar daquilo que disparatadamente tomou por uma afronta a si próprio e ao clube que dirige. E responde com uma afronta acintosa à segunda figura do Estado. Muito provavelmente, Mota Amaral dispensa de bom grado o convite. Mas esse não é o ponto. Sendo tão clara, deliberada e ostensiva a atitude do presidente do FCPorto, o que temos aqui é mais do que um acto de vingança mesquinha: é uma desconsideração para o Parlamento. Que haja deputados dispostos a engolir a grosseria e corram a visitar o novo estádio numa visita guiada já é bastante revelador da falta de respeito que têm pela Assembleia e por si próprios. Falta agora saber se também o Presidente da República e o primeiro ministro, convidados para o jogo inaugural, vão fingir que nada se passa. Ou se, por uma vez, têm a coragem de confrontar Pinto da Costa com a desfaçatez do seu gesto, a qual não desconsidera apenas o Presidente da Assembleia, mas, na sua pessoa, todos os titulares de cargos políticos que, noutra ocasião, podem muito bem ser os alvos de idêntica discriminação provocatória. Muito provavelmente, Mota Amaral dispensa de bom grado o convite. Mas esse não é o ponto. Sendo tão clara, deliberada e ostensiva a atitude do presidente do FCPorto, o que temos aqui é mais do que um acto de vingança mesquinha: é uma desconsideração para o Parlamento. Que haja deputados dispostos a engolir a grosseria e corram a visitar o novo estádio numa visita guiada já é bastante revelador da falta de respeito que têm pela Assembleia e por si próprios. Falta agora saber se também o Presidente da República e o primeiro ministro, convidados para o jogo inaugural, vão fingir que nada se passa. Ou se, por uma vez, têm a coragem de confrontar Pinto da Costa com a desfaçatez do seu gesto, a qual não desconsidera apenas o Presidente da Assembleia, mas, na sua pessoa, todos os titulares de cargos políticos que, noutra ocasião, podem muito bem ser os alvos de idêntica discriminação provocatória. 5 Novembro 2003

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3 Dezembro 2003 . Manda quem pode

