Suplemento Computadores

09-05-2004
marcar artigo

DVB Handeld

Segunda-feira, 23 de Fevereiro de 2004

%Henrique Carreiro

Depois de anos de promessas a adiamentos, a terceira geração de comunicações móveis começou neste mês a ser comercializada pelos operadores de comunicações móveis em Portugal. De modo quase anticlímax, os primeiros serviços limitam-se, para já, aos dados e são destinados principalmente ao segmento empresarial. Os serviços de voz e de vídeo, apesar de possíveis, estão ainda a muitos meses de serem difundidos pelos consumidores, sobretudo devido à ausência de terminais. Os fabricantes destes ainda não conseguiram equilibrar a difícil equação entre mais funcionalidade e a necessária autonomia em termos de bateria.

A barra das expectativas quanto ao UMTS foi, inicialmente, colocada tão alta que o que quer que os operadores mostrem agora saberá sempre a pouco. Afinal, desde os lançamentos para o concurso de atribuição de licenças, os consumidores habituaram-se a pensar no UMTS como a via para os dados de alto débito, a videoconferência móvel, para além de ser a forma como iriam receber programação televisiva nos seus terminais portáteis.

Ironicamente, a tecnologia está a evoluir no sentido de as redes de alto débito móveis estarem já disponíveis em muitos pontos de acesso Wi-Fi e de a televisão móvel poder não vir via UMTS mas através de uma nova norma, em fase de aprovação e denominada DVB Handheld - ou DVB-H.

Esta norma, curiosamente, não deverá depender do UMTS, sendo antes proveniente dos organismos que definem a televisão digital terrestre e usará as futuras infra-estruturas desta. O DVB-H traz consigo a promessa de distribuição de um sinal de 10 Mbps em modo de "broadcast", isto é, tal como acontece hoje na televisão: de um para muitos.

As normas da televisão digital terrestre (DVB-T) não foram inicialmente concebidas para aplicações móveis. Se fossem aplicadas directamente num telefone móvel, teriam sérias consequências em termos da autonomia e do peso deste. O DVB-H, em contrapartida, necessitará de uma antena mais pequena (no DVB-T, seriam necessárias duas) e permitirá controlar melhor o consumo de energia. Tal como o UMTS, o DVB-H utiliza os protocolos da Internet (IP). Mas o UMTS, devido à sua filosofia bidireccional, é menos adequado a aplicações inerentemente de difusão unidireccional ("broadcast").

Os esforços no sentido da disponibilização do DVB-H estão ainda no início, tendo a primeira fase da normalização ficado concluída neste mês. O serviço está, contudo, a ser testado em regime experimental na Finlândia, pela Rádio e Televisão Finlandesa. Na Alemanha, configura-se também um projecto-piloto, que visa testar a convergência entre o DVB-H e as redes móveis.

É possível imaginar um cenário de televisão interactiva móvel em que a componente de difusão é a dos serviços de Televisão Digital Terrestre com DVB-H, enquanto o canal de retorno - o que proporciona ao utilizador a capacidade de interacção - é disponibilizado pela rede de UMTS.

Estamos ainda a anos de distância da comercialização de terminais que tenham DVB-H e UMTS em simultâneo. Mas será interessante assistir às configurações de mercado que este tipo de serviços irá proporcionar, uma vez que as licenças de DVB e de UMTS estão atribuídas a operadores com valências e posições de mercado muito distintas.

DVB Handeld

Segunda-feira, 23 de Fevereiro de 2004

%Henrique Carreiro

Depois de anos de promessas a adiamentos, a terceira geração de comunicações móveis começou neste mês a ser comercializada pelos operadores de comunicações móveis em Portugal. De modo quase anticlímax, os primeiros serviços limitam-se, para já, aos dados e são destinados principalmente ao segmento empresarial. Os serviços de voz e de vídeo, apesar de possíveis, estão ainda a muitos meses de serem difundidos pelos consumidores, sobretudo devido à ausência de terminais. Os fabricantes destes ainda não conseguiram equilibrar a difícil equação entre mais funcionalidade e a necessária autonomia em termos de bateria.

A barra das expectativas quanto ao UMTS foi, inicialmente, colocada tão alta que o que quer que os operadores mostrem agora saberá sempre a pouco. Afinal, desde os lançamentos para o concurso de atribuição de licenças, os consumidores habituaram-se a pensar no UMTS como a via para os dados de alto débito, a videoconferência móvel, para além de ser a forma como iriam receber programação televisiva nos seus terminais portáteis.

Ironicamente, a tecnologia está a evoluir no sentido de as redes de alto débito móveis estarem já disponíveis em muitos pontos de acesso Wi-Fi e de a televisão móvel poder não vir via UMTS mas através de uma nova norma, em fase de aprovação e denominada DVB Handheld - ou DVB-H.

Esta norma, curiosamente, não deverá depender do UMTS, sendo antes proveniente dos organismos que definem a televisão digital terrestre e usará as futuras infra-estruturas desta. O DVB-H traz consigo a promessa de distribuição de um sinal de 10 Mbps em modo de "broadcast", isto é, tal como acontece hoje na televisão: de um para muitos.

As normas da televisão digital terrestre (DVB-T) não foram inicialmente concebidas para aplicações móveis. Se fossem aplicadas directamente num telefone móvel, teriam sérias consequências em termos da autonomia e do peso deste. O DVB-H, em contrapartida, necessitará de uma antena mais pequena (no DVB-T, seriam necessárias duas) e permitirá controlar melhor o consumo de energia. Tal como o UMTS, o DVB-H utiliza os protocolos da Internet (IP). Mas o UMTS, devido à sua filosofia bidireccional, é menos adequado a aplicações inerentemente de difusão unidireccional ("broadcast").

Os esforços no sentido da disponibilização do DVB-H estão ainda no início, tendo a primeira fase da normalização ficado concluída neste mês. O serviço está, contudo, a ser testado em regime experimental na Finlândia, pela Rádio e Televisão Finlandesa. Na Alemanha, configura-se também um projecto-piloto, que visa testar a convergência entre o DVB-H e as redes móveis.

É possível imaginar um cenário de televisão interactiva móvel em que a componente de difusão é a dos serviços de Televisão Digital Terrestre com DVB-H, enquanto o canal de retorno - o que proporciona ao utilizador a capacidade de interacção - é disponibilizado pela rede de UMTS.

Estamos ainda a anos de distância da comercialização de terminais que tenham DVB-H e UMTS em simultâneo. Mas será interessante assistir às configurações de mercado que este tipo de serviços irá proporcionar, uma vez que as licenças de DVB e de UMTS estão atribuídas a operadores com valências e posições de mercado muito distintas.

marcar artigo