Governo suspenso

09-12-2004
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Governo Suspenso

Terça-feira, 30 de Novembro de 2004 de eventual remodelação Santana foi ontem a Belém falar com Sampaio e volta lá amanhã. Uma eventual remodelação, que terá sido pedida por Sampaio e estará a ser ponderada em São Bento, poderá afastar para já o cenário de dissolução. Ontem Santana reuniu o seu núcleo duro e vários ministros garantiram a estabilidade governativa. Por Eunice Lourenço, Ana Sá Lopes, Cristina Ferreira e Helena Pereira A crise aberta pela saída de Henrique Chaves do Governo poderá vir a ser resolvida através de uma nova remodelação do Executivo de Santana Lopes. Na semana passada, o primeiro-ministro fez uma remodelação que chamou de "reajuste", mas agora poderá ir mais longe nas alterações. Essa remodelação mais profunda estará a ser pedida pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, com que Pedro Santana Lopes reuniu ontem de manhã. À saída de Belém, o primeiro-ministro disse apenas que voltará lá amanhã. "Na quarta-feira voltarei aqui a este palácio para me reunir novamente com o senhor Presidente da República e fazer então a avaliação da situação e das propostas para a resolver", foram as breves palavras de Santana Lopes após o encontro com Jorge Sampaio. Entretanto, o Governo ficou suspenso do que Presidente e primeiro-ministro irão fazer. Sampaio pediu a Santana garantias de governabilidade e, segundo círculos próximos do Presidente, terá feito sentir ao primeiro-ministro que só uma mudança mais profunda poderá evitar a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições. Em Belém os acontecimentos deste fim-de-semana - a demissão do ministro, mas também o autêntico comício contra Cavaco que Santana fez num acontecimento em que estava como primeiro-ministro - foram vistos como o sintoma mais grave do "caos" que reina no Governo. Mas o facto de se estar em pleno processo de aprovação do Orçamento do Estado (cuja votação final está marcada para os dias 6 e 7) é um ponto fundamental para a resolução desta crise sem que haja convocação de eleições, o que faria com que o país vivesse em regime de duodécimos durante os próximos meses. A hipótese de uma remodelação, que não passe apenas pela indicação de um nome para substituir Chaves, é admitida em São Bento. E entre os sociais-democratas o facto de ontem a crise não ter ficado resolvida é um sinal de que poderão acontecer mexidas mais profundas. Santana Lopes e o núcleo duro do Governo queriam resolver rapidamente esta situação, de forma a não prolongar a instabilidade em que o Executivo vive, mas ontem o primeiro-ministro não terá proposto um nome ao Presidente, nem a entrega tutela da Juventude e do Desporto (as áreas que Chaves tutelava) a nenhum ministro ou a ele próprio. Tal poderá significar que Santana Lopes irá ponderar a situação com mais calma e optar por uma solução com maior alcance. Já depois de sair do Palácio de Belém, o primeiro-ministro reuniu-se com Morais Sarmento, ministro da Presidência, com Paulo Portas, ministro da Defesa e seu parceiro de coligação, com Rui Gomes da Silva, que na semana passada transitou dos Assuntos Parlamentares para ministro adjunto, e com Álvaro Barreto, ministro de Estado e das Actividades Económicas e número dois do Executivo. Barreto é, precisamente, um dos nomes que é apontado como podendo estar de saída, já que tem sido pressionado nesse sentido pela família e amigos, devido ás suas condições de saúde (foi operado ao coração ainda antes de ir para o Governo). Ao longo do dia, o primeiro-ministro também falou com todos os vice-presidentes do PSD. Ministros garantem estabilidade Ontem, foram vários os ministros a garantir a estabilidade governativa e a colocar de lado um cenário de dissolução. O ministro de Estado e da Presidência, Nuno Morais Sarmento, afirmou a dissolução do Parlamento é uma "hipótese virtual" e um "facto que não existe" e criticou a "hipervalorização" da demissão de Henrique Chaves. "Não conheço nenhum cenário nem nenhuma hipótese de dissolução", disse Morais Sarmento, no Parlamento, depois de criticar a "hipervalorização" de situações "para além do que elas possam representar" e "a criação, a alturas tantas, de factos políticos". "É muito importante que todos estejamos mais preocupados com o que o país quer: normalidade, funcionamento, do que com a criação, para além dos factos, de hipóteses virtuais como essa", acrescentou o ministro de Estado e da Presidência, após apresentar cumprimentos ao presidente da Assembleia da República, Mota Amaral, por ter passado a tutelar os Assuntos Parlamentares, Quanto aos motivos invocados por Henrique Chaves - falta "de lealdade e de verdade" e de "coordenação" por parte do primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes -, Morais Sarmento afirmou não entender essa justificação. "Nem sequer percebo que se ponha a questão nesses termos, de lealdade do primeiro-ministro", disse, assegurando que nenhum membro do Governo, "como é evidente", pode queixar-se de falta de lealdade ou de coordenação de Pedro Santana Lopes. Álvaro Barreto, por seu lado, garantiu que o Governo não está fragilizado depois dos últimos acontecimentos. Também António Mexia, ministro das Obras Públicas, fez o discurso da normalidade. "Não devemos sobrevalorizar isso. Mais uma vez, o que temos é que dar resposta às necessidades dos portugueses, melhorar a qualidade de vida no dia a dia. Eu tendo a concentrar-me naquilo que tenho que fazer", disse. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Governo suspenso

