Inquérito os meus livros

20-03-2004
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Inquérito Os Meus Livros

Sábado, 13 de Março de 2004

Helena Roseta

Presidente da Ordem dos Arquitectos

1.- Qual foi o último livro que leu?

Acabei ontem à noite de ler "Aura", de Carlos Fuentes.

2.- O último que abandonou a meio?

Leio muito rapidamente em português ou francês, sou mais lenta no inglês. Por isso acontece com frequência ir deixando as leituras em inglês para trás. Foi o que aconteceu com um livro muito estimulante, mas em inglês, "Emergence", de Steven Johnson.

3.- E o último que ofereceu?

O último álbum do Tintim, aos meus netos.

4.- Lê vários ao mesmo tempo?

Sempre. Há os livros de dia e os livros da noite. Há os de simples consulta e os da revelação. Há os que ficam para trás e os que não consigo largar. Mesmo na cabeceira da cama, tenho uma pilha.

5.- Como é que arruma os seus livros?

Por estúpido que possa parecer, como estou sempre atrasada de uma ou duas estantes, arrumo os livros por ordem de chegada à minha mão.

6.- Tem mais ficção, poesia, ensaio...?

Em matéria de leitura, sou bulímica. E há autores de que devoro tudo, seja qual for o género.

7.- Onde é que prefere ler?

Onde tiver um livro à mão. Em aeroportos e aviões li a Yourcenar quase toda.

8.- Que livro gostaria de ver traduzido em Portugal?

Acho que somos muito iletrados no que toca a cultura científica. Por isso gostaria de ver traduzido o livro "Consilience, the Unity of Knowledge", do biólogo Edward Wilson, de que ouvi falar pela primeira vez através de Ilya Prigogine, numa conferência que este deu em Lisboa em 1998. Andamos a afogar-nos em informação e morremos de fome de sabedoria, diz Wilson. Precisamos de um conceito novo, a tal "consiliência", ou unidade do conhecimento, conseguida através de um entendimento profundo dos saberes disponíveis. Vasto programa. Steiner também fala destes temas. Falta uma espécie de Renascimento, depois da fragmentação pós-moderna e da hiper-especialização do século XX.

9.- Sublinha os livros, consegue escrever nas margens, usa marcadores?

Sublinho a lápis, mas só nos livros de dia. Os da noite são sagrados. Ou, se se preferir, não sublinho as leituras do puro prazer, porque não é preciso. O sublinhado é interior. Além disso, seria uma grande indiscrição.

10.- Consegue escolher o livro da sua vida?

Claro que não. Quantas vidas tem um livro? Quantos livros tem uma vida?

Inquérito Os Meus Livros

Sábado, 13 de Março de 2004

Helena Roseta

Presidente da Ordem dos Arquitectos

1.- Qual foi o último livro que leu?

Acabei ontem à noite de ler "Aura", de Carlos Fuentes.

2.- O último que abandonou a meio?

Leio muito rapidamente em português ou francês, sou mais lenta no inglês. Por isso acontece com frequência ir deixando as leituras em inglês para trás. Foi o que aconteceu com um livro muito estimulante, mas em inglês, "Emergence", de Steven Johnson.

3.- E o último que ofereceu?

O último álbum do Tintim, aos meus netos.

4.- Lê vários ao mesmo tempo?

Sempre. Há os livros de dia e os livros da noite. Há os de simples consulta e os da revelação. Há os que ficam para trás e os que não consigo largar. Mesmo na cabeceira da cama, tenho uma pilha.

5.- Como é que arruma os seus livros?

Por estúpido que possa parecer, como estou sempre atrasada de uma ou duas estantes, arrumo os livros por ordem de chegada à minha mão.

6.- Tem mais ficção, poesia, ensaio...?

Em matéria de leitura, sou bulímica. E há autores de que devoro tudo, seja qual for o género.

7.- Onde é que prefere ler?

Onde tiver um livro à mão. Em aeroportos e aviões li a Yourcenar quase toda.

8.- Que livro gostaria de ver traduzido em Portugal?

Acho que somos muito iletrados no que toca a cultura científica. Por isso gostaria de ver traduzido o livro "Consilience, the Unity of Knowledge", do biólogo Edward Wilson, de que ouvi falar pela primeira vez através de Ilya Prigogine, numa conferência que este deu em Lisboa em 1998. Andamos a afogar-nos em informação e morremos de fome de sabedoria, diz Wilson. Precisamos de um conceito novo, a tal "consiliência", ou unidade do conhecimento, conseguida através de um entendimento profundo dos saberes disponíveis. Vasto programa. Steiner também fala destes temas. Falta uma espécie de Renascimento, depois da fragmentação pós-moderna e da hiper-especialização do século XX.

9.- Sublinha os livros, consegue escrever nas margens, usa marcadores?

Sublinho a lápis, mas só nos livros de dia. Os da noite são sagrados. Ou, se se preferir, não sublinho as leituras do puro prazer, porque não é preciso. O sublinhado é interior. Além disso, seria uma grande indiscrição.

10.- Consegue escolher o livro da sua vida?

Claro que não. Quantas vidas tem um livro? Quantos livros tem uma vida?

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