Bombeiros de Viseu Encontram Meio "Rudimentar" para Iniciar Fogos Simultâneos
Sexta-feira, 16 de Julho de 2004
A descoberta foi revelada aos deputados do PSD, eleitos pelo distrito, durante uma visita ao Centro Distrital de Operações de Socorro e ao Centro de Meios Aéreos de Viseu
O Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Viseu vai entregar à Polícia Judiciária um "mecanismo extremamente rudimentar", utilizado para acender vários focos de incêndio "quase em simultâneo", encontrado anteontem nas proximidades de um fogo em Cinfães.
Sem querer especificar o modo de funcionamento, o coordenador do CDOS, João Santos Marques, explicou que, quando foi descoberto pelos bombeiros, o engenho estava a arder, mas ainda não tinha passado para o mato. "Trata-se de um mecanismo extremamente rudimentar, localizado a cerca de 200 metros do incêndio, para onde os bombeiros foram chamados às 7h30", contou, deduzindo que o incendiário tenha colocado o engenho ao nascer do dia para que "a chama não fosse detectada".
"Isto prova que do ponto de vista criminoso se pode lançar um incêndio em vários pontos com meios artesanais", concluiu Almeida Henriques, deputado do PSD, que ontem visitou o CDOS e o Centro de Meios Aéreos de Viseu. O parlamentar frisou ainda que não basta reforçar os meios de combate às chamas para lutar contra o flagelo dos incêndios. "Os fogos são o somatório de actos de pessoas que não reflectiram, desde a 'tica' do cigarro até actos criminosos, até ao acto voluntariosos de queimar umas silvas que estavam a incomodar... Tudo somado faz com que todos os anos se percam vidas, meios e se provoquem prejuízos grandes à economia nacional", realçou.
Entidades locais devem prevenir e sensibilizar
Almeida Henriques defendeu, por isso, o "envolvimento dos intervenientes locais" na sensibilização e na prevenção dos fogos florestais. "É preciso envolver as juntas, até pela relação de conhecimento que têm com os proprietários. Há proprietários que não sabem sequer onde ficam os seus pinhais. Por isso, é necessário criar mecanismos de proximidade, que permitam chegar junto do proprietário e dizer: 'Você tem um pinhal em determinado sítio, estamos disponíveis para fazer a limpeza anual pelo valor 'x' ou através de contrapartidas de madeira ou resina", exemplificou. A par disso, o social-democrata defendeu que "a coordenação de toda a parte dos incêndios deve ser uma das matérias que as futuras áreas metropolitanas e comunidades urbanas deveriam ter a seu cargo". Na opinião de Almeida Henriques, também é importante que se aborde a questão dos baldios com "olhos de ver". "Quem os gere? São associações privadas. Se calhar, a situação justificava-se no pós 25 de Abril... Por que não serem as próprias juntas de freguesia a fazerem a gestão dos baldios?", sugeriu. As juntas de freguesia - explicou - ficariam "com os benefícios, mas também com as responsabilidades que daí advém". "As juntas são sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas. O mesmo não se verifica com as associações de baldios. Quem as fiscaliza é a assembleias das pessoas que fazem parte das associações. É um caminho que temos de pensar a prazo", vincou, sublinhado que se trata de uma opinião pessoal.
Durante a visita ao Centro de Meios Aéreos, acompanhado pela deputada Elvira Figueiredo, Almeida Henriques subiu a bordo do helicóptero pesado estacionado no aeródromo, desde terça-feira. O comandante da aeronave, Mário José, frisou que "a novidade, este ano, é sair do aeródromo já cheio" de água. "Ganhamos muito tempo na deslocação directa entre a base e o local de incêndio e permite-nos visualizar os locais de abastecimento de água", vincou. O helicóptero (de origem ucraniana), que está normalmente ao serviço da ONU, transporta no balde 3 mil litros de água, permitindo uma actuação mais eficaz. O meio foi utilizado anteontem pela primeira vez, em Penalva do Castelo, tendo feito 11 descargas, com intervalos de 10 minutos. Maria Albuquerque
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Bombeiros de Viseu Encontram Meio "Rudimentar" para Iniciar Fogos Simultâneos
Sexta-feira, 16 de Julho de 2004
A descoberta foi revelada aos deputados do PSD, eleitos pelo distrito, durante uma visita ao Centro Distrital de Operações de Socorro e ao Centro de Meios Aéreos de Viseu
O Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Viseu vai entregar à Polícia Judiciária um "mecanismo extremamente rudimentar", utilizado para acender vários focos de incêndio "quase em simultâneo", encontrado anteontem nas proximidades de um fogo em Cinfães.
