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06-04-2002
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A Política em primeiro lugar Ernâni Lopes foi uma miragem, António Borges uma ilusão de óptica, Miguel Cadilhe a frustração de um desejo, Dias Loureiro uma promessa desfeita... Enquanto não há factos sobre o futuro Governo e as notícias da sua constituição se fazem de informações de bastidores, há uma ideia -força que se vai estabelecendo: ou porque falhou a maioria absoluta com que muitos contavam, ou porque a aliança com o CDS-PP lhes desagradou, ou por outras razão desconhecidas, os notabilíssimos «ministeriáveis» com que Durão Barroso acenou na campanha, ao dizer que tinha consigo a melhor equipa, desertaram antes do combate e não farão parte do Governo. Em política, a gestão das expectativas é uma arte que pode ditar o êxito ou o insucesso de qualquer iniciativa. E a não ser que os factos desmintam as informações vindas a público, o mínimo que se pode dizer no caso em apreço é que o futuro Governo parte diminuído em relação às expectativas criadas pelo próprio primeiro ministro indigitado, enquanto candidato. Em política, a gestão das expectativas é uma arte que pode ditar o êxito ou o insucesso de qualquer iniciativa. E a não ser que os factos desmintam as informações vindas a público, o mínimo que se pode dizer no caso em apreço é que o futuro Governo parte diminuído em relação às expectativas criadas pelo próprio primeiro ministro indigitado, enquanto candidato. É verdade que nenhuma das figuras citadas chegou a dizer, preto no branco, se aceitava ou não participar no Governo, em caso de vitória do PSD. Mas o facto de se terem associado, num momento ou noutro, à campanha social democrata e de terem permitido que se conjecturasse sobre essa hipótese sem a desmentirem de imediato, correspondeu a meio compromisso. E a frustração das expectativas, sobretudo na área das Finanças, onde o PSD pôs o acento tónico da sua campanha e onde Durão Barroso se declarou melhor acompanhado do que qualquer outro, traduz-se num revés indisfarçável para o novo primeiro ministro e para o Governo em formação. Depois de se ter falado das hipóteses Ernâni, Borges ou Cadilhe - não como simples especulações jornalísticas, mas pela voz do próprio candidato - qualquer outro ministro das Finanças já aparece como segunda ou terceira escolha. É verdade que nenhuma das figuras citadas chegou a dizer, preto no branco, se aceitava ou não participar no Governo, em caso de vitória do PSD. Mas o facto de se terem associado, num momento ou noutro, à campanha social democrata e de terem permitido que se conjecturasse sobre essa hipótese sem a desmentirem de imediato, correspondeu a meio compromisso. E a frustração das expectativas, sobretudo na área das Finanças, onde o PSD pôs o acento tónico da sua campanha e onde Durão Barroso se declarou melhor acompanhado do que qualquer outro, traduz-se num revés indisfarçável para o novo primeiro ministro e para o Governo em formação. Depois de se ter falado das hipóteses Ernâni, Borges ou Cadilhe - não como simples especulações jornalísticas, mas pela voz do próprio candidato - qualquer outro ministro das Finanças já aparece como segunda ou terceira escolha. Isto não significa necessariamente que outros não possam ter competência para o cargo. Só que a competência não chega para fazer um bom ministro das Finanças: é preciso que tenha autoridade reconhecida pelos agentes económicos e pela própria administração pública, o que exige mérito comprovado e leva tempo a conquistar. Isto não significa necessariamente que outros não possam ter competência para o cargo. Só que a competência não chega para fazer um bom ministro das Finanças: é preciso que tenha autoridade reconhecida pelos agentes económicos e pela própria administração pública, o que exige mérito comprovado e leva tempo a conquistar. Mas de todas as «perdas» que Durão Barroso já sofreu depois da sua magra vitória, a de Dias Loureiro é talvez a mais significativa e difícil de preencher. Não só por ele ter sido, de todos os notáveis do partido, o que mais fortemente se empenhou ao lado de Barroso, mas também porque este precisa, como de pão para a boca, de alguém a seu lado com o peso político e a experiência governativa do ex-ministro da Administração Interna. Mas de todas as «perdas» que Durão Barroso já sofreu depois da sua magra vitória, a de Dias Loureiro é talvez a mais significativa e difícil de preencher. Não só por ele ter sido, de todos os