Sócrates queria viabilizar já

20-01-2003
marcar artigo

Sócrates Queria Viabilizar Já

Por SÃO JOSÉ ALMEIDA

Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2003 O Secretariado Nacional do PS viveu ontem o seu primeiro grande momento de divisão interna precisamente à volta da posição política a assumir pelos socialistas na votação na generalidade que amanhã se realiza na Assembleia da República sobre a proposta de lei do Governo de Código Laboral. José Sócrates defendeu, na reunião do executivo de direcção, que decorreu ontem de manhã na sede nacional do PS, que os socialistas deviam viabilizar já amanhã, logo na votação na generalidade, a proposta de lei do Governo de Código Laboral. Isolado nesta posição, Sócrates viu, de acordo com a reconstituição da reunião feita pelo PÚBLICO, as suas teses rebatidas pessoalmente pelo líder do partido, Eduardo Ferro Rodrigues. O secretário-geral do PS reconheceu que o ministro Bagão Félix e o Governo recuaram já bastante nas cedências que fizeram em concertação social, mas afirmou que o PS não se podia anular e abdicar de discutir na especialidade as propostas que apresentou. Para a direcção socialista, o problema principal e determinante quanto à posição de voto final do PS está sobretudo no que irá acontecer ou não à contratação colectiva. Reconhecendo que também nesta área há recuos, os socialistas entendem que o que a proposta do Governo diz sobre contratação colectiva é muito penalizador para os trabalhadores. De acordo com os relatos feitos ao PÚBLICO, a preocupação de Ferro Rodrigues é a de que, se a solução apontada pelo Governo faz lei, "qualquer dia não há contratos colectivos, só contratos individuais, negociados aleatoriamente trabalhador a trabalhador", explicou ao PÚBLICO um membro do Secretariado presente na reunião. Em causa está não só o facto de que "os cidadãos ficam indefesos perante os patrões", como também a necessidade de não reduzir ainda mais o papel do sindicalismo que, já de si, está em crise de representação na sociedade e "precisa de reganhar dinâmica". Além disso, prosseguiu o mesmo dirigente, "numa época de globalização como a que se vive" um partido de esquerda não pode defender soluções que ponham em causa interesses dos trabalhadores e venha a apoiar uma solução que contribui para a desestruturação social. Ferro não deixou ainda de mencionar na reunião que as cedências feitas por Bagão não resolvem a falta de investimento na formação profissional e na educação defendidas pelo PS. Por sua vez, a lógica de argumentação da posição de José Sócrates, que não teve apoios na reunião, prende-se com o acordo obtido já na concertação social pela UGT. A necessidade de o PS não abandonar o arco constitucional, nem ficar de fora das reformas sociais e de regime esteve também na base da posição defendida por Sócrates. Se bem que isolado, este dirigente socialista assumiu-se assim como o porta-voz no Secretariado da linha política de centro, que defende, dentro do PS, uma orientação política do tipo do Bloco Central e que foi publicamente assumida, em vésperas do Congresso de Novembro, por Joaquim Pina Moura, ao defender a viabilização pelo PS do Orçamento de Estado. São José Almeida OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Código laboral sem o PS

Sócrates queria viabilizar já

"Um fato à medida" para a UGT

Contratação colectiva em "estado de coma"

Jovens do CDS defendem "trabalho geral" sem arames

Sócrates Queria Viabilizar Já

Por SÃO JOSÉ ALMEIDA

Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2003 O Secretariado Nacional do PS viveu ontem o seu primeiro grande momento de divisão interna precisamente à volta da posição política a assumir pelos socialistas na votação na generalidade que amanhã se realiza na Assembleia da República sobre a proposta de lei do Governo de Código Laboral. José Sócrates defendeu, na reunião do executivo de direcção, que decorreu ontem de manhã na sede nacional do PS, que os socialistas deviam viabilizar já amanhã, logo na votação na generalidade, a proposta de lei do Governo de Código Laboral. Isolado nesta posição, Sócrates viu, de acordo com a reconstituição da reunião feita pelo PÚBLICO, as suas teses rebatidas pessoalmente pelo líder do partido, Eduardo Ferro Rodrigues. O secretário-geral do PS reconheceu que o ministro Bagão Félix e o Governo recuaram já bastante nas cedências que fizeram em concertação social, mas afirmou que o PS não se podia anular e abdicar de discutir na especialidade as propostas que apresentou. Para a direcção socialista, o problema principal e determinante quanto à posição de voto final do PS está sobretudo no que irá acontecer ou não à contratação colectiva. Reconhecendo que também nesta área há recuos, os socialistas entendem que o que a proposta do Governo diz sobre contratação colectiva é muito penalizador para os trabalhadores. De acordo com os relatos feitos ao PÚBLICO, a preocupação de Ferro Rodrigues é a de que, se a solução apontada pelo Governo faz lei, "qualquer dia não há contratos colectivos, só contratos individuais, negociados aleatoriamente trabalhador a trabalhador", explicou ao PÚBLICO um membro do Secretariado presente na reunião. Em causa está não só o facto de que "os cidadãos ficam indefesos perante os patrões", como também a necessidade de não reduzir ainda mais o papel do sindicalismo que, já de si, está em crise de representação na sociedade e "precisa de reganhar dinâmica". Além disso, prosseguiu o mesmo dirigente, "numa época de globalização como a que se vive" um partido de esquerda não pode defender soluções que ponham em causa interesses dos trabalhadores e venha a apoiar uma solução que contribui para a desestruturação social. Ferro não deixou ainda de mencionar na reunião que as cedências feitas por Bagão não resolvem a falta de investimento na formação profissional e na educação defendidas pelo PS. Por sua vez, a lógica de argumentação da posição de José Sócrates, que não teve apoios na reunião, prende-se com o acordo obtido já na concertação social pela UGT. A necessidade de o PS não abandonar o arco constitucional, nem ficar de fora das reformas sociais e de regime esteve também na base da posição defendida por Sócrates. Se bem que isolado, este dirigente socialista assumiu-se assim como o porta-voz no Secretariado da linha política de centro, que defende, dentro do PS, uma orientação política do tipo do Bloco Central e que foi publicamente assumida, em vésperas do Congresso de Novembro, por Joaquim Pina Moura, ao defender a viabilização pelo PS do Orçamento de Estado. São José Almeida OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Código laboral sem o PS

Sócrates queria viabilizar já

"Um fato à medida" para a UGT

Contratação colectiva em "estado de coma"

Jovens do CDS defendem "trabalho geral" sem arames

marcar artigo