"Ainda não sei para onde vou"

03-08-2004
marcar artigo

"Ainda Não Sei para Onde Vou"

Quarta-feira, 28 de Julho de 2004 Sem certezas sobre os seus lugares no Parlamento, aplausos económicos ao discurso de Santana Lopes e muita conversa de corredor. Foi assim o primeiro dia do resto do mandato dos ex-ministros e ex-secretários de Estado, que saíram com Durão do XV Governo. Por Nuno Sá Lourenço O debate do programa de Governo serviu para que alguns dos governantes cessantes assumissem os seus lugares no Parlamento. O regresso oscilou entre a recepção efusiva pelos seus novos colegas e as reacções tímidas ao discurso de Santana Lopes. Exemplo da distribuição comedida das palmas entre os ex-governantes foi a reacção às referências à deslocalização de seis secretarias de Estado. Teresa Gouveia, Marques Mendes, David Justino, Celeste Cardona e Pedro Roseta nem sequer aplaudiram. No extremo encontrava-se Pedro Roseta, ex-ministro da Cultura. Sentado na última fila, aí se deixou ficar grande parte da manhã. Poucos aplausos, escassa atenção à intervenção do primeiro-ministro, preferindo mesmo gastar longos minutos na leitura interessada do boletim informativo da Assembleia. Em contrapartida, David Justino, ex-ministro da Educação foi dos que mais tempo passou nos corredores. Cumprimentado pelos novos colegas e pelos que ficavam no Governo, ia conversando com todos, nas imediações do bar. Abordado pelo PÚBLICO, começou logo por dizer que falava "de tudo menos de Educação". O pudor em relação à sua antiga pasta tinha a ver com um "período de nojo" autoestabelecido. Período que não o impediu de comentar a primeira intervenção de Santana Lopes como chefe de governo na AR: "Gostei mais do que o discurso da tomada de posse. Pareceu-me mais articulado e as propostas melhor explicitadas." Justino revelou mais disponibilidade que Teresa Gouveia, que saiu do Ministério dos Negócios Estrangeiros. "Não vou fazer comentários [sobre o discurso de Santana Lopes] porque não sou analista política", escusou-se. Sobre o futuro, admitiu dedicar-se "talvez à politica externa". Celeste Cardona não fazia sequer ideia sobre isso, mas não parecia preocupada. "Ainda não sei para onde vou", respondeu a centrista para depois confessar que estava mais interessada em tirar férias: "Como se lembra o ano passado não tive férias, quero ver se agora descanso", explicou a ex-ministra da Justiça. O dia de Cardona foi passado reencontrando colegas de bancada, trocando números de telemóvel e escutando alguns elogios. Ouviu-os do seu sucessor, Aguiar Branco, que prometeu não fazer "mais do que o que já estava previsto pela anterior ministra". A social-democrata Teresa Morais também não a esqueceu quando se referiu à reforma do sistema prisional. A visível satisfação de Cardona só foi interrompida pelo socialista Jorge Lacão quando este, ao falar de Justiça, trocou o seu nome para "Cardona Ferreira" Marques Mendes mostrou também ser um parlamentar do diálogo. Nem quando estava no plenário deixava de trocar ideias com outros deputados. Leonor Beleza esteve bastante tempo sentada a seu lado. Foram muitos os que se deslocaram à penúltima fila, atrás do CDS, para falar com o ex-ministro dos Assuntos Parlamentares. Pelo meio ia distribuindo uns aplausos económicos a Santana Lopes. Nem mesmo nas suas saídas para fumar se encontrava Marques Mendes sozinho. A última vez que o PÚBLICO o viu, estava o ex-governante a falar das "férias no Algarve" com Morais Sarmento. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Primeiro-ministro passa ao lado

Referendo sobre Constituição europeia

Santana apela a pactos

Governo reduz expectativas

Governo reduz expectativas de aligeirar IRS

Aguiar Branco promete mapa judicial

Leques e discursos para afastar o calor

"Ainda não sei para onde vou"