notáveis do partido, o que mais fortemente se empenhou ao lado de Barroso, mas também porque este precisa, como de pão para a boca, de alguém a seu lado com o peso político e a experiência governativa do ex-ministro da Administração Interna. Aliás, quando as «fontes próximas» vêm dizer, como disseram ao EXPRESSO, que o Governo «deve ter um perfil mais técnico do que político» estão a dar um conselho errado se são conselheiros, ou estão a cometer um erro crasso se são protagonistas. Claro que há áreas governativas, como a das Finanças, em que o ministro tem de ter preparação específica. Mas qualquer bom político sabe, enquanto ministro, rodear-se de técnicos competentes, ou não será um bom político. Ora, uma equipa de coligação - e, para mais, incluindo em lugar de destaque alguém que respira política por todos os poros, como acontece com Paulo Portas - só pode ter êxito e coesão se for constituído por políticos de primeira água, que saibam fazer as escolhas certas, que saibam decidir e comunicar as decisões. E no circulo próximo de Durão Barroso, não se vê onde possam eles estar. Por maior que seja o seu empenho e dedicação, não são com certeza Morais Sarmento ou José Luís Arnaut que se equivalem a Dias Loureiro. Aliás, quando as «fontes próximas» vêm dizer, como disseram ao EXPRESSO, que o Governo «deve ter um perfil mais técnico do que político» estão a dar um conselho errado se são conselheiros, ou estão a cometer um erro crasso se são protagonistas. Claro que há áreas governativas, como a das Finanças, em que o ministro tem de ter preparação específica. Mas qualquer bom político sabe, enquanto ministro, rodear-se de técnicos competentes, ou não será um bom político. Ora, uma equipa de coligação - e, para mais, incluindo em lugar de destaque alguém que respira política por todos os poros, como acontece com Paulo Portas - só pode ter êxito e coesão se for constituído por políticos de primeira água, que saibam fazer as escolhas certas, que saibam decidir e comunicar as decisões. E no circulo próximo de Durão Barroso, não se vê onde possam eles estar. Por maior que seja o seu empenho e dedicação, não são com certeza Morais Sarmento ou José Luís Arnaut que se equivalem a Dias Loureiro. Fernando Madrinha 09:51 27 Março 2002

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A Política em primeiro lugar Ernâni Lopes foi uma miragem, António Borges uma ilusão de óptica, Miguel Cadilhe a frustração de um desejo, Dias Loureiro uma promessa desfeita... Enquanto não há factos sobre o futuro Governo e as notícias da sua constituição se fazem de informações de bastidores, há uma ideia -força que se vai estabelecendo: ou porque falhou a maioria absoluta com que muitos contavam, ou porque a aliança com o CDS-PP lhes desagradou, ou por outras razão desconhecidas, os notabilíssimos «ministeriáveis» com que Durão Barroso acenou na campanha, ao dizer que tinha consigo a melhor equipa, desertaram antes do combate e não farão parte do Governo. Em política, a gestão das expectativas é uma arte que pode ditar o êxito ou o insucesso de qualquer iniciativa. E a não ser que os factos desmintam as informações vindas a público, o mínimo que se pode dizer no caso em apreço é que o futuro Governo parte diminuído em relação às expectativas criadas pelo próprio primeiro ministro indigitado, enquanto candidato. Em política, a gestão das expectativas é uma arte que pode ditar o êxito ou o insucesso de qualquer iniciativa. E a não ser que os factos desmintam as informações vindas a público, o mínimo que se pode dizer no caso em apreço é que o futuro Governo parte diminuído em relação às expectativas criadas pelo próprio primeiro ministro indigitado, enquanto candidato. É verdade que nenhuma das figuras citadas chegou a dizer, preto no branco, se aceitava ou não participar no Governo, em caso de vitória do PSD. Mas o facto de se terem associado, num momento ou noutro, à campanha social democrata e de terem permitido que se conjecturasse sobre essa hipótese sem a desmentirem de imediato, correspondeu a meio compromisso. E a frustração das expectativas, sobretudo na área das Finanças, onde o PSD pôs o acento tónico da sua campanha e onde Durão Barroso se declarou melhor acompanhado do que qualquer outro, traduz-se num revés indisfarçável para o novo primeiro ministro e para o Governo em formação. Depois de se ter falado das hipóteses Ernâni, Borges ou Cadilhe - não como simples especulações jornalísticas, mas pela voz do próprio candidato - qualquer outro ministro