Sopa de Nabos: abril 2004 Archives

02-09-2004
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UM POEMA PARA ABRIL

Eu sou daqui destas marés íngremes preia-mar de rosas

Abril vi cantar leda madrugada às raparigas frondosas

Às raparigas e às mulheres cegando o vento das enseadas

Abril frescas ribeiras sonho arável do sonho ruas amuradas

Amuradas murmúrios nessas bagas d'anil era o fogo alteado

Abril punhos ao alto podoas que o mar no tejo tinha secado

O mar as lezírias do mar com todas as velas postas de lado

Abril rimas ao ombro réstias sou tamborileiro sou soldado

Sou soldado ou hortelão de navios o que for seja o que seja

Abril torno do povo irmão cativo de maio anel que cereja

Eu sou daqui destas marés íngremes preia-mar de rosas

Abril ouvi cantar leda madrugada às raparigas saudosas.

Rui Mendes

in POEMABRIL, Antologia de Poesia Portuguesa , 2ª edição,

Fora do Texto,1994 ,Coimbra, PORTUGAL

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O REGRESSO, HÁ 30 ANOS

HÁ 30 ANOS, A ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA ENCHE-SE DE REGRESSADOS DO EXÍLIO. A FESTA ALARGA-SE. O REENCONTRO CONCILIA UM POVO CONSIGO MESMO. MAIS UMA CONSEQUÊNCIA DAQUELE DIA LIMPO, INTEIRO. ERA DIA Era um campo, era o mar e um desejo

de lavar este corpo até ao mar.

E nas casas devassadas, um pomar. Era dia de a noite se acabar

e do sol bater limpo sobre a relva,

como um vento que acaba de chegar. Era Abril de se abrir ruas fechadas.

Era tempo de ser pra outro tempo

com planícies tão verdes, tão buscadas. Era assim o caminho adivinhado

para a margem das margens caminhadas. Era assim o silêncio acordado. Firmino Mendes

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 09:08 AM

O REGRESSO, HÁ 30 ANOS

HÁ 30 ANOS, A ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA ENCHE-SE DE REGRESSADOS DO EXÍLIO. A FESTA ALARGA-SE. O REENCONTRO CONCILIA UM POVO CONSIGO MESMO. MAIS UMA CONSEQUÊNCIA DAQUELE DIA LIMPO, INTEIRO. ERA DIA Era um campo, era o mar e um desejo

de lavar este corpo até ao mar.

E nas casas devassadas, um pomar. Era dia de a noite se acabar

e do sol bater limpo sobre a relva,

como um vento que acaba de chegar. Era Abril de se abrir ruas fechadas.

Era tempo de ser pra outro tempo

com planícies tão verdes, tão buscadas. Era assim o caminho adivinhado

para a margem das margens caminhadas. Era assim o silêncio acordado. Firmino Mendes

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HÁ 30 ANOS, PENICHE!

Francisco Martins Rodrigues, Francisco Viegas Aleixo e Rui D'Epinay HÁ 30 ANOS, ERAM LIBERTADOS OS ÚLTIMOS PRESOS POLÍTICOS! Vale a pena reler "O Século": O SÉCULO Lisboa · Domingo, 28 de Abril de 1974

Peniche: os últimos presos libertados Francisco Martins Rodrigues, Francisco Viegas Aleixo e Rui d'Espinay

Dos 34 detidos de Peniche, libertados ontem de madrugada,- como O SÉCULO noticiou- foram soltos sob compromisso escrito de se manterem em residências fixas na casa dos advogados que constituíram a Comissão de Libertação da Junta ida à Fortaleza.

Todavia por decreto comunicado aos interessados, pelo major Azevedo, ontem, às 20 e 45, foi-lhes concedida a liberdade total. Os três últimos amnistiados são, pois, o dr. Francisco Martins Rodrigues, de 46 anos, Rui Carvalho d´Espinay, de 31, e Francisco Viegas Aleixo, de 59. Os dois primeiros, membros da F.A.P., foram condenados a pena maior de 19 e 17 anos, por terem sido os autores da morte do agente de Segurança Mário Mateus, em Outubro de 1965. O terceiro elemento da L.U.A.R., que participou no assalto ao «Santa Maria», com Henrique Galvão, e também na tentativa de ocupação da cidade da Covilhã, com Palma Inácio, em Agosto de 1968, estava condenado a 19 anos. Ontem, em Peniche, estes três ex-presos políticos foram libertados, sob custódia, às 3 da madrugada, numa operação que teve início às 23 de anteontem, com a chegada da Comissão designada pela Junta de Salvação Nacional. Mais capturas de agentes da D.G.S. Cerca das 17.30, no Rossio, foi reconhecido um vigilante da Cidade Universitária (e agente da D.G.S.). Agredido por dezenas de populares, o homem só não foi linchado, graças à intervenção de dois soldados que o conduziram para uma ambulância. O vigilante, que tem 30 anos, ficou internado no Hospital S. José, sob prisão. No momento em que a ambulância o deixava no banco, verificava-se ali um grande tumulto. Na verdade, havia sido detectado outro elemento da extinta corporação da Rua António Maria Cardoso. Armado com uma pistola Star e uma navalha de ponta-e-mola, o indivíduo- porteiro do Hospital S. José - escondeu-se no interior do edifício. Entre outras actividades, apontam-lhe o facto de, recentemente, ter denunciado um ex-militar que, numa conversa, discordara da continuação da guerra de África. A Polícia Militar encarregou-se da detenção. Inicialmente alguns funcionários do Hospital mostraram-se renitentes em indicar o local onde o porteiro estava escondido, o que provocou a indignação de várias pessoas. Por outro lado, ontem, às 16 horas, renderam-se o chefe e todos os agentes da D.G.S. de Beja, incluindo os que prestavam serviço no posto fronteiriço de Vila Verde de Ficalho. Depois de terem sido revistados e desarmados, ficaram no quartel do Regimento n.º 3, sob a vigilância do comandante Romão Loureiro. Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 12:17 PM

BIBÒ PORTO!

Para a minha filha Sara, alegrando-me com ela: "Bibò FCP!"

Oxalá o FCP seja Campeão Europeu!

E mais: "Os benfiquistas saúdam-vos!"

Comentários: (1) Posted by sopadenabos1 at 04:44 PM

TÚNEL

Uma alegria de última hora: "Tribunal obriga câmara a suspender obra do Túnel do Marquês." Mas a questão não é só legal: a estupidez impera, comprometendo o futuro, enchendo a cidade de inúteis automóveis. Há outros caminhos. Todos o sabemos. Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 04:23 PM

HÁ 30 ANOS, CAXIAS

Lisboa · Sexta-Feira, 26 de Abril de 1974

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Situação dramática na prisão de Caxias Às 22 horas de ontem, a comissão executiva da C. D. E. de Lisboa divulgou a seguinte nota: «O Movimento C. D. E. de Lisboa torna pública a sua profunda apreensão pela situação dos presos políticos encarcerados na prisão do forte de Caxias. Para além de considerar - conforme já divulgou - que a libertação de todos os presos políticos constitui ponto primordial de qualquer programa de actuação para o futuro do País, o Movimento C. D. E . de Lisboa afirma existirem razões para recear pela sorte que quantos pagam, nos cárceres de Caxias, a sua dedicação à luta do povo português. Não existem, até agora, quaisquer informações de que as instalações do forte de Caxias tenham sido libertadas. O Movimento C. D. E. de Lisboa declara que a permanência da prisão de quantos nela se encontram, nas mãos da Pide/D. G. S., constitui um problema cuja solução é dramaticamente urgente. A possibilidade de represálias por parte dos criminosos que preenchem os fileiras da Pide/D. G. S. sobre os prisioneiros de Caxias cria a necessidade da sua defesa. Há vidas em perigo. O Movimento C. D. E. de Lisboa responsabiliza desde já, colectiva e individualmente, a Pide/D. G. S. e os seus membros por tudo o que possa acontecer aos presos de Caxias. O movimento C. D. E. de Lisboa declara condição primordial para o prosseguimento do processo agora encetado a imediata resolução da situação dos presos no forte de Caxias.» (N. da R.) - Ás 2 horas de hoje, a situação na prisão de Caxias ainda não se encontrava esclarecida. O forte continuava guardado por forças da G. N. R. que impediam o acesso ao parque n.º2. Os presos estavam recolhidos nas celas, sendo a iluminação normal. Carros sem qualquer distintivo especial bloqueavam os acessos. As guaritas do reduto norte estavam ocupadas por forças da G. N. R., em posição de tiro.

(in O Século")

Lisboa · Quinta-Feira, 26 de Abril de 1974

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Libertados alguns dos presos de Caxias Ao fim da manhã de hoje, a grande maioria dos oitenta e um prisioneiros de Caxias foram libertados por duas companhias- pára-quedistas e fuzileiros navais- das Forças Armadas. Estranhamente, a Junta de Salvação considerou delitos comuns as acções políticas de alguns dos prisioneiros (Paulo Inácio, entre outros) e decidiu mantê-los nas respectivas celas. A acção foi decidida às primeiras horas da manhã após sistemáticas pressões de alguns dos mais jovens oficiais do Movimento que reclamavam a imediata libertação de todos os presos políticos. Assim às 7 e 50 da manhã uma companhia de pára-quedistas, vindo de Monsanto, comandado pelo capitão Braz chegou às imediações do forte de Caxias. Vinte minutos depois, e sem qualquer resistência uma companhia da GNR acordo com o comando pára-quedista, as forças navais [...] posições do chamado reduto norte do Forte de Caxias, onde se localizavam as celas prisionais. Às 8 e 30 chegava uma companhia de fuzileiros navais chefiada pelo capitão da Marinha, Abrantes Serra. De acordo com o comando pára-quedista, as forças navais montaram novo dispositivo de segurança, exterior ao forte. A acção deste destacamento da Armada tinha como objectivo garantir a segurança dos presos políticos, permitindo assim o ataque às forças da PIDE acantonadas na sede da Rua António Maria Cardoso, que mais tarde viriam a render-se. As duas forças foram aclamadas à chegada ao forte por dezenas de familiares dos presos que (com lágrimas de alegria) esperavam desde ontem a libertação. Às 9 e 15 os dois comandantes das forças destacadas subiram a escadaria que conduz às celas e ordenaram aos guardas prisionais presentes a abertura das primeiras celas. Poucos minutos depois saíam os primeiros detidos entre os quais os nossos camaradas Figueiredo Filipe, Fernando Correia, Albano Lima, Sérgio Ribeiro e Mário Ventura Henriques. Saíram também Saldanha Sanches, José Tengarrinha, Helena Neves, Vítor Dias, Nuno Teotónio Pereira, Gorjão Duarte, Mário Sena Lopes, Pedro Fernandes, e outros. Sucederam-se os abraços e cenas de grande emoção com as equipas de jornalistas presentes na libertação. De algumas janelas das celas alguns dos detidos aguardando a saída, acenavam com lenços vermelhos e de punho bem erguido. Entretanto uma ordem vinda da Junta de Salvação determinava que fossem libertados apenas os prisioneiros políticos». Aqueles que, estiverem a cumprir, também penas de delito comum permaneceriam detidos. Para espanto dos jornalistas presentes- que não podiam compreender a distinção feita entre os prisioneiros de Caxias, todos detidos por razões de ordem política, pois os chamados crimes de delito comum tinham um carácter notoriamente político- os detidos voltaram às respectivas celas até que se apurassem quais permaneceriam e quais sairiam. Assim Palma Inácio, que no primeiro momento da sua saída declarava que isto não signifique apenas a liberdade para nós, mas para todos os portugueses, voltava à cela n.º3 onde se encontrava há seis meses, No Hospital-Prisão de Caxias os heróicos militantes José Magro (20 anos nas prisões fascistas), António Dias Lourenço, Rogério Rodrigues Carvalho e Miguel Camilo (ainda em estado grave), eram informados da libertação pelos familiares que desde a tarde de ontem não arredaram pé do portão principal.

(in "República")

DIA 26 01h30 - A Junta de Salvação Nacional - de que fazem parte o capitão-de-fragata António Rosa Coutinho, coronel Carlos Galvão de Melo, general Francisco da Costa Gomes, brigadeiro Jaime Silvério Marques, capitão-de-mar-e-guerra José Pinheiro de Azevedo e o general Manuel Diogo Neto, ausente do Continente - apresenta-se à Nação, através da Rádio Televisão Portuguesa, lendo uma proclamação e tendo o general António de Spínola como Presidente. c. 07h00 - O tenente-coronel Almeida Bruno desloca-se à Rua Almirante Saldanha, ao Restelo, para solicitar ao ex-Presidente da República, Américo Tomás, que o acompanhe ao aeroporto a fim de embarcar no DC-6 que o conduzirá à ilha da Madeira.

- O tenente-coronel Lopes Pires acompanha ao aeroporto o ex-Presidente do Conselho, Marcelo Caetano e os ex-ministros Silva Cunha e Moreira Baptista. 07h30 - O major Vítor Alves lê, perante a Comunicação Social, a versão definitiva do Programa do MFA. 07h40 - O DC-6 levanta voo da pista da Portela e parte rumo ao Funchal. 09h46 - Na Rua António Maria Cardoso, sede da PIDE/DGS, verifica-se a rendição incondicional daquela polícia política, sendo o edifício ocupado por forças do Exército e da Marinha

c. 10h00 - Rendição do Forte de Caxias.

11h00 - Salgueiro Maia e as forças da EPC ocupam o edifício da Secretariado-Geral da Defesa Nacional, na Cova da Moura, onde a Junta de Salvação Nacional e o MFA passarão a funcionar. 13h00 - Inicia-se a libertação dos presos políticos nas cadeias de Caxias e Peniche.

- Divulga-se o Programa do MFA que havia sido apresentado pelo major Vítor Alves, no Quartel da Pontinha, ao princípio da manhã, depois da 1ª conferência de imprensa da Junta de Salvação Nacional.

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João Rui de Sousa

A ESPERANÇA SEMEADA

(Aos homens do 25 de Abril)

O sangue aqui renasce.

Na terra revolvida

rebentam ervas novas

(as horas más passaram).

O Sol - um outro sol - aqui se inventa

por sobre a lenta

erosão da estrada.

*

Aqui ou nunca.

Ou nada!

A voz aqui rebenta

e é não mais calada.

*

Por novas leis se fundam

de fibra as pulsações:

o corpo-a-corpo antigo a antiga pele

não mais hão-de pisar

a esperança semeada.

*

Ardentes leivas vivas avivaram

nossa canção maior.

Um girassol prossegue.

Renasce o sangue aqui

em flores de dádiva.

João Rui de Sousa

(in «O Setubalense", 18.11.1974; in "Abril", Abril de Abril, 1999) Poeta e ensaísta, nasceu em Lisboa em 1928. Co-dirigiu, em 1955, a revista Cassiopeia. Representado em grande número de antologias e volumes colectivos, teve responsabilidades na organização e apresentação de alguns volumes como Fotobiografia de Fernando Pessoa e Poesia Completas de Adolfo Casais Monteiro. Algumas das suas principais obras: Ensaio: Fernando Pessoa – Empregado de Escritório (1985) e António Ramos Rosa ou o Diálogo com o Universo (1988) Poesia: A Hipérbole na Cidade (1960), Meditação em Samos (1970), O Fogo Repartido (1983), Sonetos de Cogitação e Êxtase (1994) e Respirar pela Água (1998, com pinturas de Carmo Pólvora).

