Entrevesta à rádio Urbana 15

14-10-2003
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1. Um governo que não esperava sê-lo agora, com um programa que não seria este e com uma composição de circunstância é assim o actual governo da nação. O seu principal objectivo, na ausência dum desígnio estratégico, resumiu-se a contrariar aquilo que considerava ser a marca negativa do anterior: ausência de decisão e despesismo. As decisões sucedem-se, sem que, um estudo profundo as suporte. Foi assim com a suspensão da co-incineração, sem apresentar solução; foi com a tentativa de colocar portagens nas SCUT’s, sem avaliar os seus custos; foi com a intenção de fundir e extinguir institutos, sem dizer para onde se transferiam as tarefas; foi assim com a RTP, que para satisfazer Lobies cria comissão para estudar e obriga o ministro a mentir; foi com o caso fiscal das acções da SAD Benfica, na mentira em que procurava encobrir a operação. Tratou-se de decidir primeiro, para mostrar determinação, só depois pensar, o que levou a que o país se apercebesse dos avanços e recuos e colhesse a ideia de que este governo não tem rumo, denota e transmite falta de confiança, e cria expectativas sombrias. O despesismo procurou ser atacado, com excesso de dramatismo para criar campo propício à aplicação de medidas radicais. Este governo tem mais empenho em criticar o anterior do que a apresentar medidas, avançar soluções e resolver problemas. No fundo governar. Sem ter havido muitas decisões já conseguiu criar um clima de receio no futuro, de intranquilidade, pouco propicio ao consumo e investimento. O choque que faltou à política fiscal foi remetido para o tratamento das finanças públicas, incompatível, segundo o governo com a prometida baixa radical de impostos. A subida, não prevista do IVA, diminui a competitividade e faz prever subida da inflação, e com isso arrastará novos problemas com as taxas de juro e a política de rendimento. As notícias contraditórias sobre excessos de funcionários públicos criam ambiente facilitador aos despedimentos na privada, sentidos já na Beira Interior. Recente visita da sra secretaria de estado a Castelo Branco, exactamente para analisar a crise que já se nota na zona norte do distrito, foi esclarecedora de uma insensibilidade arrepiante da governante remetendo qualquer solução não para o seu ministério mas para o da Segurança Social. A cessação dos benefícios ao crédito à habitação reforça a diminuição do rendimento disponível e pode até aumentar o nível de endividamento das famílias, exactamente, da mesma forma que uma medida de igual objectivo para as autarquias gerou exactamente o contrário. Hoje sente-se instabilidade e falta de confiança e os agentes privados antecipam decisões restritivas, sem razões objectivas e o governo vem agora dizer-nos que aquilo que perseguiu como objectivo estratégico era instrumental e procurou transferi-lo para um programa sobre a competitividade e o crescimento. O programa proposto, com execução diferida, pouco acrescenta ao POE; os bancos substituem o governo na decisão estratégica, orientando-se mais pela análise de risco. É um programa que Bruxelas quererá analisar e que esquece, no relativo à redução de impostos em IRC que já existem empresas sediadas no interior com menor tributação. Num enquadramento internacional complexo e com sinais incipientes de expansão, Portugal arrisca-se a criar uma crise económica por tratamento desadequado à doença existente. A eventual subida das taxas de juro pelo BCE, a desvalorização do dólar, a subida do petróleo, agravam a situação que os mercados financeiros avaliam com preocupação. A dívida pública pode subir, a balança comercial reforçará o desequilibro, a competitividade vai deteriorar-se, tudo más notícias em resultado duma política estritamente financeira, sem dimensão social e com dúvidas sobre o papel do investimento público. Será que a venda da C.G.D, entretanto desmentida, afinal é mesmo para avançar? Ou o deficit previsto próximo do zero em 2004 é para adiar? Lembro agora a promessa de Durão Barroso de que um governo por si liderado conduziria Portugal a um crescimento acima da média comunitária em 2 pontos. 2. Regresso a questão das portagens. Os jornais noticiaram, na semana passada, que o ministro das Obras Publicas adjudicou a SCUT do Grande Porto. Nem mais. Quem veio levantar o problema da necessidade de instituir portagens reais na da Beira Interior adjudica no litoral uma auto-estrada no regime de portagens virtuais. Será que já lhe explicaram que os encargos do Estado com as concessões Sem Custos para o Utilizador representarão em media para os 30 anos, 0,20% do PIB e no ano de maior esforço, 0,36%. PS: Recentes eleições na distrital do PSD determinaram o abandono da liderança do Eng. Fernando Penha, meu vizinho nesta página. Nesta altura de despedida um abraço e a recordação dos debates que nessa qualidade fomos mantendo. Ao novo líder Dr. Fernando Jorge os meus parabéns. Iremos divergir muitas vezes mas estou certo que nos encontraremos na defesa da nossa região, contra as portagens, pela electrificação da ferrovia, pela continuação dos investimentos no Regadio da Cova da Beira, pelos Polis, etc, afinal temos os 3 em comum o primeiro nome.

