PSD joga mega produções contra sondagens

09-02-2005
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PSD e PS disputaram Castelo Branco no primeiro dia de campanha

PSD Joga Mega Produções Contra Sondagens

Por SÃO JOSÉ ALMEIDA

Segunda-feira, 07 de Fevereiro de 2005

Pedro Santana Lopes e o PSD jogam o tudo por tudo nesta campanha e a prova disso foi a forma como ontem, em Castelo Branco, o ainda primeiro-ministro foi a estrela principal de uma mega produção organizada precisamente para tentar esmagar, no plano mediático, o comício que, imediatamente antes, o PS e o seu líder, José Sócrates, protagonizaram precisamente em Castelo Branco.

E se, na realidade, o espaço do PS - a parada do antigo quartel de cavalaria de Castelo Branco - era maior, o que é um facto é que o efeito cénico pela forma como o Pavilhão Municipal, cenário do PSD, estava arranjado, bem como a aposta na produção de um evento para funcionar em televisão, beneficiou mediaticamente os sociais-democratas.

O PSD sabe, através de todos os estudos de opinião e sondagens que têm sido divulgadas, que o PS parte para a campanha com uma clara vantagem. Mas sabe também que lá vai o tempo em que as eleições se ganhavam no terreno, terra a terra, casa a casa, porta a porta, em contactos com as populações e sessões de esclarecimento. Sabe igualmente o quanto hoje a política se joga no palco da comunicação social e como é determinante não a forma como corre a jornada de campanha em si, mas como a imagem que passa na televisão desse dia de campanha ou desse evento de campanha.

A "infernal máquina laranja"

Daí que recorra, mais uma vez, à arma secreta que já usou com Durão Barroso: a organização de mega produções para a televisão, organizadas por Einhart Jácome da Paz, que tem no currículo a campanha de Ciro Gomes, no Brasil. Uma arma com que tenta contrariar a derrota anunciada pelos estudos de opinião e que ontem funcionou na perfeição, aliada à "infernal máquina laranja". Como, aliás, gritava o animador do comício, o PSD está convencido que "as sondagens também se abatem".

Com participação de militantes vindos de várias regiões do país - viam-se várias caras conhecidas do PSD-Lisboa, mas também delegações identificadas por cartazes da Trofa, Porto, Ourique, Santarém -, e uma forte presença de ministros, figuras e dirigentes nacionais, desde Duarte Lima, Matos Correia, José Luís Arnaut, José Pedro Aguiar Branco e até Montalvão Machado pai. No desenrolar do comício teve papel preponderante a JSD, que em duas camionetas integra a caravana que enquadra Santana nesta campanha. A "Jota" tratou das palavras de ordem e dos cânticos com que foi aquecendo e entusiasmando o pavilhão, todo decorado de panos laranja colocados para servir a evolução do jogo de luzes que criou o clima em crescendo para a entrada de Santana e o seu discurso.

Tudo organizado de modo a que quando Santana Lopes finalmente entrou no pavilhão - ao som da música de "Alexandre, o Grande" e sob um foco de luz -, apenas no momento de discursar, a militância estava ao rubro. Antes tinha sido aquecida, por Morais Sarmento, o cabeça de lista do distrito, mas com os reforços nacionais do histórico Eurico de Melo e também de Alberto João Jardim, imparável como animador de comícios. Foi então o clímax do espectáculo potenciado pelo próprio Santana Lopes, cujo à vontade e mediatismo permitem ir muito mais longe na produção deste tipo de eventos do que alguma vez o frio e tímido Durão Barroso possibilitou.

O frio de Guterres

Já o arranque da campanha do PS, vivida momentos antes na mesma cidade de Castelo Branco, foi uma espécie de anti-climax mediático: um comício à antiga, por assim dizer. Num espaço ao ar livre e praticamente sem decoração, para além do palco, debaixo de chuviscos, o PS juntou militantes do distrito e não jogou na mobilização nacional. Com os militantes mais apertados, compactados, que o comício do PSD, o do PS nunca atingiu, porém, o mesmo grau de entusiasmo. Até porque a JS fez-se representar apenas por um grupo de jovens que decoravam o palco. No chão, ninguém puxava pela militância.

Mesmo assim, a deputada Cristina Granada conseguiu entusiasmar os socialistas presentes. Com um discurso de forte crítica ao Governo, Cristina Granada arrancou forte assobios da assistência cada vez que falava o nome de Santana ou de Morais Sarmento, por exemplo.

