Direcção do "Diário de Notícias" criticada por impedir texto de opinião

28-08-2004
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Direcção do "Diário de Notícias" Criticada por Impedir Texto de Opinião

Quinta-feira, 26 de Agosto de 2004 Conselho de Redacção considera "inaceitável" a decisão de retirar de página o texto de uma jornalista da casa. Fernando Lima realça diferença entre colaboradores e jornalistas Os membros eleitos do Conselho de Redacção do "Diário de Notícias" ("DN") consideraram inaceitável que a direcção do jornal tenha retirado de página um texto de opinião da jornalista Fernanda Câncio, que esteve para sair na edição de 18 de Agosto, a mesma em que a direcção também não permitiu a saída de um texto na secção de política nacional sobre divergências antigas entre Pedro Santana Lopes e o seu actual número dois no Governo, Álvaro Barreto. Segundo o director do "DN", Fernando Lima, disse na reunião do Conselho de Redacção que teve lugar na terça-feira, o texto em causa (intitulado "Deve ser da água") não estava de acordo com o espírito das páginas de Verão do jornal, que descreveu como "páginas light, adequadas a esta época do ano". Acrescentou que os textos com conteúdo político têm o seu espaço próprio, que "não é o das páginas de Verão". No comunicado que emitiu, e a que o PÚBLICO teve acesso, o Conselho de Redacção considerou esta decisão inaceitável, realçando que "nada havia no texto de Fernanda Câncio que justificasse a sua não publicação". E justifica: "Neste texto, a jornalista fazia algumas alusões políticas (exemplo: 'O quadro temporal do reinado de Ferreira Leite coincide com o acesso de loucura da nação'), mas naquele mesmo espaço, dias antes, a escritora Maria João Lopo de Carvalho usara a sua crónica para fazer igualmente considerações políticas (exemplo: 'O país esteve triste mas agora a temperatura subiu (...) depois da lufada de ar fresco que Pedro Santana Lopes nos veio trazer'). Sem que a direcção tivesse levantado qualquer objecção à publicação do referido texto." Fernando Lima considerou que os dois casos "não são comparáveis", porque Maria João Lopo de Carvalho é uma colaboradora convidada apenas para escrever no "DN" no período de Verão, enquanto a segunda é membro da redacção do jornal. Os membros eleitos do conselho de redacção manifestaram receio de este tipo de situação possa constituir "um condicionamento ao exercício do direito de opinião dos jornalistas do 'DN'". Foi ainda criticada a publicação de uma notícia na edição de 22 de Maio sobre uma sondagem encomendada pelo PSD-Açores que dava a vitória a este partido nas eleições regionais. O conselho de redacção não vê "motivos jornalísticos que justificassem esta notícia, que nem sequer vinha acompanhada de uma ficha técnica, como é obrigatório por lei". O facto de o último barómetro do "DN" antes das eleições europeias, que antecipava a vitória do PS por larga maioria, não ter sido chamado à primeira página do jornal também mereceu reprovação. "Um facto tanto mais de estranhar quanto todos os barómetros têm chamada de capa", lê-se no referido comunicado. Fernando Lima assumiu funções em Novembro do ano passado, pouco depois de deixar as funções de assessor de Martins da Cruz, que foi ministro dos Negócios Estrangeiros do primeiro-ministro Durão Barroso, o que gerou contestação interna. Na altura, um plenário da redacção aprovou uma moção crítica à sua nomeação, "por entender que o seu percurso profissional de assessoria de imprensa de Cavaco Silva, primeiro, e de Martins da Cruz, mais recentemente, o afasta de forma clara do perfil exigido ao líder executivo de um projecto de comunicação social como o 'Diário de Notícias'". O Conselho de Redacção deu depois parecer negativo à sua nomeação como director. Paulo Miguel Madeira OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Governo decidiu transmissão da Supertaça em canal aberto

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Quinta-feira, 26 de Agosto de 2004 Conselho de Redacção considera "inaceitável" a decisão de retirar de página o texto de uma jornalista da casa. Fernando Lima realça diferença entre colaboradores e jornalistas Os membros eleitos do Conselho de Redacção do "Diário de Notícias" ("DN") consideraram inaceitável que a direcção do jornal tenha retirado de página um texto de opinião da jornalista Fernanda Câncio, que esteve para sair na edição de 18 de Agosto, a mesma em que a direcção também não permitiu a saída de um texto na secção de política nacional sobre divergências antigas entre Pedro Santana Lopes e o seu actual número dois no Governo, Álvaro Barreto. Segundo o director do "DN", Fernando Lima, disse na reunião do Conselho de Redacção que teve lugar na terça-feira, o texto em causa (intitulado "Deve ser da água") não estava de acordo com o espírito das páginas de Verão do jornal, que descreveu como "páginas light, adequadas a esta época do ano". Acrescentou que os textos com conteúdo político têm o seu espaço próprio, que "não é o das páginas de Verão". No comunicado que emitiu, e a que o PÚBLICO teve acesso, o Conselho de Redacção considerou esta decisão inaceitável, realçando que "nada havia no texto de Fernanda Câncio que justificasse a sua não publicação". E justifica: "Neste texto, a jornalista fazia algumas alusões políticas (exemplo: 'O quadro temporal do reinado de Ferreira Leite coincide com o acesso de loucura da nação'), mas naquele mesmo espaço, dias antes, a escritora Maria João Lopo de Carvalho usara a sua crónica para fazer igualmente considerações políticas (exemplo: 'O país esteve triste mas agora a temperatura subiu (...) depois da lufada de ar fresco que Pedro Santana Lopes nos veio trazer'). Sem que a direcção tivesse levantado qualquer objecção à publicação do referido texto." Fernando Lima considerou que os dois casos "não são comparáveis", porque Maria João Lopo de Carvalho é uma colaboradora convidada apenas para escrever no "DN" no período de Verão, enquanto a segunda é membro da redacção do jornal. Os membros eleitos do conselho de redacção manifestaram receio de este tipo de situação possa constituir "um condicionamento ao exercício do direito de opinião dos jornalistas do 'DN'". Foi ainda criticada a publicação de uma notícia na edição de 22 de Maio sobre uma sondagem encomendada pelo PSD-Açores que dava a vitória a este partido nas eleições regionais. O conselho de redacção não vê "motivos jornalísticos que justificassem esta notícia, que nem sequer vinha acompanhada de uma ficha técnica, como é obrigatório por lei". O facto de o último barómetro do "DN" antes das eleições europeias, que antecipava a vitória do PS por larga maioria, não ter sido chamado à primeira página do jornal também mereceu reprovação. "Um facto tanto mais de estranhar quanto todos os barómetros têm chamada de capa", lê-se no referido comunicado. Fernando Lima assumiu funções em Novembro do ano passado, pouco depois de deixar as funções de assessor de Martins da Cruz, que foi ministro dos Negócios Estrangeiros do primeiro-ministro Durão Barroso, o que gerou contestação interna. Na altura, um plenário da redacção aprovou uma moção crítica à sua nomeação, "por entender que o seu percurso profissional de assessoria de imprensa de Cavaco Silva, primeiro, e de Martins da Cruz, mais recentemente, o afasta de forma clara do perfil exigido ao líder executivo de um projecto de comunicação social como o 'Diário de Notícias'". O Conselho de Redacção deu depois parecer negativo à sua nomeação como director. Paulo Miguel Madeira OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Governo decidiu transmissão da Supertaça em canal aberto

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