Apostar nas exportações é estratégia arriscada

05-10-2002
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Apostar nas Exportações É Estratégia Arriscada

Quarta-feira, 2 de Outubro de 2002 As exportações são a esperança para o crescimento do produto interno bruto (PIB) português no próximo ano, mas esta é uma aposta arriscada dada a conjuntura nos principais parceiros comerciais de Portugal. A proposta de Orçamento do Estado para 2003 considera um crescimento das exportações situado no intervalo entre os cinco e os sete por centro. O crescimento das vendas de bens e serviços ao estrangeiro, segundo o relatório anual do Banco de Portugal relativo a 2001, foi de 3,4 por cento em 1999, de 8,5 por cento em 2000 e de 3,3 por cento em 2001. A generalidade dos economistas contactados pela agência Lusa admite uma estagnação da economia portuguesa, num cenário de desaceleração ou crescimento abaixo das expectativas dos países de destino das exportações. Carlos Andrade, do Banco Espírito Santo (BES), entende que "em 2003, a nossa única oportunidade de aceleração do crescimento é via exportações". Mas nos principais destinos das exportações portuguesas, o próximo ano é visto de forma receosa. O Fundo Monetário Internacional adiantou nas suas previsões para 2003 na semana passada, que os quatro maiores clientes de Portugal - Alemanha, Espanha, França e Reino Unidos - deverão crescer 1,6 por cento, 2,1 por cento, 2,4 por cento e 2,6 por cento, respectivamente. Os crescimentos dos principais destinos das exportações portuguesas são mais elevados que em 2002 mas abaixo do produto potencial. Cristina Casalinho, do Banco Português de Investimento (BPI), arriscou que o cenário mais provável para Portugal é o de estagnação, semelhante ao de 2002. Para isto contribui o facto de a economia portuguesa estar limitada pelo endividamento das famílias e pelas restrições orçamentais em matéria de consumo público, acrescentou Cristina Casalinho. As exportações poderão assim funcionar como motor da recuperação, embora a um ritmo lento e num cenário mais arriscado do que os dos anos anteriores. Carlos Andrade considera que a aceleração económica internacional só deve ocorrer no final de 2003, tanto por razões económicas, como é o caso do desemprego alemão e da baixa confiança dos empresários europeus, como por razões extra-económicas (um eventual ataque ao Iraque). João Ferreira do Amaral, do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), entende que Portugal é "muito reactivo" ao ambiente económico geral, devido até à sua característica de pequena economia aberta, e corrobora as opiniões dos que entendem as elevadas incertezas que hoje pairam sobre o mundo não permitem esperar um "grande crescimento mundial". Desta forma, as exportações de mercadorias e de turismo vão ressentir-se disso mesmo. E apesar de Portugal ter um sector exportador pouco "dinâmico", deve apostar fortemente nos bens transaccionáveis, adianta Ferreira do Amaral, que entende: "Temos de aumentar muito a capacidade produtiva dos sectores transaccionáveis sujeitos à concorrência internacional", através de um empenho na atracção do investimento directo estrangeiro e do fomento do investimento nacional. Neste cenário de importância das exportações, Espanha surge como o parceiro comercial com maior potencial nos próximos anos, segundo o ex-assessor de política económica do presidente Jorge Sampaio. Dada a sua proximidade geográfica, "Espanha deve ser o principal país de destino das exportações portuguesas" neste momento é a Alemanha que mais compra produtos fabricados em Portugal, mas com a Espanha cada vez mais perto. No entanto, todos os outros destinos devem ter contributos positivos para a retoma da economia nacional. Segundo o governo de Aznar as importações do país deverão aumentar 4,6 por cento em 2003, pelo que Portugal pode ser um dos beneficiários desta subida das importações espanholas. Cristina Casalinho identifica os tradicionais sectores do vestuário e calçado, a par dos de maquinaria e componentes electrónicas, como aqueles em que Portugal deve apostar para fomentar as exportações. "Ainda temos competitividade nestes sectores", mas é preciso garantir a sua continuação, via aumentos da produtividade, adiantou. A economista do BPI defende que os aumentos de produtividade nos sectores exportadores tradicionais, em vez de se arranjarem novos sectores-chave de exportações. Lusa OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Apostar nas exportações é estratégia arriscada

