VERITAS: junho 2004 Archives

16-06-2004
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NOVO BLOG Um novo blog me foi dado a conhecer por mão amiga. Não tem muito a ver com o milagre das rosas. Parece-me mais PUMPUMPUM. Pelos alinhamentos...

Discordo em absoluto com as posições tomadas ali em relação a Fausto Correia. Penso que só ele tem condições, nesta altura, de ganhar as autarquicas em Coimbra para o PS. E deve ser reconhecido como um elemento a quem Coimbra muito deve.

Critica-lo sem dizer quem seria alternativa não é sério. Seguir o anonimato, também não. Por isso acabaram os blogs que atras referi...mas como democrata e porque acho que devemos ouvir todos, mesmo os que têm receio de se assumir, aqui fica o blog

POLITICUS 2004 Comentários: (0) Posted by mmgtr at 04:56 PM

AS MUDANÇAS No rescaldo das últimas eleições, Francisco Assis assumiu a ruptura com Narciso Miranda e convoca eleições antecipadas para a Federação do Porto do Partido Socialista.

Victor Baptista, lider da Federação de Coimbra do PS, assume também, perante quem o quis ouvir, que vai reformular o seu secretariado porque é indispensável que dele façam parte aqueles que querem, e tenham disponibilidade, para trabalhar.

Ferro Rodrigues anuncia que será recandidato ao cargo de Secretário Geral.

João Soares diz que é homem de palavra e que é candidato.

Será que algo está a mudar? Comentários: (0) Posted by mmgtr at 04:04 PM

COIMBRA SOCIALISTA A votação do Partido Socialista no Distrito de Coimbra é um indicador de que é possível ganhar em muitas das autarquias que o integram. Haja o cuidado na escolha dos candidatos e nas equipas que o compõem.

É preciso que o PS se apresente com uma equipa forte às próximas eleições autárquicas. O Cabeça-de-lista é importante, mas se a equipa não for constituída por elementos com qualidade e boa imagem todo o seu trabalho será mais dificil. Comentários: (0) Posted by mmgtr at 03:55 PM

ABSTENÇÃO

A formula encontrada por alguns "iluminados" dos partidos do Governo, e por alguns comentadores, para desvalorizarem os resultados das eleições de Domingo passado, merecia um comentário muito britânico :" shame on you".

Onde estavam quando consideraram legitimos os resultados em 1999 (v graf.) para o Parlamento Europeu ou, melhor ainda, quando ocorreu o referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez?

Fraco Portugal...e eu que pensava ter sido criada uma nova consciência politica com as demissões ocorridas no anterior governo, onde se assumia a responsabilidade dos actos, onde havia pudor pelo uso de verbas e cargos publicos, mas afinal...

É preciso ter um descaramento inqualificável para tentar interpretar os resultados à luz, apenas, da abstenção. É que Vasco Graça Moura chegou a dizer que o Partido Socialista só tinha obtido 16 % de votos, se considerarmos apenas os que votaram...! Comentários: (1) Posted by mmgtr at 03:39 PM

TER ALGUÉM LÁ . De repente, a cidade encheu-se de cartazes. Segundo o relógio gigante, já só faltam 4 dias para o Euro, mas isso só fica a saber quem entra em Coimbra pela saída sul da auto-estrada, porque é no sul que é Lisboa. Estes cartazes, embora coloridos, não têm a ver directamente com esse assunto, se bem que foi exactamente por causa deles que “a coisa azedou” na tasca do Manel no último Domingo à tarde. Foi um dia de calor, embora com ar de trovoada, e já se vê, estava um dia óptimo para beber uns copos.

O final de Maio é uma altura chata para se ter uma boa conversa. Os campeonatos já acabaram, as novas contratações ainda estão no princípio, enfim está “tudo” de férias.

- Não, não, este ano é diferente!

(gritou alguém da zona menos iluminada da tasca)

- Diferente porquê? porra !

- Ora, tu não sabes que vamos ter eleições para o Euro? Foi para isso que se fizeram mais de cinquenta estádios.

- Estão a ver, estão a ver, é por causa de gajos como este que isto não anda para a frente. Tu não percebes nada. Os estádios são para jogar futebol, não são para se lá ir deitar o voto. Isso é na Junta, bebe mas é mais um copo, a ver se te “aclaras ”

O dia ia passando, a quantidade de “copos” ia aumentando e a discussão perdendo a “clareza” do início da tarde.

- Outra coisa que eu ainda não percebi bem é se este campeonato é para o parlamento Europeu, ou se é para o Euro.

- Isso não interessa nada. O primeiro jogo é domingo dia 13, essa é que é essa!

-Dia 12, burro!

- Olha-me este! Está tudo cheio de cartazes de apoio à selecção, com uma gaja com um cachecol a dizer “Força Portugal”, dia 13 de Junho.

- Que grande confusão que vai nessas pinhas – gritou o Aniceto do Sindicato dos Electricistas. Estão a baralhar as eleições para o Parlamento Europeu com o campeonato de futebol. As eleições são dia 13 e no campeonato Portugal começa a jogar dia 12, e depois logo se vê.

Gargalhada geral!

-Ó pá isso das eleições é o Fausto! É o único que a gente sabe quem é. Quero lá saber para que são as eleições, a gente vota em quem confia.

Um dos convivas mais calado, falou uma só vez, dizendo:

- Eu não sei bem que eleições são essas, mas com o Fausto a gente “tem alguém lá”.

Lá fora começou a cair uma chuva forte, ao mesmo tempo que o dia também caía.

- Trovoadas de Maio sussurram

-Pois.

Olho de vidro para a confusão entre o futebol e a política.