25 Novembro 2003 . Contra a Ordem

19 Novembro 2003 . Um país de Alvercas

12 Novembro 2003 . Vingança mesquinha

5 Novembro 2003 . A lição da Luz

30 Outubro 2003 . Tiro ao PGR

22 Outubro 2003 Vingança mesquinha As festas de inauguração dos novos estádios construídos para o Euro 2004 estão convertidas em rituais de consagração nacional desse poder estabelecido que é o futebol. O país assiste e uma parte dele participa com grande entusiasmo e fervor clubista. Não há qualquer surpresa nisto. Nem viria daí mal ao mundo se, a pretexto da festa, não houvesse quem aproveitasse para fazer descabelados ajustes de contas com esse outro poder - fragilizado por culpas próprias e pela voragem mediática - que é o poder político. No último fim de semana tivemos, no Porto, um presidente da Câmara apupado e insultado quando inaugurava, sozinho, o conjunto de obras envolventes do novo Estádio do Dragão. Foi mais uma cena triste e lamentável da guerra de morte entre Rui Rio e Pinto da Costa que começou nas eleições autárquicas de há dois anos e, desde então, conheceu vários episódios pouco recomendáveis e dignificantes. No último fim de semana tivemos, no Porto, um presidente da Câmara apupado e insultado quando inaugurava, sozinho, o conjunto de obras envolventes do novo Estádio do Dragão. Foi mais uma cena triste e lamentável da guerra de morte entre Rui Rio e Pinto da Costa que começou nas eleições autárquicas de há dois anos e, desde então, conheceu vários episódios pouco recomendáveis e dignificantes. Sucede que a construção dos novos estádios não é obra exclusiva dos clubes. Contou com o empenho activo das câmaras municipais e vultosas somas do Orçamento do Estado. Ora, se houve convergência de esforços de todas as partes, a nenhuma delas devia ser recusado o direito de participar nas inaugurações. Sucede que a construção dos novos estádios não é obra exclusiva dos clubes. Contou com o empenho activo das câmaras municipais e vultosas somas do Orçamento do Estado. Ora, se houve convergência de esforços de todas as partes, a nenhuma delas devia ser recusado o direito de participar nas inaugurações. Mas o que vemos no caso do FCPorto? Um braço de ferro impróprio com a Câmara e um exercício de vingança espúria patente nos dois factos seguintes. Primeiro: a direcção do Futebol Clube do Porto convidou para uma visita ao seu novo estádio todos os deputados que foram, em Maio, à final da taça UEFA a convite de Pinto da Costa e aos quais a presidência do Parlamento aplicou faltas. Todos menos um, o deputado do PCP Honório Novo, que se recusou a justificar a sua ausência com «trabalho político». Segundo facto: à semelhança do que fizeram os outros clubes, a direcção do FCPorto convidou todas as altas figuras do Estado para o jogo inaugural. Todas menos uma: o presidente da Assembleia da República que, nesta qualidade, assumiu, com a firmeza que se lhe exigia, o ónus de aplicar as referidas faltas. Mas o que vemos no caso do FCPorto? Um braço de ferro impróprio com a Câmara e um exercício de vingança espúria patente nos dois factos seguintes. Primeiro: a direcção do Futebol Clube do Porto convidou para uma visita ao seu novo estádio todos os deputados que foram, em Maio, à final da taça UEFA a convite de Pinto da Costa e aos quais a presidência do Parlamento aplicou faltas. Todos menos um, o deputado do PCP Honório Novo, que se recusou a justificar a sua ausência com «trabalho político». Segundo facto: à semelhança do que fizeram os outros clubes, a direcção do FCPorto convidou todas as altas figuras do Estado para o jogo inaugural. Todas menos uma: o presidente da Assembleia da República que, nesta qualidade, assumiu, com a firmeza que se lhe exigia, o ónus de aplicar as referidas faltas. Seis meses depois de um incidente que apenas dizia respeito ao Parlamento, Pinto da Costa usa o seu enorme poder no pequeno mundo português vidrado na bola para se vingar daquilo que disparatadamente tomou por uma afronta a si próprio e ao clube que dirige. E responde com uma afronta acintosa à segunda figura do Estado. Seis meses depois de um incidente que apenas dizia respeito ao Parlamento, Pinto da Costa usa o seu enorme poder no pequeno mundo português vidrado na bola para se vingar daquilo que disparatadamente tomou por uma afronta a si próprio e ao clube que dirige. E responde com uma afronta acintosa à segunda figura do Estado. Muito provavelmente, Mota Amaral dispensa de bom grado o convite. Mas esse não é o ponto. Sendo tão clara, deliberada e ostensiva a atitude do presidente do FCPorto, o que temos aqui é mais do que um acto de vingança mesquinha: é uma desconsideração para o Parlamento. Que haja deputados dispostos a engolir a grosseria e corram a visitar o novo estádio numa visita guiada já é bastante revelador da falta de respeito que têm pela Assembleia e por si próprios. Falta agora saber se também o Presidente da República e o primeiro ministro, convidados para o jogo inaugural, vão fingir que nada se passa. Ou se, por uma vez, têm a coragem de confrontar Pinto da Costa com a desfaçatez do seu gesto, a qual não desconsidera apenas o Presidente da Assembleia, mas, na sua pessoa, todos os titulares de cargos políticos que, noutra ocasião, podem muito bem ser os alvos de idêntica discriminação provocatória. Muito provavelmente, Mota Amaral dispensa de bom grado o convite. Mas esse não é o ponto. Sendo tão clara, deliberada e ostensiva a atitude do presidente do FCPorto, o que temos aqui é mais do que um acto de vingança mesquinha: é uma desconsideração para o Parlamento. Que haja deputados dispostos a engolir a grosseria e corram a visitar o novo estádio numa visita guiada já é bastante revelador da falta de respeito que têm pela Assembleia e por si próprios. Falta agora saber se também o Presidente da República e o primeiro ministro, convidados para o jogo inaugural, vão fingir que nada se passa. Ou se, por uma vez, têm a coragem de confrontar Pinto da Costa com a desfaçatez do seu gesto, a qual não desconsidera apenas o Presidente da Assembleia, mas, na sua pessoa, todos os titulares de cargos políticos que, noutra ocasião, podem muito bem ser os alvos de idêntica discriminação provocatória. 5 Novembro 2003

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