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POEMA "EFÍGIES"

EFÍGIES

1

Do juízo da mãe, nada sabíamos

É verdade que nos armadilhavam o nome

e às portas do aquartelamento

nos postavam com a cabeça a tiracolo

A pátria existe, na carne

Esta boca já visitou

os mais íntimos lugares da terra

E viu, então

a terra gangrenava

Outras vezes saíamos a pé

os ombros municiados de silêncio

e mais adiante mostravam-nos

as civilizações

Quase todos morriam esquartejados de fome

(este povo persegue a liberdade e com ele pouco mais

que a noite em seu avanço de asa)

2

Não sei mais ser um homem

e contudo adormeço

O dia ferve sobre o clamor das fardas

e as fardas engordam

Não sei mais sobre a ruína

da casa não

Na fronte a unção da terra

a arma, o dólman

guardando dentro o coração

Para a morte tornaram os rastos transitáveis

ia dizer as mãos, camaradas

Que as mãos chegam de novo para a ceia

voltam-se crispadas de febre

O ombro devoluto, senão mesmo: o estômago

moendo vidro

O dever de um retrato

meu pai (de pé) emoldurado de terra

Vergílio Alberto Vieira

Vergílio Alberto Vieira nasceu em Amares, distrito de Braga. Formou-se em Letras pela Universidade do Porto, tendo exercido a docência em várias escolas do país. É conhecido como poeta, crítico literário e autor de obras para crianças. Na poesia publicou, entre outras, as seguintes obras: As Sequências de Pégaso (1990); O Caminho da Serpente (1992); A Imposição das Mãos (1999), Cidade Irreal e Outros Poemas (2003). No âmbito do ensaio e da crítica literária, publicou: Os Consentimentos do Mundo (1993); A Sétima Face do Dado (2000). Em prosa, tem ainda: A Invenção do Adeus (diário, 1994) e Navio de Fogo (ficção, 1993). Publicou também um volume sobre oficinas de escrita: As Palavras são como as Cerejas. No âmbito da literatura para crianças, destacam-se as seguintes obras: A Semana dos Nove Dias (1988); Histórias dos Pés à Cabeça (narrativa, 1989); O Livro dos Enganos (2001); A Cor das Vogais (1991); Histórias de lhe Tirar o Chapéu (1992); O Livro dos Desejos (poesia, 1994); O Saco das Mentiras (teatro, 1999); Do Alto do Cavalo Azul (poesia, 2000), O Peixinho Folha-de-Água (narrativa, 2000), O Livro dos Enganos (narrativa, 2002), O Circo de Papel (teatro, 2003). Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 12:02 AM

25 DE ABRIL, SEMPRE !

TRAZ OUTRO AMIGO TAMBÉM Amigo

Maior que o pensamento

Por essa estrada amigo vem

Não percas tempo que o vento

É meu amigo também Em terras

Em todas as fronteiras

Seja benvindo quem vier por bem

Se alguém houver que não queira

Trá-lo contigo também

Aqueles

Aqueles que ficaram

(Em toda a parte todo o mundo tem)

Em sonhos me visitaram

Traz outro amigo também José Afonso

CANTO MOÇO Somos filhos da madrugada

Pelas praias do mar nos vamos

À procura de quem nos traga

Verde oliva de flôr no ramo

Navegamos de vaga em vaga

Não soubemos de dor nem mágoa

Pelas praias do mar nos vamos

À procura da manhã clara Lá do cimo duma montanha

Acendemos uma fogueira

Para não se apagar a chama

Que dá vida na noita inteira

Mensageira pomba chamada

Companheira da madrugada

Quando a noite vier que venha

Lá do cimo duma montanha

Onde o vento cortou amarras

Largaremos pela noite fora

Onde há sempre uma boa estrela

Noite e dia ao romper da aurora

Vira a proa minha galera

Que a vitória já não espera

Fresca brisa, moira encantada

Vira a proa da minha barca José Afonso

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 09:40 AM

ERA DIA

ERA DIA Era um campo, era o mar e um desejo

de lavar este corpo até ao mar.

E nas casas devassadas, um pomar, Era dia da noite se acabar

e do sol bater limpo sobre a relva,

como um vento que acaba de chegar. Era Abril de se abrir ruas fechadas.

Era tempo de ser pra outro tempo

com planícies tão verdes, tão choradas. Era assim o caminho adivinhado

para a margem das margens caminhadas.

Era assim o silêncio acordado. Firmino Mendes

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 07:22 AM

ARRE, PORRA !

ARRE, PORRA! Olha o r de rolha, olha o balão

a rasurar a nuvem rente ao mar!

Ó rapador de sonhos por sonhar,

quem te rapou a cuca de pensar? Quem nos ratou o r de remar

para a terra do riso sempre aberto

e quis pôr longe o cravo que está perto? Arre, porra, ideólogos de um cabrão,

que ferrais nos que vivem sem amarras,

à espera que adormeçam sem tesão! Essa treta de querer mudar a história

E fazer um país em redução

sem rios a correr e sem memória

é própria de quem ferra rente ao nada

e berra para trás a ver se agarra

a merda que o fascismo lhes deixou! Firmino Mendes

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ABRIL COM "R"

Abril com "R" «Trinta anos depois querem tirar o r

se puderem vai a cedilha e o til

trinta anos depois alguém que berre

r de revolução r de Abril

r até de porra r vezes dois

r de renascer trinta anos depois Trinta anos depois ainda nos resta

da liberdade o l mas qualquer dia

democracia fica sem o d.

Alguém que faça um f para a festa

alguém que venha perguntar porquê

e traga um grande p de poesia. Trinta anos depois a vida é tua

agarra as letras todas e com elas

escreve a palavra amor (onde somos sempre dois)

escreve a palavra amor em cada rua

e então verás de novo as caravelas

a passar por aqui: trinta anos depois.»

Manuel Alegre

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25 de ABRIL

No dia 25 de Abril de 1974, pelas 00 horas e 20 minutos, a transmissão da canção "Grândola Vila Morena" de José Afonso, no programa "Limite" da Rádio Renascença, é a senha escolhida pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), como sinal confirmativo de que as operações militares se encontram em marcha e são irreversíveis. Na véspera, dia 24 de Abril, a canção "E Depois do Adeus", interpretada por Paulo de Carvalho, transmitida aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa, pelas 22h 55m, marcava o início das operações militares contra o regime. No dia 25 de Abril de 1974, pelas 00 horas e 30 minutos são ocupadas as instalações da Rádio Televisão Portuguesa, da Emissora Nacional, da Rádio Clube Portuguesa, do Aeroporto de Lisboa, do Quartel General, do Estado Maior do Exército, do Ministério do Exército, do Banco de Portugal e da Marconi, locais estratégicos considerados fundamentais. Pelas 4 horas e 20 minutos, é difundido pelo Rádio Clube Português, o primeiro comunicado ao país do Movimento das Forças Armadas (MFA).

Duas horas depois, Forças da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, estacionam no Terreiro do Paço. Às 13 horas e 30 minutos, as forças para-militares leais ao regime, começam a render-se. A Legião Portuguesa é a primeira. Pelas 14 horas, inicia-se o cerco ao Quartel do Carmo. Dentro do Quartel estão refugiados Marcelo Caetano, Presidente do Conselho e dois Ministros do seu gabinete. No exterior, no Largo do Carmo e nas ruas vizinhas, juntam-se milhares de pessoas. Às 16 horas e 30 minutos, terminado o prazo inicial para a rendição, anunciado por megafone pelo Capitão Salgueiro Maia, oficial que comandava o cerco e após algumas diligências feitas por mediadores civis, Marcelo Caetano faz saber que está disposto a render-se e pede-se a comparência no Quartel de um oficial do MFA de patente não inferior ao coronel. Uma hora depois, o General Spínola, mandatado pelo MFA, entra no Quartel do Carmo para negociar a rendição do Governo. O Quartel do Carmo iça a bandeira branca.

Marcelo Caetano rende-se às 19 horas e 30 minutos. A chaimite BULA, entra no quartel para retirar o Presidente do Conselho e os Ministros que o acompanham, conduzindo-os à guarda do MFA ao Posto de Comando do Movimento, no Quartel da Pontinha. Meia hora depois, alguns elementos da PIDE/DGS disparam sobre manifestantes que começavam a afluir à sua sede, na Rua António Maria Cardoso, fazendo 4 mortos e 45 feridos. No dia 26 de Abril, à 1 hora e 30 minutos, a Junta de Salvação Nacional apresenta-se ao país perante as câmaras da RTP. Pelas 7 horas da manhã, por ordem do Movimento das Forças Armadas, cujo Posto de Comando se encontra instalado no regimento de Engenharia 1, na Pontinha, o Presidente do Conselho, Marcelo Caetano, o Presidente da República, Américo Tomás e outros elementos ligados ao antigo regime, são enviados para a Madeira. Às 9 horas e 30 minutos, a PIDE/DGS rende-se, após conversa telefónica entre o General Spínola e Silva Pais, director daquela polícia política. No dia seguinte, 27 de Abril, são libertados os presos políticos das cadeias de Caxias e Peniche. É apresentado ao País o Programa do Movimento das Forças Armadas. No dia 29 de Abril, regressa a Portugal, à estação de Stª Apolónia, o líder do Partido Socialista (PS), Dr. Mário Soares. No dia seguinte, regresa a Portugal, ao Aeroporto de Lisboa, o líder do Partido Comunista (PCP), Dr. Álvaro Cunhal. A manifestação do primeiro de Maio, dia do Trabalhador, reúne em Lisboa cerca de 500.000 pessoas. Outras grandes manifestações decorreram nas principais cidades do país. No dia 16 de Maio dá-se tomada de posse do 1º Governo Provisório presidido pelo Dr. Adelino da Palma Carlos. Deste governo fazem parte, entre outras figuras, o Dr. Mário Soares, o Dr. Álvaro Cunhal e o Dr. Francisco Sá Carneiro, líder do Partido Popular Democrático (PPD). As primeiras eleições livres, realizaram-se a 25 de Abril de 1975. Num acto eleitoral com uma taxa de participação de 91.7%, os portugueses elegeram a Assembleia Constituinte, incumbida de elaborarem e aprovar a Constituição da República. A 2 de Abril de 1976, a Assembleia Constituinte aprovou a Constituição da República.

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PRIMAVERA

PRIMAVERA

Roto sossego em que os perfis se amassem

ou de gaiola fingem, pipilando...

Ó cavalões do medo,

a chuva passa,

agente passa,

sem que ninguém saiba do enredo

e da desgraça.

(O suco da corola é que porém

avisa para sempre que na praça

passa alguém.)

Mas neste riso coxo e saltitado,

mas nesta melopeia menopausa,

mas no senhor por grosso e atacado,

aí resiste e louca existe a causa

pela qual virá uma andorinha

até à vossa orelha, onde se aninha.

Pedro Tamen

(in «Poemas a Isto", 1962; in "Abril", Abril de Abril, 1999)

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ABRIL DE ABRIL

Abril de Abril

Era um Abril de amigo Abril de trigo

Abril de trevo e trégua e vinho e húmus

Abril de novos ritmos novos rumos.

Era um Abril comigo Abril contigo

ainda só ardor e sem ardil

Abril sem adjectivo Abril de Abril.

Era um Abril na praça Abril de massas

era um Abril na rua Abril a rodos

Abril de sol que nasce para todos.

Abril de vinho e sonho em nossas taças

era um Abril de clava Abril em acto

em mil novecentos e setenta e quatro.

Era um Abril viril Abril tão bravo

Abril de boca a abrir-se Abril palavra

esse Abril em que Abril se libertava.

Era um Abril de clava Abril de cravo

Abril de mão na mão e sem fantasmas

esse Abril em que Abril floriu nas armas.

Manuel Alegre

(in «Atlântico», 1981; in "Abril", Abril de Abril, 1999)

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POEMAS DO DIA

CRISTAL cresce o melro no ovo e dentro do ninho a combustão do universo o que é de agora não é a pausa pois o tempo tem pressa de ser tudo em simultâneo e desce o regato côncavo onde meninas tomam banho à magra estação de schindler os dias continuam a nascer e dentro do ninho cresce o melro no ovo

AVÓ EM TELHADO DE COLMO fazia o tapete de retalho quase cega por já não ser outrora um rio bravo, o seu riacho o tapete tecido com retalhos de carinho aquecia um quarto e a velhinha sabia do seu tear dependia aquela casa e toda a sabedoria do planalto (in "O Templo Móvel", Col. Autores da Madeira, Campo das Letras, 2002) *

São Moniz Gouveia (n. Madeira, 1967; tendo recentemente adoptado o nome Laura), a frequentar estudos superiores, reside regularmente entre o Funchal e Pisa (Itália), tendo integrado a colectânea "Poeti Contemporani dell'Isola di Madera", organizada por Giampaolo Tonini, em 2001. Revelou-se com "11 Poemas de Crisálida", na "Ilha 4" (CMF, 1994), dirigida por José António Gonçalves, tendo ainda participado nas obras colectivas "Poet'Arte 90" e "Vers'Arte 91", entre outras. Tem colaboração dispersa em diversas revistas e jornais ("JL-Jornal de Letras", "Islenha", "Margem", "Diário de Notícias" do Funchal, "Tribuna da Madeira", entre outras). "Cartas para um Tenente" (com prefácio e direcção editorial de José António Gonçalves) representou a sua primeira edição individual, na Colecção "Cadernos Ilha", nº. 8, 1996, após o que publicou "O Templo Móvel", na Colecção "Autores da Madeira" da Editorial "Campo das Letras" (2002), "Lupus in Fabula" (Colecção "Livros de Cordel", nº. 10, 2002) e "A Musa das Coisas Pequenas", Colecção "Terra à Vista", nº.2, "Arguim", 2002). Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 01:15 PM

UM ADEUS PORTUGUÊS

Para alguns, o poema de Alexandre O'Neill ( 1924 - 1986 ) "UM ADEUS PORTUGUÊS" é o melhor poema da nossa literatura, no século XX. Para mim, é com certeza um dos maiores poemas de amor e, quantas vezes, nos momentos translúcidos da memória, dou comigo a soletrar os versos finais do poema: "(...) como um adolescente / tropeço de ternura / por ti." Este é, com certeza, um rio onde vale a pena mergulhar e reconstruir o amor. A aura biográfica leva-nos a uma paixão: ali, a França; aqui, a prisão. Em tempos de "apagada e vil tristeza", vale a pena escostar estrofes ao peito e saudar, com palavras e música, a vida leve. O amor purifica o ar. UM ADEUS PORTUGUÊS Nos teus olhos altamente perigosos

vigora ainda o mais rigoroso amor

a luz de ombros puros e a sombra

de uma angústia já purificada Não tu não podias ficar presa comigo

à roda em que apodreço

apodrecemos

a esta pata ensanguentada que vacila

quase medita

e avança mugindo pelo túnel

de uma velha dor Não podias ficar nesta cadeira

onde passo o dia burocrático

o dia-a-dia da miséria

que sobe aos olhos vem às mãos

aos sorrisos

ao amor mal soletrado

à estupidez ao desespero sem boca

ao medo perfilado

à alegria sonâmbula à vírgula maníaca

do modo funcionário de viver Não podias ficar nesta cama comigo

em trânsito mortal até ao dia sórdido

canino

policial

até ao dia que não vem da promessa

puríssima da madrugada

mas da miséria de uma noite gerada

por um dia igual Não podias ficar presa comigo

à pequena dor que cada um de nós

traz docemente pela mão

a esta pequena dor à portuguesa

tão mansa quase vegetal Não tu não mereces esta cidade não mereces

esta roda de náusea em que giramos

até à idiotia

esta pequena morte

e o seu minucioso e porco ritual

esta nossa razão absurda de ser Não tu és da cidade aventureira

da cidade onde o amor encontra as suas ruas

e o cemitério ardente

da sua morte

tu és da cidade onde vives por um fio

de puro acaso

onde morres ou vives não de asfixia

mas às mãos de uma aventura de um comércio

puro

sem a moeda falsa do bem e do mal * Nesta curva tão terna e lancinante

que vai ser que já é o teu desaparecimento

digo-te adeus

e como um adolescente

tropeço de ternura

por ti.

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BAILE

Auguste Renoir

Bal au moulin de la Galette, Montmartre Esta obra é, sem dúvida, a mais importante de Renoir, em meados de 1870, e foi exposta em 1877. Apesar do pintor ter escolhido alguns dos seus amigos para esta representação, o mais importante poderá ser a atmosfera feliz deste momento, em Butte Monmartre. O estudo da multidão em movimento numa luz natural e artificial, ao mesmo tempo, é feito com manchas vibrantes e coloridas. O sentimeto de uma certa dissolução das formas foi uma das causas das reacções negativas das críticas da época. Este quadro, pelo assunto ancorado na vida parisiense contemporânea, o estilo inovador, signo da ambição do percurso de Renoir, é uma das obras-primas dos inícios do impressionismo.