Comentários: (0) Posted by ptrincao at 04:12 PM

IN MEMORIUM

Para isso fomos feitos:

Para lembrar e ser lembrados,

Para chorar e fazer chorar,

Para enterrar os nossos mortos -

Por isso temos braços longos para os adeuses,

Mãos para colher o que foi dado,

Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida;

Uma tarde sempre a esquecer,

Uma estrêla a se apagar na treva,

Um caminho entre dois túmulos -

Por isso precisamos velar,

Falar baixo, pisar leve, ver

A noite dormir em silêncio.

Não há muito que dizer:

Uma canção sôbre um berço,

Um verso, talvez, de amor,

Uma prece por quem se vai -

Mas que essa hora não esqueça

E que por ela os nossos corações

Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:

Para a esperança no milagre,

Para a participação da poesia,

Para ver a face da morte -

De repente, nunca mais esperaremos...

Hoje a noite é jovem; da morte apenas

Nascemos, imensamente.

Vinicius de Moraes Comentários: (0) Posted by mmgtr at 04:38 PM

EUROPA

A Europa precisa de votos !

Não seria muito lógico que após o alargamento há um mês da União a vinte cinco e a iminência da aprovação de uma Constituição Europeia dentro de semanas, as eleições europeias decorressem, um pouco por toda a parte, sob o signo do desinteresse dos cidadãos - eleitores europeus.

Que características são comuns a todos os Estados-Membros, nas vésperas das eleições que decorrerão, consoante os países, entre 10 e 13 de Junho? Pondo de parte aqueles onde o voto é obrigatório ou onde a sabedoria política faz coincidir o voto europeu com o voto regional ou municipal, motivando em diversas instâncias os eleitores, são duas as regras gerais que se podem extrair.

A primeira é a que decorre da abstenção elevada e generalizada. A segunda traduz a ausência de discurso ou debate político europeu.

Fundamentam a abstenção, factores que vão desde o propalado desconhecimento da política europeia até à inconveniência do dia escolhido para o escrutínio, passando pela pouca convicção europeísta dos candidatos, pela distância a que se produzem os factos políticos relevantes para a Europa ou pelo jargão dificilmente acessível do discurso europeu. Há anos que nos enrolamos nestas justificações, todas elas com uma certa dose de importância, mas a verdade é que ainda não foi encontrado o antídoto que lhes amorteça o efeito.

Por outro lado, a submissão do discurso europeu face ao discurso doméstico e interno não ajuda a uma visão disputada e mobilizadora da participação eleitoral. Quando muito, a Europa é invocada, não como objectivo em si mesmo, mas como padrão de medida do patriotismo nacional. Reconheça-se no entanto que alguma coisa foi mudando. Hoje, chamar federalista a qualquer político ofende tanto como apelidá-lo de patrioteiro, enquanto há uns anos o primeiro não se distinguiria de um qualquer "vende pátrias".

As razões deste abandono da oportunidade europeia fundam-se na disputa imediata do poder político nacional, convencidos que estão, todos os contendores, de que não há poder político europeu e que as candidaturas à Europa só valem como estágios de formação e modernização do discurso político. A Europa aparece, para os políticos nacionais, como uma espécie de mestrado ou doutoramento que os qualifica melhor no ranking da competência política, para mais altos e mais tardios voos na política nacional.

Às vezes não se dando conta que também se serve bem o País pela via de uma carreira política europeia que, apesar de rarefeita em termos de poder efectivo, tem uma grandeza e dimensão que em tudo compensam o que se perde na inevitável falta de poder nos corredores e aparelhos da política interna. É esta barreira psicológica que a muitos falta saltar, globalizando a actividade política num conceito sem limites, onde a experiência nacional é um elemento indispensável de uma Europa de Estados e de Nações e onde a componente europeia é um elemento de abertura, igualdade e não-discriminação que qualquer político tem que assimilar para compreender como funciona o País, o Continente e o Mundo. Esse novo conceito, do que é fazer política trará, obviamente, para a eleição europeia o debate das questões da Europa .

Há muito que fazer para mudar comportamentos, preconceitos e tradições que, embora recentes, não ajudam à veracidade do acto eleitoral europeu. A Europa precisa de legitimidade democrática para funcionar. Precisa de cidadãos que em nome dela e por causa dela façam escolhas. A Europa tem que ser um objecto político identificável.

Por isso, a Europa tem direito a um voto próprio. A um voto seu.

Bruxelas, 02 de Junho de 2004.

Luís Marinho Comentários: (0) Posted by mmgtr at 04:07 PM

MANIFESTO ABSTRUSO! Discute-se, “ad nauseam” (isto é, até que o vómito se suscite, e mesmo para além dele!), se o 25 DE ABRIL de 1974 foi uma revolução ou uma evolução.

A propósito do 30º aniversário da data, organizam-se eventos, revolucionários ou evolucionistas, trocam-se argumentos, e, cada qual, na trincheira da repartição que escolheu, elege a referência da escola de que é tributário.

Nascido em 1953, a 21 de Fevereiro – e nevou em Lisboa! –, havia atingido a idade de 21 anos, quando a coisa aconteceu.

Privilegiado, com algumas leituras – lá em casa havia livros! –, vim, de combóio, do Estoril para Lisboa.

Chegado ao Cais do Sodré, andei pela cidade, curti e dei vivas, arrisquei - o que hoje sei não ter sido risco, mas que não sabia -, abracei e beijei, a gente e o mundo!

Foi fixe, e ninguém me lava a memória! (Aliás, a máquina que leva a memória, debota no conhecimento!)

Numa comunidade com sentido da história, a data de 25 DE ABRIL DE 1974 seria “réveillon”, seria “acordai” (cfr. Lopes Graça).

Mas não é!

De facto, num estado que é uma repartição, não há cidadãos!

Apenas administrados!

