Futuro incerto para 200 trabalhadores da Gartêxtil

04-06-2002
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Futuro Incerto para 200 Trabalhadores da Gartêxtil

Por GUSTAVO BRÁS

Terça-feira, 4 de Junho de 2002 Administração não dá explicações Fábrica da Guarda parou por falta de matéria-prima. Operárias sem garantias de receber salário de Maio e subsídio de férias de 2001 Angústia e tristeza estavam ontem estampadas no rosto das 190 trabalhadoras da Gartêxtil, da Guarda, que regressaram à empresa têxtil, detida pela Carveste, dispostas a recomeçarem a labuta. Apesar de as portas terem aberto às 08h00, confirmou-se que não há matéria-prima e desconhece-se qual será o futuro da empresa. O administrador, Luís Costa, demitiu-se na passada terça-feira e não deixou quaisquer esperanças aos trabalhadores quanto ao pagamento do salário de Maio nem do subsídio de férias do ano passado, tendo apenas adiantado que a empresa iria entrar em processo de recuperação. Ontem, ninguém da administração enfrentou os trabalhadores, motivando, desde logo, críticas por parte de Carlos João, do Sindicato Têxtil da Beira Alta, que classificou a atitude de "cobarde, foi como se um comandante abandonasse o navio no alto-mar sem se preocupar com a tripulação". Adiantou ainda que a situação que se vive na empresa "é pior do que há quatro anos", antes de a Gartêxtil passar para as mãos da Carveste, porque, "nessa altura, apesar dos muitos erros cometidos pela administração, foi possível encontrar uma solução, embora talvez não tenha sido a melhor". "Ninguém estava a contar com isto, até porque andámos durante três meses a fazer horas extraordinárias, com o argumento de que havia muito trabalho, mas afinal foi para acabar as encomendas", lamenta Liliane Ferreira, trabalhadora na Gartêxtil há 16 anos. Isabel Pinheiro, representante das trabalhadoras, considera "estranho" que a administração as tenha mandado para casa, no início de Maio, com o argumento de que não havia tecido e que poderiam "compensar estes dias com horas extraordinárias". A deputada social-democrata Ana Manso afirmou, ontem em conferência de imprensa, que "a empresa-mãe [Carveste] se sente traída, porque em 1998 o Governo celebrou um protocolo que previa uma série de condições que não cumpriu, tendo apenas introduzido 1,8 milhões de euros de dinheiros públicos, nunca fiscalizou e, mais grave ainda, não injectou 1,3 milhões de euros para formação profissional dos trabalhadores e criação da estrutura comercial da empresa". Informação esta confirmado pelo advogado da Carveste, Francisco Pimentel, que, em declarações à Rádio Altitude, responsabilizou o anterior Governo. Em declarações ao PÚBLICO, o antigo ministro da Economia Pina Moura, presente na concentração das operárias, afirmou desconhecer as razões que levaram a administração a demitir-se. E recordou que "o processo de recuperação da empresa é anterior à entrada da Carveste nesta empresa". "A Gartêxtil, tal como outras empresas têxteis e de lanifícios da corda da serra da Estrela, estava numa situação financeira má quando chegámos ao Governo, tendo, por isso, sido lançado um conjunto de instrumentos para permitir que por via de reestruturações financeiras e empresariais estas empresas se afirmassem competitivamente e continuassem a laborar", avançou Pina Moura. Adiantou ainda que foi isso mesmo que "aconteceu com a Gartêxtil, que viria a receber um incentivo de 1,9 milhões de euros, ao abrigo de um processo especial de recuperação, tendo então a gestão passado para as mãos da Carveste". Pina Moura entende que o Governo "não pode ficar à margem e alheio ao que está a acontecer, pois houve uma aposta de dinheiros públicos, compromissos que foram assumidos entre o Governo e a empresa, bem como entre a Gartêxtil e os trabalhadores". OUTROS TÍTULOS EM ECONOMIA Governo lança caça às empresas com prejuízos

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