Direcção do PSD quer que presidenciais sejam tema tabu em 2003

22-01-2003
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Direcção do PSD Quer Que Presidenciais Sejam Tema Tabu em 2003

Por HELENA PEREIRA

Terça-feira, 14 de Janeiro de 2003 Durão não quer que o assunto entre na agenda do PSD. Santana baixou o tom. Mas apoio a Cavaco marca início do ano Depois de a candidatura presidencial ter sido o tema tabu de Cavaco Silva em 1995, torna-se agora o assunto tabu do PSD para este ano. As próximas eleições serão em Janeiro de 2006. O calendário acertado pelo PSD é o de que o candidato ficará definido no congresso partidário no ano que vem e que o melhor é não precipitar o assunto. O primeiro a vir falar de presidenciais no PSD foi Pedro Santana Lopes, no último congresso, em Julho, ao manifestar-se disponível para umas primárias dentro do partido. Depois disso, um dos fiéis barrosistas e secretário de Estado da Administração Local, Miguel Relvas, afirmava ao PÚBLICO que "Pedro Santana Lopes é o único candidato do PSD com condições para ganhar as eleições presidenciais", que "é o candidato mais consensual no PSD" e que "o lugar de Presidente da República não está condenado a ser um lugar de reforma a partir de uma certa idade". Pelo CDS, Luís Nobre Guedes também veio dizer que Santana Lopes seria o melhor candidato para derrotar uma eventual candidatura Guterres. Estas afirmações criaram polémica no PSD. Barrosistas e apoiantes de Santana Lopes recearam que a disputa se abrisse cedo de mais e que, por isso, o autarca fosse exposto a um maior desgaste. A ordem de Durão foi a de que mais ninguém falasse do assunto. Questionado pelos jornalistas, o primeiro-ministro tem dito que é uma falta de cortesia para o actual Presidente da República falar sobre quem será o candidato do PSD numa altura em que ainda faltam três anos para o acto eleitoral. Santana veio dizer que, se Cavaco quiser ser candidato, não se opõe. "Candidatos naturais continuo a entender que não há; simplesmente nunca seria capaz de disputar nada com o professor Cavaco Silva por uma questão de respeito. Agora, não faço ideia o que acontecerá daqui a dois anos", disse, em entrevista ao "Expresso", no sábado passado. Pacheco Pereira, eurodeputado, amigo de Durão Barroso, mas um crítico indomesticável, aproveitou para louvar "o senso" de Santana em "reconhecer que não era um bom candidato à Presidência da República". Recorde-se que o último processo de escolha de um candidato presidencial do PSD foi conduzido por Durão Barroso e foi desastroso. Em Fevereiro de 2000, 11 meses antes das eleições, a direcção de Durão acorda com o advogado Daniel Proença de Carvalho a sua candidatura a Belém. Mas o nome acaba por ser queimado no congresso de Viseu, naquele mês. Marques Mendes avisa em congresso que o candidato do PSD deve ser um militante (Proença é independente) e pronuncia o nome do advogado. Na resposta, Durão desfaz-se em elogios a Proença de Carvalho, que divide o congresso, com Santana Lopes e Marques Mendes a liderar o ataque. Termina ali o projecto de levar Proença a Belém. Após isto, a escolha acabou por recair em Ferreira do Amaral, que faz uma campanha penosa e quase sempre sozinho. Depois do apoio manifesto a Santana por parte de Miguel Relvas, em nome dos barrosistas, o líder do PSD e primeiro-ministro convidou, no final de Outubro, Cavaco Silva para um jantar em São Bento. Publicamente, Durão diz que não abordou o tema das presidenciais, mas o sinal ficou dado. Quanto aos cavaquistas, o silêncio imperou, para além das habituais respostas de que Cavaco seria um "candidato natural"... até agora. No artigo que hoje o PÚBLICO publica de Paulo Teixeira Pinto, ex-secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, é exposto um argumentário para uma nova candidatura do ex-primeiro-ministro, certamente com o conhecimento do próprio (ver texto neste destaque). Quando questionado sobre as futuras eleições presidenciais, o ex-primeiro-ministro e ex-candidato a Belém em 1996 diz apenas que não comenta, mas fica evidente que não é sua intenção auto-excluir-se da vida política e sim permanecer em jogo. O PSD, por sua vez, planeia manter o assunto das presidenciais afastado da agenda pública durante este ano, um objectivo que dificilmente será cumprido. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Uma coabitação de "cirurgia fina"

