Suplemento Economia

17-10-2002
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Segunda-feira, 14 de Outubro de 2002

Os pobres deveriam mereceu mais compustura. Numa sessão em comissão, o deputado socialista José António Vieira da Silva e o social-democrata Patinha Antão enervaram-se, um com o outro, com prejuízo eventual do processo legislativo. Discutia-se em comissão a lei final que institui o rendimento social de inserção em substituição do rendimento mínimo garantido. Vieira da Silva propôs oralmente uma pequena alteração do projecto oficial porque, em termos de conceitos, o ponto um do artigo 9º do diploma não condizia com o ponto dois. O deputado social-democrata Francisco José Martins concordava, com a cabeça. Mas Patinha Antão recusava-se a aceitar, e pediu tempo. "Como no basket?", perguntou o presidente da comissão, Pina Moura. Mas, durante o intervalo, Patinha Antão insistia para que Vieira da Silva passasse a escrito a proposta. "Escreva lá", desafiava-o. Vieira da Silva começou a escrever. Mas Patinha continuava: "Escreva lá, vá lá..." Vieira da Silva zangou-se e recusou-se a alterar para melhor a lei do Governo. No fim, ficou tudo como estava. Já no corredor, Vieira da Silva encolhia os ombros e dizia: "O pior é que isto vai ter impacte nas prestações... para baixo".

É certo que há inúmeras coisas dificílimas de assimilar. O euro foi uma delas. Foi a confusão reinante com os trocos, com os câmbios e com a aldrabice nos preços. Mas já era altura de termos enterrado, salvo seja, os contos e os escudos e adoptado o euro e os cêntimos. Nos jornais é uma prática constante: "Uma burla de 250 mil contos" e coisas que tal. Mas não são só os jornais. Na passada quarta-feira qual não foi o espanto de P&P ao ser confrontado com as estatísticas do comércio internacional do Instituto Nacional de Estatística... em escudos!!! Meus senhores e minhas senhores, não sei se já se aperceberam que estamos em Outubro, mas de 2002.

Durante a recente sessão de sedução de Durão Barroso em Wall Street, o primeiro-ministro enumerou "dez razões para se ter uma presença em Portugal". A sétima deve ter agradado aos investidores americanos: "Somos um dos principais destinos de golfistas na Europa. (...) Para muitos de vós, esta razão - bom golfe - pode ser a mais importante de todas." Durão, que viveu na América (antes de ascender à liderança do PSD, esteve dois anos na Universidade de Georgetown), conhece bem a obsessão dos homens de negócios americanos pelos "greens". Mais misteriosa foi a sua última citação: "Há uma canção popular de Paul Simon cujas letras dizem que há 50 maneiras de abandonar um amante; eu estou numa disposição mais positiva, por isso dei-vos dez boas razões para encontrarem um novo amor - Portugal."

Segunda-feira, 14 de Outubro de 2002

Os pobres deveriam mereceu mais compustura. Numa sessão em comissão, o deputado socialista José António Vieira da Silva e o social-democrata Patinha Antão enervaram-se, um com o outro, com prejuízo eventual do processo legislativo. Discutia-se em comissão a lei final que institui o rendimento social de inserção em substituição do rendimento mínimo garantido. Vieira da Silva propôs oralmente uma pequena alteração do projecto oficial porque, em termos de conceitos, o ponto um do artigo 9º do diploma não condizia com o ponto dois. O deputado social-democrata Francisco José Martins concordava, com a cabeça. Mas Patinha Antão recusava-se a aceitar, e pediu tempo. "Como no basket?", perguntou o presidente da comissão, Pina Moura. Mas, durante o intervalo, Patinha Antão insistia para que Vieira da Silva passasse a escrito a proposta. "Escreva lá", desafiava-o. Vieira da Silva começou a escrever. Mas Patinha continuava: "Escreva lá, vá lá..." Vieira da Silva zangou-se e recusou-se a alterar para melhor a lei do Governo. No fim, ficou tudo como estava. Já no corredor, Vieira da Silva encolhia os ombros e dizia: "O pior é que isto vai ter impacte nas prestações... para baixo".

É certo que há inúmeras coisas dificílimas de assimilar. O euro foi uma delas. Foi a confusão reinante com os trocos, com os câmbios e com a aldrabice nos preços. Mas já era altura de termos enterrado, salvo seja, os contos e os escudos e adoptado o euro e os cêntimos. Nos jornais é uma prática constante: "Uma burla de 250 mil contos" e coisas que tal. Mas não são só os jornais. Na passada quarta-feira qual não foi o espanto de P&P ao ser confrontado com as estatísticas do comércio internacional do Instituto Nacional de Estatística... em escudos!!! Meus senhores e minhas senhores, não sei se já se aperceberam que estamos em Outubro, mas de 2002.

Durante a recente sessão de sedução de Durão Barroso em Wall Street, o primeiro-ministro enumerou "dez razões para se ter uma presença em Portugal". A sétima deve ter agradado aos investidores americanos: "Somos um dos principais destinos de golfistas na Europa. (...) Para muitos de vós, esta razão - bom golfe - pode ser a mais importante de todas." Durão, que viveu na América (antes de ascender à liderança do PSD, esteve dois anos na Universidade de Georgetown), conhece bem a obsessão dos homens de negócios americanos pelos "greens". Mais misteriosa foi a sua última citação: "Há uma canção popular de Paul Simon cujas letras dizem que há 50 maneiras de abandonar um amante; eu estou numa disposição mais positiva, por isso dei-vos dez boas razões para encontrarem um novo amor - Portugal."

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