Portugal Diário

26-04-2002
marcar artigo

Muda tudo no ensino

João Vasco Almeida 18-04-2002 15:23 1ª MÃO: Fechar cursos, dar poder a professores, disciplinar alunos. Saiba o que muda nas escolas O ministro da Educação David Justino já pediu a Pedro Lynce, ministro do Ensino Superior, que corte o número de cursos universitários com via de ensino, isto é, que formam professores. «É insustentável que hoje existam 317 cursos de formação de professores. Se, destes, sairem 30 licenciados por ano, temos 10 mil novos professores por ano. Não há lugar para tanta gente», afirmou David Justino ao PortugalDiário. Em perigo estão os lugares no quadro de professores que o Estado tem. A solução, que está a ser combinada entre o Ministério da Educação e o do Ensino Superior, é acabar com um bom número destes cursos, o mais rapidamente possível. Pedro Lynce, ministro do Ensino Superior, disse ao PortugalDiário que admite «rever a abertura de novos cursos de via de ensino»: «Há já 30 mil licenciados com formação pedagógica que, todos os anos, ficam de fora. Os alunos que escolhem a via de ensino têm de saber isto, pois as suas expectativas devem ser informadas. Sempre que um licenciado se forma, para ser professor, há 30 mil à sua frente para conseguir emprego», disse o novo ministro ao PortugalDiário. Por isto, Lynce admite não viabilizar muitos mais cursos de formação de professores e concorda em rever os que já existem. Mais importante é a disposição que o ministro do Ensino Superior tem em rever a forma como são dados aprovações a novos cursos. Em declarações ao PortugalDiário, Pedro Lynce diz que vai chamar a si «a responsabilidade de aprovar novos cursos»: «Só em cima da minha secretária estão pedidos para mais 230 novos cursos. Assim não se pode gerir» o ensino superior, admite o governante. Por isso, é muito provável que muitos destes 230 fiquem por aprovar. «A decisão terá de ser, assumidamente, política», afirma o ministro. Justino quer agilizar David Justino promete mais reformas no ensino, com vista, sustenta, a «agilizar todo o sistema». Para colocar os professores excedentes, o novo ministro quer canalizar as suas formações para novas áreas das tecnologias. Outra das novidades que o ministro apresenta é permitir as candidaturas de professores a miniconcurso através da internet. «É vergonhoso que centenas de pessoas tenham que ficar em filas intermináveis, à espera para se inscreverem. Há que facilitar e, ao mesmo tempo, retirar peso das inscrições», disse David Justino ao PortugalDiário. Pré-escolar misto A introdução do sistema misto no sistema de ensino deverá começar pelo pré-escolar. David Justino quer que autarquias e instituições de solidariedade participem ainda mais na construção destas valências, transferido-se assim parte da responsabilidade para outrém que não o Estado. Só depois o Ministério da Educação quer criar estes sistemas nos ensinos básico e secundário. Fim à indisciplina Na estreia como ministro da Educação no Parlamento, David Justino apresentou o plano de emergência para o ensino, cujo principal objectivo é combater a indisciplina nas escolas. Para o ministro do PSD, não é possível sustentar mais uma escola com indisciplina, sem regras, e exigir aos professores que, para além de pedagogos, sejam psicólogos, sociólogos e, diz, «às vezes pai e mãe». Por isto, disse Justino ao PortugalDiário, «os professores deverão ter um papel mais activo e participante» nos processos disciplinares. O ministro, que ainda não encontrou o modelo ideal para este «papel», assegura que também vai mexer nos processos disciplinares que são aplicados aos alunos, aligeirando a burocracia. Dar formação profissional aos jovens que abandonem o ensino, para os integrar na vida activa, foi outra das promessas do novo ministro. Justino promete uma «reforma» no ensino e concretizar a suspensão da revisão curricular que estava em curso com o PS. Para o ministro, «não é bom que haja alunos a abandonar a escola ou a chumbar anos por faltas». As soluções estão a ser estudadas.

