EXPRESSO online

22-06-2002
marcar artigo

FAMALICÃO: PSD ganha com guerra socialista O PS ESTAVA confortavelmente instalado na Câmara de Famalicão e nem os sociais-democratas mais optimistas sonhavam com uma vitória neste bastião socialista do distrito de Braga. Mas uma guerra fratricida abriu o caminho ao PSD e o caso revela bem a influência das candidaturas independentes. Agostinho Fernandes era um presidente de Câmara sem grandes preocupações. Em Janeiro, o autarca socialista de Famalicão preparou a sua agenda reservando esforços para mais uma campanha eleitoral no final do ano. Mas nem esse compromisso lhe tirava muitas horas de sono: tudo indicava que o PSD faria avançar Armindo Costa como seu principal adversário - o candidato que Agostinho Fernandes já tinha derrotado em 1997 - e os elogios públicos de António Guterres - que lhe chamava «autarca-modelo» - davam-lhe mais alento para se recandidatar em Dezembro. Agostinho Fernandes era um presidente de Câmara sem grandes preocupações. Em Janeiro, o autarca socialista de Famalicão preparou a sua agenda reservando esforços para mais uma campanha eleitoral no final do ano. Mas nem esse compromisso lhe tirava muitas horas de sono: tudo indicava que o PSD faria avançar Armindo Costa como seu principal adversário - o candidato que Agostinho Fernandes já tinha derrotado em 1997 - e os elogios públicos de António Guterres - que lhe chamava «autarca-modelo» - davam-lhe mais alento para se recandidatar em Dezembro. Mas a Primavera baralhou o futuro de Agostinho Fernandes. O governador civil de Braga, Fernando Moniz, candidatou-se à liderança da concelhia do PS em Famalicão e venceu. Logo de seguida, disse que, no novo cargo, se sentia legitimado para se afirmar como o próximo candidato socialista à Câmara local. Mas a Primavera baralhou o futuro de Agostinho Fernandes. O governador civil de Braga, Fernando Moniz, candidatou-se à liderança da concelhia do PS em Famalicão e venceu. Logo de seguida, disse que, no novo cargo, se sentia legitimado para se afirmar como o próximo candidato socialista à Câmara local. Fernandes nem teve tempo de reagir. De repente, todo o aparelho socialista se colocou ao lado de Moniz. Agostinho Fernandes tentou tudo. Em meados de Maio, reuniu com Mesquita Machado - o homem-forte do PS em Braga - na esperança de colocar a Distrital do seu lado. Falhou. Dias depois, foi almoçar com Jorge Coelho, tentando convencê-lo de que o candidato natural dos socialistas em Famalicão era apenas um: ele próprio. Falhou de novo. Fernandes nem teve tempo de reagir. De repente, todo o aparelho socialista se colocou ao lado de Moniz. Agostinho Fernandes tentou tudo. Em meados de Maio, reuniu com Mesquita Machado - o homem-forte do PS em Braga - na esperança de colocar a Distrital do seu lado. Falhou. Dias depois, foi almoçar com Jorge Coelho, tentando convencê-lo de que o candidato natural dos socialistas em Famalicão era apenas um: ele próprio. Falhou de novo. No início de Junho, Agostinho Fernandes tinha percebido que só lhe restava um caminho: a candidatura independente. Mesmo contra o seu antigo aliado político e «compagnon de route» de várias campanhas, Fernando Moniz. E mesmo com Jorge Coelho a dizer-lhe que seria expulso do partido se avançasse. No início de Junho, Agostinho Fernandes tinha percebido que só lhe restava um caminho: a candidatura independente. Mesmo contra o seu antigo aliado político e «compagnon de route» de várias campanhas, Fernando Moniz. E mesmo com Jorge Coelho a dizer-lhe que seria expulso do partido se avançasse. A fortuna de Costa A fortuna de Costa Perante estes factos, o PSD afinou a estratégia. Uma guerra entre irmãos na família socialista era a receita ideal para uma vitória social-democrata. Durão Barroso apressou-se a conseguir uma aliança com o PP e fez questão de estar presente na cerimónia de apresentação do candidato da coligação PSD/PP, Armindo Costa. Perante estes factos, o PSD afinou a estratégia. Uma guerra entre irmãos na família socialista era a receita ideal para uma vitória social-democrata. Durão Barroso apressou-se a conseguir uma aliança com o PP e fez questão de estar presente na cerimónia de apresentação do candidato da coligação PSD/PP, Armindo Costa. Em 1997, Armindo Costa já tinha tentado a sua sorte. Mas nem mesmo o forte investimento financeiro na campanha - falou-se que a candidatura custou mais de cem mil contos, pagos do seu próprio bolso - conseguiu derrotar Agostinho Fernandes. A enorme fortuna pessoal de Armindo Costa não parecia suficiente para transportar o prestígio empresarial do candidato para a política. Até porque Famalicão é um concelho onde o PS tem forte implantação. Em 1997, Armindo Costa já tinha tentado a sua sorte. Mas nem mesmo o forte investimento financeiro na campanha - falou-se que a candidatura custou mais de cem mil contos, pagos do seu próprio bolso - conseguiu derrotar Agostinho Fernandes. A enorme fortuna pessoal de Armindo Costa não parecia suficiente para transportar o prestígio empresarial do candidato para a política. Até porque Famalicão é um concelho onde o PS tem forte implantação. Este ano, Armindo Costa sabia que poderia contar com mais um poderoso trunfo: o desentendimento entre Agostinho Fernandes e Fernando Moniz acabou por degenerar num violento conflito político entre os dois socialistas. Fernandes e Moniz têm andado em clima de guerrilha constante, com ataques mútuos sobre o carácter do outro ou a falta dele. Este ano, Armindo Costa sabia que poderia contar com mais um poderoso trunfo: o desentendimento entre Agostinho Fernandes e Fernando Moniz acabou por degenerar num violento conflito político entre os dois socialistas. Fernandes e Moniz têm andado em clima de guerrilha constante, com ataques mútuos sobre o carácter do outro ou a falta dele. O ainda presidente da Câmara de Famalicão diz que Fernando Moniz faltou a um compromisso, acordado por ambos, em que o ex-governador civil ficaria com a liderança da concelhia do PS, deixando a Agostinho Fernandes a presidência da Câmara. Moniz nega os termos desse acordo e diz que é o novo líder da estrutura local quem pode indicar o candidato. Uma posição aprovada pela direcção nacional do PS, que lavou assim as mãos deste assunto. O ainda presidente da Câmara de Famalicão diz que Fernando Moniz faltou a um compromisso, acordado por ambos, em que o ex-governador civil ficaria com a liderança da concelhia do PS, deixando a Agostinho Fernandes a presidência da Câmara. Moniz nega os termos desse acordo e diz que é o novo líder da estrutura local quem pode indicar o candidato. Uma posição aprovada pela direcção nacional do PS, que lavou assim as mãos deste assunto. Agora, Fernando Moniz conta com a importância do símbolo do PS nos boletins de voto para tentar uma vitória que as sondagens dizem estar cada vez mais próxima de Armindo Costa. Agora, Fernando Moniz conta com a importância do símbolo do PS nos boletins de voto para tentar uma vitória que as sondagens dizem estar cada vez mais próxima de Armindo Costa. R.J.P. R.J.P. 03:41 3 Dezembro 2001

