Câmara de Famalicão compra ex-colégio Camilo Castelo Branco

25-11-2002
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Câmara de Famalicão Compra Ex-colégio Camilo Castelo Branco

Quinta-feira, 21 de Novembro de 2002

Presidente confessa ter realizado um negócio de ocasião

Vereador Socialista diz que as aquisições não podem ser efectuadas "a olho"

Ângelo Teixeira Marques

O executivo camarário de Vila Nova de Famalicão aprovou ontem a aquisição, por 900 mil euros, do prédio onde chegou a funcionar o Colégio Camilo Castelo Branco e, posteriormente, a sede do PCP. A autarquia pretende erguer nesse local, na rua de Manuel Pinto de Sousa, um edifício de raiz onde serão concentrados diversos serviços da Edilidade que actualmente ocupam espaços arrendados.

Os moldes de concretização do negócio não deixaram, porém, de suscitar o desagrado do vereador Fernando Moniz (PS) - o único a votar contra - que chegou a pedir ao líder da autarquia, Armindo Costa, para "agir como presidente da Câmara e não como empreiteiro". É que, suscitado por uma intervenção de Moniz, Armindo Costa descreveu todos os detalhes que precederam a transacção e assumiu ter sido o "intermediário" com o proprietário do imóvel, Amadeu Cruz Barbosa, emigrado no Brasil.

Segundo contou o presidente, o dono do prédio esteve, nos últimos dias, em Vila Nova de Famalicão e disse a Armindo Costa que tinha um comprador para o imóvel que lhe oferecia "200 mil contos" (um milhão de euros). "Disse-lhe que lhe dava 175 mil contos [cerca de 850 mil euros], mas ele cismava que queria um milhão de dólares [o valor que o emigrante tinha pago pelo imóvel e por indemnizações a inquilinos] e pedi-lhe 24 horas. Mandei, entretanto, fazer uma avaliação, analisando a capacidade construtiva do terreno, e ofereci 180 mil contos [900 mil euros] e ele aceitou. Era um negócio de não deixar fugir, assumo isso", contou Armindo Costa.

Fernando Moniz não colocou em causa o valor da aquisição, mas ressalvou que devia ter sido efectuada uma avaliação pericial para "não se comprar terrenos a olho". O elemento do PS sublinhou que, no caso de uma aquisição de 900 mil euros, foi entregue aos vereadores somente a referida avaliação "simples". Mas, na mesma sessão, um processo de expropriação de 50 metros quadrados, foi acompanhado de um processo explicativo de 12 páginas. Sousa Lopes (PS) também reclamou que devia ter sido chamada a comissão de peritagem existente na autarquia, mas, no final, preferiu abster-se.

"O que o sr. Fernando Moniz queria era que não se concretizasse a compra, para que o dono acabasse por vender e depois [Moniz] vir dizer que a culpa foi da Câmara", contrapôs Armindo Costa. Este deu a entender que, com a concretização do negócio, vai ser anulado o processo de expropriação que a autarquia chegou a accionar para adquirir o imóvel. Um processo que, estimou Moniz, chegou a compreender uma avaliação do imóvel em "80 mil contos".

Moniz votou sozinho. Os elementos do MAF - Movimento Agostinho Fernandes anuíram à actuação da maioria PSD-CDS. "O preço é justo", adiantou Miranda Azevedo (MAF), mas Agostinho Fernandes não deixou fugir a oportunidade para comparar este caso com outros oriundos também do seu mandato, sobre os quais a gestão de Armindo Costa teve - acusou - uma atitude distinta. "Por exemplo, o caso do Jornal de Famalicão [despejo]. Esta Câmara é uma pessoa de bem para quem quer, para outros faz justiça sumária. É generosa numas situações e aplica uma justiça vesga noutros casos", frisou.

Com a aprovação da compra, Armindo Costa revelou que os cofres municipais poderão poupar o pagamento de rendas - só no ano transacto "atingiram quase 80 mil contos [400 mil euros]" e ser executado um projecto do arquitecto Fernando Távora, elaborado há já alguns anos. "A qualidade do projecto foi outro dos aliciantes para o negócio", confessou o edil que prevê a concretização do edifício até "2005".

Caixa

PS quer saber quem perseguiu os seus militantes

Fernando Moniz entregou ao presidente da Câmara um requerimento onde pede explicações sobre os trabalhadores camarários, militantes socialistas, que, no anterior mandato, terão sido "perseguidos sem dó, nem piedade" por elementos que integram actualmente o MAF. A alusão à "perseguição" surgiu num comunicado do presidente à população que foi publicado em vários jornais, como publicidade. "Queremos saber quem foram os responsáveis pela perseguição e se o anterior presidente da Câmara [Agostinho Fernandes] esteve envolvido", justificou Moniz em declarações ao PÚBLICO.