Muda tudo no ensino

João Vasco Almeida 18-04-2002 15:23 1ª MÃO: Fechar cursos, dar poder a professores, disciplinar alunos. Saiba o que muda nas escolas O ministro da Educação David Justino já pediu a Pedro Lynce, ministro do Ensino Superior, que corte o número de cursos universitários com via de ensino, isto é, que formam professores. «É insustentável que hoje existam 317 cursos de formação de professores. Se, destes, sairem 30 licenciados por ano, temos 10 mil novos professores por ano. Não há lugar para tanta gente», afirmou David Justino ao PortugalDiário. Em perigo estão os lugares no quadro de professores que o Estado tem. A solução, que está a ser combinada entre o Ministério da Educação e o do Ensino Superior, é acabar com um bom número destes cursos, o mais rapidamente possível. Pedro Lynce, ministro do Ensino Superior, disse ao PortugalDiário que admite «rever a abertura de novos cursos de via de ensino»: «Há já 30 mil licenciados com formação pedagógica que, todos os anos, ficam de fora. Os alunos que escolhem a via de ensino têm de saber isto, pois as suas expectativas devem ser informadas. Sempre que um licenciado se forma, para ser professor, há 30 mil à sua frente para conseguir emprego», disse o novo ministro ao PortugalDiário. Por isto, Lynce admite não viabilizar muitos mais cursos de formação de professores e concorda em rever os que já existem. Mais importante é a disposição que o ministro do Ensino Superior tem em rever a forma como são dados aprovações a novos cursos. Em declarações ao PortugalDiário, Pedro Lynce diz que vai chamar a si «a responsabilidade de aprovar novos cursos»: «Só em cima da minha secretária estão pedidos para mais 230 novos cursos. Assim não se pode gerir» o ensino superior, admite o governante. Por isso, é muito provável que muitos destes 230 fiquem por aprovar. «A decisão terá de ser, assumidamente, política», afirma o ministro. Justino quer agilizar David Justino promete mais reformas no ensino, com vista, sustenta, a «agilizar todo o sistema». Para colocar os professores excedentes, o novo ministro quer canalizar as suas formações para novas áreas das tecnologias. Outra das novidades que o ministro apresenta é permitir as candidaturas de professores a miniconcurso através da internet. «É vergonhoso que centenas de pessoas tenham que ficar em filas intermináveis, à espera para se inscreverem. Há que facilitar e, ao mesmo tempo, retirar peso das inscrições», disse David Justino ao PortugalDiário. Pré-escolar misto A introdução do sistema misto no sistema de ensino deverá começar pelo pré-escolar. David Justino quer que autarquias e instituições de solidariedade participem ainda mais na construção destas valências, transferido-se assim parte da responsabilidade para outrém que não o Estado. Só depois o Ministério da Educação quer criar estes sistemas nos ensinos básico e secundário. Fim à indisciplina Na estreia como ministro da Educação no Parlamento, David Justino apresentou o plano de emergência para o ensino, cujo principal objectivo é combater a indisciplina nas escolas. Para o ministro do PSD, não é possível sustentar mais uma escola com indisciplina, sem regras, e exigir aos professores que, para além de pedagogos, sejam psicólogos, sociólogos e, diz, «às vezes pai e mãe». Por isto, disse Justino ao PortugalDiário, «os professores deverão ter um papel mais activo e participante» nos processos disciplinares. O ministro, que ainda não encontrou o modelo ideal para este «papel», assegura que também vai mexer nos processos disciplinares que são aplicados aos alunos, aligeirando a burocracia. Dar formação profissional aos jovens que abandonem o ensino, para os integrar na vida activa, foi outra das promessas do novo ministro. Justino promete uma «reforma» no ensino e concretizar a suspensão da revisão curricular que estava em curso com o PS. Para o ministro, «não é bom que haja alunos a abandonar a escola ou a chumbar anos por faltas». As soluções estão a ser estudadas.

marcar artigo