enviar imprimir comentar

Inserir Comentário

FAMALICÃO: PSD ganha com guerra socialista O PS ESTAVA confortavelmente instalado na Câmara de Famalicão e nem os sociais-democratas mais optimistas sonhavam com uma vitória neste bastião socialista do distrito de Braga. Mas uma guerra fratricida abriu o caminho ao PSD e o caso revela bem a influência das candidaturas independentes. Agostinho Fernandes era um presidente de Câmara sem grandes preocupações. Em Janeiro, o autarca socialista de Famalicão preparou a sua agenda reservando esforços para mais uma campanha eleitoral no final do ano. Mas nem esse compromisso lhe tirava muitas horas de sono: tudo indicava que o PSD faria avançar Armindo Costa como seu principal adversário - o candidato que Agostinho Fernandes já tinha derrotado em 1997 - e os elogios públicos de António Guterres - que lhe chamava «autarca-modelo» - davam-lhe mais alento para se recandidatar em Dezembro. Agostinho Fernandes era um presidente de Câmara sem grandes preocupações. Em Janeiro, o autarca socialista de Famalicão preparou a sua agenda reservando esforços para mais uma campanha eleitoral no final do ano. Mas nem esse compromisso lhe tirava muitas horas de sono: tudo indicava que o PSD faria avançar Armindo Costa como seu principal adversário - o candidato que Agostinho Fernandes já tinha derrotado em 1997 - e os elogios públicos de António Guterres - que lhe chamava «autarca-modelo» - davam-lhe mais alento para se recandidatar em Dezembro. Mas a Primavera baralhou o futuro de Agostinho Fernandes. O governador civil de Braga, Fernando Moniz, candidatou-se à liderança da concelhia do PS em Famalicão e venceu. Logo de seguida, disse que, no novo cargo, se sentia legitimado para se afirmar como o próximo candidato socialista à Câmara local. Mas a Primavera baralhou o futuro de Agostinho Fernandes. O governador civil de Braga, Fernando Moniz, candidatou-se à liderança da concelhia do PS em Famalicão e venceu. Logo de seguida, disse que, no novo cargo, se sentia legitimado para se afirmar como o próximo candidato socialista à Câmara local. Fernandes nem teve tempo de reagir. De repente, todo o aparelho socialista se colocou ao lado de Moniz. Agostinho Fernandes tentou tudo. Em meados de Maio, reuniu com Mesquita Machado - o homem-forte do PS em Braga - na esperança de colocar a Distrital do seu lado. Falhou. Dias depois, foi almoçar com Jorge Coelho, tentando convencê-lo de que o candidato natural dos socialistas em Famalicão era apenas um: ele próprio. Falhou de novo. Fernandes nem teve tempo de reagir. De repente, todo o aparelho socialista se colocou ao lado de Moniz. Agostinho Fernandes tentou tudo. Em meados de Maio, reuniu com Mesquita Machado - o homem-forte do PS em Braga - na esperança de colocar a Distrital do seu lado. Falhou. Dias depois, foi almoçar com Jorge Coelho, tentando convencê-lo de que o candidato natural dos socialistas em Famalicão era apenas um: ele próprio. Falhou de novo. No início de Junho, Agostinho Fernandes tinha percebido que só lhe restava um caminho: a candidatura independente. Mesmo contra o seu antigo aliado político e «compagnon de route» de várias campanhas, Fernando Moniz. E mesmo com Jorge Coelho a dizer-lhe que seria expulso do partido se avançasse. No início de Junho, Agostinho Fernandes tinha percebido que só lhe restava um caminho: a candidatura independente. Mesmo contra o seu antigo aliado político e «compagnon de route» de várias campanhas, Fernando Moniz. E mesmo com Jorge Coelho a dizer-lhe que seria expulso do partido se avançasse. A