Manifestação inédita exige eleições antecipadas

03-08-2004
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Manifestação Inédita Exige Eleições Antecipadas

Por ISABEL BRAGA

Segunda-feira, 28 de Junho de 2004

Uma manifestação espontânea, convocada através de SMS enviados por telemóveis a partir da tarde de sábado ou por mensagens em blogues da Internet, reuniu ontem, ao final da tarde, frente ao Palácio de Belém, duas a três mil pessoas, exigindo eleições antecipadas e protestando contra a substituição de Durão Barroso por Santana Lopes.

Helena Roseta estava entre os manifestantes que gritavam "Eleições já" com grande energia. Ao PÚBLICO, explicou porque estava ali: "Este é um momento inacreditável. Há muito pouco tempo, o primeiro-ministro dizia que não era candidato a presidente da Comissão Europeia. Durante dois anos insultou e humilhou o PS porque Guterres se demitiu. Agora é ele que se quer demitir para ocupar um lugar que antes tinha sido proposto ao primeiro-ministro do Luxemburgo, que deu a única resposta possível, que tinha um compromisso com o seu eleitorado. Durão Barroso falta a esse compromisso, mentiu quando disse que não era candidato e foge ao Governo onde as coisas lhe estavam a correr mal".

Para a deputada do PS, a substituição de Durão Barroso por Santana Lopes "ainda que institucionalmente pudessse ser aceite, é moralmente ilegítima, e os eleitores têm uma palavra a dizer". Além dela, havia mais políticos presentes como João Soares, Isabel de Castro, de Os Verdes, vários dirigentes do Bloco de Esquerda como Miguel Portas, Fernando Rosas e Miguel Vale de Almeida, e figuras do 25 de Abril, militares como Vasco Lourenço e Pezarat Correia, e ainda Vasco Gonçalves e Isabel do Carmo.

O meio cultural também estava muito bem representado, por artistas plásticos, músicos, encenadores, cineastas, jornalistas e escritores. Entre as caras mais conhecidas estavam Teresa Dias Coelho e José Pedro Croft, Alexandre Delgado, Jorge Silva Melo, Maria João Seixas, Diana Andringa, Olga Quintanilha e Fernando Lopes. Este realizador de cinema explicou ao PÚBLICO porque "tinha que estar" ali: "Trinta anos de democracia não se entregam assim, nas mãos de uma pandilha de pequenos caciques. O Presidente da República vai ter que tomar uma decisão e tem as condições para isso". O escritor Jacinto Lucas Pires, filho de Francisco Lucas Pires, afirmou, por sua vez, que a nomeação de Santana Lopes como primeiro-ministro "mesmo que formalmente legítima, seria uma batota política".

"Eleições já" era o grito mais repetido pelas pessoas de todas as idades que a partir das 19 horas se foram juntando no jardim frente ao Palácio de Belém. Embora houvesse muitos jovens, entre os manifestantes, havia bastantes idosos e a grande maioria era gente de meia idade e aspecto absolutamente conservador, que não é habitual encontrar em manifestações de rua.

Aquela não foi, de modo nenhum, uma manifestação típica, tudo ia acontecendo de forma espontânea, havia cartazes improvisados com frases como "Santana para o Parque Mayer, nunca para São Bento" ou "Chega de golpadas, eleições antecipadas" ou ainda "Já agora, Zézé Camarinha para presidente". Gritavam-se ainda palavras de ordem como "Santana sai de perto, que isto não é bar aberto" ou "Assim, assim, Sampaio escolhe-me a mim". Nos jardins do Palácio de Belém, a certa altura, um dos assessores de Sampaio, Carlos Gaspar, apareceu a observar a manifestação.

Pelas 21 horas, com o jardim fronteiro ao palácio ainda cheio de gente, começou a circular, de boca em boca, a convocatória para nova manifestação, amanhã, no mesmo sítio e à mesma hora, quando a nomeação de Durão Barroso para o cargo de presidente da Comissão Europeia já for oficial.