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SILÊNCIO

Gustave Le Gray

Mer Méditerrannée, Mont Agde

1856

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 12:09 AM

EXECUÇÃO DE ISRAEL

Israel, continuamente terrorista, fez hoje mais uma execução: Addel Aziz Rantisi, dirigente do Hamas. Com ele, foram, ainda, assassinados, o filho e um guarda-costas. Não vale a pena discutir mais sobre este terrorismo que envergonha a humanidade.

As execuções programadas por Israel, como os atentados perpetrados pelos suicidas palestinianos, são crimes terroristas.

Igualam-se no terror.

Israel, que se diz democrata, aproveita esta atenção mundial voltada para o Iraque, aproveita, ainda, o silêncio cúmplice de G. W. Bush e exercem justiça directa, sem julgamento, sem direito, sem prisão.

Sharon é, de facto, terrorista e deveria ser julgado como tal. Lemos as últimas notícias: americanos, com lágrimas de crocodilo, que dizem a Israel para "avaliarem as consequências"; a Itália, como toda a União Europeia, condenando a "prática da execução" que contribui "para alimentar a espiral do ódio e da violência, em vez de reduzi-la".

O mundo condena.

Os tribunais esperam.

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 10:19 PM

TRÊS NOTAS A uma semana do 25 de Abril, fixemo-nos, apenas, em três breves apontamentos do que "falta cumprir", em Portugal: 1. Educação:

Basta citar Manuela Teixeira( Expresso, 17.04.04, p.21), secretária-geral da FNE (Federação Nacional dos Sindicatos da Educação), agora em momento de saída, após quase 30 anos de sindicalismo, militante do PSD:

- "David Justino, à excepção do concurso para professores, nada fez nestes dois anos." - "Ele (o Ministro da Educação actual) devia seguir o conselho que Cavaco dá no seu livro: primeiro façam e depois anunciem." - "Nunca tive grandes expectativas e sempre achei que tinha um discurso perverso e demagógico sobre o sistema educativo." 2A uma semana dos 30 anos do 25 de Abril, fixemo-nos no presente e em três apontamentos do muito que "falta cumprir", em Portugal:. Saúde

Basta citar mais um escândalo, revelador das cumplicidades trágicas entre a Saúde, como um direito dos cidadãos, e a promiscuidade trágica do Ministério com as empresas privadas. Como se a privatização ou empresarialização ou outra coisa qualquer, que inclua venda dos doentes ao bolso privado, fosse a solução para um país carenciado: - "O ministro e o secretário de Estado da Saúde têm telemóveis da empresa à qual querem comprar 40 milhões de euros de equipamento." ( Expresso, 17.04.04, p.2)

3. Emigração

Basta citar um excerto de um comunicado da FAPF (Federação das Associações Portguesas de França): "A Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas decidiu reduzir, em cerca de 75% ,os já magros subsídios atribuídos à nossa Federação. Estes subsídios diziam respeito a projectos em curso, sobre a promoção da língua portuguesa, a participação dos portugueses na vida local e a dinamização e federação do movimento associativo português em França." Mais, ainda: "O Fonds d'Action Social (FAS), organismo do Estado francês e principal financiador dos projectos culturais da nossa Federação, decidiu bruscamente marcar ainda mais o seu afastamento. Em vez dos 5% que anualmente nos retirava do subsídio global (C.A./FAS-18/6/1999), em 2003 passou a retirar cerca de 30%, sem qualquer informação prévia à nossa federação. Contestámos esta decisão junto do Director do FAS. A resposta vinda de Paris foi fria e lapidar: O FAS “ a exclu le financement des activités liées à la promotion de la langue et de la culture portugaises ” ("... excluiu o financiamento das actividades ligadas à promoção da língua e da cultura portuguesas..."). Mas esta falta de apoio à "língua e cultura portuguesas" pelo governo francês, leva-nos a outro exemplo de partidarização: Existe, em França, outra federação de emigrantes (CCPF- Coordination des Colectivités Portugaises en France), próxima do PSD e, essa sim, recebeu dezenas de milhares de euros do Secretário de Estado das Comunidades. "A arbitrariedade e a injustiça flagrantes de que é vítima a Federação das Associações Portuguesas em França, não vai ficar no segredo dos deuses, dos ministérios ou dos salões nobres da embaixada!", escreve José Machado, da FAPF, na imprensa francesa..

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 05:44 PM

GRÂNDOLA, VILA MORENA

Grândola, vila morena

Terra da fraternidade

O povo é quem mais ordena

Dentro de ti, ó cidade Dentro de ti, ó cidade

O povo é quem mais ordena

Terra da fraternidade

Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo

Em cada rosto igualdade

Grândola, vila morena

Terra da fraternidade Terra da fraternidade

Grândola, vila morena

Em cada rosto igualdade

O povo é quem mais ordena À sombra duma azinheira

Que já não sabia a idade

Jurei ter por companheira

Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade

Jurei ter por companheira

À sombra duma azinheira

Que já não sabia a idade

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 02:16 PM

JOSÉ AFONSO

Vale a pena ler a última VISÃO (n.º 580, de 15 a 21 de Abril) que mais não seja pelo caderno especial "Os Dias da Liberdade". Reparem neste excerto de um texto inédito de José Afonso:

"Na madrugada de 25 de Abril de 1974, não ouvi a rádio passar a Grândola como senha do movimento. Soube desse facto através de um indivíduo chamado Mário Reis, que mo contou por volta das 6 ou 7 horas da manhã. Havia, então, como se sabe, uma grande caça aos antifascistas, e eu, que tinha fugido de casa por raz~oes muito concretas, encontrava-me nessa noite em casa de um amigo. Fiquei então a escutar a rádio, ouvi as comunicações pedindo às pessoas que não saíssem à rua. Resolvi fazer exactamente o contrário: ao fim de duas horas, saí, e andei quatro dias e quatro noites fora de casa. Como homem e como português, senti uma emoção inegável. Quanto à Grândola, com o tempo, habituei-me à ideia de que a canção já não era minha - era uma canção colectiva."

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 10:05 AM

A MAMA

Os números vão saindo para dessasossego deste desgoverno: "Desde que tomou posse, a coligação PSD/PP já fez 5900 nomeações de confiança política para altos cargos públicos, aproximando-se vertiginosamente dos totais de Guterres, que em seis anos deu "tacho" a 8884 "boys"..." ( FOCUS, 14 de Abril, de 2004, p. 26)

E pormenores desta desbunda, depois da promessa de Durão de limpar o compadrio e o nepotismo? 1. Bagão Félix deu "jobs" a 630 "boys"; 2. Paulo Portas ( que ganha 4 500 euros + 1 800 euros de ajudas) deu tachos sublimes: a Pedro Guerra (4 800 euros), a Miguel Guedes (4 800 euros), a Bernardo Carnal (8 00 euros)... 3. Luís Filipe Pereira já fez 450 nomeações, na Saúde; 4. Celeste Cardona com mais de 240 nomeações, onde vale a pena salientar um "boy" de 30 anos a ganhar 5 541 euros (tanto como um juiz-conselheiro) e um outro" boy", de 29 anos, com 5380 euros por mês; 5. Dos 5 900 "boys", 1 600 são "pessoal de gabinete"; 2 500 são dirigentes ou quadros intermédios da Administração Pública; 1 000 foram nomeados para "órgãos consultivos ou de fiscalização" e 650 para "grupos de trabalho ou equipas de missão" (estes eufemismos!); 6. A estes 5 900 "boys" poderemos, ainda, junta as nomeações de quadros de grandes empresas públicas ou de administradores para os hospitais-empresas; 7. Escreveu Marcelo Rebelo de Sousa: " A partidarização do aparelho de Estado está além do que é razoável." (cf. Focus, p. 30):

CONCLUSÃO: JÁ SÃO MAIS DE 5900 "BOYS" A MAMAR NO APARELHO DE ESTADO! E O QUE PROMETEU DURÃO? TRANSPARÊNCIA, CONCURSOS PÚBLICOS, LIMPEZA DOS PARASITAS PARTIDÁRIOS! OS SACRIFÍCIOS SÃO SÓ PARA ALGUNS. o DESEMPREGO É SÓ PARA QUEM TRABALHA! A DEMOCRACIA FRAGILIZA-SE COM ESTE ATAQUE À MESMA TETA.

; Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 12:38 PM

TRABALHO INFANTIL

Para pensar e agir: No mundo há 250 milhões de crianças que trabalham. Como esta.

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 04:49 AM

JULGAMENTO

Um dia, quando houver Justiça, serão julgados,

num qualquer Tribunal Penal Internacional,

por crimes contra a Humanidade. Por serem responsáveis por milhares de mortes,

por terem retirado os direitos fundamentais

a milhares de seres humanos. Claro que não estarão sós no julgamento:

terão ao lado mil outros responsáveis

por mil outras prisões e assassínios. Será engraçado ver, lado a lado, com o mesmo

ar inocente, ditadores como Saddam e Fidel,

Kim il Sung e Pinochet, Faiçal e Jorge Videla. E todos os da China, representados por Hu Jintao.

(E o Nepal e o Tibete e a Mongólia? E a pena de morte

com bala a ser paga pela família dos assassinados?) Quem mandou fuzilar ou prender sem julgamento?

Quem mandou torturar, cremar, humilhar?

Quem manda construir muros de vergonha?

E, depois, haver tantos outros, a título póstumo,´

para que o julgamento não tenha fim e a Humanidade

tome consciência de que a sua História está atravessada por milhões de gritos inocentes,

por milhões de pessoas que nos atravessam o sangue:

os que ainda plantam rosas no Jardim dos Direitos Fundamentais.

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 03:37 AM

PALESTINA

PALESTINA Podem pisar-te como à erva ruim

E dizer que essa terra não é tua,

Podem matar os teus, sacrificar-te,

Pretendendo que o teu reino é o da lua,

Podem forças obscuras conjurar-se

P'ra roubar o que desde sempre te cabia,

Podem queimar-te e arrasar-te

Mas não negar a luz do dia.

Podem erguer um muro de mentira

Para deter os ventos do deserto

Mas eles amam-te e são teus

Sempre voltarão e hão-de ficar perto.

Teus filhos hão-de saber salvar-te,

Terra mártir, altiva e beduína,

E a meiga pomba da paz e da alegria

Pousará, de novo, em ti, Ó Palestina.

Adalberto Alves

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 12:10 PM

MISAH GORDIN

Quando o mundo cansa, quando as notícias

parecem chegar do mesmo lado ou da mesma

gruta obscura onde se agitam os pesadelos Quando o futuro cai como uma faca sobre as rosas

e se adivinha uma estrada sem saída ou um inverno

inteiro para cobrir de vez as ervas tenras da savana Chega a música que unifica todas as artes. E regressamos

a casa, ao trabalho, às longas caminhadas ou ao pensamento

débil que permite, ainda, a névoa de manhã e orvalho no jardim

Fotografias de Misha Gordin, que podem ser vistas na Periférica, uma das revistas quepode perturbar os dias de cinza. «Em vez de fotografar realidades existentes, decidi fotografar as minhas próprias realidades imaginárias. Comecei a fotografar conceitos. O processo é semelhante à encenação de uma peça de teatro. Começa com uma ideia (argumento) e depois é preciso encontrar o local (palco) e os modelos (actores) apropriados; há que tomar decisões quanto à iluminação e ao guarda-roupa, tirar fotografias preliminares (ensaios) antes do dia da verdadeira sessão fotográfica (a noite de estreia). Tem muitas semelhanças não só com o teatro, mas também com o cinema, a poesia, a pintura, a escultura e a música. Todos começam por um conceito e depois seguem-se o guião ou a composição, os esboços, as afinações... E todos reflectem possíveis respostas às maiores questões que se colocam a alguém: nascimento, vida e morte. Mas a fotografia tem uma vantagem: a sua verosimilhança. Nós temos uma tendência subconsciente para acreditar que aquilo que vemos fotografado tem de existir.»

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 05:07 PM

BUSH

Para além de mentiroso, que outros adjectivos serão aplicáveis a G. W. Bush?

Vale a pena repetir a visita aqui e aqui ou aqui. Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 03:16 AM

L O N G E

"Eu vim de longe, de muito longe... O que eu andei prà 'qui chegar! Eu vou pra longe, pra muito longe, onde nos vamos encontrar... com o que temos pra nos dar!" José Mário Branco

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 07:54 PM

CARTA A UM AMIGO

Meu caro amigo, reescreves a notícia, com evidente orgulho : "O Primeiro-Ministro anunciou, em 6 de Abril, no final da reunião do Conselho de Ministros que assinalou o segundo aniversário da tomada de posse do Governo, que o Plano Nacional de Prevenção do Abandono Escolar, destinado a reduzir, até 2010, a taxa de saída precoce das escolas para menos de metade, vai avançar. «Queremos, até 2010, reduzir para menos de metade a taxa de abandono escolar na escolaridade de nove anos, que hoje se situa nos 2,7%», declarou Durão Barroso, acrescentando que a medida visa prevenir também as saídas precoces nos casos da escolaridade de 12 anos, cuja percentagem se cifra nos 44,8%." Fico a pensar como não és capaz de te rir! Retira os partidarismos e sê livre pensador ou pensa livremente! 1. Até 2010 ? Até eu, só por inércia, sem fazer absolutamente nada, conseguiria fazer isso! Como? Há diminuição da população escolar e há aumento necessário, independentemente da nossa vontade, dos "skills" motivadores para uma escolaridade básica terminada. Parece-me tão evidente que me rio, com a minha experiência de 30 anos de ensino, ao longo de todo o país! 2. E perguntas bem: por que fazem de nós tão ingénuos? Porque é necessário prometer qualquer coisa de irremediavelmente certo e sem esforço, para apagar esta mediania sensaborona em que o Governo está atolado. 3. E por que somos todos tão ingénuos, a ponto de nos quererem comer as papas na cabeça? Porque há muita falta de cultura, muita iliteracia, muito analfabetismo e, ainda, um preconceito, revivido do salazarismo mais torpe, de que "os estudantes são uns malandros". 4. Fico triste por pensar que pode haver alguém que acredita neste "desvio para a frente", como tu acreditas, meu querido amigo. E o resto? E a saúde para 2010? E o apanhar o comboio dos nossos irmãos europeus, também em 2010? E tudo o mais para 2010? Lembras-te do W. Bush prometer aos americanos a chegada a Marte em 2030? E se tu e eu prometêssemos aos portugueses a chegada a Marte antes dos americanos? Por que não ? Ganharíamos eleições? Duvido. Os portugueses são analfabetos e iliteratos mas não são burros, não achas?

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 04:58 PM

25 DE ABRIL

LEMBRÁ-LO S E M P R E Como quem recorda uma infância feliz Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 06:37 PM

O LOBO CHORA

Até os lobos ibéricos, de olhos inocentes, parecem chorar

com o estado a que este governo levou Portugal. E o lindo lobo diz, nos seus prantos, que a desculpa já não pega. E o lindo lobo de olhos inocentes pede poucos neurónioss a funcionar

para sermos capazes de atingir

o que os números não desmentem: este governo levou o país para índices de 1997

e ameaça afundá-lo, tanta é a incompetência que revela! Mais dúvidas? E os "JOBS FOR THE BOYS" ? O "Jornal de Negócios" acaba de publicar que "foram feitas 2824 nomeações no aparelho de Estado desde que o Governo chefiado por Durão Barroso tomou posse, 1140 das quais directamente nos ministérios e secretarias de Estado, sendo que destas, 315 vieram de fora da função pública" (cf. Público, hoje, p. 14). Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 05:59 PM

UM ANO DEPOIS

Estará o mundo mais seguro? Haverá menos terrorismo ? Os iraquianos estarão melhor ?

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 02:44 AM

QUE GOVERNO!

