Momentos do debate

02-08-2003
marcar artigo

Momentos do Debate

Sexta-feira, 04 de Julho de 2003 O "bom acordo" que o Governo vetou na PAC A Europa continua a ser parente pobre nos debates em São Bento. Durão Barroso foi buscar o tema para dizer que a reforma da PAC era "um bom acordo", que Portugal chumbara por "solidariedade" aos Açores. Mas apenas o PCP puxou verdadeiramente o tema. "Não se percebe porque é que cantam vitória e votam contra." A denúncia da aparente contradição no discurso do Governo foi feita pelo deputado comunista Lino de Carvalho. Disse que "nenhum dos objectivos [do Governo] foram atingidos", deixando no ar a pergunta se tínhamos voltado "ao tempo das vitórias virtuais, morais". Carlos Carvalhas resumiu a posição do PCP: "Querem fazer de parvos os agricultores, os pescadores, os portugueses em geral." As inúmeras listas de espera na Saúde Durão Barroso aproveitou o tema das listas de espera nos hospital para destacar a aposta do Governo em justiça social. Disse que em Junho de 2002 "Portugal tinha 123 mil doentes em lista de espera para uma operação", tendo salientado que no fim de Maio deste ano "já tinham sido operados 58 mil doentes". "É a que era há mais de um ano", reagiu Luís Fazenda, do Bloco de Esquerda. O líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, foi outro deputado que tentou arrancar do primeiro-ministro explicações sobre o facto de existir mais do que uma lista de espera para operações no Serviço Nacional de Saúde. "O Governo promete apenas acabar com os recenseados em Junho de 2002", acusou o comunista, antes de perguntar pelos "mais de 70 mil casos" que já tinham dado entrada no sistema desde essa data. Construir um hotel por dia até 2013 A incredulidade do socialista Manuel Maria Carrilho veio a propósito do plano de modernização do turismo proposto recentemente pelo Governo. A intenção do plano é passar de 12 milhões para os 40 milhões de turistas por ano até 2013. Carrilho perguntou ao primeiro-ministro se sabia que, para o plano se concretizar, Portugal "teria que construir uma unidade hoteleira por dia". Durão Barroso respondeu que, pelo menos, o seu Governo "tinha objectivos". 56 por cento das empresas fogem aos impostos Foi em resposta a críticas sobre o pagamento especial por conta que Durão Barroso largou na Assembleia um número assombroso: "Sabe que em Portugal 56 por cento das empresas não pagam impostos e declaram prejuízo?". A denúncia do primeiro-ministro foi feita contra as empresas criadas expressamente para fugir às contribuições e dar aos empresários viaturas novas. Já antes, na sua primeira intervenção Durão Barroso tinha destacado a importância de descontar: "Pagar impostos não é apenas um dever de cidadania, é também um dever patriótico. Quem não paga impostos não é bom português." A "gaffe" dos 15 anos José Sócrates dirimia com Durão Barroso sobre quem mais faltava ao rigor que se exigia a um governante nas suas intervenções. "Se um ministro que está há 15 anos no poder..." A bancada social-democrata não perdeu a oportunidade de interromper com gargalhadas e tiradas jocosas a "gaffe" do socialista José Sócrates que começava a encostar o primeiro-ministro à parede. "Lá chegará", disparavam do lado direito do hemiciclo para a bancada do PS. O presidente da AR, Mota Amaral, entrou na brincadeira para sentenciar Sócrates com uma frase demolidora: "Uma pequena falta de rigor..." Sócrates não deu parte fraca e terminou também com humor: "Eu disse 15 anos por estes 15 meses assim me parecerem." "Devolva a pipa", senhor primeiro-ministro! Carlos Carvalhas puxou de uma fotografia e desafiou Durão Barroso: "Senhor primeiro-ministro, cumpra as promessas ou devolva a pipa de vinho!" Nem sequer o ministro da Cultura, Pedro Roseta, conseguiu evitar a gargalhada. A tirada do secretário geral do PCP veio a propósito dos salários em atraso na Casa do Douro e as promessas eleitoriais do PSD. A fotografia era uma imagem da campanha, com um Durão Barroso sorridente empunhando um pequeno barril de vinho sobre a cabeça. Onde estão as armas de destruição maciça? "E já agora onde estão as armas de destruição maciça no Iraque de que o senhor ministro Paulo Portas disse ter provas?" Foi Ferro Rodrigues que largou a pergunta, mas já antes João Teixeira Lopes, do Bloco de Esquerda, tinha questionado Durão Barroso. O primeiro-ministro torneou a questão, dando a entender que o apoio português não tinha a ver com a linha de justificação usada pela administração norte-americana: "Tive sempre a prudência de afirmar que a nossa posição era de solidariedade para com os nossos aliados". OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Loucura dos festivais de Verão começa hoje

POP/ROCK

Clássica para todos os gostos

CLÁSSICA

"Monstros" sagrados no jazz de Verão

JAZZ

Festa no bosque dos druidas

WORLD

Durão garante recuperação económica a curto prazo

Paulo Portas

Carvalhas denuncia "mentira como linha de propaganda"

