Em Lisboa à procura da maioria absoluta

11-02-2005
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Em Lisboa à Procura da Maioria Absoluta

Sexta-feira, 11 de Fevereiro de 2005

Gama, Coelho, Belém, Ferro e João Soares em campanha na capita

São José Almeida

O PS não quer pela segunda vez morrer na praia. Em 1999 ficou a um deputado da maioria absoluta. Agora, sabe que pode estar a um passo do sonho nunca conseguido pelos socialistas, ou repetir a meia vitória de António Guterres. Por isso, joga todas as armas e, ontem, em Lisboa, colocou na rua os seus candidatos, com o inimitável e incansável Jorge Coelho a puxar pelo grupo e o super solicitado Ferro Rodrigues, na pele de candidato a deputado, nas eleições em que poderia ter sido candidato a primeiro-ministro.

A acção de campanha era um clássico, sobretudo no PS. Concentração na Praça Paiva Couceiro, descida da Rua Morais Soares, virar à esquerda na Praça do Chile e descer um pouco da Avenida Almirante Reis, até à Cervejaria Portugália. Convocados todos os candidatos da lista de Lisboa. A acção convocada para as 16 horas começou com "o atraso socialista de meia hora", como previa Leonor Coutinho, pontualíssima, que estava no local antes da hora. E na meia hora seguinte foram chegando os candidatos: João Soares, Vera Jardim, José Leitão, Miguel Coelho, Maria de Belém Roseira, Ana Paula Vitorino, Jaime Gama, Celeste Correia, Custódia Fernandes, Jorge Coelho, e até José Lamego, que apareceu atrasado, já na Almirante Reis, mas ainda distribuiu rosas. Ausente apenas Manuel Alegre, recolhido em casa por doença, uma gripe, que atacou também Ferro Rodrigues, mas não o impediu de fazer campanha.

O ambiente foi descontraído. Com a banda à frente e os militantes a enquadrar os candidatos evoluíram no terreno com ar confiante de quem já sente no ar a vitória. Mas com o objectivo na maioria absoluta. Por isso, Miguel Coelho contraria Jorge Coelho que já se preparava para arrancar directo à Morais Soares, a ir ao jardim da Paiva Couceiro, cumprimentar os idosos e distribuir rosas.

Na distribuição de rosas, a nova dirigente Ana Paula Vitorino - que entrou para o Secretariado com José Sócrates - é imbatível, à frente da comitiva, desdobra-se entre os transeuntes e os automobilistas. Já na simpatia destaca-se de rosas na mão, Maria de Belém Roseira, mas também Vera Jardim, que faz questão de dizer que só dá rosas a mulheres e não a homens e aborda os interlocutores com um delicado: "Minha senhora, posso dar-lhe uma rosinha?"

Já o cabeça de lista em Lisboa, Jaime Gama dá-se manifestamente mal com a distribuição de rosas. Prefere os papéis de propaganda onde se vê a cara de José Sócrates, assim como prefere evoluir discretamente no meio da onda socialista que desce a rua em vez de se afoitar na interpelação dos lisboetas.

À vontade no contacto directo tem Ferro Rodrigues. Distribuiu rosas com simpatia, insistiu no apelo ao voto e foi literalmente assediado pelas pessoas. Há uma corrente de simpatia constante para com Ferro, quer dos militantes quer dos cidadãos que vão subindo a rua que os socialistas descem. O líder que se demitiu antes de poder ser candidato a primeiro-ministro é admirado, sobretudo pelos militantes que se concentram na Paiva Couceiro e um casal de idosos abraça-o mesmo, afirmando o homem: "Fizeste um grande papel. Não devias ter vindo embora!"

Mas a verdadeira máquina é Jorge Coelho. Interpela os lojistas e os transeuntes, com um vigor e uma boa disposição inultrapassável. E a todos vai apelando, enquanto dá a rosa: "Contamos convosco! Tem de ser maioria absoluta!" ou "É preciso mudança! Já chega disto! Vamos a isto! Vamos à maioria absoluta!" É o esforço da propaganda, jogando no intimismo, do dirigente partidário que olha o eleitor, olhos nos olhos, e o convoca directamente, afectivamente. E Jorge Coelho, que já viu uma vez a maioria absoluta do PS fugir entre os dedos, sabe o que o PS joga nestas eleições.