Estamos sossegadíssimos e quase maravilhados com o tempo solarengo, quando nos cai a repetição das más notícias. Abandona-se o livro e a praia, a esplanada e o céu azul, a televisão e a musiquinha. E vamos para a cama. Porque só a dormir poderemos esquecer este desgoverno de Portugal. Tão mal é impossível!

E qual a NOTÌCIA ?

PIB NACIONAL CAÍU PARA NÍVEIS DE 1997 Portugal é o país mais pobre da União Europeia e a tendência é para que haja

um agravamento da situação. Haverá um retrocesso na riqueza nacional face à média europeia para um

patamar próximo do de 1997. As previsões da Primavera da Comissão Europeia

mostram que o PIB ‘per capita’ português será, em 2005, de 67,5% da média da

União Europeia. Portugal é assim ultrapassado pelos gregos que terão, em

2005, um PIB ‘per capita’ que corresponde a 75,9% da média da europeia, mais

8,4 pontos percentuais do que Portugal. A Comissão salienta ainda a

derrapagem no défice orçamental e que a retoma económica será lenta mas

sustentada. (Para obter mais informação, consulte a edição em papel do

Diário Económico). (DIÁRIO ECONÓMICO, Economia, Sexta, 9 de Abril de 2004)

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 02:08 AM

TOURADAS

A notícia aí está:

"A Câmara Municipal de Barcelona aprovou uma resolução onde condena as touradas e declara a cidade como a primeira em Espanhaa opor-se à 'fiesta', que tem tradições seculares no país." Contada, ninguém acreditaria. Ainda mais:

"No Verão passado, o parlamento regional catalão proibiu que as crianças abaixo dos 14 anos assistissem a touradas, o que fez com que esta região fosse a primeira em Espanha a afastar os mais pequenos das arenas." (Público, 08.04.04) Barcelona na vanguarda.

Quando ainda é tempo de ir ver a retrospectiva de Tàpies no MACBA.

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 05:35 PM

Ainda SAINT-EX

Ao largo de Marselha, lá estavam os destroços do avião que o autor de "O PRINCIPEZINHO" pilotava.

Tinha a matrícula militar 42-68223. Era um dia 31 de Julho de 1944, uma quarta-feira e o autor de "O Voo Nocturno", partia, sem regresso, para uma missão de reconhecimento, visando preparar a entrada dos Aliados na Provença. Quase sessenta anos depois, eis os despojos de um acidente que ajudou a aumentar o mito. O enigma da sua morte aí estava. Até este dia 7 de Abril de 2004, em que o Departamento Arqueológico (Drassm) anuncia o reencontro com um avião que deverá ter caído na vertical, a grande velocidade. Como aquela em que vivia o interplanetário Principezinho.

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 06:53 PM

SAINT-EXUPÉRY

Apareceram os destroços do avião de Antoine de Saint-Exupéry(1900-1944), autor de "O Principezinho". Nascido em Lyon (onde o F.C. do Porto hoje jogará), a sua morte permaneceu um enigma. A descoberta, no Mar Mediterrâneo, dos destroços do avião que pilotava, vem trazer alguma luz sobre aquele dia fatal de 31 de Julho de 1944. Aproximava-se o fim da Guerra e a vitória dos Aliados, que Saint-Exupéry não verá.

Para sempre ficaram as sua obras, sendo "O Principezinho" uma das mais lidas em todo o mundo.

Recordemos o início de "Le Petit Prince": Lorsque j'avais six ans j'ai vu, une fois, une magnifique image, dans un livre sur la Forêt Vierge qui s'appelait "Histoires Vécues". Ça représentait un serpent boa qui avalait un fauve. Recordemos o início de "O Principezinho": Quando eu tinha seis anos, vi, uma vez, uma magnífica imagem, num livro sobre a Floresta que se chamava "Histórias Vividas", que representava uma serpente a engolir uma fera. E o fim: Ça c'est pour moi, le plus beau et le plus triste paysage du monde. C'est le même paysage que celui de la page précédente, mais je l'ai dessiné une fois encore pour bien vous le montrer. C'est ici que le petit prince a apparu sur terre, puis disparu. E o fim: Para mim, esta é a mais bela e a mais triste paisagem do mundo. É a mesma paisagem da página anterior mas desenhei-a mais uma vez para vos mostrar melhor. Foi aqui que o Principezinho apareceu sobre a terra e, depois, desapareceu. Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 01:22 PM

G R I T A !

Se te apetece gritar G R I T A !

Se te apetece gritar G R I T A !

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 11:20 AM

Dia da Saúde

Dia para pensar na saúde e na doença.

Dia para lembrar os que sofrem os que esperam os que não podem pagar medicamentos os que viram baixar o subsídio de doença os esquecidos os que nem sabem que estão doentes os que nem sabem que têm saúde

Dia para olhar o céu azul,

o sol por todo o lado,

a Primavera galopante.

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 11:10 AM

PAZ

Aqui, Laganés, ao lado de Madrid. Somos 25 000 por uma causa. O futuro está connosco.

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 08:34 AM

TANTO SOL

Eis a montanha. Aqui, um dia de sol. A Primavera. Há beleza que baste para a Terra.

Aqui, o brilho é branco.

Acordo entre nuvens. Tanto sol. Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 08:09 AM

Um Poema de Vasco Graça Moura

LAMENTO PARA

A LÍNGUA PORTUGUESA

não és mais do que as outras, mas és nossa,

e crescemos em ti. nem se imagina

que alguma vez uma outra língua possa

pôr-te incolor, ou inodora, insossa,

ser remédio brutal, mera aspirina,

ou tirar-nos de vez de alguma fossa,

ou dar-nos vida nova e repentina.

mas é o teu país que te destroça,

o teu próprio país quer-te esquecer

e a sua condição te contamina

e no seu dia a dia te assassina.

mostras por ti o que lhe vais fazer:

vai-se por cá mingando e desistindo,

e desde ti nos deitas a perder

e fazes com que fuja o teu poder

enquanto o mundo vai de nós fugindo:

ruiu a casa que és do nosso ser

e este anda por isso desavindo

connosco, no sentir e no entender,

mas sem que a desavença nos importe

nós já falamos nem sequer fingindo

que só ruínas vamos repetindo.

talvez seja o processo ou o desnorte

que mostra como é realidade

a relação da língua com a morte,

o nó que faz com ela e que entrecorte

a corrente da vida na cidade.

mais valia que fossem de outra sorte

em cada um a força da vontade

e tão filosofais melancolias

nessa escusada busca da verdade

e que a ti nos prendesse melhor grade.

bem que ao longo do tempo ensurdecias,

nublando-se entre nós os teus cristais,

e entre gentes remotas descobrias

o que não eram notas tropicais

perdidas no enredar das nossas vias

por desvairados, lúgubres sinais,

mísera sorte, estranha condição,

em que, por nos perdermos, te perdias.

neste turvo presente tu te esvais,

por ser combate de armas desiguais.

matam-te a casa, a escola, a profissão,

a técnica, a ciência, a propaganda,

o discurso político, a paixão

de estranhas novidades, a ciranda

da violência alvar que não abranda

entre rádios, jornais, televisão.

e toda a gente o diz, mesmo essa que anda

por tempos de ignomínia mais feliz

e o repete por luxo e não comanda,

com o bafo de hienas dos covis,

mais que uma vela vã nos ventos panda

cheia do podre cheiro a que tresanda.

foste memória, música e matriz

de um áspero combate: apreender

e dominar o mundo e as mais subtis

equações em que é igual a xis

qualquer das dimensões do conhecer,

dizer de amor e morte, e a quem quis

e soube utilizar-te, do viver,

do mais simples viver quotidiano,

de ilusões e silêncios, desengano,

sombras e luz, risadas e prazer

e dor e sofrimento, e de ano a ano,

passarem aves, ceifas, estações,

o trabalho, o sossego, o tempo insano

do sobressalto a vir a todo o pano,

e bonanças também e tais razões

que no mundo costumam suceder

e deslumbram na só variedade

de seu modo, lugar e qualidade,

e coisas certas, inexactidões,

venturas, infortúnios, cativeiros,

e paisagens e luas e monções,

e os caminhos da terra a percorrer,

e arados, atrelagens e veleiros,

pedacinhos de conchas, verde jade,

doces luminescências e luzeiros,

que podias dizer e desdizer

no teu corpo de tempo e liberdade.

agora que és refugo e cicatriz

esperança nenhuma hás-de manter:

o teu próprio domínio foi proscrito,

laje de lousa gasta em que algum giz

se esborratou informe em borrões vis.

de assim acontecer, ficou-te o mito

de seres de vastos, vários e distantes

mundos que serves mal nos degradantes

modos de nós contigo. nem o grito

da vida e do poema são bastantes,

por ser devido a um outro e duro atrito

que tu partiste até as próprias jantes

nos estradões da história: estava escrito

que iam desconjuntar-te os teus falantes

na terra em que nasceste. eu acredito

que te fizeram avaria grossa.

não rodarás nas rotas como dantes,

quer murmures, escrevas, fales, cantes,

mas apesar de tudo ainda és nossa,

e crescemos em ti. nem imaginas

que alguma vez uma outra língua possa

pôr-te incolor, ou inodora, insossa,

ser remédio brutal, vãs aspirinas,

ou tirar-nos de vez de alguma fossa,

ou dar-nos vidas novas repentinas.

enredada em vilezas, ódios, troça,

no teu próprio país te contaminas

e é dele essa miséria que te roça.

mas com o que te resta me iluminas.

Vasco Graça Moura Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 02:56 PM

Europa Social

É esta a "Europa Social".

Há dias, em Paris; ontem, em Berlim, com mais de duzentas mil pessoas.

É a Europa que não dorme. Que vê a diminuição dos direitos dos doentes,

dos reformados, dos desempregados.

E não fica calada de tristeza. É preciso mudar qualquer coisa:

"É preciso os economistas pensarem bem nos modelos de desenvolvimento que interessam às populações",

como disse Alfredo Bruto da Costa, Presidente do Conselho Económico e Social, no Programa "Expresso da Meia-Noite" da Sic Notícias. Para não acontecer como na Irlanda, que ultrapassou no PIB per capita Portugal, Grécia e Espanha mas

os ultrapassou igualmente no aumento da pobreza:

a maior riqueza do país está na mão de menos pessoas.

Muita gente, antes remediada, foi atirada para apobreza e para a fome. Por isso, podemos falar do "milagre que nunca existiu" na Irlanda. Como o fez Pedro D'Anunciação, no último "Expresso". Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 04:40 AM

"GRACIAS A LA VIDA!"

Há canções que ficam para a eternidade, como "Gracias a la Vida" da chilena Violeta Parra (1917-1967). Para quem canta a vida, a sua morte aos 50 anos, suicidando-se, fica como uma flor deposta sobre a beleza. A letra de "Graças à Vida" arrebata pela universalidade que transporta: "Graças à vida, que tanto me deu!

Deu-me dois luzeiros que, quando os abro,

Distingo perfeitamente o negro do branco

E, no alto céu, o seu fundo estrelado

E, entre as multidões, a mulher que eu amo!

Graças à vida que tanto me deu!

Deu-me o som e o abecedário

E com ele as palavras que penso e digo:

Pai, amigo, irmão, e luz iluminando

o caminho da alma daquela que eu amo!" Esta primeira estrofe transmite o sentido profundo da obra universal de Violeta Parra. Para não perder o ritmo, aqui fica a letra completa, em castelhano:

GRACIAS A LA VIDA

Gracias a la vida, que me ha dado tanto

Me dio dos luceros, que cuando los abro

Perfecto distingo lo negro del blanco

Y en el alto cielo, su fondo estrellado

Y en las multitudes, la mujer que amo

Gracias a la vida, que me ha dado tanto

Me ha dado el sonido y el abecedario

Con él las palabras que pienso y declaro

Padre, amigo, hermano, y luz alumbrando

La ruta del alma de la que yo amo Gracias a la vida, que me ha dado tanto

Me dio el corazón, que agita su marco

Cuando miro el fruto del cerebro humano

Cuando miro el bueno tan lejos del malo

Cuando miro el fondo de sus ojos claros Gracias a la vida, que me ha dado tanto

Me ha dado la risa y me ha dado el llanto

Así yo distingo dicha de quebranto

Los dos materiales que forman mi canto

El canto de ustedes, que es el mismo canto

El canto de todos, que es mi propio canto Gracias a la vida

Gracias a la vida

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Juan Luis Cebrián

Vale a pena ler, na última VISÃO (n.º 578, 1 a 7 de Abril) , a entrevista de Juan Luis Cebrián, fundador do jornal El País. Nascido em Madrid,em 1944, participou na fundação da revista Cuadernos para el Diálogo, trabalhou no Pueblo e ocupou o cargo de director de informação da TVE. Em 1976, fundou El País, que dirigiu até Novembro de 1988. Agora, acaba de ser publicado, em português, o seu romance FRANCOMORIBUNDIA ( Ed. Âmbar). Citemos, apenas, algumas frases que merecem uma reflexão: 1. "Todos os governos democráticos negociaram com os terroristas." 2. "Salazar comportava-se como um monge e, em certos aspectos, até era mais sinistro do que Franco. Possuía outra estrutura mental." 3. "Os fundamentalistas democráticos são aqueles que pensam que existe uma democracia pura e incorruptível. Uma democracia que pode vender-se em pacotes, instalar-se em países que nada têm a ver com ela e, assim, tentar resolver todas as coisas." 4."(...) a democracia não é uma solução, mas apenas uma condição para tudo." Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 03:51 AM

ATAQUE AOS DOENTES

NÃO É MENTIRA MAS PARECE! SUBSÍDIO DE DOENÇA DESCE A PARTIR DE HOJE Quem entrar de baixa a partir de hoje vai receber menos subsídio da

Segurança Social, com a entrada em vigor das novas regras sobre o subsídio

de doença, que prevêem uma redução na prestação de dez por cento nas baixas

até 30 dias e de cinco por cento entre os 30 e os 90 dias. SABEMOS QUE SÃO MULHERES E MÃES AS QUE TÊM MAIS FALTAS DE CURTA DURAÇÃO,

DEVIDO, PRINCIPALMENTE, AOS FILHOS MENORES. ESTE É, DE FACTO, UM ATAQUE AOS MAIS FRÁGEIS, AOS POBRES E AOS DOENTES!

O PSD DIZ QUE É "JUSTIÇA SOCIAL" E "COMBATE À FRAUDE". Se o combate à fraude se faz com melhor fiscalização e não assim, dizer que isto é "justiça social" é mesmo MENTIRA! Este governo sabe mentir todos os dias e não só hoje, para mal de todos, sobretudo dos doentes! Até ao quarto mês de baixa por doença, o trabalhador passa a receber menos

dinheiro.

Actualmente, o trabalhador recebe 65 por cento do ordenado, durante um ano de

baixa por doença, e 70 por cento após esse período. Com as alterações introduzidas pelo ministro da Segurança Social e do

Trabalho, Bagão Félix, o beneficiário passa, A PARTIR DE HOJE, a receber 55 por cento do

salário, no primeiro mês de baixa, 60 por cento entre os 30 e os 90 dias, 70

por cento a partir dos 90 dias e 75 por cento após um ano. Ou seja, na prática, até ao quarto mês de baixa, o trabalhador passa a

receber menos subsídio do que receberia com a lei que vigora até hoje. Mas

passa a receber mais a partir desse período. O objectivo, segundo o Governo,

é privilegiar os trabalhadores que estão inactivos por mais tempo. No entanto, os sindicatos defendem que a larga maioria dos beneficiários vai

sair prejudicada com as novas regras, já que a maior parte das baixas são de

curta duração. O novo diploma inclui ainda a majoração de cinco por cento do subsídio para

famílias com crianças e jovens deficientes e para agregados familiares com

rendimento mensal igual ou inferior a 500 euros. Esta alteração à lei de

Bagão Félix foi introduzida pelo Presidente da República, Jorge Sampaio. Os beneficiários que suspendam as suas funções profissionais, por motivo de

doença, terão de apresentar o certificado de incapacidade nos primeiros cinco

dias úteis. Caso contrário, o subsídio passará a contar apenas a partir da

data da entrega do documento.