E, cada um deles, reserva para si os espaços, conforme ao superior hierárquico que lhes manda ser alguma coisa, na expectativa de passarem a ser chefe, ducce ou caudillo!

Se, neste “jardim à beira-mar plantado” - que nunca teve jardineiro de qualidade –, a data de 25 DE ABRIL DE 1974 valesse alguma coisa, far-se-ia a festa na cidade!

Os administrados, se fossem cidadãos - e se lhes desse na gana! – estariam na rua com guitarras e violas, pianos e trombetas, sax’s e baterias .... vinhos e licores, águas simples ou ardentes!

Curtiriam, lembrar-se-iam!

Transmitiriam ao regedor que ele não tem sentido, excepto e na medida em que os sirva!

Usariam o “Carmo e a Trindade”, a praça principal, como deveria ser usada a cidade: coisa própria e comum, não de condomínio fechado, como se o houvera aberto, sendo certo que o paradigma da propriedade horizontal é o jazigo!

José António Ferreira

( j.a.f@netcabo.pt )

Comentários: (0) Posted by ptrincao at 01:16 PM

DISPARATE Esta estória da candidatura de Sousa Franco à Presidência da Republica não lembrava ao Diabo o qual, como sabemos, fica em Portugal enquanto Deus vai para a Europa.

Há mesmo para aí alguns treinadores que...

Depois de ter sido salvo pela ajuda de Barroso, arguto como ele é lá veio dizer que o PS tinha dado tolerância ponto nas últimas europeias livrando-o de ficar com o onus de impedir o País de beneficiar dessa tolerância no próximo dia 11, tem-se visto uma certa tendência para o disparate que era tempo parar Comentários: (0) Posted by mmgtr at 12:35 PM

NORMAL? Durante uma visita a um Hospital de loucos, Durão Barroso pergunta ao

director qual o critério para definir se um paciente está curado ou não.

- Bem, diz o director, nós enchemos uma banheira e oferecemos uma colher

de chá e uma chávena e pedimos para esvaziar a banheira.

- Entendi, diz o Primeiro Ministro, uma pessoa normal escolhe a chávena,

que é maior.

- Não, responde o director, uma pessoa normal tira a tampa do ralo...

Comentários: (0) Posted by mmgtr at 12:24 PM

“O NÚMERO” (Peça em 3 actos) Actores: o Prior Mor, o Vogal, o Marquês de Vilar, o Barão Vermelho e figurantes.

A cena passa-se no Ducado de Ó Livais.

Primeiro acto

O vogal:

- Caros conselheiros, depois de encerrado o episódio épico onde a independência de Portugal foi reconquistada, tal como aconteceu em 1640, ao libertarmos a nossa urbe do terrível jugo da Europa, materializada sobre uma pobre ponte deficiente a quem arrancámos o nome maldito, como Pedro fez ao coração dos facínoras que cobardemente mataram Inês.

Os figurantes, interrompendo o vogal:

- Bravo, bravo, vivam as grandes mudanças.

Gritaram em coro.

O vogal, continuando:

- Graças ao enorme prestígio que goza o nosso Prior Mor junto das cortes (risos e apupos na ala dos de Vilar) conseguimos para o nosso burgo a benesse da alteração do maldito nome. Viva a nossa padroeira! Viva o Prior Mor!

Os figurantes entoando cânticos:

- Viva, viva, és a nossa salvação.

Prior Mor:

- Quando chegou o mensageiro com essa boa nova, quase me comovi!

Marquês de Vilar:

- Finalmente o coche não veio vazio! Foi preciso pedir ajuda às cortes para mudar o nome da ponte! Se ainda fosse para a fazer...

Barão Vermelho:

- Coufe, coufe.

(tossiu)

Prior Mor:

- Silêncio! Eu quero continuar a minha grande obra baptismal com mais quatro afilhados, consciente que conseguiremos ainda este ano bater o recorde mundial de mudança de nomes, que teimosamente continua a pertencer ao imperador romano Nero.

Vogal e figurantes:

- Muito bem, muito bem!

Palmas

Prior Mor:

- Vamos baptizar a circular externa, troço a troço, para que a cidade esteja sempre em festa.

Fim do primeiro acto. O pano cai ao som de flautas.

Segundo acto

Prior Mor:

- Eu quero que as novas ruas da urbe tenham o nome de grandes personalidades da cidade!

O vogal:

- Que original! Que sentido de liderança! Quem mais teria a capacidade de fazer tal proposta?

Barão Vermelho:

- É uma proposta inteligente que certamente obterá um largo consenso.

Prior Mor, levantando-se e começando a andar à volta da távola:

- Tendo em conta os 12 anos de actividade à frente desta autarquia e porque esteve intimamente ligado a esta obra, sugiro que, o que o povo conhece como o Bota Abaixo se passe a chamar a Praça Dr. Manuel Machado.

Marquês de Vilar

- Sábias palavras, sábias palavras. Mas assim sendo teríamos que chamar da mesma forma à Ponte, ao Estádio dos torneios, ao Pavilhão do centro do reino, etc. etc.

(têm de o calar para o impedir de descrever todas as obras realizadas durante aqueles 12 anos).

- O seu nome é mais pequeno que a sua obra.

Prior Mor senta-se e aguarda com aparente desinteresse:

Barão Vermelho

- Talvez a história ainda não tenha feito o seu tempo.

Fim do 2º acto. Cai o pano em silêncio, envolto em fumo rasteiro, libertando um cheiro a enxofre.

Terceiro acto

O vogal, folheando vários livros:

- Ah, Ah! Diz aqui que o regulamento não permite a aprovação de topónimos vivos!

Marquês de Vilar:

- Terá o vassalo Sérgio já morrido? Porque escolheram o nome dele para o campo de jogos?