1. Um governo que não esperava sê-lo agora, com um programa que não seria este e com uma composição de circunstância é assim o actual governo da nação. O seu principal objectivo, na ausência dum desígnio estratégico, resumiu-se a contrariar aquilo que considerava ser a marca negativa do anterior: ausência de decisão e despesismo. As decisões sucedem-se, sem que, um estudo profundo as suporte. Foi assim com a suspensão da co-incineração, sem apresentar solução; foi com a tentativa de colocar portagens nas SCUT’s, sem avaliar os seus custos; foi com a intenção de fundir e extinguir institutos, sem dizer para onde se transferiam as tarefas; foi assim com a RTP, que para satisfazer Lobies cria comissão para estudar e obriga o ministro a mentir; foi com o caso fiscal das acções da SAD Benfica, na mentira em que procurava encobrir a operação. Tratou-se de decidir primeiro, para mostrar determinação, só depois pensar, o que levou a que o país se apercebesse dos avanços e recuos e colhesse a ideia de que este governo não tem rumo, denota e transmite falta de confiança, e cria expectativas sombrias. O despesismo procurou ser atacado, com excesso de dramatismo para criar campo propício à aplicação de medidas radicais. Este governo tem mais empenho em criticar o anterior do que a apresentar medidas, avançar soluções e resolver problemas. No fundo governar. Sem ter havido muitas decisões já conseguiu criar um clima de receio no futuro, de intranquilidade, pouco propicio ao consumo e investimento. O choque que faltou à política fiscal foi remetido para o tratamento das finanças públicas, incompatível, segundo o governo com a prometida baixa radical de impostos. A subida, não prevista do IVA, diminui a competitividade e faz prever subida da inflação, e com isso arrastará novos problemas com as taxas de juro e a política de rendimento. As notícias contraditórias sobre excessos de funcionários públicos criam ambiente facilitador aos despedimentos na privada, sentidos já na Beira Interior. Recente visita da sra secretaria de estado a Castelo Branco, exactamente para analisar a crise que já se nota na zona norte do distrito, foi esclarecedora de uma insensibilidade arrepiante da governante remetendo qualquer solução não para o seu ministério mas para o da Segurança Social. A cessação dos benefícios ao crédito à habitação reforça a diminuição do rendimento disponível e pode até aumentar o nível de endividamento das famílias, exactamente, da mesma forma que uma medida de igual objectivo para as autarquias gerou exactamente o contrário. Hoje sente-se instabilidade e falta de confiança e os agentes privados antecipam decisões restritivas, sem razões objectivas e o governo vem agora dizer-nos que aquilo que perseguiu como objectivo estratégico era instrumental e procurou transferi-lo para um programa sobre a competitividade e o crescimento. O programa proposto, com execução diferida, pouco acrescenta ao POE; os bancos substituem o governo na decisão estratégica, orientando-se mais pela análise de risco. É um programa que Bruxelas quererá analisar e que esquece, no relativo à redução de impostos em IRC que já existem empresas sediadas no interior com menor tributação. Num enquadramento internacional complexo e com sinais incipientes de expansão, Portugal arrisca-se a criar uma crise económica por tratamento desadequado à doença existente. A eventual subida das taxas de juro pelo BCE, a desvalorização do dólar, a subida do petróleo, agravam a situação que os mercados financeiros avaliam com preocupação. A dívida pública pode subir, a balança comercial reforçará o desequilibro, a competitividade vai deteriorar-se, tudo más notícias em resultado duma política estritamente financeira, sem dimensão social e com dúvidas sobre o papel do investimento público. Será que a venda da C.G.D, entretanto desmentida, afinal é mesmo para avançar? Ou o deficit previsto próximo do zero em 2004 é para adiar? Lembro agora a promessa de Durão Barroso de que um governo por si liderado conduziria Portugal a um crescimento acima da média comunitária em 2 pontos. 2. Regresso a questão das portagens. Os jornais noticiaram, na semana passada, que o ministro das Obras Publicas adjudicou a SCUT do Grande Porto. Nem mais. Quem veio levantar o problema da necessidade de instituir portagens reais na da Beira Interior adjudica no litoral uma auto-estrada no regime de portagens virtuais. Será que já lhe explicaram que os encargos do Estado com as concessões Sem Custos para o Utilizador representarão em media para os 30 anos, 0,20% do PIB e no ano de maior esforço, 0,36%. PS: Recentes eleições na distrital do PSD determinaram o abandono da liderança do Eng. Fernando Penha, meu vizinho nesta página. Nesta altura de despedida um abraço e a recordação dos debates que nessa qualidade fomos mantendo. Ao novo líder Dr. Fernando Jorge os meus parabéns. Iremos divergir muitas vezes mas estou certo que nos encontraremos na defesa da nossa região, contra as portagens, pela electrificação da ferrovia, pela continuação dos investimentos no Regadio da Cova da Beira, pelos Polis, etc, afinal temos os 3 em comum o primeiro nome.

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