Santana Lopes disponível para enfrentar Cavaco Silva

07-08-2002
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Santana Lopes Disponível para Enfrentar Cavaco Silva

Por HELENA PEREIRA E EUNICE LOURENÇO

Segunda-feira, 15 de Julho de 2002

Eleições presidenciais

Autarca de Lisboa não exclui ser candidato e fala até na possibilidade de haver primárias no PSD

Pedro Santana Lopes posicionou-se ontem como candidato à Presidência da República. Vice-presidente do PSD e autarca de Lisboa, Santana reservou para o congresso do partido o anúncio de que não afasta a possibilidade de se candidatar às próximas presidenciais em 2006.

Habitual incendiador dos congressos, o autarca tinha desta vez mais limitações para poder brilhar no conclave social-democrata. Já estava na direcção ao lado de Durão Barroso, viu subir para a comissão política um dos seus fiéis, o deputado Henrique Chaves, a separação que pediu entre o partido e o Governo foi, em parte, conseguida e as propostas sobre a reforma do sistema político que defendia foram incluídas na moção sufragada em congresso. Que podia Santana dizer?

Durante a tarde de sábado, a sua intervenção foi anunciada para as 18h30, depois até à pausa para jantar não interveio, o que só veio a acontecer já depois da uma da manhã. Falou sobre os desafios do país, agradeceu ao líder todas as vitórias - mas não se abraçaram - e apelou a todos os militantes para lutarem pelo futuro. Só no fim, depois de pedir um louvor ao parceiro de coligação do PSD no Governo, o CDS, Santana dirigiu-se directamente para Durão Barroso e pediu-lhe o que considera ainda faltar para o partido: acabar de cumprir a máxima de Sá Carneiro de uma maioria, um Governo, um Presidente.

"Falta dar ao partido a vitória nas presidenciais", disse, acrescentando para os militantes: "Tenho cá um palpite que ele vai conseguir". Estava dado o aviso. Santana foi o primeiro e único a levar ao congresso o tema das presidenciais. Ontem de manhã, foi o último dirigente nacional a chegar ao Coliseu dos Recreios para votar nas listas aos órgãos nacionais. E foi bombardeado com perguntas dos jornalistas para que clarificasse a sua posição sobre as presidenciais.

Em tom irónico, contestou que haja "candidatos naturais" a quaisquer eleições, reagindo a um eventual regresso do ex-primeiro-ministro, Cavaco Silva. E sobre a sua vontade em se candidatar às presidenciais, garantiu: "Quando estamos na política podemos estar mais ou menos empenhados, mas desdenhar, nunca". "As minhas opções na vida sempre as tomei em liberdade, não a pensar em quem pode ser o meu concorrente", explicou.

Ao PÚBLICO, lembrou que no passado já houve vários candidatos da mesma área política e que é uma situação que se pode repetir. A primeira volta serviria assim como que umas primárias. "Pode vir a acontecer ou não. Vamos ver. Mas acho que vai haver só um", afirmou, sem explicitar se estaria a pensar que esse candidato único seria ele próprio. Embora tivesse levado o tema das presidenciais ao congresso, foi repetindo que ainda era cedo para discutir o assunto. Mas admitiu a possibilidade para conquistar espaço? "Pode ser. As posições têm que estar definidas".

Alguma semanas antes do congresso, quando ameaçou deixar a vida partidária, o seu discurso contra o sistema político também foi visto dentro do PSD como o prenúncio de uma estratégia para chegar a Belém.

O anúncio do homem que gosta de lembrar que "cada pessoa é si própria e as suas circunstâncias" não teve, contudo, muito impacto junto da direcção do PSD, que se esquivou a falar no assunto. António Pinto Leite, o recém-vice-presidente do PSD, garantiu que "é muito cedo para falar nisso", enquanto Alberto João Jardim, presidente do Governo Regional da Madeira comentava: "Só faltava esta de falarem de presidenciais. Antes das presidenciais temos as europeias, em Julho de 2004, as regionais em Outubro de 2004. É muito cedo para falar nisso. Acho uma completa loucura, para já não dizer irresponsabilidade que já se andem a promover pessoas ou pessoas a posicionarem-se para as presidenciais". Defendendo "uma candidatura de ruptura com o sistema político", respondeu perante a pergunta se estaria interessado em ser candidato: "Só contra o sistema, como o general de Gaulle fez em França, referendando a Constituição. Não me peçam para fazer fretes a esta situação política...."

Mesmo assim, entre o núcleo barrosista, na falta de Cavaco Silva, Santana é o preferido para contrariar as eventuais pretensões de Marcelo Rebelo de Sousa na corrida presidencial.