O vogal, com a resposta na ponta da língua

- Eu sou o guardião dos regulamentos. Podeis fazer a proposta que quereis, mas enquanto o Homem for vivo, isso é que não!

Marquês de Vilar:

- Preferimos a sua vida à sua fama. Por nós, não morrerá!

Prior Mor, com a lágrima ao canto do olho:

- As minhas intenções foram como visteis as mais sérias. Maldito regulamento que tanto nos oprime. Eu quero... Que fique então tudo, em “águas de bacalhau”.

A peça termine com os actores a comerem uma sopa feita com as águas de bacalhau ao qual se juntou alguma massinha. Bem bom!

Olho de vidro para tão mau “teatro”.

Comentários: (0) Posted by ptrincao at 02:35 PM

MUDANÇA CICLO

MUDANÇA DE CICLO

I. Pelo que se vê e ouve, um pouco por toda a parte, à esquerda, à direita e ao centro, a campanha que já decorre nos vinte cinco Estados-Membros para as eleições europeias, não vai influenciar profundamente o futuro da Europa nos próximos anos. É essa, de resto, a lógica do decisivo Conselho Europeu de 17 e 18 de Junho, onde se decidirá a questão maior da Constituição Europeia, por vontade dos Chefes de Estado e de Governo, sem nenhuma intervenção dos parlamentares acabados de eleger.

Quando muito, os resultados dessa eleição terão uma relativa influência na designação, pelo Conselho Europeu, do futuro Presidente da Comissão, consoante a correlação de forças que se vier a verificar no universo eleitoral. Difícil exercício de previsão esse, o de saber como se vão repartir os futuros 732 lugares do PE, perante um sufrágio que se estendeu a mais dez países e onde o novo voto europeu é volátil e desconhecido. Sem que sirvam, sequer, como indicação, os referendos até agora efectuados, para o Sim ou Não à adesão.

Confirma-se mais uma vez a regra de que a Europa não está presente nas eleições europeias, assemelhando-se a disputa a uma partida de futebol em que os jogadores se agitam e correm, apesar da bola estar fora das quatro linhas!

II. O absentismo de Europa no acto eleitoral e a oportunidade que se perde, em todo o Continente, para a aproximar dos cidadãos, não significa, porém, que estas eleições sejam irrelevantes e que delas não decorra algum efeito político. Interno, obviamente.

Digam o que disserem os líderes políticos nacionais sobre a Europa, não é sobre esta que esperam projectar os resultados eleitorais, que todos sabem de antemão irem mexer nas questões da política doméstica. E desse ponto de vista, as eleições europeias de 13 de Junho terão reflexos muito importantes.

Independentemente da questão de saber como se perde e como se ganha, clarificação que cada um puxará "como brasa para a sua sardinha" na noite das eleições, onde até às vezes parece - como todos estamos lembrados - que ninguém perdeu, vai haver na contenda um vencedor e um derrotado.

A eventual derrota da coligação "Força Portugal", não vale a pena atenuar, será um problema muito sério para o primeiro-ministro Durão Barroso. Significará uma rejeição expressa da sua linha política, uma degradação das expectativas dos apoiantes da sua maioria governamental e um não reconhecimento das propaladas virtudes da actual política económica e financeira. Se até agora a vida não foi fácil para Durão Barroso, perdendo as europeias, as coisas tornar-se-ão piores, não só porque a oposição crescerá de tom, como também se irão desfazendo os nós em que se prende a actual coligação.

O passa culpas que hoje transparece em surdina, entre PSD e PP, depressa ecoará na opinião pública, rarefazendo os índices de confiança nesta maioria. E convém não esquecer que quando as coisas correm mal, é mais difícil aguentar um governo de coligação do que um governo minoritário. A história da nossa democracia está cheia de coligações, todas feitas para salvar o país, que resistiriam, no tempo, menos que os governos monocolores, mesmo de maioria relativa. Latente, continuará a questão da escolha do candidato presidencial da direita, que ameaça algumas efervescências nas próximas semanas. Em suma, apesar da missa leiga que foi o congresso do PSD, não lhe vem nada a calhar uma derrota eleitoral, mesmo em eleições formalmente europeias.

O PS está, como todos pressentem, muito próximo da vitória. Não vale a pena sequer imaginar um cenário em que este não saia vencedor. Mas ganhando, terá de afrontar alguns desafios clarificadores. Terá de mobilizar toda a sua energia e capacidade política para aproveitar plenamente a mudança de ciclo que se abrirá a 13 de Junho e que se encerra com as legislativas de 2006.

Tem que ficar claro, sem nenhuma ambiguidade, quem manda no Partido. O PS não pode ter um líder estatutário acolitado por lideranças sombra, sejam elas fundadas na força do aparelho ou na influência das personalidades. Porque as chefias ocultas têm por ambição tornar-se patentes, destroçando em cada decisão quem tem a legitimidade formal para decidir. Assim como, em nome da transparência, devem as alternativas de liderança - se as houver - assumir-se na praça pública. O pior que pode acontecer a um partido que se lança para o poder é empastelar-se em disputas internas que não são claras aos olhos dos militantes e dos eleitores. O pior que pode acontecer a um líder é fazer de conta que não se passa nada.

Resolvido este problema, depressa os eleitores saberão quem é que se projecta no futuro para primeiro-ministro, da mesma forma, ainda com maior urgência, quem é que o partido pretende e apoia para liderar a candidatura presidencial de esquerda. Não se pode querer retomar o poder sem conhecer, a curto prazo, estes dois personagens políticos maiores. O PS precisa de dar as caras que se confrontarão com as que já conhecemos do outro lado. Não há vitórias sem rosto.

Bruxelas, 25 de Maio de 2004.