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UM POEMA PARA ABRIL

Eu sou daqui destas marés íngremes preia-mar de rosas

Abril vi cantar leda madrugada às raparigas frondosas

Às raparigas e às mulheres cegando o vento das enseadas

Abril frescas ribeiras sonho arável do sonho ruas amuradas

Amuradas murmúrios nessas bagas d'anil era o fogo alteado

Abril punhos ao alto podoas que o mar no tejo tinha secado

O mar as lezírias do mar com todas as velas postas de lado

Abril rimas ao ombro réstias sou tamborileiro sou soldado

Sou soldado ou hortelão de navios o que for seja o que seja

Abril torno do povo irmão cativo de maio anel que cereja

Eu sou daqui destas marés íngremes preia-mar de rosas

Abril ouvi cantar leda madrugada às raparigas saudosas.

Rui Mendes

in POEMABRIL, Antologia de Poesia Portuguesa , 2ª edição,

Fora do Texto,1994 ,Coimbra, PORTUGAL

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 02:49 AM

O REGRESSO, HÁ 30 ANOS

HÁ 30 ANOS, A ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA ENCHE-SE DE REGRESSADOS DO EXÍLIO. A FESTA ALARGA-SE. O REENCONTRO CONCILIA UM POVO CONSIGO MESMO. MAIS UMA CONSEQUÊNCIA DAQUELE DIA LIMPO, INTEIRO. ERA DIA Era um campo, era o mar e um desejo

de lavar este corpo até ao mar.

E nas casas devassadas, um pomar. Era dia de a noite se acabar

e do sol bater limpo sobre a relva,

como um vento que acaba de chegar. Era Abril de se abrir ruas fechadas.

Era tempo de ser pra outro tempo

com planícies tão verdes, tão buscadas. Era assim o caminho adivinhado

para a margem das margens caminhadas. Era assim o silêncio acordado. Firmino Mendes

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 09:08 AM

O REGRESSO, HÁ 30 ANOS

HÁ 30 ANOS, A ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA ENCHE-SE DE REGRESSADOS DO EXÍLIO. A FESTA ALARGA-SE. O REENCONTRO CONCILIA UM POVO CONSIGO MESMO. MAIS UMA CONSEQUÊNCIA DAQUELE DIA LIMPO, INTEIRO. ERA DIA Era um campo, era o mar e um desejo

de lavar este corpo até ao mar.

E nas casas devassadas, um pomar. Era dia de a noite se acabar

e do sol bater limpo sobre a relva,

como um vento que acaba de chegar. Era Abril de se abrir ruas fechadas.

Era tempo de ser pra outro tempo

com planícies tão verdes, tão buscadas. Era assim o caminho adivinhado

para a margem das margens caminhadas. Era assim o silêncio acordado. Firmino Mendes

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 09:07 AM

HÁ 30 ANOS, PENICHE!

Francisco Martins Rodrigues, Francisco Viegas Aleixo e Rui D'Epinay HÁ 30 ANOS, ERAM LIBERTADOS OS ÚLTIMOS PRESOS POLÍTICOS! Vale a pena reler "O Século": O SÉCULO Lisboa · Domingo, 28 de Abril de 1974

Peniche: os últimos presos libertados Francisco Martins Rodrigues, Francisco Viegas Aleixo e Rui d'Espinay

Dos 34 detidos de Peniche, libertados ontem de madrugada,- como O SÉCULO noticiou- foram soltos sob compromisso escrito de se manterem em residências fixas na casa dos advogados que constituíram a Comissão de Libertação da Junta ida à Fortaleza.

Todavia por decreto comunicado aos interessados, pelo major Azevedo, ontem, às 20 e 45, foi-lhes concedida a liberdade total. Os três últimos amnistiados são, pois, o dr. Francisco Martins Rodrigues, de 46 anos, Rui Carvalho d´Espinay, de 31, e Francisco Viegas Aleixo, de 59. Os dois primeiros, membros da F.A.P., foram condenados a pena maior de 19 e 17 anos, por terem sido os autores da morte do agente de Segurança Mário Mateus, em Outubro de 1965. O terceiro elemento da L.U.A.R., que participou no assalto ao «Santa Maria», com Henrique Galvão, e também na tentativa de ocupação da cidade da Covilhã, com Palma Inácio, em Agosto de 1968, estava condenado a 19 anos. Ontem, em Peniche, estes três ex-presos políticos foram libertados, sob custódia, às 3 da madrugada, numa operação que teve início às 23 de anteontem, com a chegada da Comissão designada pela Junta de Salvação Nacional. Mais capturas de agentes da D.G.S. Cerca das 17.30, no Rossio, foi reconhecido um vigilante da Cidade Universitária (e agente da D.G.S.). Agredido por dezenas de populares, o homem só não foi linchado, graças à intervenção de dois soldados que o conduziram para uma ambulância. O vigilante, que tem 30 anos, ficou internado no Hospital S. José, sob prisão. No momento em que a ambulância o deixava no banco, verificava-se ali um grande tumulto. Na verdade, havia sido detectado outro elemento da extinta corporação da Rua António Maria Cardoso. Armado com uma pistola Star e uma navalha de ponta-e-mola, o indivíduo- porteiro do Hospital S. José - escondeu-se no interior do edifício. Entre outras actividades, apontam-lhe o facto de, recentemente, ter denunciado um ex-militar que, numa conversa, discordara da continuação da guerra de África. A Polícia Militar encarregou-se da detenção. Inicialmente alguns funcionários do Hospital mostraram-se renitentes em indicar o local onde o porteiro estava escondido, o que provocou a indignação de várias pessoas. Por outro lado, ontem, às 16 horas, renderam-se o chefe e todos os agentes da D.G.S. de Beja, incluindo os que prestavam serviço no posto fronteiriço de Vila Verde de Ficalho. Depois de terem sido revistados e desarmados, ficaram no quartel do Regimento n.º 3, sob a vigilância do comandante Romão Loureiro. Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 12:17 PM

BIBÒ PORTO!

Para a minha filha Sara, alegrando-me com ela: "Bibò FCP!"

Oxalá o FCP seja Campeão Europeu!

E mais: "Os benfiquistas saúdam-vos!"

Comentários: (1) Posted by sopadenabos1 at 04:44 PM

TÚNEL

Uma alegria de última hora: "Tribunal obriga câmara a suspender obra do Túnel do Marquês." Mas a questão não é só legal: a estupidez impera, comprometendo o futuro, enchendo a cidade de inúteis automóveis. Há outros caminhos. Todos o sabemos. Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 04:23 PM

HÁ 30 ANOS, CAXIAS

Lisboa · Sexta-Feira, 26 de Abril de 1974

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Situação dramática na prisão de Caxias Às 22 horas de ontem, a comissão executiva da C. D. E. de Lisboa divulgou a seguinte nota: «O Movimento C. D. E. de Lisboa torna pública a sua profunda apreensão pela situação dos presos políticos encarcerados na prisão do forte de Caxias. Para além de considerar - conforme já divulgou - que a libertação de todos os presos políticos constitui ponto primordial de qualquer programa de actuação para o futuro do País, o Movimento C. D. E . de Lisboa afirma existirem razões para recear pela sorte que quantos pagam, nos cárceres de Caxias, a sua dedicação à luta do povo português. Não existem, até agora, quaisquer informações de que as instalações do forte de Caxias tenham sido libertadas. O Movimento C. D. E. de Lisboa declara que a permanência da prisão de quantos nela se encontram, nas mãos da Pide/D. G. S., constitui um problema cuja solução é dramaticamente urgente. A possibilidade de represálias por parte dos criminosos que preenchem os fileiras da Pide/D. G. S. sobre os prisioneiros de Caxias cria a necessidade da sua defesa. Há vidas em perigo. O Movimento C. D. E. de Lisboa responsabiliza desde já, colectiva e individualmente, a Pide/D. G. S. e os seus membros por tudo o que possa acontecer aos presos de Caxias. O movimento C. D. E. de Lisboa declara condição primordial para o prosseguimento do processo agora encetado a imediata resolução da situação dos presos no forte de Caxias.» (N. da R.) - Ás 2 horas de hoje, a situação na prisão de Caxias ainda não se encontrava esclarecida. O forte continuava guardado por forças da G. N. R. que impediam o acesso ao parque n.º2. Os presos estavam recolhidos nas celas, sendo a iluminação normal. Carros sem qualquer distintivo especial bloqueavam os acessos. As guaritas do reduto norte estavam ocupadas por forças da G. N. R., em posição de tiro.

(in O Século")

Lisboa · Quinta-Feira, 26 de Abril de 1974

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Libertados alguns dos presos de Caxias Ao fim da manhã de hoje, a grande maioria dos oitenta e um prisioneiros de Caxias foram libertados por duas companhias- pára-quedistas e fuzileiros navais- das Forças Armadas. Estranhamente, a Junta de Salvação considerou delitos comuns as acções políticas de alguns dos prisioneiros (Paulo Inácio, entre outros) e decidiu mantê-los nas respectivas celas. A acção foi decidida às primeiras horas da manhã após sistemáticas pressões de alguns dos mais jovens oficiais do Movimento que reclamavam a imediata libertação de todos os presos políticos. Assim às 7 e 50 da manhã uma companhia de pára-quedistas, vindo de Monsanto, comandado pelo capitão Braz chegou às imediações do forte de Caxias. Vinte minutos depois, e sem qualquer resistência uma companhia da GNR acordo com o comando pára-quedista, as forças navais [...] posições do chamado reduto norte do Forte de Caxias, onde se localizavam as celas prisionais. Às 8 e 30 chegava uma companhia de fuzileiros navais chefiada pelo capitão da Marinha, Abrantes Serra. De acordo com o comando pára-quedista, as forças navais montaram novo dispositivo de segurança, exterior ao forte. A acção deste destacamento da Armada tinha como objectivo garantir a segurança dos presos políticos, permitindo assim o ataque às forças da PIDE acantonadas na sede da Rua António Maria Cardoso, que mais tarde viriam a render-se. As duas forças foram aclamadas à chegada ao forte por dezenas de familiares dos presos que (com lágrimas de alegria) esperavam desde ontem a libertação. Às 9 e 15 os dois comandantes das forças destacadas subiram a escadaria que conduz às celas e ordenaram aos guardas prisionais presentes a abertura das primeiras celas. Poucos minutos depois saíam os primeiros detidos entre os quais os nossos camaradas Figueiredo Filipe, Fernando Correia, Albano Lima, Sérgio Ribeiro e Mário Ventura Henriques. Saíram também Saldanha Sanches, José Tengarrinha, Helena Neves, Vítor Dias, Nuno Teotónio Pereira, Gorjão Duarte, Mário Sena Lopes, Pedro Fernandes, e outros. Sucederam-se os abraços e cenas de grande emoção com as equipas de jornalistas presentes na libertação. De algumas janelas das celas alguns dos detidos aguardando a saída, acenavam com lenços vermelhos e de punho bem erguido. Entretanto uma ordem vinda da Junta de Salvação determinava que fossem libertados apenas os prisioneiros políticos». Aqueles que, estiverem a cumprir, também penas de delito comum permaneceriam detidos. Para espanto dos jornalistas presentes- que não podiam compreender a distinção feita entre os prisioneiros de Caxias, todos detidos por razões de ordem política, pois os chamados crimes de delito comum tinham um carácter notoriamente político- os detidos voltaram às respectivas celas até que se apurassem quais permaneceriam e quais sairiam. Assim Palma Inácio, que no primeiro momento da sua saída declarava que isto não signifique apenas a liberdade para nós, mas para todos os portugueses, voltava à cela n.º3 onde se encontrava há seis meses, No Hospital-Prisão de Caxias os heróicos militantes José Magro (20 anos nas prisões fascistas), António Dias Lourenço, Rogério Rodrigues Carvalho e Miguel Camilo (ainda em estado grave), eram informados da libertação pelos familiares que desde a tarde de ontem não arredaram pé do portão principal.

(in "República")

DIA 26 01h30 - A Junta de Salvação Nacional - de que fazem parte o capitão-de-fragata António Rosa Coutinho, coronel Carlos Galvão de Melo, general Francisco da Costa Gomes, brigadeiro Jaime Silvério Marques, capitão-de-mar-e-guerra José Pinheiro de Azevedo e o general Manuel Diogo Neto, ausente do Continente - apresenta-se à Nação, através da Rádio Televisão Portuguesa, lendo uma proclamação e tendo o general António de Spínola como Presidente. c. 07h00 - O tenente-coronel Almeida Bruno desloca-se à Rua Almirante Saldanha, ao Restelo, para solicitar ao ex-Presidente da República, Américo Tomás, que o acompanhe ao aeroporto a fim de embarcar no DC-6 que o conduzirá à ilha da Madeira.

- O tenente-coronel Lopes Pires acompanha ao aeroporto o ex-Presidente do Conselho, Marcelo Caetano e os ex-ministros Silva Cunha e Moreira Baptista. 07h30 - O major Vítor Alves lê, perante a Comunicação Social, a versão definitiva do Programa do MFA. 07h40 - O DC-6 levanta voo da pista da Portela e parte rumo ao Funchal. 09h46 - Na Rua António Maria Cardoso, sede da PIDE/DGS, verifica-se a rendição incondicional daquela polícia política, sendo o edifício ocupado por forças do Exército e da Marinha

c. 10h00 - Rendição do Forte de Caxias.

11h00 - Salgueiro Maia e as forças da EPC ocupam o edifício da Secretariado-Geral da Defesa Nacional, na Cova da Moura, onde a Junta de Salvação Nacional e o MFA passarão a funcionar. 13h00 - Inicia-se a libertação dos presos políticos nas cadeias de Caxias e Peniche.

- Divulga-se o Programa do MFA que havia sido apresentado pelo major Vítor Alves, no Quartel da Pontinha, ao princípio da manhã, depois da 1ª conferência de imprensa da Junta de Salvação Nacional.

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João Rui de Sousa

A ESPERANÇA SEMEADA

(Aos homens do 25 de Abril)

O sangue aqui renasce.

Na terra revolvida

rebentam ervas novas

(as horas más passaram).

O Sol - um outro sol - aqui se inventa

por sobre a lenta

erosão da estrada.

*

Aqui ou nunca.

Ou nada!

A voz aqui rebenta

e é não mais calada.

*

Por novas leis se fundam

de fibra as pulsações:

o corpo-a-corpo antigo a antiga pele

não mais hão-de pisar

a esperança semeada.

*

Ardentes leivas vivas avivaram

nossa canção maior.

Um girassol prossegue.

Renasce o sangue aqui

em flores de dádiva.

João Rui de Sousa

(in «O Setubalense", 18.11.1974; in "Abril", Abril de Abril, 1999) Poeta e ensaísta, nasceu em Lisboa em 1928. Co-dirigiu, em 1955, a revista Cassiopeia. Representado em grande número de antologias e volumes colectivos, teve responsabilidades na organização e apresentação de alguns volumes como Fotobiografia de Fernando Pessoa e Poesia Completas de Adolfo Casais Monteiro. Algumas das suas principais obras: Ensaio: Fernando Pessoa – Empregado de Escritório (1985) e António Ramos Rosa ou o Diálogo com o Universo (1988) Poesia: A Hipérbole na Cidade (1960), Meditação em Samos (1970), O Fogo Repartido (1983), Sonetos de Cogitação e Êxtase (1994) e Respirar pela Água (1998, com pinturas de Carmo Pólvora).

