A Procura da República Universal

29-08-2004
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A Procura da República Universal

Alguns excertos da conclusão:

A República Universal é a procura do melhor Estado possível, que por ser melhor, procura um valor fundamentante e que por ter de ser possível, tem um facto condicionante.

Mas a República Universal não se situa numa ordem superior inantingível, seja a natureza ou a vontade de Deus. A República Universal tem de ser assumida pelo próprio Estado em concreto, como uma ordem positiva de valores; relativa ao tempo e ao espaço.

Também no domínio do Estado tem de haver alguma coisa de em si mesmo verdadeira e justa, com geral e universal validade para todos os homens, todos os povos e todas as épocas, como Luís Cabral de Moncada definia o direito natural.

O Estado não é mera entidade absoluta, sem qualquer referência histórica. Tem de ser um sistema aberto às circunstâncias do tempo e do lugar e ao transcendente da República Universal.

O ideia de República Universal representa, assim, a síntese entre os projectos políticos do humanismo laico - com origens remotas no estoicismo- e do humanismo cristão. Um ideal sucessivamente renovado por católicos, ortodoxos e protestantes, a que aderiram judeus e cristãos-novos, iluministas e contra-revolucionários, socialistas e liberais, monárquicos e republicanos.

Trata-se de uma espécie de regresso ao sentido cósmico daquilo que na Idade Média se designou por Res publica Christiana ou que os estóicos qualificaram como a sociedade do género humano. Isto é, através de uma perspectiva que apesar de ser laica não deixa de ser metafísica, não deixa de conceber um transcendente para os homens de boa vontade, mesmo para aqueles que concebem o mundo, mesmo que Deus não exista.

Talvez seja esta a verdadeira liberdade europeia, a tal consideração de que não é a história que faz o homem, mas o homem que faz a história. Porque a história é uma série de acontecimentos que não se repetem feita por seres que também nunca se repetem. Porque qualquer polis é sempre uma circunstância ao serviço da natureza humana. Porque a polis ou, como agora lhe chamamos, o Estado, está acima do cidadão, mas o homem está acima do Estado.

Porque tal como o indivíduo deve viver segundo a parte mais nobre que vive nele, assim o inferior deve ser colocado ao serviço do superior

Como proclamava o nosso Leonardo Coimbra, o universo tem dois pólos, que lhe são exteriores: um voltado para si mesmo que é o nada, outro voltado para o Criador que é o Infinito(S.Francisco de Assis). Cada homem faz parte das sociedades reais de que é sócio e de uma sociedade para onde o erguem os melhores movimentos do seu espírito(A Razão Experimental, 1923, p. 373)

O Estado que está, tem de estar ao serviço do que deve ser.

O Estado que está, enquanto instrumento da politicidade, tem de estar ao serviço da sociedade do género humano, tem de regressar à antiquíssima ideia de polis, que adequar-se à novissima ideia de nação e que servir o eterno sonho da República Universal.

A Procura da República Universal

Alguns excertos da conclusão:

A República Universal é a procura do melhor Estado possível, que por ser melhor, procura um valor fundamentante e que por ter de ser possível, tem um facto condicionante.

Mas a República Universal não se situa numa ordem superior inantingível, seja a natureza ou a vontade de Deus. A República Universal tem de ser assumida pelo próprio Estado em concreto, como uma ordem positiva de valores; relativa ao tempo e ao espaço.

Também no domínio do Estado tem de haver alguma coisa de em si mesmo verdadeira e justa, com geral e universal validade para todos os homens, todos os povos e todas as épocas, como Luís Cabral de Moncada definia o direito natural.

O Estado não é mera entidade absoluta, sem qualquer referência histórica. Tem de ser um sistema aberto às circunstâncias do tempo e do lugar e ao transcendente da República Universal.

O ideia de República Universal representa, assim, a síntese entre os projectos políticos do humanismo laico - com origens remotas no estoicismo- e do humanismo cristão. Um ideal sucessivamente renovado por católicos, ortodoxos e protestantes, a que aderiram judeus e cristãos-novos, iluministas e contra-revolucionários, socialistas e liberais, monárquicos e republicanos.

Trata-se de uma espécie de regresso ao sentido cósmico daquilo que na Idade Média se designou por Res publica Christiana ou que os estóicos qualificaram como a sociedade do género humano. Isto é, através de uma perspectiva que apesar de ser laica não deixa de ser metafísica, não deixa de conceber um transcendente para os homens de boa vontade, mesmo para aqueles que concebem o mundo, mesmo que Deus não exista.

Talvez seja esta a verdadeira liberdade europeia, a tal consideração de que não é a história que faz o homem, mas o homem que faz a história. Porque a história é uma série de acontecimentos que não se repetem feita por seres que também nunca se repetem. Porque qualquer polis é sempre uma circunstância ao serviço da natureza humana. Porque a polis ou, como agora lhe chamamos, o Estado, está acima do cidadão, mas o homem está acima do Estado.

Porque tal como o indivíduo deve viver segundo a parte mais nobre que vive nele, assim o inferior deve ser colocado ao serviço do superior

Como proclamava o nosso Leonardo Coimbra, o universo tem dois pólos, que lhe são exteriores: um voltado para si mesmo que é o nada, outro voltado para o Criador que é o Infinito(S.Francisco de Assis). Cada homem faz parte das sociedades reais de que é sócio e de uma sociedade para onde o erguem os melhores movimentos do seu espírito(A Razão Experimental, 1923, p. 373)

O Estado que está, tem de estar ao serviço do que deve ser.

O Estado que está, enquanto instrumento da politicidade, tem de estar ao serviço da sociedade do género humano, tem de regressar à antiquíssima ideia de polis, que adequar-se à novissima ideia de nação e que servir o eterno sonho da República Universal.

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