"Ainda Não Sei para Onde Vou"

Quarta-feira, 28 de Julho de 2004 Sem certezas sobre os seus lugares no Parlamento, aplausos económicos ao discurso de Santana Lopes e muita conversa de corredor. Foi assim o primeiro dia do resto do mandato dos ex-ministros e ex-secretários de Estado, que saíram com Durão do XV Governo. Por Nuno Sá Lourenço O debate do programa de Governo serviu para que alguns dos governantes cessantes assumissem os seus lugares no Parlamento. O regresso oscilou entre a recepção efusiva pelos seus novos colegas e as reacções tímidas ao discurso de Santana Lopes. Exemplo da distribuição comedida das palmas entre os ex-governantes foi a reacção às referências à deslocalização de seis secretarias de Estado. Teresa Gouveia, Marques Mendes, David Justino, Celeste Cardona e Pedro Roseta nem sequer aplaudiram. No extremo encontrava-se Pedro Roseta, ex-ministro da Cultura. Sentado na última fila, aí se deixou ficar grande parte da manhã. Poucos aplausos, escassa atenção à intervenção do primeiro-ministro, preferindo mesmo gastar longos minutos na leitura interessada do boletim informativo da Assembleia. Em contrapartida, David Justino, ex-ministro da Educação foi dos que mais tempo passou nos corredores. Cumprimentado pelos novos colegas e pelos que ficavam no Governo, ia conversando com todos, nas imediações do bar. Abordado pelo PÚBLICO, começou logo por dizer que falava "de tudo menos de Educação". O pudor em relação à sua antiga pasta tinha a ver com um "período de nojo" autoestabelecido. Período que não o impediu de comentar a primeira intervenção de Santana Lopes como chefe de governo na AR: "Gostei mais do que o discurso da tomada de posse. Pareceu-me mais articulado e as propostas melhor explicitadas." Justino revelou mais disponibilidade que Teresa Gouveia, que saiu do Ministério dos Negócios Estrangeiros. "Não vou fazer comentários [sobre o discurso de Santana Lopes] porque não sou analista política", escusou-se. Sobre o futuro, admitiu dedicar-se "talvez à politica externa". Celeste Cardona não fazia sequer ideia sobre isso, mas não parecia preocupada. "Ainda não sei para onde vou", respondeu a centrista para depois confessar que estava mais interessada em tirar férias: "Como se lembra o ano passado não tive férias, quero ver se agora descanso", explicou a ex-ministra da Justiça. O dia de Cardona foi passado reencontrando colegas de bancada, trocando números de telemóvel e escutando alguns elogios. Ouviu-os do seu sucessor, Aguiar Branco, que prometeu não fazer "mais do que o que já estava previsto pela anterior ministra". A social-democrata Teresa Morais também não a esqueceu quando se referiu à reforma do sistema prisional. A visível satisfação de Cardona só foi interrompida pelo socialista Jorge Lacão quando este, ao falar de Justiça, trocou o seu nome para "Cardona Ferreira" Marques Mendes mostrou também ser um parlamentar do diálogo. Nem quando estava no plenário deixava de trocar ideias com outros deputados. Leonor Beleza esteve bastante tempo sentada a seu lado. Foram muitos os que se deslocaram à penúltima fila, atrás do CDS, para falar com o ex-ministro dos Assuntos Parlamentares. Pelo meio ia distribuindo uns aplausos económicos a Santana Lopes. Nem mesmo nas suas saídas para fumar se encontrava Marques Mendes sozinho. A última vez que o PÚBLICO o viu, estava o ex-governante a falar das "férias no Algarve" com Morais Sarmento. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Primeiro-ministro passa ao lado

Referendo sobre Constituição europeia

Santana apela a pactos

Governo reduz expectativas

Governo reduz expectativas de aligeirar IRS

Aguiar Branco promete mapa judicial

Leques e discursos para afastar o calor

"Ainda não sei para onde vou"

marcar artigo