Helena Roseta defende audição parlamentar sobre educação sexual

08-09-2004
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Helena Roseta Defende Audição Parlamentar Sobre Educação Sexual

Por MARIANA OLIVEIRA COM LUSA

Segunda-feira, 06 de Setembro de 2004

Fazer uma audição parlamentar que avalie os projectos de educação sexual a decorrer em Portugal. Esta foi uma das sugestões avançada no primeiro debate sobre o aborto promovido pelas organizações portuguesas que convidaram o navio-clínica da "Women on Waves" (WOW) a visitar Portugal, que decorreu anteontem à noite, em Lisboa, com a ausência dos partidos da direita.

A proposta partiu da deputada socialista Helena Roseta, que lembrou que a lei do planeamento familiar têm 20 anos, e que por isso, já se deviam ter obtido resultados mais positivos. "Continuamos com uma das mais altas taxas de gravidez adolescente da Europa, o que não é normal", realçou a socialista. "O Governo", continuou, "fez diversos protocolos com organizações não governamentais para promoveram a educação sexual, mas é preciso saber se os dinheiros públicos estão a ser bem aplicados e se as acções estão a ter resultados".

Ao contrário do que seria de esperar, não houve uma afluência maciça de cidadãos anónimos à discussão. A esmagadora maioria dos presentes eram políticos, promotores da iniciativa ou jornalistas.

Apesar de terem sido convidados todos ao grupos parlamentares, na plateia estavam apenas representantes da esquerda. Ana Catarina Mendonça e Helena Roseta (PS), Francisco Louçã (BE) e Heloísa Apolónia (Os Verdes) eram alguns dos presentes. As duas deputadas holandesas de visita a Portugal também participaram na discussão.

Helena Roseta garantiu que tem feito e fará tudo para que o seu partido, quando voltar ao Governo, aprove a legalização do aborto. "Referendo sobre esta matéria, por favor, não. Já houve e o povo nem foi lá", acrescentou.

Na mesa, Helena Pinto, da União Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), uma das organizações que convidou a WOW a vir a Portugal, descreveu a proibição governamental como uma decisão "prepotente e autoritária". A presidente da organização, Rebecca Gomperts, advogou, por seu turno, que o aborto "não é uma vergonha" e que "as mulheres devem ter esse direito".

A deputada do partido trabalhista holandês Khadija Arib referiu que no seu país de origem (Marrocos), as mulheres, especialmente as que dispõem de poucos meios financeiros, enfrentam problemas semelhantes aos experimentados pelas portuguesas.

Lousewies van der Laam, do partido holandês D66, que faz parte da coligação actualmente no poder, defendeu o "aborto legal e seguro" e insistiu que a reacção do Governo português foi "completamente desproporcionada". Heloísa Apolónia classificou a legislação portuguesa sobre o assunto como "hipócrita e atrasada".

Ana Catarina Mendonça disse estar-se perante uma decisão "que envergonha a todos nós portugueses" e que se deve apenas "à teimosia e hipocrisia" do Executivo.

Por seu lado, Francisco Louçã considerou a situação portuguesa como a pior da Europa, uma vez que em países católicos como a Polónia e a Irlanda, as mulheres não têm de comparecer em tribunal por aborto. "Na Europa, não podemos suportar a intolerância e a perseguição contra as mulheres", exortou.

Helena Roseta foi quem mais animou o auditório, quando lembrou que Portugal é um país de marinheiros e que é "um barco que nos traz a força para mudar a lei". A socialista criticou a decisão governamental, que considerou um "bafio salazarista" e concluiu entoando uma canção de Zeca Afonso: "Já fui moço, já sou homem, só me falta ser mulher".

com Lusa

Helena Roseta Defende Audição Parlamentar Sobre Educação Sexual

Por MARIANA OLIVEIRA COM LUSA

Segunda-feira, 06 de Setembro de 2004

Fazer uma audição parlamentar que avalie os projectos de educação sexual a decorrer em Portugal. Esta foi uma das sugestões avançada no primeiro debate sobre o aborto promovido pelas organizações portuguesas que convidaram o navio-clínica da "Women on Waves" (WOW) a visitar Portugal, que decorreu anteontem à noite, em Lisboa, com a ausência dos partidos da direita.

A proposta partiu da deputada socialista Helena Roseta, que lembrou que a lei do planeamento familiar têm 20 anos, e que por isso, já se deviam ter obtido resultados mais positivos. "Continuamos com uma das mais altas taxas de gravidez adolescente da Europa, o que não é normal", realçou a socialista. "O Governo", continuou, "fez diversos protocolos com organizações não governamentais para promoveram a educação sexual, mas é preciso saber se os dinheiros públicos estão a ser bem aplicados e se as acções estão a ter resultados".

Ao contrário do que seria de esperar, não houve uma afluência maciça de cidadãos anónimos à discussão. A esmagadora maioria dos presentes eram políticos, promotores da iniciativa ou jornalistas.

Apesar de terem sido convidados todos ao grupos parlamentares, na plateia estavam apenas representantes da esquerda. Ana Catarina Mendonça e Helena Roseta (PS), Francisco Louçã (BE) e Heloísa Apolónia (Os Verdes) eram alguns dos presentes. As duas deputadas holandesas de visita a Portugal também participaram na discussão.

Helena Roseta garantiu que tem feito e fará tudo para que o seu partido, quando voltar ao Governo, aprove a legalização do aborto. "Referendo sobre esta matéria, por favor, não. Já houve e o povo nem foi lá", acrescentou.

Na mesa, Helena Pinto, da União Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), uma das organizações que convidou a WOW a vir a Portugal, descreveu a proibição governamental como uma decisão "prepotente e autoritária". A presidente da organização, Rebecca Gomperts, advogou, por seu turno, que o aborto "não é uma vergonha" e que "as mulheres devem ter esse direito".

A deputada do partido trabalhista holandês Khadija Arib referiu que no seu país de origem (Marrocos), as mulheres, especialmente as que dispõem de poucos meios financeiros, enfrentam problemas semelhantes aos experimentados pelas portuguesas.

Lousewies van der Laam, do partido holandês D66, que faz parte da coligação actualmente no poder, defendeu o "aborto legal e seguro" e insistiu que a reacção do Governo português foi "completamente desproporcionada". Heloísa Apolónia classificou a legislação portuguesa sobre o assunto como "hipócrita e atrasada".

Ana Catarina Mendonça disse estar-se perante uma decisão "que envergonha a todos nós portugueses" e que se deve apenas "à teimosia e hipocrisia" do Executivo.

Por seu lado, Francisco Louçã considerou a situação portuguesa como a pior da Europa, uma vez que em países católicos como a Polónia e a Irlanda, as mulheres não têm de comparecer em tribunal por aborto. "Na Europa, não podemos suportar a intolerância e a perseguição contra as mulheres", exortou.

Helena Roseta foi quem mais animou o auditório, quando lembrou que Portugal é um país de marinheiros e que é "um barco que nos traz a força para mudar a lei". A socialista criticou a decisão governamental, que considerou um "bafio salazarista" e concluiu entoando uma canção de Zeca Afonso: "Já fui moço, já sou homem, só me falta ser mulher".

com Lusa

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