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Terça-feira, 30 de Novembro de 2004 de eventual remodelação Santana foi ontem a Belém falar com Sampaio e volta lá amanhã. Uma eventual remodelação, que terá sido pedida por Sampaio e estará a ser ponderada em São Bento, poderá afastar para já o cenário de dissolução. Ontem Santana reuniu o seu núcleo duro e vários ministros garantiram a estabilidade governativa. Por Eunice Lourenço, Ana Sá Lopes, Cristina Ferreira e Helena Pereira A crise aberta pela saída de Henrique Chaves do Governo poderá vir a ser resolvida através de uma nova remodelação do Executivo de Santana Lopes. Na semana passada, o primeiro-ministro fez uma remodelação que chamou de "reajuste", mas agora poderá ir mais longe nas alterações. Essa remodelação mais profunda estará a ser pedida pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, com que Pedro Santana Lopes reuniu ontem de manhã. À saída de Belém, o primeiro-ministro disse apenas que voltará lá amanhã. "Na quarta-feira voltarei aqui a este palácio para me reunir novamente com o senhor Presidente da República e fazer então a avaliação da situação e das propostas para a resolver", foram as breves palavras de Santana Lopes após o encontro com Jorge Sampaio. Entretanto, o Governo ficou suspenso do que Presidente e primeiro-ministro irão fazer. Sampaio pediu a Santana garantias de governabilidade e, segundo círculos próximos do Presidente, terá feito sentir ao primeiro-ministro que só uma mudança mais profunda poderá evitar a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições. Em Belém os acontecimentos deste fim-de-semana - a demissão do ministro, mas também o autêntico comício contra Cavaco que Santana fez num acontecimento em que estava como primeiro-ministro - foram vistos como o sintoma mais grave do "caos" que reina no Governo. Mas o facto de se estar em pleno processo de aprovação do Orçamento do Estado (cuja votação final está marcada para os dias 6 e 7) é um ponto fundamental para a resolução desta crise sem que haja convocação de eleições, o que faria com que o país vivesse em regime de duodécimos durante os próximos meses. A hipótese de uma remodelação, que não passe apenas pela indicação de um nome para substituir Chaves, é admitida em São Bento. E entre os sociais-democratas o facto de ontem a crise não ter ficado resolvida é um sinal de que poderão acontecer mexidas mais profundas. Santana Lopes e o núcleo duro do Governo queriam resolver rapidamente esta situação, de forma a não prolongar a instabilidade em que o Executivo vive, mas ontem o primeiro-ministro não terá proposto um nome ao Presidente, nem a entrega tutela da Juventude e do Desporto (as áreas que Chaves tutelava) a nenhum ministro ou a ele próprio. Tal poderá significar que Santana Lopes irá ponderar a situação com mais calma e optar por uma solução com maior alcance. Já depois de sair do Palácio de Belém, o primeiro-ministro reuniu-se com Morais Sarmento, ministro da Presidência, com Paulo Portas, ministro da Defesa e seu parceiro de coligação, com Rui Gomes da Silva, que na semana passada transitou dos Assuntos Parlamentares para ministro adjunto, e com Álvaro Barreto, ministro de Estado e das Actividades Económicas e número dois do Executivo. Barreto é, precisamente, um dos nomes que é apontado como podendo estar de saída, já que tem sido pressionado nesse sentido pela família e amigos, devido ás suas condições de saúde (foi operado ao coração ainda antes de ir para o Governo). Ao longo do dia, o primeiro-ministro também falou com todos os vice-presidentes do PSD. Ministros garantem estabilidade Ontem, foram vários os ministros a garantir a estabilidade governativa e a colocar de lado um cenário de dissolução. 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"É muito importante que todos estejamos mais preocupados com o que o país quer: normalidade, funcionamento, do que com a criação, para além dos factos, de hipóteses virtuais como essa", acrescentou o ministro de Estado e da Presidência, após apresentar cumprimentos ao presidente da Assembleia da República, Mota Amaral, por ter passado a tutelar os Assuntos Parlamentares, Quanto aos motivos invocados por Henrique Chaves - falta "de lealdade e de verdade" e de "coordenação" por parte do primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes -, Morais Sarmento afirmou não entender essa justificação. "Nem sequer percebo que se ponha a questão nesses termos, de lealdade do primeiro-ministro", disse, assegurando que nenhum membro do Governo, "como é evidente", pode queixar-se de falta de lealdade ou de coordenação de Pedro Santana Lopes. Álvaro Barreto, por seu lado, garantiu que o Governo não está fragilizado depois dos últimos acontecimentos. 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