Santana Lopes Disponível para Enfrentar Cavaco Silva

Por HELENA PEREIRA E EUNICE LOURENÇO

Segunda-feira, 15 de Julho de 2002

Eleições presidenciais

Autarca de Lisboa não exclui ser candidato e fala até na possibilidade de haver primárias no PSD

Pedro Santana Lopes posicionou-se ontem como candidato à Presidência da República. Vice-presidente do PSD e autarca de Lisboa, Santana reservou para o congresso do partido o anúncio de que não afasta a possibilidade de se candidatar às próximas presidenciais em 2006.

Habitual incendiador dos congressos, o autarca tinha desta vez mais limitações para poder brilhar no conclave social-democrata. Já estava na direcção ao lado de Durão Barroso, viu subir para a comissão política um dos seus fiéis, o deputado Henrique Chaves, a separação que pediu entre o partido e o Governo foi, em parte, conseguida e as propostas sobre a reforma do sistema político que defendia foram incluídas na moção sufragada em congresso. Que podia Santana dizer?

Durante a tarde de sábado, a sua intervenção foi anunciada para as 18h30, depois até à pausa para jantar não interveio, o que só veio a acontecer já depois da uma da manhã. Falou sobre os desafios do país, agradeceu ao líder todas as vitórias - mas não se abraçaram - e apelou a todos os militantes para lutarem pelo futuro. Só no fim, depois de pedir um louvor ao parceiro de coligação do PSD no Governo, o CDS, Santana dirigiu-se directamente para Durão Barroso e pediu-lhe o que considera ainda faltar para o partido: acabar de cumprir a máxima de Sá Carneiro de uma maioria, um Governo, um Presidente.

"Falta dar ao partido a vitória nas presidenciais", disse, acrescentando para os militantes: "Tenho cá um palpite que ele vai conseguir". Estava dado o aviso. Santana foi o primeiro e único a levar ao congresso o tema das presidenciais. Ontem de manhã, foi o último dirigente nacional a chegar ao Coliseu dos Recreios para votar nas listas aos órgãos nacionais. E foi bombardeado com perguntas dos jornalistas para que clarificasse a sua posição sobre as presidenciais.

Em tom irónico, contestou que haja "candidatos naturais" a quaisquer eleições, reagindo a um eventual regresso do ex-primeiro-ministro, Cavaco Silva. E sobre a sua vontade em se candidatar às presidenciais, garantiu: "Quando estamos na política podemos estar mais ou menos empenhados, mas desdenhar, nunca". "As minhas opções na vida sempre as tomei em liberdade, não a pensar em quem pode ser o meu concorrente", explicou.

Ao PÚBLICO, lembrou que no passado já houve vários candidatos da mesma área política e que é uma situação que se pode repetir. A primeira volta serviria assim como que umas primárias. "Pode vir a acontecer ou não. Vamos ver. Mas acho que vai haver só um", afirmou, sem explicitar se estaria a pensar que esse candidato único seria ele próprio. Embora tivesse levado o tema das presidenciais ao congresso, foi repetindo que ainda era cedo para discutir o assunto. Mas admitiu a possibilidade para conquistar espaço? "Pode ser. As posições têm que estar definidas".

Alguma semanas antes do congresso, quando ameaçou deixar a vida partidária, o seu discurso contra o sistema político também foi visto dentro do PSD como o prenúncio de uma estratégia para chegar a Belém.

O anúncio do homem que gosta de lembrar que "cada pessoa é si própria e as suas circunstâncias" não teve, contudo, muito impacto junto da direcção do PSD, que se esquivou a falar no assunto. António Pinto Leite, o recém-vice-presidente do PSD, garantiu que "é muito cedo para falar nisso", enquanto Alberto João Jardim, presidente do Governo Regional da Madeira comentava: "Só faltava esta de falarem de presidenciais. Antes das presidenciais temos as europeias, em Julho de 2004, as regionais em Outubro de 2004. É muito cedo para falar nisso. Acho uma completa loucura, para já não dizer irresponsabilidade que já se andem a promover pessoas ou pessoas a posicionarem-se para as presidenciais". Defendendo "uma candidatura de ruptura com o sistema político", respondeu perante a pergunta se estaria interessado em ser candidato: "Só contra o sistema, como o general de Gaulle fez em França, referendando a Constituição. Não me peçam para fazer fretes a esta situação política...."

Mesmo assim, entre o núcleo barrosista, na falta de Cavaco Silva, Santana é o preferido para contrariar as eventuais pretensões de Marcelo Rebelo de Sousa na corrida presidencial.

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