das Finanças já aparece como segunda ou terceira escolha. É verdade que nenhuma das figuras citadas chegou a dizer, preto no branco, se aceitava ou não participar no Governo, em caso de vitória do PSD. Mas o facto de se terem associado, num momento ou noutro, à campanha social democrata e de terem permitido que se conjecturasse sobre essa hipótese sem a desmentirem de imediato, correspondeu a meio compromisso. E a frustração das expectativas, sobretudo na área das Finanças, onde o PSD pôs o acento tónico da sua campanha e onde Durão Barroso se declarou melhor acompanhado do que qualquer outro, traduz-se num revés indisfarçável para o novo primeiro ministro e para o Governo em formação. Depois de se ter falado das hipóteses Ernâni, Borges ou Cadilhe - não como simples especulações jornalísticas, mas pela voz do próprio candidato - qualquer outro ministro das Finanças já aparece como segunda ou terceira escolha. Isto não significa necessariamente que outros não possam ter competência para o cargo. Só que a competência não chega para fazer um bom ministro das Finanças: é preciso que tenha autoridade reconhecida pelos agentes económicos e pela própria administração pública, o que exige mérito comprovado e leva tempo a conquistar. Isto não significa necessariamente que outros não possam ter competência para o cargo. Só que a competência não chega para fazer um bom ministro das Finanças: é preciso que tenha autoridade reconhecida pelos agentes económicos e pela própria administração pública, o que exige mérito comprovado e leva tempo a conquistar. Mas de todas as «perdas» que Durão Barroso já sofreu depois da sua magra vitória, a de Dias Loureiro é talvez a mais significativa e difícil de preencher. Não só por ele ter sido, de todos os notáveis do partido, o que mais fortemente se empenhou ao lado de Barroso, mas também porque este precisa, como de pão para a boca, de alguém a seu lado com o peso político e a experiência governativa do ex-ministro da Administração Interna. Mas de todas as «perdas» que Durão Barroso já sofreu depois da sua magra vitória, a de Dias Loureiro é talvez a mais significativa e difícil de preencher. Não só por ele ter sido, de todos os notáveis do partido, o que mais fortemente se empenhou ao lado de Barroso, mas também porque este precisa, como de pão para a boca, de alguém a seu lado com o peso político e a experiência governativa do ex-ministro da Administração Interna. Aliás, quando as «fontes próximas» vêm dizer, como disseram ao EXPRESSO, que o Governo «deve ter um perfil mais técnico do que político» estão a dar um conselho errado se são conselheiros, ou estão a cometer um erro crasso se são protagonistas. Claro que há áreas governativas, como a das Finanças, em que o ministro tem de ter preparação específica. Mas qualquer bom político sabe, enquanto ministro, rodear-se de técnicos competentes, ou não será um bom político. Ora, uma equipa de coligação - e, para mais, incluindo em lugar de destaque alguém que respira política por todos os poros, como acontece com Paulo Portas - só pode ter êxito e coesão se for constituído por políticos de primeira água, que saibam fazer as escolhas certas, que saibam decidir e comunicar as decisões. E no circulo próximo de Durão Barroso, não se vê onde possam eles estar. Por maior que seja o seu empenho e dedicação, não são com certeza Morais Sarmento ou José Luís Arnaut que se equivalem a Dias Loureiro. Aliás, quando as «fontes próximas» vêm dizer, como disseram ao EXPRESSO, que o Governo «deve ter um perfil mais técnico do que político» estão a dar um conselho errado se são conselheiros, ou estão a cometer um erro crasso se são protagonistas. Claro que há áreas governativas, como a das Finanças, em que o ministro tem de ter preparação específica. Mas qualquer bom político sabe, enquanto ministro, rodear-se de técnicos competentes, ou não será um bom político. Ora, uma equipa de coligação - e, para mais, incluindo em lugar de destaque alguém que respira política por todos os poros, como acontece com Paulo Portas - só pode ter êxito e coesão se for constituído por políticos de primeira água, que saibam fazer as escolhas certas, que saibam decidir e comunicar as decisões. E no circulo próximo de Durão Barroso, não se vê onde possam eles estar. Por maior que seja o seu empenho e dedicação, não são com certeza Morais Sarmento ou José Luís Arnaut que se equivalem a Dias Loureiro. Fernando Madrinha 09:51 27 Março 2002

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