Jornal em Directo

17-02-2005
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Pela primeira vez, Fernando Gomes dá algumas pistas acerca da sua passagem pelo Ministério da Administração Interna. O que falou e por que falou. O candidato do PS à câmara do Porto afirma ainda concordar com a tutela única sobre as forças de segurança. Fernando Gomes diz que não avançará para a Federação Distrital do PS/Porto, mas promete apoiar um candidato. Uma entrevista que esteve para terminar a meio, porque o socialista não gosta (para já) de falar no passado.

Disse numa entrevista que se soubesse o que sabe hoje não teria ido para o Governo. O que é que sabe?

É também público e notório, não há nada na manga nem nenhum trunfo escondido. Eu saí mal da prestação governativa. Ou seja, eu fui demitido pelo engenheiro António Guterres e tornei público – claro que todos os outros também são demitidos e dizem que não o são. Há ministros que se demitem e outros que são demitidos. Eu assumi a verdade dos factos. Não havia condições para continuar no Governo. E, portanto, ninguém entra num projecto para sair mal dele. Se eu soubesse o que sei hoje não tinha entrado num projecto de apoio ao Governo para sair mal do Governo. Eu saí maltratado do Governo. A minha imagem pública ficou debilitada e por isso não teria ido para lá.

Concretamente, o que sabe?

Se imaginasse que iria sair mal não teria ido para lá. O que é que sei hoje? Sei que saí mal. Ninguém é suficientemente amante da dor e da penalização para entrar numa coisa dessas. Se eu soubesse que iria ser demitido e que a imagem foi de alguém incapaz de desempenhar uma função governativa não teria ido para o Governo.

O que parece é que quando deixou o Governo deixámos de ter assaltos a bombas de gasolina, e outros distúrbios

Deixou de haver tudo. O jogo Portugal-Angola foi um dos casos mais graves que aconteceu em recintos desportivos e não houve nada. O que se passou no Portugal-Angola, comparado com o que se passou no pavilhão Rosa Mota [final da Liga Europeia de Hóquei-Patins entre FC Porto e Barcelona] não teve rigorosamente nada a ver, quer em termos de gravidade, de conflitos entre países, de conflitos que podem ser entendidos como étnicos – nada se compara. Eu não vou fazer nenhuma análise.

Tem alguma explicação?

Nenhuma. Apenas considero que não havia condições para desempenhar a função, uma vez que havia todas as cargas negativas sobre tudo e mais alguma coisa que eu fizesse.

O que são as «cargas negativas»?

Foi tudo o que a comunicação social transmitiu. Qualquer situação que acontecesse. Esta semana que passou foi repleta de questões ligadas à criminalidade. Houve evidentes factos que devem preocupar: o caso do Portugal-Angola, o caso do homem morto numa discoteca e outro que foi morto aqui no Norte numa rixa. Mal dei conta de que isso tenha acontecido.

Ou seja, se fosse ministro da Administração Interna já alguém estava a pedir a sua demissão

Não sei o que acontecia se eu fosse. Sei o que aconteceu quando fui. E quando fui houve uma carga muito forte sobre toda a minha condução no Ministério.

Um dos casos foi o da discoteca «Luanda

O caso da discoteca Luanda foi semelhante a um caso que aconteceu já depois. E foi menos grave ou tão grave como o caso de Amarante...

Mas chegou a prometer a caça ao homem e as pessoas esperaram resultados.

Não tem nada a ver com caça ao homem. No caso da Lídia Franco, os jovens delinquentes foram detectados e presos. Teve resultados. Ninguém pense que fazia este tipo de afirmações porque me apetecia: tinha quadros superiores de policia e a GNR que me transmitiam informações que me permitiam dizer essas coisas. E no caso da discoteca Luanda eram as informações que tinha.

Leia a continuação da entrevista

Pela primeira vez, Fernando Gomes dá algumas pistas acerca da sua passagem pelo Ministério da Administração Interna. O que falou e por que falou. O candidato do PS à câmara do Porto afirma ainda concordar com a tutela única sobre as forças de segurança. Fernando Gomes diz que não avançará para a Federação Distrital do PS/Porto, mas promete apoiar um candidato. Uma entrevista que esteve para terminar a meio, porque o socialista não gosta (para já) de falar no passado.

Disse numa entrevista que se soubesse o que sabe hoje não teria ido para o Governo. O que é que sabe?

É também público e notório, não há nada na manga nem nenhum trunfo escondido. Eu saí mal da prestação governativa. Ou seja, eu fui demitido pelo engenheiro António Guterres e tornei público – claro que todos os outros também são demitidos e dizem que não o são. Há ministros que se demitem e outros que são demitidos. Eu assumi a verdade dos factos. Não havia condições para continuar no Governo. E, portanto, ninguém entra num projecto para sair mal dele. Se eu soubesse o que sei hoje não tinha entrado num projecto de apoio ao Governo para sair mal do Governo. Eu saí maltratado do Governo. A minha imagem pública ficou debilitada e por isso não teria ido para lá.

Concretamente, o que sabe?

Se imaginasse que iria sair mal não teria ido para lá. O que é que sei hoje? Sei que saí mal. Ninguém é suficientemente amante da dor e da penalização para entrar numa coisa dessas. Se eu soubesse que iria ser demitido e que a imagem foi de alguém incapaz de desempenhar uma função governativa não teria ido para o Governo.

O que parece é que quando deixou o Governo deixámos de ter assaltos a bombas de gasolina, e outros distúrbios

Deixou de haver tudo. O jogo Portugal-Angola foi um dos casos mais graves que aconteceu em recintos desportivos e não houve nada. O que se passou no Portugal-Angola, comparado com o que se passou no pavilhão Rosa Mota [final da Liga Europeia de Hóquei-Patins entre FC Porto e Barcelona] não teve rigorosamente nada a ver, quer em termos de gravidade, de conflitos entre países, de conflitos que podem ser entendidos como étnicos – nada se compara. Eu não vou fazer nenhuma análise.

Tem alguma explicação?

Nenhuma. Apenas considero que não havia condições para desempenhar a função, uma vez que havia todas as cargas negativas sobre tudo e mais alguma coisa que eu fizesse.

O que são as «cargas negativas»?

Foi tudo o que a comunicação social transmitiu. Qualquer situação que acontecesse. Esta semana que passou foi repleta de questões ligadas à criminalidade. Houve evidentes factos que devem preocupar: o caso do Portugal-Angola, o caso do homem morto numa discoteca e outro que foi morto aqui no Norte numa rixa. Mal dei conta de que isso tenha acontecido.

Ou seja, se fosse ministro da Administração Interna já alguém estava a pedir a sua demissão

Não sei o que acontecia se eu fosse. Sei o que aconteceu quando fui. E quando fui houve uma carga muito forte sobre toda a minha condução no Ministério.

Um dos casos foi o da discoteca «Luanda

O caso da discoteca Luanda foi semelhante a um caso que aconteceu já depois. E foi menos grave ou tão grave como o caso de Amarante...

Mas chegou a prometer a caça ao homem e as pessoas esperaram resultados.

Não tem nada a ver com caça ao homem. No caso da Lídia Franco, os jovens delinquentes foram detectados e presos. Teve resultados. Ninguém pense que fazia este tipo de afirmações porque me apetecia: tinha quadros superiores de policia e a GNR que me transmitiam informações que me permitiam dizer essas coisas. E no caso da discoteca Luanda eram as informações que tinha.

Leia a continuação da entrevista

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