Câmara de Famalicão Compra Ex-colégio Camilo Castelo Branco

Quinta-feira, 21 de Novembro de 2002

Presidente confessa ter realizado um negócio de ocasião

Vereador Socialista diz que as aquisições não podem ser efectuadas "a olho"

Ângelo Teixeira Marques

O executivo camarário de Vila Nova de Famalicão aprovou ontem a aquisição, por 900 mil euros, do prédio onde chegou a funcionar o Colégio Camilo Castelo Branco e, posteriormente, a sede do PCP. A autarquia pretende erguer nesse local, na rua de Manuel Pinto de Sousa, um edifício de raiz onde serão concentrados diversos serviços da Edilidade que actualmente ocupam espaços arrendados.

Os moldes de concretização do negócio não deixaram, porém, de suscitar o desagrado do vereador Fernando Moniz (PS) - o único a votar contra - que chegou a pedir ao líder da autarquia, Armindo Costa, para "agir como presidente da Câmara e não como empreiteiro". É que, suscitado por uma intervenção de Moniz, Armindo Costa descreveu todos os detalhes que precederam a transacção e assumiu ter sido o "intermediário" com o proprietário do imóvel, Amadeu Cruz Barbosa, emigrado no Brasil.

Segundo contou o presidente, o dono do prédio esteve, nos últimos dias, em Vila Nova de Famalicão e disse a Armindo Costa que tinha um comprador para o imóvel que lhe oferecia "200 mil contos" (um milhão de euros). "Disse-lhe que lhe dava 175 mil contos [cerca de 850 mil euros], mas ele cismava que queria um milhão de dólares [o valor que o emigrante tinha pago pelo imóvel e por indemnizações a inquilinos] e pedi-lhe 24 horas. Mandei, entretanto, fazer uma avaliação, analisando a capacidade construtiva do terreno, e ofereci 180 mil contos [900 mil euros] e ele aceitou. Era um negócio de não deixar fugir, assumo isso", contou Armindo Costa.

Fernando Moniz não colocou em causa o valor da aquisição, mas ressalvou que devia ter sido efectuada uma avaliação pericial para "não se comprar terrenos a olho". O elemento do PS sublinhou que, no caso de uma aquisição de 900 mil euros, foi entregue aos vereadores somente a referida avaliação "simples". Mas, na mesma sessão, um processo de expropriação de 50 metros quadrados, foi acompanhado de um processo explicativo de 12 páginas. Sousa Lopes (PS) também reclamou que devia ter sido chamada a comissão de peritagem existente na autarquia, mas, no final, preferiu abster-se.

"O que o sr. Fernando Moniz queria era que não se concretizasse a compra, para que o dono acabasse por vender e depois [Moniz] vir dizer que a culpa foi da Câmara", contrapôs Armindo Costa. Este deu a entender que, com a concretização do negócio, vai ser anulado o processo de expropriação que a autarquia chegou a accionar para adquirir o imóvel. Um processo que, estimou Moniz, chegou a compreender uma avaliação do imóvel em "80 mil contos".

Moniz votou sozinho. Os elementos do MAF - Movimento Agostinho Fernandes anuíram à actuação da maioria PSD-CDS. "O preço é justo", adiantou Miranda Azevedo (MAF), mas Agostinho Fernandes não deixou fugir a oportunidade para comparar este caso com outros oriundos também do seu mandato, sobre os quais a gestão de Armindo Costa teve - acusou - uma atitude distinta. "Por exemplo, o caso do Jornal de Famalicão [despejo]. Esta Câmara é uma pessoa de bem para quem quer, para outros faz justiça sumária. É generosa numas situações e aplica uma justiça vesga noutros casos", frisou.

Com a aprovação da compra, Armindo Costa revelou que os cofres municipais poderão poupar o pagamento de rendas - só no ano transacto "atingiram quase 80 mil contos [400 mil euros]" e ser executado um projecto do arquitecto Fernando Távora, elaborado há já alguns anos. "A qualidade do projecto foi outro dos aliciantes para o negócio", confessou o edil que prevê a concretização do edifício até "2005".

Caixa

PS quer saber quem perseguiu os seus militantes

Fernando Moniz entregou ao presidente da Câmara um requerimento onde pede explicações sobre os trabalhadores camarários, militantes socialistas, que, no anterior mandato, terão sido "perseguidos sem dó, nem piedade" por elementos que integram actualmente o MAF. A alusão à "perseguição" surgiu num comunicado do presidente à população que foi publicado em vários jornais, como publicidade. "Queremos saber quem foram os responsáveis pela perseguição e se o anterior presidente da Câmara [Agostinho Fernandes] esteve envolvido", justificou Moniz em declarações ao PÚBLICO.

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