fortuna de Costa A fortuna de Costa Perante estes factos, o PSD afinou a estratégia. Uma guerra entre irmãos na família socialista era a receita ideal para uma vitória social-democrata. Durão Barroso apressou-se a conseguir uma aliança com o PP e fez questão de estar presente na cerimónia de apresentação do candidato da coligação PSD/PP, Armindo Costa. Perante estes factos, o PSD afinou a estratégia. Uma guerra entre irmãos na família socialista era a receita ideal para uma vitória social-democrata. Durão Barroso apressou-se a conseguir uma aliança com o PP e fez questão de estar presente na cerimónia de apresentação do candidato da coligação PSD/PP, Armindo Costa. Em 1997, Armindo Costa já tinha tentado a sua sorte. Mas nem mesmo o forte investimento financeiro na campanha - falou-se que a candidatura custou mais de cem mil contos, pagos do seu próprio bolso - conseguiu derrotar Agostinho Fernandes. A enorme fortuna pessoal de Armindo Costa não parecia suficiente para transportar o prestígio empresarial do candidato para a política. Até porque Famalicão é um concelho onde o PS tem forte implantação. Em 1997, Armindo Costa já tinha tentado a sua sorte. Mas nem mesmo o forte investimento financeiro na campanha - falou-se que a candidatura custou mais de cem mil contos, pagos do seu próprio bolso - conseguiu derrotar Agostinho Fernandes. A enorme fortuna pessoal de Armindo Costa não parecia suficiente para transportar o prestígio empresarial do candidato para a política. Até porque Famalicão é um concelho onde o PS tem forte implantação. Este ano, Armindo Costa sabia que poderia contar com mais um poderoso trunfo: o desentendimento entre Agostinho Fernandes e Fernando Moniz acabou por degenerar num violento conflito político entre os dois socialistas. Fernandes e Moniz têm andado em clima de guerrilha constante, com ataques mútuos sobre o carácter do outro ou a falta dele. Este ano, Armindo Costa sabia que poderia contar com mais um poderoso trunfo: o desentendimento entre Agostinho Fernandes e Fernando Moniz acabou por degenerar num violento conflito político entre os dois socialistas. Fernandes e Moniz têm andado em clima de guerrilha constante, com ataques mútuos sobre o carácter do outro ou a falta dele. O ainda presidente da Câmara de Famalicão diz que Fernando Moniz faltou a um compromisso, acordado por ambos, em que o ex-governador civil ficaria com a liderança da concelhia do PS, deixando a Agostinho Fernandes a presidência da Câmara. Moniz nega os termos desse acordo e diz que é o novo líder da estrutura local quem pode indicar o candidato. Uma posição aprovada pela direcção nacional do PS, que lavou assim as mãos deste assunto. O ainda presidente da Câmara de Famalicão diz que Fernando Moniz faltou a um compromisso, acordado por ambos, em que o ex-governador civil ficaria com a liderança da concelhia do PS, deixando a Agostinho Fernandes a presidência da Câmara. Moniz nega os termos desse acordo e diz que é o novo líder da estrutura local quem pode indicar o candidato. Uma posição aprovada pela direcção nacional do PS, que lavou assim as mãos deste assunto. Agora, Fernando Moniz conta com a importância do símbolo do PS nos boletins de voto para tentar uma vitória que as sondagens dizem estar cada vez mais próxima de Armindo Costa. Agora, Fernando Moniz conta com a importância do símbolo do PS nos boletins de voto para tentar uma vitória que as sondagens dizem estar cada vez mais próxima de Armindo Costa. R.J.P. R.J.P. 03:41 3 Dezembro 2001

enviar imprimir comentar

Inserir Comentário

marcar artigo