As razões de Henrique Chaves

11-12-2004
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As Razões de Henrique Chaves

Segunda-feira, 29 de Novembro de 2004 Convidado para ministro adjunto, nunca me foi dada oportunidade de exercer qualquer função ao nível da coordenação do Governo, própria das funções inerentes a esta pasta. Certamente porque, desde cedo, terá sido pressentida a minha discordância quanto à forma como era realizada essa coordenação e se alinhava o comportamento do Governo e do primeiro-ministro, tendo eu optado por responder com discrição àquilo que sempre considerei excesso de exposição. Estando as principais funções de ministro adjunto exclusivamente dependentes do primeiro-ministro, só a este cabe a responsabilidade de conceder ou não as condições para o exercício desse cargo, o que, no meu caso, nunca aconteceu (... Em face do referido esvaziamento de qualquer papel de coordenação do Governo - um dos pressupostos do acordo de aceitação do cargo para que fui nomeado - e confrontado com um cenário de remodelação ministerial, era minha intenção a de aproveitar a oportunidade para abandonar as funções de imediato, por considerar não estarem reunidas as condições para o exercício daquele. Foi-me, no entanto, traçado um cenário, nos termos do qual a remodelação resultaria de uma pressão de véspera, alegadamente por quem, para tanto, tem poder institucional, a qual teria por objectivo forçar a prevenção do cometimento de novos erros graves, geradores de instabilidade social e institucional, por quem, sem resguardo, os vinha cometendo. Oportunamente, comuniquei a intenção de me demitir. Foi-me pedido, veementemente, com a invocação de razões de qualquer espécie, chegando até à de índole patriótica, que não o fizesse, porque a minha saída poderia redundar numa instabilidade interpretável como um irregular funcionamento das instituições. (...) Dois factos novos, para mim, vieram alternar, de forma irreversível, a minha decisão, ao revelarem a falta de verdade do enquadramento no qual ela fora tomada. Em primeiro lugar, tenho hoje a certeza que o cenário que me foi apresentado como sendo de véspera à noite e resolvido de forma improvisada foram, afinal, delineado semanas antes, de forma detalhada e reiterada e discutida entre vários actores, sem o meu conhecimento, não obstante eu constituir um dos visados. Em segundo lugar, um dia depois, foi-me comunicada a intenção, alegadamente firme, de se proceder à demissão de um outro ministro. Os dois factos referidos consubstanciam, para mim, o primeiro, a constatação de que me faltaram à verdade, de uma forma muito grave, que não posso tolerar e com a qual não posso conviver, e o segundo, não só isso, mas também que, afinal, a saída de qualquer ministro não acarretaria, como consequência necessária, no contexto das pressões institucionais havidas, o irregular funcionamento das instituições. (...) Compreenderão que, perante tão grave inversão dos valores de lealdade e verdade, não tive qualquer dúvida em apresentar a minha demissão, assim preservando a minha dignidade. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Sampaio vai avaliar condições de Santana para governar

As razões de Henrique Chaves

Sócrates não pede demissão do Governo

Santana Lopes furioso com cisão da família PSD

O filme está a ficar demasiado pesado

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