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 12:21 AM

POEMA "EFÍGIES"

EFÍGIES

1

Do juízo da mãe, nada sabíamos

É verdade que nos armadilhavam o nome

e às portas do aquartelamento

nos postavam com a cabeça a tiracolo

A pátria existe, na carne

Esta boca já visitou

os mais íntimos lugares da terra

E viu, então

a terra gangrenava

Outras vezes saíamos a pé

os ombros municiados de silêncio

e mais adiante mostravam-nos

as civilizações

Quase todos morriam esquartejados de fome

(este povo persegue a liberdade e com ele pouco mais

que a noite em seu avanço de asa)

2

Não sei mais ser um homem

e contudo adormeço

O dia ferve sobre o clamor das fardas

e as fardas engordam

Não sei mais sobre a ruína

da casa não

Na fronte a unção da terra

a arma, o dólman

guardando dentro o coração

Para a morte tornaram os rastos transitáveis

ia dizer as mãos, camaradas

Que as mãos chegam de novo para a ceia

voltam-se crispadas de febre

O ombro devoluto, senão mesmo: o estômago

moendo vidro

O dever de um retrato

meu pai (de pé) emoldurado de terra

Vergílio Alberto Vieira

Vergílio Alberto Vieira nasceu em Amares, distrito de Braga. Formou-se em Letras pela Universidade do Porto, tendo exercido a docência em várias escolas do país. É conhecido como poeta, crítico literário e autor de obras para crianças. Na poesia publicou, entre outras, as seguintes obras: As Sequências de Pégaso (1990); O Caminho da Serpente (1992); A Imposição das Mãos (1999), Cidade Irreal e Outros Poemas (2003). No âmbito do ensaio e da crítica literária, publicou: Os Consentimentos do Mundo (1993); A Sétima Face do Dado (2000). Em prosa, tem ainda: A Invenção do Adeus (diário, 1994) e Navio de Fogo (ficção, 1993). Publicou também um volume sobre oficinas de escrita: As Palavras são como as Cerejas. No âmbito da literatura para crianças, destacam-se as seguintes obras: A Semana dos Nove Dias (1988); Histórias dos Pés à Cabeça (narrativa, 1989); O Livro dos Enganos (2001); A Cor das Vogais (1991); Histórias de lhe Tirar o Chapéu (1992); O Livro dos Desejos (poesia, 1994); O Saco das Mentiras (teatro, 1999); Do Alto do Cavalo Azul (poesia, 2000), O Peixinho Folha-de-Água (narrativa, 2000), O Livro dos Enganos (narrativa, 2002), O Circo de Papel (teatro, 2003). Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 12:02 AM

25 DE ABRIL, SEMPRE !

TRAZ OUTRO AMIGO TAMBÉM Amigo

Maior que o pensamento

Por essa estrada amigo vem

Não percas tempo que o vento

É meu amigo também Em terras

Em todas as fronteiras

Seja benvindo quem vier por bem

Se alguém houver que não queira

Trá-lo contigo também

Aqueles

Aqueles que ficaram

(Em toda a parte todo o mundo tem)

Em sonhos me visitaram

Traz outro amigo também José Afonso

CANTO MOÇO Somos filhos da madrugada

Pelas praias do mar nos vamos

À procura de quem nos traga

Verde oliva de flôr no ramo

Navegamos de vaga em vaga

Não soubemos de dor nem mágoa

Pelas praias do mar nos vamos

À procura da manhã clara Lá do cimo duma montanha

Acendemos uma fogueira

Para não se apagar a chama

Que dá vida na noita inteira

Mensageira pomba chamada

Companheira da madrugada

Quando a noite vier que venha

Lá do cimo duma montanha

Onde o vento cortou amarras

Largaremos pela noite fora

Onde há sempre uma boa estrela

Noite e dia ao romper da aurora

Vira a proa minha galera

Que a vitória já não espera

Fresca brisa, moira encantada

Vira a proa da minha barca José Afonso

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 09:40 AM

ERA DIA

ERA DIA Era um campo, era o mar e um desejo

de lavar este corpo até ao mar.

E nas casas devassadas, um pomar, Era dia da noite se acabar

e do sol bater limpo sobre a relva,

como um vento que acaba de chegar. Era Abril de se abrir ruas fechadas.

Era tempo de ser pra outro tempo

com planícies tão verdes, tão choradas. Era assim o caminho adivinhado

para a margem das margens caminhadas.

Era assim o silêncio acordado. Firmino Mendes

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 07:22 AM

ARRE, PORRA !

ARRE, PORRA! Olha o r de rolha, olha o balão

a rasurar a nuvem rente ao mar!

Ó rapador de sonhos por sonhar,

quem te rapou a cuca de pensar? Quem nos ratou o r de remar

para a terra do riso sempre aberto

e quis pôr longe o cravo que está perto? Arre, porra, ideólogos de um cabrão,

que ferrais nos que vivem sem amarras,

à espera que adormeçam sem tesão! Essa treta de querer mudar a história

E fazer um país em redução

sem rios a correr e sem memória

é própria de quem ferra rente ao nada

e berra para trás a ver se agarra

a merda que o fascismo lhes deixou! Firmino Mendes

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 11:06 AM

ABRIL COM "R"

Abril com "R" «Trinta anos depois querem tirar o r

se puderem vai a cedilha e o til

trinta anos depois alguém que berre

r de revolução r de Abril

r até de porra r vezes dois

r de renascer trinta anos depois Trinta anos depois ainda nos resta

da liberdade o l mas qualquer dia

democracia fica sem o d.

Alguém que faça um f para a festa

alguém que venha perguntar porquê

e traga um grande p de poesia. Trinta anos depois a vida é tua

agarra as letras todas e com elas

escreve a palavra amor (onde somos sempre dois)

escreve a palavra amor em cada rua

e então verás de novo as caravelas

a passar por aqui: trinta anos depois.»

Manuel Alegre

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 07:46 AM

25 de ABRIL

No dia 25 de Abril de 1974, pelas 00 horas e 20 minutos, a transmissão da canção "Grândola Vila Morena" de José Afonso, no programa "Limite" da Rádio Renascença, é a senha escolhida pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), como sinal confirmativo de que as operações militares se encontram em marcha e são irreversíveis. Na véspera, dia 24 de Abril, a canção "E Depois do Adeus", interpretada por Paulo de Carvalho, transmitida aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa, pelas 22h 55m, marcava o início das operações militares contra o regime. No dia 25 de Abril de 1974, pelas 00 horas e 30 minutos são ocupadas as instalações da Rádio Televisão Portuguesa, da Emissora Nacional, da Rádio Clube Portuguesa, do Aeroporto de Lisboa, do Quartel General, do Estado Maior do Exército, do Ministério do Exército, do Banco de Portugal e da Marconi, locais estratégicos considerados fundamentais. Pelas 4 horas e 20 minutos, é difundido pelo Rádio Clube Português, o primeiro comunicado ao país do Movimento das Forças Armadas (MFA).

Duas horas depois, Forças da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, estacionam no Terreiro do Paço. Às 13 horas e 30 minutos, as forças para-militares leais ao regime, começam a render-se. A Legião Portuguesa é a primeira. Pelas 14 horas, inicia-se o cerco ao Quartel do Carmo. Dentro do Quartel estão refugiados Marcelo Caetano, Presidente do Conselho e dois Ministros do seu gabinete. No exterior, no Largo do Carmo e nas ruas vizinhas, juntam-se milhares de pessoas. Às 16 horas e 30 minutos, terminado o prazo inicial para a rendição, anunciado por megafone pelo Capitão Salgueiro Maia, oficial que comandava o cerco e após algumas diligências feitas por mediadores civis, Marcelo Caetano faz saber que está disposto a render-se e pede-se a comparência no Quartel de um oficial do MFA de patente não inferior ao coronel. Uma hora depois, o General Spínola, mandatado pelo MFA, entra no Quartel do Carmo para negociar a rendição do Governo. O Quartel do Carmo iça a bandeira branca.

Marcelo Caetano rende-se às 19 horas e 30 minutos. A chaimite BULA, entra no quartel para retirar o Presidente do Conselho e os Ministros que o acompanham, conduzindo-os à guarda do MFA ao Posto de Comando do Movimento, no Quartel da Pontinha. Meia hora depois, alguns elementos da PIDE/DGS disparam sobre manifestantes que começavam a afluir à sua sede, na Rua António Maria Cardoso, fazendo 4 mortos e 45 feridos. No dia 26 de Abril, à 1 hora e 30 minutos, a Junta de Salvação Nacional apresenta-se ao país perante as câmaras da RTP. Pelas 7 horas da manhã, por ordem do Movimento das Forças Armadas, cujo Posto de Comando se encontra instalado no regimento de Engenharia 1, na Pontinha, o Presidente do Conselho, Marcelo Caetano, o Presidente da República, Américo Tomás e outros elementos ligados ao antigo regime, são enviados para a Madeira. Às 9 horas e 30 minutos, a PIDE/DGS rende-se, após conversa telefónica entre o General Spínola e Silva Pais, director daquela polícia política. No dia seguinte, 27 de Abril, são libertados os presos políticos das cadeias de Caxias e Peniche. É apresentado ao País o Programa do Movimento das Forças Armadas. No dia 29 de Abril, regressa a Portugal, à estação de Stª Apolónia, o líder do Partido Socialista (PS), Dr. Mário Soares. No dia seguinte, regresa a Portugal, ao Aeroporto de Lisboa, o líder do Partido Comunista (PCP), Dr. Álvaro Cunhal. A manifestação do primeiro de Maio, dia do Trabalhador, reúne em Lisboa cerca de 500.000 pessoas. Outras grandes manifestações decorreram nas principais cidades do país. No dia 16 de Maio dá-se tomada de posse do 1º Governo Provisório presidido pelo Dr. Adelino da Palma Carlos. Deste governo fazem parte, entre outras figuras, o Dr. Mário Soares, o Dr. Álvaro Cunhal e o Dr. Francisco Sá Carneiro, líder do Partido Popular Democrático (PPD). As primeiras eleições livres, realizaram-se a 25 de Abril de 1975. Num acto eleitoral com uma taxa de participação de 91.7%, os portugueses elegeram a Assembleia Constituinte, incumbida de elaborarem e aprovar a Constituição da República. A 2 de Abril de 1976, a Assembleia Constituinte aprovou a Constituição da República.

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PRIMAVERA

PRIMAVERA

Roto sossego em que os perfis se amassem

ou de gaiola fingem, pipilando...

Ó cavalões do medo,

a chuva passa,

agente passa,

sem que ninguém saiba do enredo

e da desgraça.

(O suco da corola é que porém

avisa para sempre que na praça

passa alguém.)

Mas neste riso coxo e saltitado,

mas nesta melopeia menopausa,

mas no senhor por grosso e atacado,

aí resiste e louca existe a causa

pela qual virá uma andorinha

até à vossa orelha, onde se aninha.

Pedro Tamen

(in «Poemas a Isto", 1962; in "Abril", Abril de Abril, 1999)

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ABRIL DE ABRIL

Abril de Abril

Era um Abril de amigo Abril de trigo

Abril de trevo e trégua e vinho e húmus

Abril de novos ritmos novos rumos.

Era um Abril comigo Abril contigo

ainda só ardor e sem ardil

Abril sem adjectivo Abril de Abril.

Era um Abril na praça Abril de massas

era um Abril na rua Abril a rodos

Abril de sol que nasce para todos.

Abril de vinho e sonho em nossas taças

era um Abril de clava Abril em acto

em mil novecentos e setenta e quatro.

Era um Abril viril Abril tão bravo

Abril de boca a abrir-se Abril palavra

esse Abril em que Abril se libertava.

Era um Abril de clava Abril de cravo

Abril de mão na mão e sem fantasmas

esse Abril em que Abril floriu nas armas.

Manuel Alegre

(in «Atlântico», 1981; in "Abril", Abril de Abril, 1999)

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POEMAS DO DIA

CRISTAL cresce o melro no ovo e dentro do ninho a combustão do universo o que é de agora não é a pausa pois o tempo tem pressa de ser tudo em simultâneo e desce o regato côncavo onde meninas tomam banho à magra estação de schindler os dias continuam a nascer e dentro do ninho cresce o melro no ovo

AVÓ EM TELHADO DE COLMO fazia o tapete de retalho quase cega por já não ser outrora um rio bravo, o seu riacho o tapete tecido com retalhos de carinho aquecia um quarto e a velhinha sabia do seu tear dependia aquela casa e toda a sabedoria do planalto (in "O Templo Móvel", Col. Autores da Madeira, Campo das Letras, 2002) *

São Moniz Gouveia (n. Madeira, 1967; tendo recentemente adoptado o nome Laura), a frequentar estudos superiores, reside regularmente entre o Funchal e Pisa (Itália), tendo integrado a colectânea "Poeti Contemporani dell'Isola di Madera", organizada por Giampaolo Tonini, em 2001. Revelou-se com "11 Poemas de Crisálida", na "Ilha 4" (CMF, 1994), dirigida por José António Gonçalves, tendo ainda participado nas obras colectivas "Poet'Arte 90" e "Vers'Arte 91", entre outras. Tem colaboração dispersa em diversas revistas e jornais ("JL-Jornal de Letras", "Islenha", "Margem", "Diário de Notícias" do Funchal, "Tribuna da Madeira", entre outras). "Cartas para um Tenente" (com prefácio e direcção editorial de José António Gonçalves) representou a sua primeira edição individual, na Colecção "Cadernos Ilha", nº. 8, 1996, após o que publicou "O Templo Móvel", na Colecção "Autores da Madeira" da Editorial "Campo das Letras" (2002), "Lupus in Fabula" (Colecção "Livros de Cordel", nº. 10, 2002) e "A Musa das Coisas Pequenas", Colecção "Terra à Vista", nº.2, "Arguim", 2002). Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 01:15 PM

UM ADEUS PORTUGUÊS

Para alguns, o poema de Alexandre O'Neill ( 1924 - 1986 ) "UM ADEUS PORTUGUÊS" é o melhor poema da nossa literatura, no século XX. Para mim, é com certeza um dos maiores poemas de amor e, quantas vezes, nos momentos translúcidos da memória, dou comigo a soletrar os versos finais do poema: "(...) como um adolescente / tropeço de ternura / por ti." Este é, com certeza, um rio onde vale a pena mergulhar e reconstruir o amor. A aura biográfica leva-nos a uma paixão: ali, a França; aqui, a prisão. Em tempos de "apagada e vil tristeza", vale a pena escostar estrofes ao peito e saudar, com palavras e música, a vida leve. O amor purifica o ar. UM ADEUS PORTUGUÊS Nos teus olhos altamente perigosos

vigora ainda o mais rigoroso amor

a luz de ombros puros e a sombra

de uma angústia já purificada Não tu não podias ficar presa comigo

à roda em que apodreço

apodrecemos

a esta pata ensanguentada que vacila

quase medita

e avança mugindo pelo túnel

de uma velha dor Não podias ficar nesta cadeira

onde passo o dia burocrático

o dia-a-dia da miséria

que sobe aos olhos vem às mãos

aos sorrisos

ao amor mal soletrado

à estupidez ao desespero sem boca

ao medo perfilado

à alegria sonâmbula à vírgula maníaca

do modo funcionário de viver Não podias ficar nesta cama comigo

em trânsito mortal até ao dia sórdido

canino

policial

até ao dia que não vem da promessa

puríssima da madrugada

mas da miséria de uma noite gerada

por um dia igual Não podias ficar presa comigo

à pequena dor que cada um de nós

traz docemente pela mão

a esta pequena dor à portuguesa

tão mansa quase vegetal Não tu não mereces esta cidade não mereces

esta roda de náusea em que giramos

até à idiotia

esta pequena morte

e o seu minucioso e porco ritual

esta nossa razão absurda de ser Não tu és da cidade aventureira

da cidade onde o amor encontra as suas ruas

e o cemitério ardente

da sua morte

tu és da cidade onde vives por um fio

de puro acaso

onde morres ou vives não de asfixia

mas às mãos de uma aventura de um comércio

puro

sem a moeda falsa do bem e do mal * Nesta curva tão terna e lancinante

que vai ser que já é o teu desaparecimento

digo-te adeus

e como um adolescente

tropeço de ternura

por ti.

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BAILE

Auguste Renoir

Bal au moulin de la Galette, Montmartre Esta obra é, sem dúvida, a mais importante de Renoir, em meados de 1870, e foi exposta em 1877. Apesar do pintor ter escolhido alguns dos seus amigos para esta representação, o mais importante poderá ser a atmosfera feliz deste momento, em Butte Monmartre. O estudo da multidão em movimento numa luz natural e artificial, ao mesmo tempo, é feito com manchas vibrantes e coloridas. O sentimeto de uma certa dissolução das formas foi uma das causas das reacções negativas das críticas da época. Este quadro, pelo assunto ancorado na vida parisiense contemporânea, o estilo inovador, signo da ambição do percurso de Renoir, é uma das obras-primas dos inícios do impressionismo.

