A Odisseia de Um Advogado Iraquiano para Resgatar a Soldado Lynch
Por MARIA JOÃO GUIMARÃES
Sábado, 05 de Abril de 2003
Depois de ver um elemanto dos "Fedayin" de Saddam a esbofetear uma soldado norte-americana, deitada numa cama de hospital, um advogado de 32 anos identificado apenas como Mohammed decidiu que iria ajudar a jovem prisioneira de guerra.
Tudo começou quando Mohammed foi visitar a sua mulher ao Hospital de Nasiriyah, onde ela trabalha como enfermeira, e notou uma presença excepcional dos paramilitares "Fedayin" de Saddam. Achou estranho, e perguntou a um médico seu amigo qual a razão desta presença. O médico explicou-lhe que a segurança tinha aumentado porque estava uma prisioneira de guerra no hospital Saddam Hussein, e levou-o até uma ala de emergência, de onde Mohammed viu a prisioneira, Jessica Lynch, de 19 anos, deitada numa cama. Ao seu lado estava um guarda vestido de preto - um elemento dos temidos "Fedayin". Mohammed viu-o levantar a mão e bater na cara da prisioneira com a palma aberta, depois, outra vez, com as costas da mão. E foi nesse momento, contou aos diários norte-americanos "Washington Post" e "USA Today", que decidiu ir ter com os americanos e dizer-lhes onde estava a prisioneira.
Depois de ter localizado os "Marines", caminhou os dez quilómetros da agora conhecida como "estrada da emboscada" para fora de Nasyriah. Aproximou-se, de mãos no ar, de um "marine", que lhe perguntou: "O que queres?". Ele respondeu com uma oferta: "Informação importante sobre mulher soldado no hospital".
Os dias seguintes não foram fáceis para Mohammed, já que os norte-americanos lhe tinham pedido que recolhesse elementos sobre o hospital, o que exigiu várias visitas arriscadas - não só pelas bombas da coligação que caíam perto, como pela possibilidade de ser descoberto pelos "Fedayin".
Foi depois com plantas do edifício feitas à mão por Mohammed e pela sua mulher, e com informações de ambos sobre o número de paramilitares no hospital - Mohammed contou 41 "fedayin", mais quatro homens vestidos à civis armados com Kalashnikov e rádios à porta do quarto - e onde poderia aterrar o helicóptero que foi planeada e executada a operação de resgate. Esta efectuou-se cinco dias depois de Mohammed ter visto Lynch no quarto do hospital.
Mohammed falou com os jornalistas numa base dos "marines" no Iraque, onde fez escala antes de seguir para um campo de refugiados no porto de Umm Qasr, a Sul, juntamente com a sua mulher e a filha, de seis anos. O seu apelido não foi divulgado para lhe garantir segurança. Mohammed explicou que sabia os riscos que estava a correr: "Tive medo pela minha mulher e pela minha filha."
Jessica Lynch, a soldado que esteve mais de dez presa depois de a sua unidade ter caído numa emboscada no primeiro dia de guerra, está entretanto num hospital militar americano na Alemanha, onde já foi submetida a uma cirurgia e a consultas de médicos de saúde mental.
A Odisseia de Um Advogado Iraquiano para Resgatar a Soldado Lynch
Por MARIA JOÃO GUIMARÃES
Sábado, 05 de Abril de 2003
Depois de ver um elemanto dos "Fedayin" de Saddam a esbofetear uma soldado norte-americana, deitada numa cama de hospital, um advogado de 32 anos identificado apenas como Mohammed decidiu que iria ajudar a jovem prisioneira de guerra.
Tudo começou quando Mohammed foi visitar a sua mulher ao Hospital de Nasiriyah, onde ela trabalha como enfermeira, e notou uma presença excepcional dos paramilitares "Fedayin" de Saddam. Achou estranho, e perguntou a um médico seu amigo qual a razão desta presença. O médico explicou-lhe que a segurança tinha aumentado porque estava uma prisioneira de guerra no hospital Saddam Hussein, e levou-o até uma ala de emergência, de onde Mohammed viu a prisioneira, Jessica Lynch, de 19 anos, deitada numa cama. Ao seu lado estava um guarda vestido de preto - um elemento dos temidos "Fedayin". Mohammed viu-o levantar a mão e bater na cara da prisioneira com a palma aberta, depois, outra vez, com as costas da mão. E foi nesse momento, contou aos diários norte-americanos "Washington Post" e "USA Today", que decidiu ir ter com os americanos e dizer-lhes onde estava a prisioneira.
Depois de ter localizado os "Marines", caminhou os dez quilómetros da agora conhecida como "estrada da emboscada" para fora de Nasyriah. Aproximou-se, de mãos no ar, de um "marine", que lhe perguntou: "O que queres?". Ele respondeu com uma oferta: "Informação importante sobre mulher soldado no hospital".
Os dias seguintes não foram fáceis para Mohammed, já que os norte-americanos lhe tinham pedido que recolhesse elementos sobre o hospital, o que exigiu várias visitas arriscadas - não só pelas bombas da coligação que caíam perto, como pela possibilidade de ser descoberto pelos "Fedayin".
Foi depois com plantas do edifício feitas à mão por Mohammed e pela sua mulher, e com informações de ambos sobre o número de paramilitares no hospital - Mohammed contou 41 "fedayin", mais quatro homens vestidos à civis armados com Kalashnikov e rádios à porta do quarto - e onde poderia aterrar o helicóptero que foi planeada e executada a operação de resgate. Esta efectuou-se cinco dias depois de Mohammed ter visto Lynch no quarto do hospital.
Mohammed falou com os jornalistas numa base dos "marines" no Iraque, onde fez escala antes de seguir para um campo de refugiados no porto de Umm Qasr, a Sul, juntamente com a sua mulher e a filha, de seis anos. O seu apelido não foi divulgado para lhe garantir segurança. Mohammed explicou que sabia os riscos que estava a correr: "Tive medo pela minha mulher e pela minha filha."
Jessica Lynch, a soldado que esteve mais de dez presa depois de a sua unidade ter caído numa emboscada no primeiro dia de guerra, está entretanto num hospital militar americano na Alemanha, onde já foi submetida a uma cirurgia e a consultas de médicos de saúde mental.