Luís Marinho Comentários: (0) Posted by mmgtr at 11:17 AM

NOVO BLOG Um novo blog me foi dado a conhecer por mão amiga. Não tem muito a ver com o milagre das rosas. Parece-me mais PUMPUMPUM. Pelos alinhamentos...

Discordo em absoluto com as posições tomadas ali em relação a Fausto Correia. Penso que só ele tem condições, nesta altura, de ganhar as autarquicas em Coimbra para o PS. E deve ser reconhecido como um elemento a quem Coimbra muito deve.

Critica-lo sem dizer quem seria alternativa não é sério. Seguir o anonimato, também não. Por isso acabaram os blogs que atras referi...mas como democrata e porque acho que devemos ouvir todos, mesmo os que têm receio de se assumir, aqui fica o blog

POLITICUS 2004 Comentários: (0) Posted by mmgtr at 04:56 PM

AS MUDANÇAS No rescaldo das últimas eleições, Francisco Assis assumiu a ruptura com Narciso Miranda e convoca eleições antecipadas para a Federação do Porto do Partido Socialista.

Victor Baptista, lider da Federação de Coimbra do PS, assume também, perante quem o quis ouvir, que vai reformular o seu secretariado porque é indispensável que dele façam parte aqueles que querem, e tenham disponibilidade, para trabalhar.

Ferro Rodrigues anuncia que será recandidato ao cargo de Secretário Geral.

João Soares diz que é homem de palavra e que é candidato.

Será que algo está a mudar? Comentários: (0) Posted by mmgtr at 04:04 PM

COIMBRA SOCIALISTA A votação do Partido Socialista no Distrito de Coimbra é um indicador de que é possível ganhar em muitas das autarquias que o integram. Haja o cuidado na escolha dos candidatos e nas equipas que o compõem.

É preciso que o PS se apresente com uma equipa forte às próximas eleições autárquicas. O Cabeça-de-lista é importante, mas se a equipa não for constituída por elementos com qualidade e boa imagem todo o seu trabalho será mais dificil. Comentários: (0) Posted by mmgtr at 03:55 PM

ABSTENÇÃO

A formula encontrada por alguns "iluminados" dos partidos do Governo, e por alguns comentadores, para desvalorizarem os resultados das eleições de Domingo passado, merecia um comentário muito britânico :" shame on you".

Onde estavam quando consideraram legitimos os resultados em 1999 (v graf.) para o Parlamento Europeu ou, melhor ainda, quando ocorreu o referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez?

Fraco Portugal...e eu que pensava ter sido criada uma nova consciência politica com as demissões ocorridas no anterior governo, onde se assumia a responsabilidade dos actos, onde havia pudor pelo uso de verbas e cargos publicos, mas afinal...

É preciso ter um descaramento inqualificável para tentar interpretar os resultados à luz, apenas, da abstenção. É que Vasco Graça Moura chegou a dizer que o Partido Socialista só tinha obtido 16 % de votos, se considerarmos apenas os que votaram...! Comentários: (1) Posted by mmgtr at 03:39 PM

TER ALGUÉM LÁ . De repente, a cidade encheu-se de cartazes. Segundo o relógio gigante, já só faltam 4 dias para o Euro, mas isso só fica a saber quem entra em Coimbra pela saída sul da auto-estrada, porque é no sul que é Lisboa. Estes cartazes, embora coloridos, não têm a ver directamente com esse assunto, se bem que foi exactamente por causa deles que “a coisa azedou” na tasca do Manel no último Domingo à tarde. Foi um dia de calor, embora com ar de trovoada, e já se vê, estava um dia óptimo para beber uns copos.

O final de Maio é uma altura chata para se ter uma boa conversa. Os campeonatos já acabaram, as novas contratações ainda estão no princípio, enfim está “tudo” de férias.

- Não, não, este ano é diferente!

(gritou alguém da zona menos iluminada da tasca)

- Diferente porquê? porra !

- Ora, tu não sabes que vamos ter eleições para o Euro? Foi para isso que se fizeram mais de cinquenta estádios.

- Estão a ver, estão a ver, é por causa de gajos como este que isto não anda para a frente. Tu não percebes nada. Os estádios são para jogar futebol, não são para se lá ir deitar o voto. Isso é na Junta, bebe mas é mais um copo, a ver se te “aclaras ”

O dia ia passando, a quantidade de “copos” ia aumentando e a discussão perdendo a “clareza” do início da tarde.

- Outra coisa que eu ainda não percebi bem é se este campeonato é para o parlamento Europeu, ou se é para o Euro.

- Isso não interessa nada. O primeiro jogo é domingo dia 13, essa é que é essa!

-Dia 12, burro!

- Olha-me este! Está tudo cheio de cartazes de apoio à selecção, com uma gaja com um cachecol a dizer “Força Portugal”, dia 13 de Junho.

- Que grande confusão que vai nessas pinhas – gritou o Aniceto do Sindicato dos Electricistas. Estão a baralhar as eleições para o Parlamento Europeu com o campeonato de futebol. As eleições são dia 13 e no campeonato Portugal começa a jogar dia 12, e depois logo se vê.

Gargalhada geral!

-Ó pá isso das eleições é o Fausto! É o único que a gente sabe quem é. Quero lá saber para que são as eleições, a gente vota em quem confia.

Um dos convivas mais calado, falou uma só vez, dizendo:

- Eu não sei bem que eleições são essas, mas com o Fausto a gente “tem alguém lá”.

Lá fora começou a cair uma chuva forte, ao mesmo tempo que o dia também caía.

- Trovoadas de Maio sussurram

-Pois.

Olho de vidro para a confusão entre o futebol e a política.