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SILÊNCIO

Gustave Le Gray

Mer Méditerrannée, Mont Agde

1856

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EXECUÇÃO DE ISRAEL

Israel, continuamente terrorista, fez hoje mais uma execução: Addel Aziz Rantisi, dirigente do Hamas. Com ele, foram, ainda, assassinados, o filho e um guarda-costas. Não vale a pena discutir mais sobre este terrorismo que envergonha a humanidade.

As execuções programadas por Israel, como os atentados perpetrados pelos suicidas palestinianos, são crimes terroristas.

Igualam-se no terror.

Israel, que se diz democrata, aproveita esta atenção mundial voltada para o Iraque, aproveita, ainda, o silêncio cúmplice de G. W. Bush e exercem justiça directa, sem julgamento, sem direito, sem prisão.

Sharon é, de facto, terrorista e deveria ser julgado como tal. Lemos as últimas notícias: americanos, com lágrimas de crocodilo, que dizem a Israel para "avaliarem as consequências"; a Itália, como toda a União Europeia, condenando a "prática da execução" que contribui "para alimentar a espiral do ódio e da violência, em vez de reduzi-la".

O mundo condena.

Os tribunais esperam.

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TRÊS NOTAS A uma semana do 25 de Abril, fixemo-nos, apenas, em três breves apontamentos do que "falta cumprir", em Portugal: 1. Educação:

Basta citar Manuela Teixeira( Expresso, 17.04.04, p.21), secretária-geral da FNE (Federação Nacional dos Sindicatos da Educação), agora em momento de saída, após quase 30 anos de sindicalismo, militante do PSD:

- "David Justino, à excepção do concurso para professores, nada fez nestes dois anos." - "Ele (o Ministro da Educação actual) devia seguir o conselho que Cavaco dá no seu livro: primeiro façam e depois anunciem." - "Nunca tive grandes expectativas e sempre achei que tinha um discurso perverso e demagógico sobre o sistema educativo." 2A uma semana dos 30 anos do 25 de Abril, fixemo-nos no presente e em três apontamentos do muito que "falta cumprir", em Portugal:. Saúde

Basta citar mais um escândalo, revelador das cumplicidades trágicas entre a Saúde, como um direito dos cidadãos, e a promiscuidade trágica do Ministério com as empresas privadas. Como se a privatização ou empresarialização ou outra coisa qualquer, que inclua venda dos doentes ao bolso privado, fosse a solução para um país carenciado: - "O ministro e o secretário de Estado da Saúde têm telemóveis da empresa à qual querem comprar 40 milhões de euros de equipamento." ( Expresso, 17.04.04, p.2)

3. Emigração

Basta citar um excerto de um comunicado da FAPF (Federação das Associações Portguesas de França): "A Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas decidiu reduzir, em cerca de 75% ,os já magros subsídios atribuídos à nossa Federação. Estes subsídios diziam respeito a projectos em curso, sobre a promoção da língua portuguesa, a participação dos portugueses na vida local e a dinamização e federação do movimento associativo português em França." Mais, ainda: "O Fonds d'Action Social (FAS), organismo do Estado francês e principal financiador dos projectos culturais da nossa Federação, decidiu bruscamente marcar ainda mais o seu afastamento. Em vez dos 5% que anualmente nos retirava do subsídio global (C.A./FAS-18/6/1999), em 2003 passou a retirar cerca de 30%, sem qualquer informação prévia à nossa federação. Contestámos esta decisão junto do Director do FAS. A resposta vinda de Paris foi fria e lapidar: O FAS “ a exclu le financement des activités liées à la promotion de la langue et de la culture portugaises ” ("... excluiu o financiamento das actividades ligadas à promoção da língua e da cultura portuguesas..."). Mas esta falta de apoio à "língua e cultura portuguesas" pelo governo francês, leva-nos a outro exemplo de partidarização: Existe, em França, outra federação de emigrantes (CCPF- Coordination des Colectivités Portugaises en France), próxima do PSD e, essa sim, recebeu dezenas de milhares de euros do Secretário de Estado das Comunidades. "A arbitrariedade e a injustiça flagrantes de que é vítima a Federação das Associações Portuguesas em França, não vai ficar no segredo dos deuses, dos ministérios ou dos salões nobres da embaixada!", escreve José Machado, da FAPF, na imprensa francesa..

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GRÂNDOLA, VILA MORENA

Grândola, vila morena

Terra da fraternidade

O povo é quem mais ordena

Dentro de ti, ó cidade Dentro de ti, ó cidade

O povo é quem mais ordena

Terra da fraternidade

Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo

Em cada rosto igualdade

Grândola, vila morena

Terra da fraternidade Terra da fraternidade

Grândola, vila morena

Em cada rosto igualdade

O povo é quem mais ordena À sombra duma azinheira

Que já não sabia a idade

Jurei ter por companheira

Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade

Jurei ter por companheira

À sombra duma azinheira

Que já não sabia a idade

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 02:16 PM

JOSÉ AFONSO

Vale a pena ler a última VISÃO (n.º 580, de 15 a 21 de Abril) que mais não seja pelo caderno especial "Os Dias da Liberdade". Reparem neste excerto de um texto inédito de José Afonso:

"Na madrugada de 25 de Abril de 1974, não ouvi a rádio passar a Grândola como senha do movimento. Soube desse facto através de um indivíduo chamado Mário Reis, que mo contou por volta das 6 ou 7 horas da manhã. Havia, então, como se sabe, uma grande caça aos antifascistas, e eu, que tinha fugido de casa por raz~oes muito concretas, encontrava-me nessa noite em casa de um amigo. Fiquei então a escutar a rádio, ouvi as comunicações pedindo às pessoas que não saíssem à rua. Resolvi fazer exactamente o contrário: ao fim de duas horas, saí, e andei quatro dias e quatro noites fora de casa. Como homem e como português, senti uma emoção inegável. Quanto à Grândola, com o tempo, habituei-me à ideia de que a canção já não era minha - era uma canção colectiva."

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 10:05 AM

A MAMA

Os números vão saindo para dessasossego deste desgoverno: "Desde que tomou posse, a coligação PSD/PP já fez 5900 nomeações de confiança política para altos cargos públicos, aproximando-se vertiginosamente dos totais de Guterres, que em seis anos deu "tacho" a 8884 "boys"..." ( FOCUS, 14 de Abril, de 2004, p. 26)

E pormenores desta desbunda, depois da promessa de Durão de limpar o compadrio e o nepotismo? 1. Bagão Félix deu "jobs" a 630 "boys"; 2. Paulo Portas ( que ganha 4 500 euros + 1 800 euros de ajudas) deu tachos sublimes: a Pedro Guerra (4 800 euros), a Miguel Guedes (4 800 euros), a Bernardo Carnal (8 00 euros)... 3. Luís Filipe Pereira já fez 450 nomeações, na Saúde; 4. Celeste Cardona com mais de 240 nomeações, onde vale a pena salientar um "boy" de 30 anos a ganhar 5 541 euros (tanto como um juiz-conselheiro) e um outro" boy", de 29 anos, com 5380 euros por mês; 5. Dos 5 900 "boys", 1 600 são "pessoal de gabinete"; 2 500 são dirigentes ou quadros intermédios da Administração Pública; 1 000 foram nomeados para "órgãos consultivos ou de fiscalização" e 650 para "grupos de trabalho ou equipas de missão" (estes eufemismos!); 6. A estes 5 900 "boys" poderemos, ainda, junta as nomeações de quadros de grandes empresas públicas ou de administradores para os hospitais-empresas; 7. Escreveu Marcelo Rebelo de Sousa: " A partidarização do aparelho de Estado está além do que é razoável." (cf. Focus, p. 30):

CONCLUSÃO: JÁ SÃO MAIS DE 5900 "BOYS" A MAMAR NO APARELHO DE ESTADO! E O QUE PROMETEU DURÃO? TRANSPARÊNCIA, CONCURSOS PÚBLICOS, LIMPEZA DOS PARASITAS PARTIDÁRIOS! OS SACRIFÍCIOS SÃO SÓ PARA ALGUNS. o DESEMPREGO É SÓ PARA QUEM TRABALHA! A DEMOCRACIA FRAGILIZA-SE COM ESTE ATAQUE À MESMA TETA.

; Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 12:38 PM

TRABALHO INFANTIL

Para pensar e agir: No mundo há 250 milhões de crianças que trabalham. Como esta.

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JULGAMENTO

Um dia, quando houver Justiça, serão julgados,

num qualquer Tribunal Penal Internacional,

por crimes contra a Humanidade. Por serem responsáveis por milhares de mortes,

por terem retirado os direitos fundamentais

a milhares de seres humanos. Claro que não estarão sós no julgamento:

terão ao lado mil outros responsáveis

por mil outras prisões e assassínios. Será engraçado ver, lado a lado, com o mesmo

ar inocente, ditadores como Saddam e Fidel,

Kim il Sung e Pinochet, Faiçal e Jorge Videla. E todos os da China, representados por Hu Jintao.

(E o Nepal e o Tibete e a Mongólia? E a pena de morte

com bala a ser paga pela família dos assassinados?) Quem mandou fuzilar ou prender sem julgamento?

Quem mandou torturar, cremar, humilhar?

Quem manda construir muros de vergonha?

E, depois, haver tantos outros, a título póstumo,´

para que o julgamento não tenha fim e a Humanidade

tome consciência de que a sua História está atravessada por milhões de gritos inocentes,

por milhões de pessoas que nos atravessam o sangue:

os que ainda plantam rosas no Jardim dos Direitos Fundamentais.

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 03:37 AM

PALESTINA

PALESTINA Podem pisar-te como à erva ruim

E dizer que essa terra não é tua,

Podem matar os teus, sacrificar-te,

Pretendendo que o teu reino é o da lua,

Podem forças obscuras conjurar-se

P'ra roubar o que desde sempre te cabia,

Podem queimar-te e arrasar-te

Mas não negar a luz do dia.

Podem erguer um muro de mentira

Para deter os ventos do deserto

Mas eles amam-te e são teus

Sempre voltarão e hão-de ficar perto.

Teus filhos hão-de saber salvar-te,

Terra mártir, altiva e beduína,

E a meiga pomba da paz e da alegria

Pousará, de novo, em ti, Ó Palestina.

Adalberto Alves

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 12:10 PM

MISAH GORDIN

Quando o mundo cansa, quando as notícias

parecem chegar do mesmo lado ou da mesma

gruta obscura onde se agitam os pesadelos Quando o futuro cai como uma faca sobre as rosas

e se adivinha uma estrada sem saída ou um inverno

inteiro para cobrir de vez as ervas tenras da savana Chega a música que unifica todas as artes. E regressamos

a casa, ao trabalho, às longas caminhadas ou ao pensamento

débil que permite, ainda, a névoa de manhã e orvalho no jardim

Fotografias de Misha Gordin, que podem ser vistas na Periférica, uma das revistas quepode perturbar os dias de cinza. «Em vez de fotografar realidades existentes, decidi fotografar as minhas próprias realidades imaginárias. Comecei a fotografar conceitos. O processo é semelhante à encenação de uma peça de teatro. Começa com uma ideia (argumento) e depois é preciso encontrar o local (palco) e os modelos (actores) apropriados; há que tomar decisões quanto à iluminação e ao guarda-roupa, tirar fotografias preliminares (ensaios) antes do dia da verdadeira sessão fotográfica (a noite de estreia). Tem muitas semelhanças não só com o teatro, mas também com o cinema, a poesia, a pintura, a escultura e a música. Todos começam por um conceito e depois seguem-se o guião ou a composição, os esboços, as afinações... E todos reflectem possíveis respostas às maiores questões que se colocam a alguém: nascimento, vida e morte. Mas a fotografia tem uma vantagem: a sua verosimilhança. Nós temos uma tendência subconsciente para acreditar que aquilo que vemos fotografado tem de existir.»

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 05:07 PM

BUSH

Para além de mentiroso, que outros adjectivos serão aplicáveis a G. W. Bush?

Vale a pena repetir a visita aqui e aqui ou aqui. Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 03:16 AM

L O N G E

"Eu vim de longe, de muito longe... O que eu andei prà 'qui chegar! Eu vou pra longe, pra muito longe, onde nos vamos encontrar... com o que temos pra nos dar!" José Mário Branco

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 07:54 PM

CARTA A UM AMIGO

Meu caro amigo, reescreves a notícia, com evidente orgulho : "O Primeiro-Ministro anunciou, em 6 de Abril, no final da reunião do Conselho de Ministros que assinalou o segundo aniversário da tomada de posse do Governo, que o Plano Nacional de Prevenção do Abandono Escolar, destinado a reduzir, até 2010, a taxa de saída precoce das escolas para menos de metade, vai avançar. «Queremos, até 2010, reduzir para menos de metade a taxa de abandono escolar na escolaridade de nove anos, que hoje se situa nos 2,7%», declarou Durão Barroso, acrescentando que a medida visa prevenir também as saídas precoces nos casos da escolaridade de 12 anos, cuja percentagem se cifra nos 44,8%." Fico a pensar como não és capaz de te rir! Retira os partidarismos e sê livre pensador ou pensa livremente! 1. Até 2010 ? Até eu, só por inércia, sem fazer absolutamente nada, conseguiria fazer isso! Como? Há diminuição da população escolar e há aumento necessário, independentemente da nossa vontade, dos "skills" motivadores para uma escolaridade básica terminada. Parece-me tão evidente que me rio, com a minha experiência de 30 anos de ensino, ao longo de todo o país! 2. E perguntas bem: por que fazem de nós tão ingénuos? Porque é necessário prometer qualquer coisa de irremediavelmente certo e sem esforço, para apagar esta mediania sensaborona em que o Governo está atolado. 3. E por que somos todos tão ingénuos, a ponto de nos quererem comer as papas na cabeça? Porque há muita falta de cultura, muita iliteracia, muito analfabetismo e, ainda, um preconceito, revivido do salazarismo mais torpe, de que "os estudantes são uns malandros". 4. Fico triste por pensar que pode haver alguém que acredita neste "desvio para a frente", como tu acreditas, meu querido amigo. E o resto? E a saúde para 2010? E o apanhar o comboio dos nossos irmãos europeus, também em 2010? E tudo o mais para 2010? Lembras-te do W. Bush prometer aos americanos a chegada a Marte em 2030? E se tu e eu prometêssemos aos portugueses a chegada a Marte antes dos americanos? Por que não ? Ganharíamos eleições? Duvido. Os portugueses são analfabetos e iliteratos mas não são burros, não achas?

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 04:58 PM

25 DE ABRIL

LEMBRÁ-LO S E M P R E Como quem recorda uma infância feliz Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 06:37 PM

O LOBO CHORA

Até os lobos ibéricos, de olhos inocentes, parecem chorar

com o estado a que este governo levou Portugal. E o lindo lobo diz, nos seus prantos, que a desculpa já não pega. E o lindo lobo de olhos inocentes pede poucos neurónioss a funcionar

para sermos capazes de atingir

o que os números não desmentem: este governo levou o país para índices de 1997

e ameaça afundá-lo, tanta é a incompetência que revela! Mais dúvidas? E os "JOBS FOR THE BOYS" ? O "Jornal de Negócios" acaba de publicar que "foram feitas 2824 nomeações no aparelho de Estado desde que o Governo chefiado por Durão Barroso tomou posse, 1140 das quais directamente nos ministérios e secretarias de Estado, sendo que destas, 315 vieram de fora da função pública" (cf. Público, hoje, p. 14). Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 05:59 PM

UM ANO DEPOIS

Estará o mundo mais seguro? Haverá menos terrorismo ? Os iraquianos estarão melhor ?

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 02:44 AM

QUE GOVERNO!