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Quarta-feira, 2 de Outubro de 2002 As exportações são a esperança para o crescimento do produto interno bruto (PIB) português no próximo ano, mas esta é uma aposta arriscada dada a conjuntura nos principais parceiros comerciais de Portugal. A proposta de Orçamento do Estado para 2003 considera um crescimento das exportações situado no intervalo entre os cinco e os sete por centro. O crescimento das vendas de bens e serviços ao estrangeiro, segundo o relatório anual do Banco de Portugal relativo a 2001, foi de 3,4 por cento em 1999, de 8,5 por cento em 2000 e de 3,3 por cento em 2001. A generalidade dos economistas contactados pela agência Lusa admite uma estagnação da economia portuguesa, num cenário de desaceleração ou crescimento abaixo das expectativas dos países de destino das exportações. Carlos Andrade, do Banco Espírito Santo (BES), entende que "em 2003, a nossa única oportunidade de aceleração do crescimento é via exportações". Mas nos principais destinos das exportações portuguesas, o próximo ano é visto de forma receosa. O Fundo Monetário Internacional adiantou nas suas previsões para 2003 na semana passada, que os quatro maiores clientes de Portugal - Alemanha, Espanha, França e Reino Unidos - deverão crescer 1,6 por cento, 2,1 por cento, 2,4 por cento e 2,6 por cento, respectivamente. Os crescimentos dos principais destinos das exportações portuguesas são mais elevados que em 2002 mas abaixo do produto potencial. Cristina Casalinho, do Banco Português de Investimento (BPI), arriscou que o cenário mais provável para Portugal é o de estagnação, semelhante ao de 2002. Para isto contribui o facto de a economia portuguesa estar limitada pelo endividamento das famílias e pelas restrições orçamentais em matéria de consumo público, acrescentou Cristina Casalinho. As exportações poderão assim funcionar como motor da recuperação, embora a um ritmo lento e num cenário mais arriscado do que os dos anos anteriores. Carlos Andrade considera que a aceleração económica internacional só deve ocorrer no final de 2003, tanto por razões económicas, como é o caso do desemprego alemão e da baixa confiança dos empresários europeus, como por razões extra-económicas (um eventual ataque ao Iraque). João Ferreira do Amaral, do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), entende que Portugal é "muito reactivo" ao ambiente económico geral, devido até à sua característica de pequena economia aberta, e corrobora as opiniões dos que entendem as elevadas incertezas que hoje pairam sobre o mundo não permitem esperar um "grande crescimento mundial". Desta forma, as exportações de mercadorias e de turismo vão ressentir-se disso mesmo. E apesar de Portugal ter um sector exportador pouco "dinâmico", deve apostar fortemente nos bens transaccionáveis, adianta Ferreira do Amaral, que entende: "Temos de aumentar muito a capacidade produtiva dos sectores transaccionáveis sujeitos à concorrência internacional", através de um empenho na atracção do investimento directo estrangeiro e do fomento do investimento nacional. Neste cenário de importância das exportações, Espanha surge como o parceiro comercial com maior potencial nos próximos anos, segundo o ex-assessor de política económica do presidente Jorge Sampaio. Dada a sua proximidade geográfica, "Espanha deve ser o principal país de destino das exportações portuguesas" neste momento é a Alemanha que mais compra produtos fabricados em Portugal, mas com a Espanha cada vez mais perto. No entanto, todos os outros destinos devem ter contributos positivos para a retoma da economia nacional. Segundo o governo de Aznar as importações do país deverão aumentar 4,6 por cento em 2003, pelo que Portugal pode ser um dos beneficiários desta subida das importações espanholas. Cristina Casalinho identifica os tradicionais sectores do vestuário e calçado, a par dos de maquinaria e componentes electrónicas, como aqueles em que Portugal deve apostar para fomentar as exportações. "Ainda temos competitividade nestes sectores", mas é preciso garantir a sua continuação, via aumentos da produtividade, adiantou. A economista do BPI defende que os aumentos de produtividade nos sectores exportadores tradicionais, em vez de se arranjarem novos sectores-chave de exportações. Lusa OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Apostar nas exportações é estratégia arriscada

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