Comentários: (0) Posted by ptrincao at 04:12 PM

IN MEMORIUM

Para isso fomos feitos:

Para lembrar e ser lembrados,

Para chorar e fazer chorar,

Para enterrar os nossos mortos -

Por isso temos braços longos para os adeuses,

Mãos para colher o que foi dado,

Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida;

Uma tarde sempre a esquecer,

Uma estrêla a se apagar na treva,

Um caminho entre dois túmulos -

Por isso precisamos velar,

Falar baixo, pisar leve, ver

A noite dormir em silêncio.

Não há muito que dizer:

Uma canção sôbre um berço,

Um verso, talvez, de amor,

Uma prece por quem se vai -

Mas que essa hora não esqueça

E que por ela os nossos corações

Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:

Para a esperança no milagre,

Para a participação da poesia,

Para ver a face da morte -

De repente, nunca mais esperaremos...

Hoje a noite é jovem; da morte apenas

Nascemos, imensamente.

Vinicius de Moraes Comentários: (0) Posted by mmgtr at 04:38 PM

EUROPA

A Europa precisa de votos !

Não seria muito lógico que após o alargamento há um mês da União a vinte cinco e a iminência da aprovação de uma Constituição Europeia dentro de semanas, as eleições europeias decorressem, um pouco por toda a parte, sob o signo do desinteresse dos cidadãos - eleitores europeus.

Que características são comuns a todos os Estados-Membros, nas vésperas das eleições que decorrerão, consoante os países, entre 10 e 13 de Junho? Pondo de parte aqueles onde o voto é obrigatório ou onde a sabedoria política faz coincidir o voto europeu com o voto regional ou municipal, motivando em diversas instâncias os eleitores, são duas as regras gerais que se podem extrair.

A primeira é a que decorre da abstenção elevada e generalizada. A segunda traduz a ausência de discurso ou debate político europeu.

Fundamentam a abstenção, factores que vão desde o propalado desconhecimento da política europeia até à inconveniência do dia escolhido para o escrutínio, passando pela pouca convicção europeísta dos candidatos, pela distância a que se produzem os factos políticos relevantes para a Europa ou pelo jargão dificilmente acessível do discurso europeu. Há anos que nos enrolamos nestas justificações, todas elas com uma certa dose de importância, mas a verdade é que ainda não foi encontrado o antídoto que lhes amorteça o efeito.

Por outro lado, a submissão do discurso europeu face ao discurso doméstico e interno não ajuda a uma visão disputada e mobilizadora da participação eleitoral. Quando muito, a Europa é invocada, não como objectivo em si mesmo, mas como padrão de medida do patriotismo nacional. Reconheça-se no entanto que alguma coisa foi mudando. Hoje, chamar federalista a qualquer político ofende tanto como apelidá-lo de patrioteiro, enquanto há uns anos o primeiro não se distinguiria de um qualquer "vende pátrias".

As razões deste abandono da oportunidade europeia fundam-se na disputa imediata do poder político nacional, convencidos que estão, todos os contendores, de que não há poder político europeu e que as candidaturas à Europa só valem como estágios de formação e modernização do discurso político. A Europa aparece, para os políticos nacionais, como uma espécie de mestrado ou doutoramento que os qualifica melhor no ranking da competência política, para mais altos e mais tardios voos na política nacional.

Às vezes não se dando conta que também se serve bem o País pela via de uma carreira política europeia que, apesar de rarefeita em termos de poder efectivo, tem uma grandeza e dimensão que em tudo compensam o que se perde na inevitável falta de poder nos corredores e aparelhos da política interna. É esta barreira psicológica que a muitos falta saltar, globalizando a actividade política num conceito sem limites, onde a experiência nacional é um elemento indispensável de uma Europa de Estados e de Nações e onde a componente europeia é um elemento de abertura, igualdade e não-discriminação que qualquer político tem que assimilar para compreender como funciona o País, o Continente e o Mundo. Esse novo conceito, do que é fazer política trará, obviamente, para a eleição europeia o debate das questões da Europa .

Há muito que fazer para mudar comportamentos, preconceitos e tradições que, embora recentes, não ajudam à veracidade do acto eleitoral europeu. A Europa precisa de legitimidade democrática para funcionar. Precisa de cidadãos que em nome dela e por causa dela façam escolhas. A Europa tem que ser um objecto político identificável.

Por isso, a Europa tem direito a um voto próprio. A um voto seu.

Bruxelas, 02 de Junho de 2004.

Luís Marinho Comentários: (0) Posted by mmgtr at 04:07 PM

MANIFESTO ABSTRUSO! Discute-se, “ad nauseam” (isto é, até que o vómito se suscite, e mesmo para além dele!), se o 25 DE ABRIL de 1974 foi uma revolução ou uma evolução.

A propósito do 30º aniversário da data, organizam-se eventos, revolucionários ou evolucionistas, trocam-se argumentos, e, cada qual, na trincheira da repartição que escolheu, elege a referência da escola de que é tributário.

Nascido em 1953, a 21 de Fevereiro – e nevou em Lisboa! –, havia atingido a idade de 21 anos, quando a coisa aconteceu.

Privilegiado, com algumas leituras – lá em casa havia livros! –, vim, de combóio, do Estoril para Lisboa.

Chegado ao Cais do Sodré, andei pela cidade, curti e dei vivas, arrisquei - o que hoje sei não ter sido risco, mas que não sabia -, abracei e beijei, a gente e o mundo!

Foi fixe, e ninguém me lava a memória! (Aliás, a máquina que leva a memória, debota no conhecimento!)

Numa comunidade com sentido da história, a data de 25 DE ABRIL DE 1974 seria “réveillon”, seria “acordai” (cfr. Lopes Graça).

Mas não é!

De facto, num estado que é uma repartição, não há cidadãos!

Apenas administrados!

