Alan Greenspan ao serviço da confiança das famílias

04-12-2002
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Reserva Federal dos EUA

Alan Greenspan ao Serviço da Confiança das Famílias

Por A. N.

Segunda-feira, 02 de Dezembro de 2002

Desde que iniciou a sua agressiva política de cortes nos juros, em Janeiro de 2001, a "Fed", nome por que é conhecida a Reserva Federal dos Estados Unidos da América (EUA) presidida por Alan Greenspan, já os reduziu de 6,5 para 1,25 por cento - o nível mais baixo das últimas quatro décadas -, manifestando-se disposta a conduzi-los até zero se assim a situação económica o justificar. A convicção predominante é a de o banco central dos EUA tem actuado atempadamente, embora António Borges esclareça que a intervenção da "Fed" se insere numa "tradição de política activista que será invertida rapidamente".

Mas qual tem sido o verdadeiro impacto destas reduções no custo do dinheiro na maior economia do mundo? Qual o sentido de embaratecer o crédito num contexto em que ainda se verifica um enorme excesso de capacidade produtiva e uma queda da rentabilidade das empresas, não manifestando estas nenhuma intenção de voltar a investir em força?

"Bom, através do impedimento de uma deterioração mais acentuada das bolsas e da manifestação de uma clara intenção de sustentar a economia, a 'Fed' tem evitado a implosão dos níveis de confiança dos consumidores norte-americanos", responde Paula Carvalho. O seu colega Rui Constantino acrescenta que os cortes nos juros de curto prazo levaram à queda dos de longo prazo, o que permitiu que os americanos refinanciassem as suas hipotecas, mantendo a taxa de crescimento do consumo privado - quase 70 por cento do PIB - em território positivo. E fomentando retomas lideradas pelas exportações noutras paragens.

Mas não estará Alan Greenspan refém do "lobby" bolsista? "Não - responde Paula Carvalho -, estes é que se tornaram mais importantes na economia, e como tal são uma das variáveis mais importantes no equacionamento da política da 'Fed'.

Finalmente, não estará a "Fed", ao criar um fosso que já é de quatro pontos percentuais entre as taxas de juro dos dois lados do Atlântico, a provocar uma desvalorização competitiva do dólar no sentido de incentivar as empresas a investir de novo? As autoridades monetárias e políticas dos EUA nunca o admitirão, mas, como afirma o economista João Ferreira do Amaral, "um dólar mais fraco só ajudaria na correcção de alguns desequilíbrios importantes de que sofre a economia". Como o galopante défice das contas externas.

Reserva Federal dos EUA

Alan Greenspan ao Serviço da Confiança das Famílias

Por A. N.

Segunda-feira, 02 de Dezembro de 2002

Desde que iniciou a sua agressiva política de cortes nos juros, em Janeiro de 2001, a "Fed", nome por que é conhecida a Reserva Federal dos Estados Unidos da América (EUA) presidida por Alan Greenspan, já os reduziu de 6,5 para 1,25 por cento - o nível mais baixo das últimas quatro décadas -, manifestando-se disposta a conduzi-los até zero se assim a situação económica o justificar. A convicção predominante é a de o banco central dos EUA tem actuado atempadamente, embora António Borges esclareça que a intervenção da "Fed" se insere numa "tradição de política activista que será invertida rapidamente".

Mas qual tem sido o verdadeiro impacto destas reduções no custo do dinheiro na maior economia do mundo? Qual o sentido de embaratecer o crédito num contexto em que ainda se verifica um enorme excesso de capacidade produtiva e uma queda da rentabilidade das empresas, não manifestando estas nenhuma intenção de voltar a investir em força?

"Bom, através do impedimento de uma deterioração mais acentuada das bolsas e da manifestação de uma clara intenção de sustentar a economia, a 'Fed' tem evitado a implosão dos níveis de confiança dos consumidores norte-americanos", responde Paula Carvalho. O seu colega Rui Constantino acrescenta que os cortes nos juros de curto prazo levaram à queda dos de longo prazo, o que permitiu que os americanos refinanciassem as suas hipotecas, mantendo a taxa de crescimento do consumo privado - quase 70 por cento do PIB - em território positivo. E fomentando retomas lideradas pelas exportações noutras paragens.

Mas não estará Alan Greenspan refém do "lobby" bolsista? "Não - responde Paula Carvalho -, estes é que se tornaram mais importantes na economia, e como tal são uma das variáveis mais importantes no equacionamento da política da 'Fed'.

Finalmente, não estará a "Fed", ao criar um fosso que já é de quatro pontos percentuais entre as taxas de juro dos dois lados do Atlântico, a provocar uma desvalorização competitiva do dólar no sentido de incentivar as empresas a investir de novo? As autoridades monetárias e políticas dos EUA nunca o admitirão, mas, como afirma o economista João Ferreira do Amaral, "um dólar mais fraco só ajudaria na correcção de alguns desequilíbrios importantes de que sofre a economia". Como o galopante défice das contas externas.

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