EXPRESSO

23-06-2004
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— 49 999... não interrompas!... 50 000. Pronto, já podemos falar.

Foi assim que começou a conversa com o meu amigo Roberto quando, um dia destes, o encontrei em Lisboa. Havia ali uma esplanada, sentámo-nos, e perguntei-lhe o que é que andava a fazer.

— É um estudo para reduzir o défice em 2003. Proponho que se junte o princípio do utilizador-pagador à teoria do ex-ministro Fernando Gomes segundo a qual uma infracção é aceitável desde que se pague a respectiva multa. Trata-se de encorajar a vinda de mais automóveis para a cidade, e depois pôr os que estacionam em infracção a colaborar na redução do défice. Só esta manhã já contei 50 000. Agora faz as contas: se cada um pagar...

— O pior é que em geral nem os multam —. Interrompi eu, apontando-lhe um polícia de trânsito que passava, como se não fosse nada com ele, pelo meio de 28 carros em contravenção.

— Está tudo previsto: aos agentes como esse corta-se-lhes o ordenado. É a redução de custos que acompanhará o aumento das receitas.

Mas julgo que a sua ideia não vai ter grande futuro: ali ao pé, e à porta de um Ministério, estava uma fila de carros oficiais, todos impecavelmente arrumados em cima do passeio. Tirei fotografias (que poderei enviar a quem estiver interessado), mas lamento não ter tido coragem de nelas incluir o polícia que estava de serviço...

medina.ribeiro@netcabo.pt

— 49 999... não interrompas!... 50 000. Pronto, já podemos falar.

Foi assim que começou a conversa com o meu amigo Roberto quando, um dia destes, o encontrei em Lisboa. Havia ali uma esplanada, sentámo-nos, e perguntei-lhe o que é que andava a fazer.

— É um estudo para reduzir o défice em 2003. Proponho que se junte o princípio do utilizador-pagador à teoria do ex-ministro Fernando Gomes segundo a qual uma infracção é aceitável desde que se pague a respectiva multa. Trata-se de encorajar a vinda de mais automóveis para a cidade, e depois pôr os que estacionam em infracção a colaborar na redução do défice. Só esta manhã já contei 50 000. Agora faz as contas: se cada um pagar...

— O pior é que em geral nem os multam —. Interrompi eu, apontando-lhe um polícia de trânsito que passava, como se não fosse nada com ele, pelo meio de 28 carros em contravenção.

— Está tudo previsto: aos agentes como esse corta-se-lhes o ordenado. É a redução de custos que acompanhará o aumento das receitas.

Mas julgo que a sua ideia não vai ter grande futuro: ali ao pé, e à porta de um Ministério, estava uma fila de carros oficiais, todos impecavelmente arrumados em cima do passeio. Tirei fotografias (que poderei enviar a quem estiver interessado), mas lamento não ter tido coragem de nelas incluir o polícia que estava de serviço...

medina.ribeiro@netcabo.pt

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