Oposição denuncia ataque ao poder de compra da classe média

27-10-2004
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Oposição Denuncia Ataque ao Poder de Compra da Classe Média

Por PÚBLICO/LUSA

Sábado, 16 de Outubro de 2004

Os partidos da oposição foram unânimes em considerar que o Orçamento do Estado para 2005 constitui um ataque ao poder de compra da classe média.

O PS considera que se trata de uma proposta "frágil e com pés de barro", que configura "um sério ataque" ao poder de compra da classe média. Segundo o deputado João Cravinho, se a proposta de Orçamento for aprovada, os funcionários públicos "vão perder poder de compra", considerando insuficiente a actualização de dois por cento prevista para os escalões do IRS.

"O Governo disse que iria aumentar as pensões, mas na proposta de Orçamento não encontramos dinheiro suficiente para pagar esse aumento", observou o deputado socialista.

"Se o anterior Governo se comprometera a eliminar o défice até 2004, agora a meta é para 2007", salientou, por outro lado, o ex-ministro de António Guterres.

O deputado do PCP, Honório Novo, não tem dúvidas sobre a perda do poder de compra. "Os trabalhadores da função pública e, por consequência, todos os outros vão ter uma nova perda do poder de compra, porque a inflação será certamente superior aos 2 por cento previstos pelo Governo. O aumento anunciado de 2,2 por cento não repõe, nem minimamente, a perda de poder de compra e o congelamento de salários dos últimos dois anos", defendeu.

O deputado do PCP desvalorizou igualmente a subida de 11,7 por cento das despesas de investimento inscrita na proposta do Governo, argumentando que, do valor total do PIDDAC (Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central), um quinto não deverá ser utilizado. "O Governo recorreu a alguns truques. As cativações no investimento, que eram de 15 por cento em 2004, passaram para 21,4", afirmou.

Além disso, de acordo com o deputado comunista, "há o truque da transferência entre rubricas" que permite a passagem "das verbas de investimento para despesas de funcionamento, o que faz com que o crescimento do investimento seja pouco mais que zero".

O Bloco de Esquerda acusa o Governo de basear a proposta de Orçamento do Estado em "metas fantasiosas", considerando que ficarão por cumprir os objectivos quanto à inflação, crescimento e desemprego. O dirigente do BE Francisco Louçã considera que "o desemprego não vai descer em 2005" e que a subida do preço do petróleo "para níveis recorde" e o aumento da procura interna "vão acelerar a inflação para níveis superiores aos dos anos anteriores".

"O aumento de dois por cento na função pública implica que os salários voltem a descer pelo terceiro ano consecutivo", criticou ainda Louçã, insistindo: "Os ajustamentos dos escalões em dois por cento vão determinar um aumento de imposto, que contrabalança parcialmente a anunciada redução de taxas."

"Os Verdes", por seu turno, dizem que o Governo está a "dar com uma mão e tirar com a outra". "Se puséssemos numa balança os benefícios e prejuízos do Orçamento do Estado para 2005, verificaríamos que os portugueses ficam com um menor poder de compra", declarou à Lusa a deputada do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) Heloísa Apolónia, contestando medidas como "a eliminação de alguns planos poupança e o aumento dos preços dos transportes públicos e dos serviços de saúde".

O PSD fez uma "avaliação positiva" da proposta do Orçamento de Estado para 2005, destacando a conciliação do "desagravamento da tributação sobre as famílias" com a manutenção do défice abaixo dos três por cento impostos por Bruxelas. Já o CDS/PP, pela voz do seu vice-presidente, António Pires de Lima, afirmou que ficará "chocado se a esquerda votar contra" um documento "inatacável do ponto de vista social".

Oposição Denuncia Ataque ao Poder de Compra da Classe Média

Por PÚBLICO/LUSA

Sábado, 16 de Outubro de 2004

Os partidos da oposição foram unânimes em considerar que o Orçamento do Estado para 2005 constitui um ataque ao poder de compra da classe média.

O PS considera que se trata de uma proposta "frágil e com pés de barro", que configura "um sério ataque" ao poder de compra da classe média. Segundo o deputado João Cravinho, se a proposta de Orçamento for aprovada, os funcionários públicos "vão perder poder de compra", considerando insuficiente a actualização de dois por cento prevista para os escalões do IRS.

"O Governo disse que iria aumentar as pensões, mas na proposta de Orçamento não encontramos dinheiro suficiente para pagar esse aumento", observou o deputado socialista.

"Se o anterior Governo se comprometera a eliminar o défice até 2004, agora a meta é para 2007", salientou, por outro lado, o ex-ministro de António Guterres.

O deputado do PCP, Honório Novo, não tem dúvidas sobre a perda do poder de compra. "Os trabalhadores da função pública e, por consequência, todos os outros vão ter uma nova perda do poder de compra, porque a inflação será certamente superior aos 2 por cento previstos pelo Governo. O aumento anunciado de 2,2 por cento não repõe, nem minimamente, a perda de poder de compra e o congelamento de salários dos últimos dois anos", defendeu.

O deputado do PCP desvalorizou igualmente a subida de 11,7 por cento das despesas de investimento inscrita na proposta do Governo, argumentando que, do valor total do PIDDAC (Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central), um quinto não deverá ser utilizado. "O Governo recorreu a alguns truques. As cativações no investimento, que eram de 15 por cento em 2004, passaram para 21,4", afirmou.

Além disso, de acordo com o deputado comunista, "há o truque da transferência entre rubricas" que permite a passagem "das verbas de investimento para despesas de funcionamento, o que faz com que o crescimento do investimento seja pouco mais que zero".

O Bloco de Esquerda acusa o Governo de basear a proposta de Orçamento do Estado em "metas fantasiosas", considerando que ficarão por cumprir os objectivos quanto à inflação, crescimento e desemprego. O dirigente do BE Francisco Louçã considera que "o desemprego não vai descer em 2005" e que a subida do preço do petróleo "para níveis recorde" e o aumento da procura interna "vão acelerar a inflação para níveis superiores aos dos anos anteriores".

"O aumento de dois por cento na função pública implica que os salários voltem a descer pelo terceiro ano consecutivo", criticou ainda Louçã, insistindo: "Os ajustamentos dos escalões em dois por cento vão determinar um aumento de imposto, que contrabalança parcialmente a anunciada redução de taxas."

"Os Verdes", por seu turno, dizem que o Governo está a "dar com uma mão e tirar com a outra". "Se puséssemos numa balança os benefícios e prejuízos do Orçamento do Estado para 2005, verificaríamos que os portugueses ficam com um menor poder de compra", declarou à Lusa a deputada do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) Heloísa Apolónia, contestando medidas como "a eliminação de alguns planos poupança e o aumento dos preços dos transportes públicos e dos serviços de saúde".

O PSD fez uma "avaliação positiva" da proposta do Orçamento de Estado para 2005, destacando a conciliação do "desagravamento da tributação sobre as famílias" com a manutenção do défice abaixo dos três por cento impostos por Bruxelas. Já o CDS/PP, pela voz do seu vice-presidente, António Pires de Lima, afirmou que ficará "chocado se a esquerda votar contra" um documento "inatacável do ponto de vista social".

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