E, cada um deles, reserva para si os espaços, conforme ao superior hierárquico que lhes manda ser alguma coisa, na expectativa de passarem a ser chefe, ducce ou caudillo!

Se, neste “jardim à beira-mar plantado” - que nunca teve jardineiro de qualidade –, a data de 25 DE ABRIL DE 1974 valesse alguma coisa, far-se-ia a festa na cidade!

Os administrados, se fossem cidadãos - e se lhes desse na gana! – estariam na rua com guitarras e violas, pianos e trombetas, sax’s e baterias .... vinhos e licores, águas simples ou ardentes!

Curtiriam, lembrar-se-iam!

Transmitiriam ao regedor que ele não tem sentido, excepto e na medida em que os sirva!

Usariam o “Carmo e a Trindade”, a praça principal, como deveria ser usada a cidade: coisa própria e comum, não de condomínio fechado, como se o houvera aberto, sendo certo que o paradigma da propriedade horizontal é o jazigo!

José António Ferreira

( j.a.f@netcabo.pt )

Comentários: (0) Posted by ptrincao at 01:16 PM

DISPARATE Esta estória da candidatura de Sousa Franco à Presidência da Republica não lembrava ao Diabo o qual, como sabemos, fica em Portugal enquanto Deus vai para a Europa.

Há mesmo para aí alguns treinadores que...

Depois de ter sido salvo pela ajuda de Barroso, arguto como ele é lá veio dizer que o PS tinha dado tolerância ponto nas últimas europeias livrando-o de ficar com o onus de impedir o País de beneficiar dessa tolerância no próximo dia 11, tem-se visto uma certa tendência para o disparate que era tempo parar Comentários: (0) Posted by mmgtr at 12:35 PM

NORMAL? Durante uma visita a um Hospital de loucos, Durão Barroso pergunta ao

director qual o critério para definir se um paciente está curado ou não.

- Bem, diz o director, nós enchemos uma banheira e oferecemos uma colher

de chá e uma chávena e pedimos para esvaziar a banheira.

- Entendi, diz o Primeiro Ministro, uma pessoa normal escolhe a chávena,

que é maior.

- Não, responde o director, uma pessoa normal tira a tampa do ralo...

Comentários: (0) Posted by mmgtr at 12:24 PM

“O NÚMERO” (Peça em 3 actos) Actores: o Prior Mor, o Vogal, o Marquês de Vilar, o Barão Vermelho e figurantes.

A cena passa-se no Ducado de Ó Livais.

Primeiro acto

O vogal:

- Caros conselheiros, depois de encerrado o episódio épico onde a independência de Portugal foi reconquistada, tal como aconteceu em 1640, ao libertarmos a nossa urbe do terrível jugo da Europa, materializada sobre uma pobre ponte deficiente a quem arrancámos o nome maldito, como Pedro fez ao coração dos facínoras que cobardemente mataram Inês.

Os figurantes, interrompendo o vogal:

- Bravo, bravo, vivam as grandes mudanças.

Gritaram em coro.

O vogal, continuando:

- Graças ao enorme prestígio que goza o nosso Prior Mor junto das cortes (risos e apupos na ala dos de Vilar) conseguimos para o nosso burgo a benesse da alteração do maldito nome. Viva a nossa padroeira! Viva o Prior Mor!

Os figurantes entoando cânticos:

- Viva, viva, és a nossa salvação.

Prior Mor:

- Quando chegou o mensageiro com essa boa nova, quase me comovi!

Marquês de Vilar:

- Finalmente o coche não veio vazio! Foi preciso pedir ajuda às cortes para mudar o nome da ponte! Se ainda fosse para a fazer...

Barão Vermelho:

- Coufe, coufe.

(tossiu)

Prior Mor:

- Silêncio! Eu quero continuar a minha grande obra baptismal com mais quatro afilhados, consciente que conseguiremos ainda este ano bater o recorde mundial de mudança de nomes, que teimosamente continua a pertencer ao imperador romano Nero.

Vogal e figurantes:

- Muito bem, muito bem!

Palmas

Prior Mor:

- Vamos baptizar a circular externa, troço a troço, para que a cidade esteja sempre em festa.

Fim do primeiro acto. O pano cai ao som de flautas.

Segundo acto

Prior Mor:

- Eu quero que as novas ruas da urbe tenham o nome de grandes personalidades da cidade!

O vogal:

- Que original! Que sentido de liderança! Quem mais teria a capacidade de fazer tal proposta?

Barão Vermelho:

- É uma proposta inteligente que certamente obterá um largo consenso.

Prior Mor, levantando-se e começando a andar à volta da távola:

- Tendo em conta os 12 anos de actividade à frente desta autarquia e porque esteve intimamente ligado a esta obra, sugiro que, o que o povo conhece como o Bota Abaixo se passe a chamar a Praça Dr. Manuel Machado.

Marquês de Vilar

- Sábias palavras, sábias palavras. Mas assim sendo teríamos que chamar da mesma forma à Ponte, ao Estádio dos torneios, ao Pavilhão do centro do reino, etc. etc.

(têm de o calar para o impedir de descrever todas as obras realizadas durante aqueles 12 anos).

- O seu nome é mais pequeno que a sua obra.

Prior Mor senta-se e aguarda com aparente desinteresse:

Barão Vermelho

- Talvez a história ainda não tenha feito o seu tempo.

Fim do 2º acto. Cai o pano em silêncio, envolto em fumo rasteiro, libertando um cheiro a enxofre.

Terceiro acto

O vogal, folheando vários livros:

- Ah, Ah! Diz aqui que o regulamento não permite a aprovação de topónimos vivos!

Marquês de Vilar:

- Terá o vassalo Sérgio já morrido? Porque escolheram o nome dele para o campo de jogos?