Manifestação Inédita Exige Eleições Antecipadas

Por ISABEL BRAGA

Segunda-feira, 28 de Junho de 2004

Uma manifestação espontânea, convocada através de SMS enviados por telemóveis a partir da tarde de sábado ou por mensagens em blogues da Internet, reuniu ontem, ao final da tarde, frente ao Palácio de Belém, duas a três mil pessoas, exigindo eleições antecipadas e protestando contra a substituição de Durão Barroso por Santana Lopes.

Helena Roseta estava entre os manifestantes que gritavam "Eleições já" com grande energia. Ao PÚBLICO, explicou porque estava ali: "Este é um momento inacreditável. Há muito pouco tempo, o primeiro-ministro dizia que não era candidato a presidente da Comissão Europeia. Durante dois anos insultou e humilhou o PS porque Guterres se demitiu. Agora é ele que se quer demitir para ocupar um lugar que antes tinha sido proposto ao primeiro-ministro do Luxemburgo, que deu a única resposta possível, que tinha um compromisso com o seu eleitorado. Durão Barroso falta a esse compromisso, mentiu quando disse que não era candidato e foge ao Governo onde as coisas lhe estavam a correr mal".

Para a deputada do PS, a substituição de Durão Barroso por Santana Lopes "ainda que institucionalmente pudessse ser aceite, é moralmente ilegítima, e os eleitores têm uma palavra a dizer". Além dela, havia mais políticos presentes como João Soares, Isabel de Castro, de Os Verdes, vários dirigentes do Bloco de Esquerda como Miguel Portas, Fernando Rosas e Miguel Vale de Almeida, e figuras do 25 de Abril, militares como Vasco Lourenço e Pezarat Correia, e ainda Vasco Gonçalves e Isabel do Carmo.

O meio cultural também estava muito bem representado, por artistas plásticos, músicos, encenadores, cineastas, jornalistas e escritores. Entre as caras mais conhecidas estavam Teresa Dias Coelho e José Pedro Croft, Alexandre Delgado, Jorge Silva Melo, Maria João Seixas, Diana Andringa, Olga Quintanilha e Fernando Lopes. Este realizador de cinema explicou ao PÚBLICO porque "tinha que estar" ali: "Trinta anos de democracia não se entregam assim, nas mãos de uma pandilha de pequenos caciques. O Presidente da República vai ter que tomar uma decisão e tem as condições para isso". O escritor Jacinto Lucas Pires, filho de Francisco Lucas Pires, afirmou, por sua vez, que a nomeação de Santana Lopes como primeiro-ministro "mesmo que formalmente legítima, seria uma batota política".

"Eleições já" era o grito mais repetido pelas pessoas de todas as idades que a partir das 19 horas se foram juntando no jardim frente ao Palácio de Belém. Embora houvesse muitos jovens, entre os manifestantes, havia bastantes idosos e a grande maioria era gente de meia idade e aspecto absolutamente conservador, que não é habitual encontrar em manifestações de rua.

Aquela não foi, de modo nenhum, uma manifestação típica, tudo ia acontecendo de forma espontânea, havia cartazes improvisados com frases como "Santana para o Parque Mayer, nunca para São Bento" ou "Chega de golpadas, eleições antecipadas" ou ainda "Já agora, Zézé Camarinha para presidente". Gritavam-se ainda palavras de ordem como "Santana sai de perto, que isto não é bar aberto" ou "Assim, assim, Sampaio escolhe-me a mim". Nos jardins do Palácio de Belém, a certa altura, um dos assessores de Sampaio, Carlos Gaspar, apareceu a observar a manifestação.

Pelas 21 horas, com o jardim fronteiro ao palácio ainda cheio de gente, começou a circular, de boca em boca, a convocatória para nova manifestação, amanhã, no mesmo sítio e à mesma hora, quando a nomeação de Durão Barroso para o cargo de presidente da Comissão Europeia já for oficial.

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