Esquerda abranda pressão sobre o ministro da Defesa

19-10-2002
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Esquerda Abranda Pressão Sobre o Ministro da Defesa

Por EUNICE LOURENÇO E HELENA PEREIRA

Sexta-feira, 11 de Outubro de 2002 O primeiro-ministro quis que o debate fosse sobre educação. A oposição quis falar de tudo e acabou por não o abalar em nada. Orçamento, caso Moderna e até o casino de Lisboa serviram para atacar o Governo, que saiu incólume. Bastou a Durão Barroso não cometer erros Durão Barroso levou, ontem, à Assembleia da República, um conjunto de medidas sobre educação. "A educação é, evidentemente, um biombo que aqui traz", criticou, logo na primeira intervenção, o secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues. Apesar da acusação, o primeiro-ministro acabou por sair detrás do biombo, reagindo a todos os temas lançados pela oposição, embora deixando muitas perguntas sem resposta. Mesmo assim, os partidos de esquerda não conseguiram marcar pontos e Durão saiu incólume do debate mensal. Naquele que foi o primeiro debate com o governo depois de os três partidos da esquerda - PS, PCP e Bloco de Esquerda - se terem reunido, na semana passada, para fazer acertos tácticos, a imagem que passou foi a de uma oposição pouco coordenada, disparando em várias direcções, sem conseguir fazer uma marcação cerrada e deixando, assim, o Governo escapar-se por entre a diversidade de temas e de perguntas. Depois da intervenção inicial sobre educação, o primeiro-ministro foi confrontado, tanto pelo PS como pelo PCP, com aquele que poderia ser o tema mais melindroso: o caso Moderna. Era a primeira vez que, no plenário da AR, Durão e Portas, sentados lado a lado, eram questionados. O primeiro-ministro respondeu com o que sempre tem dito sobre o assunto: Portas não é acusado, o Parlamento não deve fazer julgamentos. E o líder do PS o mais que lhe disse foi que tinha gerido "de forma errada" o envolvimento do ministro de Estado e da Defesa no caso, não voltando sequer a pedir a demissão de Portas. Já com Carlos Carvalhas, secretário-geral do PCP, o debate acabou por resvalar para questões partidárias. O primeiro-ministro enganou-se e disse que o maior problema do Orçamento do Estado (OE) era defesa em vez de despesa. O líder comunista não perdoou o lapso e disse que resultava de "um traumatismo com o vizinho que tem aí a seu lado". Durão saudou o facto de um marxista ter aderido à psicanálise e perguntou se Carvalhas não estaria a transformar-se num renovador. A seguir, lembrou que quando o actual líder do PCP foi secretário de Estado do Trabalho a legislação permitia "despedimentos mais fáceis" e mesmo uma "política do saneamento". Carvalhas pede a defesa da honra. E surpreende o plenário ao defender-se não da acusação de ter permitido tal legislação, mas sim de se estar a transformar num renovador. "Eu nunca expulsei ninguém do meu partido", respondeu-lhe Durão, que logo a seguir foi acusado por Francisco Louçã, do BE, de ter feito saneamentos na Faculdade de Direito de Lisboa, no pós-25 de Abril. Depois deste momento de regresso ao passado, o debate passou pela polémica dos casinos, teve alguns momentos de debate orçamental e terminou com um reedição da polémica sobre o défice de 2001. A intervenção da socialista Elisa Ferreira parecia indiciar que o Parlamento ia ter o início do debate do OE para 2003. Mas o primeiro-ministro preferiu atacar o seu passado como ministra em vez de explicar as opções orçamentais para o próximo ano. Confrontado com os apoios dados à Madeira no OE, Durão garantiu que não há favorecimentos àquela região autónoma. Ferro tinha-o acusado de "estar nas mãos" de uma aliança com Portas e com Alberto João Jardim. PSD e CDS existiram só para dar as deixas ao primeiro-ministro. O social-democrata Guilherme Silva questionou-o sobre a revisão curricular e Diogo Feio, do CDS-PP, sobre as medidas de combate à evasão fiscal. Ao longo das quase três horas de debate, o primeiro-ministro acabou por ser poupado a alguns dos temas que têm vindo a dominar a luta política. Da polémica à volta da Polícia Judiciária, já ninguém falou, o pacote laboral tinha sido discutido na véspera, as questões da Saúde foram lançadas pelo próprio Durão, mas sem gerar grande discussão. A estratégia deste Governo tem sido, desde o início, disponibilizar-se para ir à AR prestar explicações aos deputados. A única excepção foi Paulo Portas, desafiado a ir esclarecer o caso Moderna. Com este método, é o próprio primeiro-ministro que acaba por ser protegido. Por exemplo, esta semana já Manuela Ferreira Leite tinha estado no Parlamento a explicar o OE e Bagão Félix tinha ido ao plenário responder às perguntas sobre o código do trabalho. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Esquerda abranda pressão sobre o ministro da Defesa