Sem querer especificar o modo de funcionamento, o coordenador do CDOS, João Santos Marques, explicou que, quando foi descoberto pelos bombeiros, o engenho estava a arder, mas ainda não tinha passado para o mato. "Trata-se de um mecanismo extremamente rudimentar, localizado a cerca de 200 metros do incêndio, para onde os bombeiros foram chamados às 7h30", contou, deduzindo que o incendiário tenha colocado o engenho ao nascer do dia para que "a chama não fosse detectada".
"Isto prova que do ponto de vista criminoso se pode lançar um incêndio em vários pontos com meios artesanais", concluiu Almeida Henriques, deputado do PSD, que ontem visitou o CDOS e o Centro de Meios Aéreos de Viseu. O parlamentar frisou ainda que não basta reforçar os meios de combate às chamas para lutar contra o flagelo dos incêndios. "Os fogos são o somatório de actos de pessoas que não reflectiram, desde a 'tica' do cigarro até actos criminosos, até ao acto voluntariosos de queimar umas silvas que estavam a incomodar... Tudo somado faz com que todos os anos se percam vidas, meios e se provoquem prejuízos grandes à economia nacional", realçou.
Entidades locais devem prevenir e sensibilizar
Almeida Henriques defendeu, por isso, o "envolvimento dos intervenientes locais" na sensibilização e na prevenção dos fogos florestais. "É preciso envolver as juntas, até pela relação de conhecimento que têm com os proprietários. Há proprietários que não sabem sequer onde ficam os seus pinhais. Por isso, é necessário criar mecanismos de proximidade, que permitam chegar junto do proprietário e dizer: 'Você tem um pinhal em determinado sítio, estamos disponíveis para fazer a limpeza anual pelo valor 'x' ou através de contrapartidas de madeira ou resina", exemplificou. A par disso, o social-democrata defendeu que "a coordenação de toda a parte dos incêndios deve ser uma das matérias que as futuras áreas metropolitanas e comunidades urbanas deveriam ter a seu cargo". Na opinião de Almeida Henriques, também é importante que se aborde a questão dos baldios com "olhos de ver". "Quem os gere? São associações privadas. Se calhar, a situação justificava-se no pós 25 de Abril... Por que não serem as próprias juntas de freguesia a fazerem a gestão dos baldios?", sugeriu. As juntas de freguesia - explicou - ficariam "com os benefícios, mas também com as responsabilidades que daí advém". "As juntas são sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas. O mesmo não se verifica com as associações de baldios. Quem as fiscaliza é a assembleias das pessoas que fazem parte das associações. É um caminho que temos de pensar a prazo", vincou, sublinhado que se trata de uma opinião pessoal.
Durante a visita ao Centro de Meios Aéreos, acompanhado pela deputada Elvira Figueiredo, Almeida Henriques subiu a bordo do helicóptero pesado estacionado no aeródromo, desde terça-feira. O comandante da aeronave, Mário José, frisou que "a novidade, este ano, é sair do aeródromo já cheio" de água. "Ganhamos muito tempo na deslocação directa entre a base e o local de incêndio e permite-nos visualizar os locais de abastecimento de água", vincou. O helicóptero (de origem ucraniana), que está normalmente ao serviço da ONU, transporta no balde 3 mil litros de água, permitindo uma actuação mais eficaz. O meio foi utilizado anteontem pela primeira vez, em Penalva do Castelo, tendo feito 11 descargas, com intervalos de 10 minutos. Maria Albuquerque