Isabel de Castro

Momentos do debate

Eduardo Ferro Rodrigues

Momentos do Debate

Sexta-feira, 04 de Julho de 2003 O "bom acordo" que o Governo vetou na PAC A Europa continua a ser parente pobre nos debates em São Bento. Durão Barroso foi buscar o tema para dizer que a reforma da PAC era "um bom acordo", que Portugal chumbara por "solidariedade" aos Açores. Mas apenas o PCP puxou verdadeiramente o tema. "Não se percebe porque é que cantam vitória e votam contra." A denúncia da aparente contradição no discurso do Governo foi feita pelo deputado comunista Lino de Carvalho. Disse que "nenhum dos objectivos [do Governo] foram atingidos", deixando no ar a pergunta se tínhamos voltado "ao tempo das vitórias virtuais, morais". Carlos Carvalhas resumiu a posição do PCP: "Querem fazer de parvos os agricultores, os pescadores, os portugueses em geral." As inúmeras listas de espera na Saúde Durão Barroso aproveitou o tema das listas de espera nos hospital para destacar a aposta do Governo em justiça social. Disse que em Junho de 2002 "Portugal tinha 123 mil doentes em lista de espera para uma operação", tendo salientado que no fim de Maio deste ano "já tinham sido operados 58 mil doentes". "É a que era há mais de um ano", reagiu Luís Fazenda, do Bloco de Esquerda. O líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, foi outro deputado que tentou arrancar do primeiro-ministro explicações sobre o facto de existir mais do que uma lista de espera para operações no Serviço Nacional de Saúde. "O Governo promete apenas acabar com os recenseados em Junho de 2002", acusou o comunista, antes de perguntar pelos "mais de 70 mil casos" que já tinham dado entrada no sistema desde essa data. Construir um hotel por dia até 2013 A incredulidade do socialista Manuel Maria Carrilho veio a propósito do plano de modernização do turismo proposto recentemente pelo Governo. A intenção do plano é passar de 12 milhões para os 40 milhões de turistas por ano até 2013. Carrilho perguntou ao primeiro-ministro se sabia que, para o plano se concretizar, Portugal "teria que construir uma unidade hoteleira por dia". Durão Barroso respondeu que, pelo menos, o seu Governo "tinha objectivos". 56 por cento das empresas fogem aos impostos Foi em resposta a críticas sobre o pagamento especial por conta que Durão Barroso largou na Assembleia um número assombroso: "Sabe que em Portugal 56 por cento das empresas não pagam impostos e declaram prejuízo?". A denúncia do primeiro-ministro foi feita contra as empresas criadas expressamente para fugir às contribuições e dar aos empresários viaturas novas. Já antes, na sua primeira intervenção Durão Barroso tinha destacado a importância de descontar: "Pagar impostos não é apenas um dever de cidadania, é também um dever patriótico. Quem não paga impostos não é bom português." A "gaffe" dos 15 anos José Sócrates dirimia com Durão Barroso sobre quem mais faltava ao rigor que se exigia a um governante nas suas intervenções. "Se um ministro que está há 15 anos no poder..." A bancada social-democrata não perdeu a oportunidade de interromper com gargalhadas e tiradas jocosas a "gaffe" do socialista José Sócrates que começava a encostar o primeiro-ministro à parede. "Lá chegará", disparavam do lado direito do hemiciclo para a bancada do PS. O presidente da AR, Mota Amaral, entrou na brincadeira para sentenciar Sócrates com uma frase demolidora: "Uma pequena falta de rigor..." Sócrates não deu parte fraca e terminou também com humor: "Eu disse 15 anos por estes 15 meses assim me parecerem." "Devolva a pipa", senhor primeiro-ministro! Carlos Carvalhas puxou de uma fotografia e desafiou Durão Barroso: "Senhor primeiro-ministro, cumpra as promessas ou devolva a pipa de vinho!" Nem sequer o ministro da Cultura, Pedro Roseta, conseguiu evitar a gargalhada. A tirada do secretário geral do PCP veio a propósito dos salários em atraso na Casa do Douro e as promessas eleitoriais do PSD. A fotografia era uma imagem da campanha, com um Durão Barroso sorridente empunhando um pequeno barril de vinho sobre a cabeça. Onde estão as armas de destruição maciça? "E já agora onde estão as armas de destruição maciça no Iraque de que o senhor ministro Paulo Portas disse ter provas?" Foi Ferro Rodrigues que largou a pergunta, mas já antes João Teixeira Lopes, do Bloco de Esquerda, tinha questionado Durão Barroso. O primeiro-ministro torneou a questão, dando a entender que o apoio português não tinha a ver com a linha de justificação usada pela administração norte-americana: "Tive sempre a prudência de afirmar que a nossa posição era de solidariedade para com os nossos aliados". OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Loucura dos festivais de Verão começa hoje

POP/ROCK

Clássica para todos os gostos

CLÁSSICA

"Monstros" sagrados no jazz de Verão

JAZZ

Festa no bosque dos druidas

WORLD

Durão garante recuperação económica a curto prazo

Paulo Portas

Carvalhas denuncia "mentira como linha de propaganda"

Isabel de Castro

Momentos do debate

Eduardo Ferro Rodrigues

marcar artigo