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Sexta-feira, 11 de Outubro de 2002 O primeiro-ministro quis que o debate fosse sobre educação. A oposição quis falar de tudo e acabou por não o abalar em nada. Orçamento, caso Moderna e até o casino de Lisboa serviram para atacar o Governo, que saiu incólume. Bastou a Durão Barroso não cometer erros Durão Barroso levou, ontem, à Assembleia da República, um conjunto de medidas sobre educação. "A educação é, evidentemente, um biombo que aqui traz", criticou, logo na primeira intervenção, o secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues. Apesar da acusação, o primeiro-ministro acabou por sair detrás do biombo, reagindo a todos os temas lançados pela oposição, embora deixando muitas perguntas sem resposta. Mesmo assim, os partidos de esquerda não conseguiram marcar pontos e Durão saiu incólume do debate mensal. Naquele que foi o primeiro debate com o governo depois de os três partidos da esquerda - PS, PCP e Bloco de Esquerda - se terem reunido, na semana passada, para fazer acertos tácticos, a imagem que passou foi a de uma oposição pouco coordenada, disparando em várias direcções, sem conseguir fazer uma marcação cerrada e deixando, assim, o Governo escapar-se por entre a diversidade de temas e de perguntas. Depois da intervenção inicial sobre educação, o primeiro-ministro foi confrontado, tanto pelo PS como pelo PCP, com aquele que poderia ser o tema mais melindroso: o caso Moderna. Era a primeira vez que, no plenário da AR, Durão e Portas, sentados lado a lado, eram questionados. O primeiro-ministro respondeu com o que sempre tem dito sobre o assunto: Portas não é acusado, o Parlamento não deve fazer julgamentos. E o líder do PS o mais que lhe disse foi que tinha gerido "de forma errada" o envolvimento do ministro de Estado e da Defesa no caso, não voltando sequer a pedir a demissão de Portas. Já com Carlos Carvalhas, secretário-geral do PCP, o debate acabou por resvalar para questões partidárias. O primeiro-ministro enganou-se e disse que o maior problema do Orçamento do Estado (OE) era defesa em vez de despesa. O líder comunista não perdoou o lapso e disse que resultava de "um traumatismo com o vizinho que tem aí a seu lado". Durão saudou o facto de um marxista ter aderido à psicanálise e perguntou se Carvalhas não estaria a transformar-se num renovador. A seguir, lembrou que quando o actual líder do PCP foi secretário de Estado do Trabalho a legislação permitia "despedimentos mais fáceis" e mesmo uma "política do saneamento". Carvalhas pede a defesa da honra. E surpreende o plenário ao defender-se não da acusação de ter permitido tal legislação, mas sim de se estar a transformar num renovador. "Eu nunca expulsei ninguém do meu partido", respondeu-lhe Durão, que logo a seguir foi acusado por Francisco Louçã, do BE, de ter feito saneamentos na Faculdade de Direito de Lisboa, no pós-25 de Abril. Depois deste momento de regresso ao passado, o debate passou pela polémica dos casinos, teve alguns momentos de debate orçamental e terminou com um reedição da polémica sobre o défice de 2001. A intervenção da socialista Elisa Ferreira parecia indiciar que o Parlamento ia ter o início do debate do OE para 2003. Mas o primeiro-ministro preferiu atacar o seu passado como ministra em vez de explicar as opções orçamentais para o próximo ano. Confrontado com os apoios dados à Madeira no OE, Durão garantiu que não há favorecimentos àquela região autónoma. Ferro tinha-o acusado de "estar nas mãos" de uma aliança com Portas e com Alberto João Jardim. PSD e CDS existiram só para dar as deixas ao primeiro-ministro. O social-democrata Guilherme Silva questionou-o sobre a revisão curricular e Diogo Feio, do CDS-PP, sobre as medidas de combate à evasão fiscal. Ao longo das quase três horas de debate, o primeiro-ministro acabou por ser poupado a alguns dos temas que têm vindo a dominar a luta política. Da polémica à volta da Polícia Judiciária, já ninguém falou, o pacote laboral tinha sido discutido na véspera, as questões da Saúde foram lançadas pelo próprio Durão, mas sem gerar grande discussão. A estratégia deste Governo tem sido, desde o início, disponibilizar-se para ir à AR prestar explicações aos deputados. A única excepção foi Paulo Portas, desafiado a ir esclarecer o caso Moderna. Com este método, é o próprio primeiro-ministro que acaba por ser protegido. Por exemplo, esta semana já Manuela Ferreira Leite tinha estado no Parlamento a explicar o OE e Bagão Félix tinha ido ao plenário responder às perguntas sobre o código do trabalho. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Esquerda abranda pressão sobre o ministro da Defesa

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