O vogal, com a resposta na ponta da língua

- Eu sou o guardião dos regulamentos. Podeis fazer a proposta que quereis, mas enquanto o Homem for vivo, isso é que não!

Marquês de Vilar:

- Preferimos a sua vida à sua fama. Por nós, não morrerá!

Prior Mor, com a lágrima ao canto do olho:

- As minhas intenções foram como visteis as mais sérias. Maldito regulamento que tanto nos oprime. Eu quero... Que fique então tudo, em “águas de bacalhau”.

A peça termine com os actores a comerem uma sopa feita com as águas de bacalhau ao qual se juntou alguma massinha. Bem bom!

Olho de vidro para tão mau “teatro”.

Comentários: (0) Posted by ptrincao at 02:35 PM

MUDANÇA CICLO

MUDANÇA DE CICLO

I. Pelo que se vê e ouve, um pouco por toda a parte, à esquerda, à direita e ao centro, a campanha que já decorre nos vinte cinco Estados-Membros para as eleições europeias, não vai influenciar profundamente o futuro da Europa nos próximos anos. É essa, de resto, a lógica do decisivo Conselho Europeu de 17 e 18 de Junho, onde se decidirá a questão maior da Constituição Europeia, por vontade dos Chefes de Estado e de Governo, sem nenhuma intervenção dos parlamentares acabados de eleger.

Quando muito, os resultados dessa eleição terão uma relativa influência na designação, pelo Conselho Europeu, do futuro Presidente da Comissão, consoante a correlação de forças que se vier a verificar no universo eleitoral. Difícil exercício de previsão esse, o de saber como se vão repartir os futuros 732 lugares do PE, perante um sufrágio que se estendeu a mais dez países e onde o novo voto europeu é volátil e desconhecido. Sem que sirvam, sequer, como indicação, os referendos até agora efectuados, para o Sim ou Não à adesão.

Confirma-se mais uma vez a regra de que a Europa não está presente nas eleições europeias, assemelhando-se a disputa a uma partida de futebol em que os jogadores se agitam e correm, apesar da bola estar fora das quatro linhas!

II. O absentismo de Europa no acto eleitoral e a oportunidade que se perde, em todo o Continente, para a aproximar dos cidadãos, não significa, porém, que estas eleições sejam irrelevantes e que delas não decorra algum efeito político. Interno, obviamente.

Digam o que disserem os líderes políticos nacionais sobre a Europa, não é sobre esta que esperam projectar os resultados eleitorais, que todos sabem de antemão irem mexer nas questões da política doméstica. E desse ponto de vista, as eleições europeias de 13 de Junho terão reflexos muito importantes.

Independentemente da questão de saber como se perde e como se ganha, clarificação que cada um puxará "como brasa para a sua sardinha" na noite das eleições, onde até às vezes parece - como todos estamos lembrados - que ninguém perdeu, vai haver na contenda um vencedor e um derrotado.

A eventual derrota da coligação "Força Portugal", não vale a pena atenuar, será um problema muito sério para o primeiro-ministro Durão Barroso. Significará uma rejeição expressa da sua linha política, uma degradação das expectativas dos apoiantes da sua maioria governamental e um não reconhecimento das propaladas virtudes da actual política económica e financeira. Se até agora a vida não foi fácil para Durão Barroso, perdendo as europeias, as coisas tornar-se-ão piores, não só porque a oposição crescerá de tom, como também se irão desfazendo os nós em que se prende a actual coligação.

O passa culpas que hoje transparece em surdina, entre PSD e PP, depressa ecoará na opinião pública, rarefazendo os índices de confiança nesta maioria. E convém não esquecer que quando as coisas correm mal, é mais difícil aguentar um governo de coligação do que um governo minoritário. A história da nossa democracia está cheia de coligações, todas feitas para salvar o país, que resistiriam, no tempo, menos que os governos monocolores, mesmo de maioria relativa. Latente, continuará a questão da escolha do candidato presidencial da direita, que ameaça algumas efervescências nas próximas semanas. Em suma, apesar da missa leiga que foi o congresso do PSD, não lhe vem nada a calhar uma derrota eleitoral, mesmo em eleições formalmente europeias.

O PS está, como todos pressentem, muito próximo da vitória. Não vale a pena sequer imaginar um cenário em que este não saia vencedor. Mas ganhando, terá de afrontar alguns desafios clarificadores. Terá de mobilizar toda a sua energia e capacidade política para aproveitar plenamente a mudança de ciclo que se abrirá a 13 de Junho e que se encerra com as legislativas de 2006.

Tem que ficar claro, sem nenhuma ambiguidade, quem manda no Partido. O PS não pode ter um líder estatutário acolitado por lideranças sombra, sejam elas fundadas na força do aparelho ou na influência das personalidades. Porque as chefias ocultas têm por ambição tornar-se patentes, destroçando em cada decisão quem tem a legitimidade formal para decidir. Assim como, em nome da transparência, devem as alternativas de liderança - se as houver - assumir-se na praça pública. O pior que pode acontecer a um partido que se lança para o poder é empastelar-se em disputas internas que não são claras aos olhos dos militantes e dos eleitores. O pior que pode acontecer a um líder é fazer de conta que não se passa nada.

Resolvido este problema, depressa os eleitores saberão quem é que se projecta no futuro para primeiro-ministro, da mesma forma, ainda com maior urgência, quem é que o partido pretende e apoia para liderar a candidatura presidencial de esquerda. Não se pode querer retomar o poder sem conhecer, a curto prazo, estes dois personagens políticos maiores. O PS precisa de dar as caras que se confrontarão com as que já conhecemos do outro lado. Não há vitórias sem rosto.

Bruxelas, 25 de Maio de 2004.

Luís Marinho Comentários: (0) Posted by mmgtr at 11:17 AM

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