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Terça-feira, 14 de Janeiro de 2003 Durão não quer que o assunto entre na agenda do PSD. Santana baixou o tom. Mas apoio a Cavaco marca início do ano Depois de a candidatura presidencial ter sido o tema tabu de Cavaco Silva em 1995, torna-se agora o assunto tabu do PSD para este ano. As próximas eleições serão em Janeiro de 2006. O calendário acertado pelo PSD é o de que o candidato ficará definido no congresso partidário no ano que vem e que o melhor é não precipitar o assunto. O primeiro a vir falar de presidenciais no PSD foi Pedro Santana Lopes, no último congresso, em Julho, ao manifestar-se disponível para umas primárias dentro do partido. Depois disso, um dos fiéis barrosistas e secretário de Estado da Administração Local, Miguel Relvas, afirmava ao PÚBLICO que "Pedro Santana Lopes é o único candidato do PSD com condições para ganhar as eleições presidenciais", que "é o candidato mais consensual no PSD" e que "o lugar de Presidente da República não está condenado a ser um lugar de reforma a partir de uma certa idade". Pelo CDS, Luís Nobre Guedes também veio dizer que Santana Lopes seria o melhor candidato para derrotar uma eventual candidatura Guterres. Estas afirmações criaram polémica no PSD. Barrosistas e apoiantes de Santana Lopes recearam que a disputa se abrisse cedo de mais e que, por isso, o autarca fosse exposto a um maior desgaste. A ordem de Durão foi a de que mais ninguém falasse do assunto. Questionado pelos jornalistas, o primeiro-ministro tem dito que é uma falta de cortesia para o actual Presidente da República falar sobre quem será o candidato do PSD numa altura em que ainda faltam três anos para o acto eleitoral. Santana veio dizer que, se Cavaco quiser ser candidato, não se opõe. "Candidatos naturais continuo a entender que não há; simplesmente nunca seria capaz de disputar nada com o professor Cavaco Silva por uma questão de respeito. Agora, não faço ideia o que acontecerá daqui a dois anos", disse, em entrevista ao "Expresso", no sábado passado. Pacheco Pereira, eurodeputado, amigo de Durão Barroso, mas um crítico indomesticável, aproveitou para louvar "o senso" de Santana em "reconhecer que não era um bom candidato à Presidência da República". Recorde-se que o último processo de escolha de um candidato presidencial do PSD foi conduzido por Durão Barroso e foi desastroso. Em Fevereiro de 2000, 11 meses antes das eleições, a direcção de Durão acorda com o advogado Daniel Proença de Carvalho a sua candidatura a Belém. Mas o nome acaba por ser queimado no congresso de Viseu, naquele mês. Marques Mendes avisa em congresso que o candidato do PSD deve ser um militante (Proença é independente) e pronuncia o nome do advogado. Na resposta, Durão desfaz-se em elogios a Proença de Carvalho, que divide o congresso, com Santana Lopes e Marques Mendes a liderar o ataque. Termina ali o projecto de levar Proença a Belém. Após isto, a escolha acabou por recair em Ferreira do Amaral, que faz uma campanha penosa e quase sempre sozinho. Depois do apoio manifesto a Santana por parte de Miguel Relvas, em nome dos barrosistas, o líder do PSD e primeiro-ministro convidou, no final de Outubro, Cavaco Silva para um jantar em São Bento. Publicamente, Durão diz que não abordou o tema das presidenciais, mas o sinal ficou dado. Quanto aos cavaquistas, o silêncio imperou, para além das habituais respostas de que Cavaco seria um "candidato natural"... até agora. No artigo que hoje o PÚBLICO publica de Paulo Teixeira Pinto, ex-secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, é exposto um argumentário para uma nova candidatura do ex-primeiro-ministro, certamente com o conhecimento do próprio (ver texto neste destaque). Quando questionado sobre as futuras eleições presidenciais, o ex-primeiro-ministro e ex-candidato a Belém em 1996 diz apenas que não comenta, mas fica evidente que não é sua intenção auto-excluir-se da vida política e sim permanecer em jogo. O PSD, por sua vez, planeia manter o assunto das presidenciais afastado da agenda pública durante este ano, um objectivo que dificilmente será cumprido. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Uma coabitação de "cirurgia fina"

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