Em Lisboa à Procura da Maioria Absoluta

Sexta-feira, 11 de Fevereiro de 2005

Gama, Coelho, Belém, Ferro e João Soares em campanha na capita

São José Almeida

O PS não quer pela segunda vez morrer na praia. Em 1999 ficou a um deputado da maioria absoluta. Agora, sabe que pode estar a um passo do sonho nunca conseguido pelos socialistas, ou repetir a meia vitória de António Guterres. Por isso, joga todas as armas e, ontem, em Lisboa, colocou na rua os seus candidatos, com o inimitável e incansável Jorge Coelho a puxar pelo grupo e o super solicitado Ferro Rodrigues, na pele de candidato a deputado, nas eleições em que poderia ter sido candidato a primeiro-ministro.

A acção de campanha era um clássico, sobretudo no PS. Concentração na Praça Paiva Couceiro, descida da Rua Morais Soares, virar à esquerda na Praça do Chile e descer um pouco da Avenida Almirante Reis, até à Cervejaria Portugália. Convocados todos os candidatos da lista de Lisboa. A acção convocada para as 16 horas começou com "o atraso socialista de meia hora", como previa Leonor Coutinho, pontualíssima, que estava no local antes da hora. E na meia hora seguinte foram chegando os candidatos: João Soares, Vera Jardim, José Leitão, Miguel Coelho, Maria de Belém Roseira, Ana Paula Vitorino, Jaime Gama, Celeste Correia, Custódia Fernandes, Jorge Coelho, e até José Lamego, que apareceu atrasado, já na Almirante Reis, mas ainda distribuiu rosas. Ausente apenas Manuel Alegre, recolhido em casa por doença, uma gripe, que atacou também Ferro Rodrigues, mas não o impediu de fazer campanha.

O ambiente foi descontraído. Com a banda à frente e os militantes a enquadrar os candidatos evoluíram no terreno com ar confiante de quem já sente no ar a vitória. Mas com o objectivo na maioria absoluta. Por isso, Miguel Coelho contraria Jorge Coelho que já se preparava para arrancar directo à Morais Soares, a ir ao jardim da Paiva Couceiro, cumprimentar os idosos e distribuir rosas.

Na distribuição de rosas, a nova dirigente Ana Paula Vitorino - que entrou para o Secretariado com José Sócrates - é imbatível, à frente da comitiva, desdobra-se entre os transeuntes e os automobilistas. Já na simpatia destaca-se de rosas na mão, Maria de Belém Roseira, mas também Vera Jardim, que faz questão de dizer que só dá rosas a mulheres e não a homens e aborda os interlocutores com um delicado: "Minha senhora, posso dar-lhe uma rosinha?"

Já o cabeça de lista em Lisboa, Jaime Gama dá-se manifestamente mal com a distribuição de rosas. Prefere os papéis de propaganda onde se vê a cara de José Sócrates, assim como prefere evoluir discretamente no meio da onda socialista que desce a rua em vez de se afoitar na interpelação dos lisboetas.

À vontade no contacto directo tem Ferro Rodrigues. Distribuiu rosas com simpatia, insistiu no apelo ao voto e foi literalmente assediado pelas pessoas. Há uma corrente de simpatia constante para com Ferro, quer dos militantes quer dos cidadãos que vão subindo a rua que os socialistas descem. O líder que se demitiu antes de poder ser candidato a primeiro-ministro é admirado, sobretudo pelos militantes que se concentram na Paiva Couceiro e um casal de idosos abraça-o mesmo, afirmando o homem: "Fizeste um grande papel. Não devias ter vindo embora!"

Mas a verdadeira máquina é Jorge Coelho. Interpela os lojistas e os transeuntes, com um vigor e uma boa disposição inultrapassável. E a todos vai apelando, enquanto dá a rosa: "Contamos convosco! Tem de ser maioria absoluta!" ou "É preciso mudança! Já chega disto! Vamos a isto! Vamos à maioria absoluta!" É o esforço da propaganda, jogando no intimismo, do dirigente partidário que olha o eleitor, olhos nos olhos, e o convoca directamente, afectivamente. E Jorge Coelho, que já viu uma vez a maioria absoluta do PS fugir entre os dedos, sabe o que o PS joga nestas eleições.

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