Imprensa trata imigração de forma positiva

17-12-2002
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Imprensa Trata Imigração de Forma Positiva

Por RICARDO DIAS FELNER

Quarta-feira, 27 de Novembro de 2002 Estudo do Alto-comissário para a Imigração Imigrantes de Leste são o grupo alvo de mais notícias nos órgãos de comunicação social Um estudo encomendado pelo Observatório da Imigração, recentemente criado no âmbito do Alto-comissário para a Imigração e Minorias Étnicas, concluiu que os jornais e as revistas de informação generalista têm tratado a questão da imigração numa perspectiva positiva. De acordo com a análise realizada a várias dezenas de publicações, entre Janeiro de 2001 e Março de 2002, a maior parte dos conteúdos informativos (44,3 por cento) referiam-se a "avanços" na integração dos imigrantes. O tratamento dos dados, da responsabilidade do Observatório da Comunicação (Obercom), revelou que o tema do "acolhimento" dos imigrantes estabelecidos em Portugal foi aquele que mais notícias suscitou dentro deste grupo (8,6 por cento), sendo ainda de assinalar as questões da "convivência" (5,7) e da "luta contra as máfias, a exploração e o tráfico ilegal" de pessoas (5,6). As notícias negativas - que os investigadores classificaram como "dificuldades" - significaram 39,3 por cento do total da amostra, que incidiu sobre jornais de âmbito regional e nacional, bem como sobre revistas. Dentro deste grupo, verificou-se que os "delitos - actos judiciais e policiais" mereceram maior atenção por parte dos jornalistas, seguindo-se o problema da "exploração" perpetrada pelos chamados angariadores de mão-de-obra e pelas "máfias", e o da "imigração irregular" e das "dificuldades relativas ao processo de legalização". O relatório, que ainda não foi concluído, ressalva, no entanto, que embora os aspectos positivos da informação, no seu conjunto, prevaleçam, são claramente as peças jornalísticas que tratam a área do crime ligado à imigração que dominam quando são desagregados os temas investigados (12,1 por cento). Mesmo assim, a contabilidade das notícias relativas a "avanços" na área da imigração é assinalável e poderá estar ligada à mudança das características da imigração em Portugal, operada a partir de Janeiro de 2001, quando se iniciou o mais importante processo extraordinário de imigração. Desde então, a comunidade imigrante de Leste passou a ser a segunda mais representativa, concorrendo com a imigração clássica oriunda dos países africanos de expressão portuguesa. Resultados suscitam dúvidas Não será por acaso que os "imigrantes da Europa de Leste", segundo o estudo, são já aqueles que aparecem com mais frequência no noticiário escrito, sendo protagonistas de três em cada dez artigos publicados durante esse período - muito à frente dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), que apenas surgem em 13,7 por cento dos artigos, ou dos originários do continente americano, como os brasileiros (4,5), ou dos asiáticos (1,9). Os resultados do estudo - denominado "Representações dos Imigrantes e das Minorias Étnicas nos Media" - surpreenderam os participantes presentes ontem na sua apresentação, no Palácio Foz, em Lisboa, tendo muitos deles criticado o método de classificação usado pelos investigadores, coordenados pelo professor universitário Francisco Rui Cádima, também presidente do Obercom. Rui Pena Pires, investigador do ISCTE, disse a propósito que as opções tomadas presumem uma ideia, que não é a única, sobre o que é a integração de imigrantes, pelo que seria necessário saber "qual foi o critério utilizado para definir o que significam os 'avanços' e as 'dificuldades'". Alcestina Tolentino, da Associação Caboverdeana de Lisboa, aduziu que o retrato que faz da forma como os "media" têm abordado a "imigração" "não é de todo coincidente, nem tão optimista, como o que surge no estudo". "Geralmente o imigrante só é notícia pela negativa", defendeu. Guilherme de Oliveira Martins, do Centro Nacional de Cultura, por seu lado, aconselhou a que se incluísse na análise os conteúdos das televisões e das rádios, observação repetida pelo director do PÚBLICO. José Manuel Fernandes afirmou ainda que a quantidade de notícias positivas presentes na imprensa poderá ter que ver com "a descoberta, por parte dos 'media' e da opinião pública, de uma realidade nova, a imigração vinda do Leste". O director do PÚBLICO criticou, contudo, que não tenha sido feita uma análise qualitativa dos dados, deixando-se assim de parte, nomeadamente, o modo como as notícias poderão ter passado para o público certos preconceitos rácicos. OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Imprensa trata imigração de forma positiva

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