Estamos sossegadíssimos e quase maravilhados com o tempo solarengo, quando nos cai a repetição das más notícias. Abandona-se o livro e a praia, a esplanada e o céu azul, a televisão e a musiquinha. E vamos para a cama. Porque só a dormir poderemos esquecer este desgoverno de Portugal. Tão mal é impossível!

E qual a NOTÌCIA ?

PIB NACIONAL CAÍU PARA NÍVEIS DE 1997 Portugal é o país mais pobre da União Europeia e a tendência é para que haja

um agravamento da situação. Haverá um retrocesso na riqueza nacional face à média europeia para um

patamar próximo do de 1997. As previsões da Primavera da Comissão Europeia

mostram que o PIB ‘per capita’ português será, em 2005, de 67,5% da média da

União Europeia. Portugal é assim ultrapassado pelos gregos que terão, em

2005, um PIB ‘per capita’ que corresponde a 75,9% da média da europeia, mais

8,4 pontos percentuais do que Portugal. A Comissão salienta ainda a

derrapagem no défice orçamental e que a retoma económica será lenta mas

sustentada. (Para obter mais informação, consulte a edição em papel do

Diário Económico). (DIÁRIO ECONÓMICO, Economia, Sexta, 9 de Abril de 2004)

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 02:08 AM

TOURADAS

A notícia aí está:

"A Câmara Municipal de Barcelona aprovou uma resolução onde condena as touradas e declara a cidade como a primeira em Espanhaa opor-se à 'fiesta', que tem tradições seculares no país." Contada, ninguém acreditaria. Ainda mais:

"No Verão passado, o parlamento regional catalão proibiu que as crianças abaixo dos 14 anos assistissem a touradas, o que fez com que esta região fosse a primeira em Espanha a afastar os mais pequenos das arenas." (Público, 08.04.04) Barcelona na vanguarda.

Quando ainda é tempo de ir ver a retrospectiva de Tàpies no MACBA.

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 05:35 PM

Ainda SAINT-EX

Ao largo de Marselha, lá estavam os destroços do avião que o autor de "O PRINCIPEZINHO" pilotava.

Tinha a matrícula militar 42-68223. Era um dia 31 de Julho de 1944, uma quarta-feira e o autor de "O Voo Nocturno", partia, sem regresso, para uma missão de reconhecimento, visando preparar a entrada dos Aliados na Provença. Quase sessenta anos depois, eis os despojos de um acidente que ajudou a aumentar o mito. O enigma da sua morte aí estava. Até este dia 7 de Abril de 2004, em que o Departamento Arqueológico (Drassm) anuncia o reencontro com um avião que deverá ter caído na vertical, a grande velocidade. Como aquela em que vivia o interplanetário Principezinho.

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 06:53 PM

SAINT-EXUPÉRY

Apareceram os destroços do avião de Antoine de Saint-Exupéry(1900-1944), autor de "O Principezinho". Nascido em Lyon (onde o F.C. do Porto hoje jogará), a sua morte permaneceu um enigma. A descoberta, no Mar Mediterrâneo, dos destroços do avião que pilotava, vem trazer alguma luz sobre aquele dia fatal de 31 de Julho de 1944. Aproximava-se o fim da Guerra e a vitória dos Aliados, que Saint-Exupéry não verá.

Para sempre ficaram as sua obras, sendo "O Principezinho" uma das mais lidas em todo o mundo.

Recordemos o início de "Le Petit Prince": Lorsque j'avais six ans j'ai vu, une fois, une magnifique image, dans un livre sur la Forêt Vierge qui s'appelait "Histoires Vécues". Ça représentait un serpent boa qui avalait un fauve. Recordemos o início de "O Principezinho": Quando eu tinha seis anos, vi, uma vez, uma magnífica imagem, num livro sobre a Floresta que se chamava "Histórias Vividas", que representava uma serpente a engolir uma fera. E o fim: Ça c'est pour moi, le plus beau et le plus triste paysage du monde. C'est le même paysage que celui de la page précédente, mais je l'ai dessiné une fois encore pour bien vous le montrer. C'est ici que le petit prince a apparu sur terre, puis disparu. E o fim: Para mim, esta é a mais bela e a mais triste paisagem do mundo. É a mesma paisagem da página anterior mas desenhei-a mais uma vez para vos mostrar melhor. Foi aqui que o Principezinho apareceu sobre a terra e, depois, desapareceu. Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 01:22 PM

G R I T A !

Se te apetece gritar G R I T A !

Se te apetece gritar G R I T A !

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 11:20 AM

Dia da Saúde

Dia para pensar na saúde e na doença.

Dia para lembrar os que sofrem os que esperam os que não podem pagar medicamentos os que viram baixar o subsídio de doença os esquecidos os que nem sabem que estão doentes os que nem sabem que têm saúde

Dia para olhar o céu azul,

o sol por todo o lado,

a Primavera galopante.

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 11:10 AM

PAZ

Aqui, Laganés, ao lado de Madrid. Somos 25 000 por uma causa. O futuro está connosco.

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 08:34 AM

TANTO SOL

Eis a montanha. Aqui, um dia de sol. A Primavera. Há beleza que baste para a Terra.

Aqui, o brilho é branco.

Acordo entre nuvens. Tanto sol. Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 08:09 AM

Um Poema de Vasco Graça Moura

LAMENTO PARA

A LÍNGUA PORTUGUESA

não és mais do que as outras, mas és nossa,

e crescemos em ti. nem se imagina

que alguma vez uma outra língua possa

pôr-te incolor, ou inodora, insossa,

ser remédio brutal, mera aspirina,

ou tirar-nos de vez de alguma fossa,

ou dar-nos vida nova e repentina.

mas é o teu país que te destroça,

o teu próprio país quer-te esquecer

e a sua condição te contamina

e no seu dia a dia te assassina.

mostras por ti o que lhe vais fazer:

vai-se por cá mingando e desistindo,

e desde ti nos deitas a perder

e fazes com que fuja o teu poder

enquanto o mundo vai de nós fugindo:

ruiu a casa que és do nosso ser

e este anda por isso desavindo

connosco, no sentir e no entender,

mas sem que a desavença nos importe

nós já falamos nem sequer fingindo

que só ruínas vamos repetindo.

talvez seja o processo ou o desnorte

que mostra como é realidade

a relação da língua com a morte,

o nó que faz com ela e que entrecorte

a corrente da vida na cidade.

mais valia que fossem de outra sorte

em cada um a força da vontade

e tão filosofais melancolias

nessa escusada busca da verdade

e que a ti nos prendesse melhor grade.

bem que ao longo do tempo ensurdecias,

nublando-se entre nós os teus cristais,

e entre gentes remotas descobrias

o que não eram notas tropicais

perdidas no enredar das nossas vias

por desvairados, lúgubres sinais,

mísera sorte, estranha condição,

em que, por nos perdermos, te perdias.

neste turvo presente tu te esvais,

por ser combate de armas desiguais.

matam-te a casa, a escola, a profissão,

a técnica, a ciência, a propaganda,

o discurso político, a paixão

de estranhas novidades, a ciranda

da violência alvar que não abranda

entre rádios, jornais, televisão.

e toda a gente o diz, mesmo essa que anda

por tempos de ignomínia mais feliz

e o repete por luxo e não comanda,

com o bafo de hienas dos covis,

mais que uma vela vã nos ventos panda

cheia do podre cheiro a que tresanda.

foste memória, música e matriz

de um áspero combate: apreender

e dominar o mundo e as mais subtis

equações em que é igual a xis

qualquer das dimensões do conhecer,

dizer de amor e morte, e a quem quis

e soube utilizar-te, do viver,

do mais simples viver quotidiano,

de ilusões e silêncios, desengano,

sombras e luz, risadas e prazer

e dor e sofrimento, e de ano a ano,

passarem aves, ceifas, estações,

o trabalho, o sossego, o tempo insano

do sobressalto a vir a todo o pano,

e bonanças também e tais razões

que no mundo costumam suceder

e deslumbram na só variedade

de seu modo, lugar e qualidade,

e coisas certas, inexactidões,

venturas, infortúnios, cativeiros,

e paisagens e luas e monções,

e os caminhos da terra a percorrer,

e arados, atrelagens e veleiros,

pedacinhos de conchas, verde jade,

doces luminescências e luzeiros,

que podias dizer e desdizer

no teu corpo de tempo e liberdade.

agora que és refugo e cicatriz

esperança nenhuma hás-de manter:

o teu próprio domínio foi proscrito,

laje de lousa gasta em que algum giz

se esborratou informe em borrões vis.

de assim acontecer, ficou-te o mito

de seres de vastos, vários e distantes

mundos que serves mal nos degradantes

modos de nós contigo. nem o grito

da vida e do poema são bastantes,

por ser devido a um outro e duro atrito

que tu partiste até as próprias jantes

nos estradões da história: estava escrito

que iam desconjuntar-te os teus falantes

na terra em que nasceste. eu acredito

que te fizeram avaria grossa.

não rodarás nas rotas como dantes,

quer murmures, escrevas, fales, cantes,

mas apesar de tudo ainda és nossa,

e crescemos em ti. nem imaginas

que alguma vez uma outra língua possa

pôr-te incolor, ou inodora, insossa,

ser remédio brutal, vãs aspirinas,

ou tirar-nos de vez de alguma fossa,

ou dar-nos vidas novas repentinas.

enredada em vilezas, ódios, troça,

no teu próprio país te contaminas

e é dele essa miséria que te roça.

mas com o que te resta me iluminas.

Vasco Graça Moura Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 02:56 PM

Europa Social

É esta a "Europa Social".

Há dias, em Paris; ontem, em Berlim, com mais de duzentas mil pessoas.

É a Europa que não dorme. Que vê a diminuição dos direitos dos doentes,

dos reformados, dos desempregados.

E não fica calada de tristeza. É preciso mudar qualquer coisa:

"É preciso os economistas pensarem bem nos modelos de desenvolvimento que interessam às populações",

como disse Alfredo Bruto da Costa, Presidente do Conselho Económico e Social, no Programa "Expresso da Meia-Noite" da Sic Notícias. Para não acontecer como na Irlanda, que ultrapassou no PIB per capita Portugal, Grécia e Espanha mas

os ultrapassou igualmente no aumento da pobreza:

a maior riqueza do país está na mão de menos pessoas.

Muita gente, antes remediada, foi atirada para apobreza e para a fome. Por isso, podemos falar do "milagre que nunca existiu" na Irlanda. Como o fez Pedro D'Anunciação, no último "Expresso". Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 04:40 AM

"GRACIAS A LA VIDA!"

Há canções que ficam para a eternidade, como "Gracias a la Vida" da chilena Violeta Parra (1917-1967). Para quem canta a vida, a sua morte aos 50 anos, suicidando-se, fica como uma flor deposta sobre a beleza. A letra de "Graças à Vida" arrebata pela universalidade que transporta: "Graças à vida, que tanto me deu!

Deu-me dois luzeiros que, quando os abro,

Distingo perfeitamente o negro do branco

E, no alto céu, o seu fundo estrelado

E, entre as multidões, a mulher que eu amo!

Graças à vida que tanto me deu!

Deu-me o som e o abecedário

E com ele as palavras que penso e digo:

Pai, amigo, irmão, e luz iluminando

o caminho da alma daquela que eu amo!" Esta primeira estrofe transmite o sentido profundo da obra universal de Violeta Parra. Para não perder o ritmo, aqui fica a letra completa, em castelhano:

GRACIAS A LA VIDA

Gracias a la vida, que me ha dado tanto

Me dio dos luceros, que cuando los abro

Perfecto distingo lo negro del blanco

Y en el alto cielo, su fondo estrellado

Y en las multitudes, la mujer que amo

Gracias a la vida, que me ha dado tanto

Me ha dado el sonido y el abecedario

Con él las palabras que pienso y declaro

Padre, amigo, hermano, y luz alumbrando

La ruta del alma de la que yo amo Gracias a la vida, que me ha dado tanto

Me dio el corazón, que agita su marco

Cuando miro el fruto del cerebro humano

Cuando miro el bueno tan lejos del malo

Cuando miro el fondo de sus ojos claros Gracias a la vida, que me ha dado tanto

Me ha dado la risa y me ha dado el llanto

Así yo distingo dicha de quebranto

Los dos materiales que forman mi canto

El canto de ustedes, que es el mismo canto

El canto de todos, que es mi propio canto Gracias a la vida

Gracias a la vida

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 04:29 PM

Juan Luis Cebrián

Vale a pena ler, na última VISÃO (n.º 578, 1 a 7 de Abril) , a entrevista de Juan Luis Cebrián, fundador do jornal El País. Nascido em Madrid,em 1944, participou na fundação da revista Cuadernos para el Diálogo, trabalhou no Pueblo e ocupou o cargo de director de informação da TVE. Em 1976, fundou El País, que dirigiu até Novembro de 1988. Agora, acaba de ser publicado, em português, o seu romance FRANCOMORIBUNDIA ( Ed. Âmbar). Citemos, apenas, algumas frases que merecem uma reflexão: 1. "Todos os governos democráticos negociaram com os terroristas." 2. "Salazar comportava-se como um monge e, em certos aspectos, até era mais sinistro do que Franco. Possuía outra estrutura mental." 3. "Os fundamentalistas democráticos são aqueles que pensam que existe uma democracia pura e incorruptível. Uma democracia que pode vender-se em pacotes, instalar-se em países que nada têm a ver com ela e, assim, tentar resolver todas as coisas." 4."(...) a democracia não é uma solução, mas apenas uma condição para tudo." Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 03:51 AM

ATAQUE AOS DOENTES

NÃO É MENTIRA MAS PARECE! SUBSÍDIO DE DOENÇA DESCE A PARTIR DE HOJE Quem entrar de baixa a partir de hoje vai receber menos subsídio da

Segurança Social, com a entrada em vigor das novas regras sobre o subsídio

de doença, que prevêem uma redução na prestação de dez por cento nas baixas

até 30 dias e de cinco por cento entre os 30 e os 90 dias. SABEMOS QUE SÃO MULHERES E MÃES AS QUE TÊM MAIS FALTAS DE CURTA DURAÇÃO,

DEVIDO, PRINCIPALMENTE, AOS FILHOS MENORES. ESTE É, DE FACTO, UM ATAQUE AOS MAIS FRÁGEIS, AOS POBRES E AOS DOENTES!

O PSD DIZ QUE É "JUSTIÇA SOCIAL" E "COMBATE À FRAUDE". Se o combate à fraude se faz com melhor fiscalização e não assim, dizer que isto é "justiça social" é mesmo MENTIRA! Este governo sabe mentir todos os dias e não só hoje, para mal de todos, sobretudo dos doentes! Até ao quarto mês de baixa por doença, o trabalhador passa a receber menos

dinheiro.

Actualmente, o trabalhador recebe 65 por cento do ordenado, durante um ano de

baixa por doença, e 70 por cento após esse período. Com as alterações introduzidas pelo ministro da Segurança Social e do

Trabalho, Bagão Félix, o beneficiário passa, A PARTIR DE HOJE, a receber 55 por cento do

salário, no primeiro mês de baixa, 60 por cento entre os 30 e os 90 dias, 70

por cento a partir dos 90 dias e 75 por cento após um ano. Ou seja, na prática, até ao quarto mês de baixa, o trabalhador passa a

receber menos subsídio do que receberia com a lei que vigora até hoje. Mas

passa a receber mais a partir desse período. O objectivo, segundo o Governo,

é privilegiar os trabalhadores que estão inactivos por mais tempo. No entanto, os sindicatos defendem que a larga maioria dos beneficiários vai

sair prejudicada com as novas regras, já que a maior parte das baixas são de

curta duração. O novo diploma inclui ainda a majoração de cinco por cento do subsídio para

famílias com crianças e jovens deficientes e para agregados familiares com

rendimento mensal igual ou inferior a 500 euros. Esta alteração à lei de

Bagão Félix foi introduzida pelo Presidente da República, Jorge Sampaio. Os beneficiários que suspendam as suas funções profissionais, por motivo de

doença, terão de apresentar o certificado de incapacidade nos primeiros cinco

dias úteis. Caso contrário, o subsídio passará a contar apenas a partir da

data da entrega do documento.

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 02:38 PM

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