Só que o entusiasmo nos protestos arrancado por Cristina Granada, arrefeceu pouco depois, quando António Guterres subiu ao palco, para, com a "autoridade moral" de quem "governou seis anos" com maioria relativa, pedir para José Sócrates o que nunca pediu para si: a maioria absoluta. Os "PS, PS" ouviram-se, mas foi transparente que Guterres não empolga multidões e não puxa pelos brios socialistas como o fez no passado. O antigo primeiro-ministro ainda se demorou uns segundos a sair de palco, mas foi mais um gesto voluntário seu a acenar para a assistência - e para ser filmado pelas câmaras - do que propriamente um momento em que trespassasse no recinto uma relação de "electricidade militante".

Depois, José Sócrates encerrou. Com o seu discurso de campanha e com a sua imagem racional de quem não se emociona, apenas sabe que tem como objectivo ser primeiro-ministro. Numa prestação profissional e limpa, sem gaffes, de quem não pode correr riscos, ao contrário de Santana.

PSD e PS disputaram Castelo Branco no primeiro dia de campanha

PSD Joga Mega Produções Contra Sondagens

Por SÃO JOSÉ ALMEIDA

Segunda-feira, 07 de Fevereiro de 2005

Pedro Santana Lopes e o PSD jogam o tudo por tudo nesta campanha e a prova disso foi a forma como ontem, em Castelo Branco, o ainda primeiro-ministro foi a estrela principal de uma mega produção organizada precisamente para tentar esmagar, no plano mediático, o comício que, imediatamente antes, o PS e o seu líder, José Sócrates, protagonizaram precisamente em Castelo Branco.

E se, na realidade, o espaço do PS - a parada do antigo quartel de cavalaria de Castelo Branco - era maior, o que é um facto é que o efeito cénico pela forma como o Pavilhão Municipal, cenário do PSD, estava arranjado, bem como a aposta na produção de um evento para funcionar em televisão, beneficiou mediaticamente os sociais-democratas.

O PSD sabe, através de todos os estudos de opinião e sondagens que têm sido divulgadas, que o PS parte para a campanha com uma clara vantagem. Mas sabe também que lá vai o tempo em que as eleições se ganhavam no terreno, terra a terra, casa a casa, porta a porta, em contactos com as populações e sessões de esclarecimento. Sabe igualmente o quanto hoje a política se joga no palco da comunicação social e como é determinante não a forma como corre a jornada de campanha em si, mas como a imagem que passa na televisão desse dia de campanha ou desse evento de campanha.

A "infernal máquina laranja"

Daí que recorra, mais uma vez, à arma secreta que já usou com Durão Barroso: a organização de mega produções para a televisão, organizadas por Einhart Jácome da Paz, que tem no currículo a campanha de Ciro Gomes, no Brasil. Uma arma com que tenta contrariar a derrota anunciada pelos estudos de opinião e que ontem funcionou na perfeição, aliada à "infernal máquina laranja". Como, aliás, gritava o animador do comício, o PSD está convencido que "as sondagens também se abatem".

Com participação de militantes vindos de várias regiões do país - viam-se várias caras conhecidas do PSD-Lisboa, mas também delegações identificadas por cartazes da Trofa, Porto, Ourique, Santarém -, e uma forte presença de ministros, figuras e dirigentes nacionais, desde Duarte Lima, Matos Correia, José Luís Arnaut, José Pedro Aguiar Branco e até Montalvão Machado pai. No desenrolar do comício teve papel preponderante a JSD, que em duas camionetas integra a caravana que enquadra Santana nesta campanha. A "Jota" tratou das palavras de ordem e dos cânticos com que foi aquecendo e entusiasmando o pavilhão, todo decorado de panos laranja colocados para servir a evolução do jogo de luzes que criou o clima em crescendo para a entrada de Santana e o seu discurso.

Tudo organizado de modo a que quando Santana Lopes finalmente entrou no pavilhão - ao som da música de "Alexandre, o Grande" e sob um foco de luz -, apenas no momento de discursar, a militância estava ao rubro. Antes tinha sido aquecida, por Morais Sarmento, o cabeça de lista do distrito, mas com os reforços nacionais do histórico Eurico de Melo e também de Alberto João Jardim, imparável como animador de comícios. Foi então o clímax do espectáculo potenciado pelo próprio Santana Lopes, cujo à vontade e mediatismo permitem ir muito mais longe na produção deste tipo de eventos do que alguma vez o frio e tímido Durão Barroso possibilitou.

O frio de Guterres

Já o arranque da campanha do PS, vivida momentos antes na mesma cidade de Castelo Branco, foi uma espécie de anti-climax mediático: um comício à antiga, por assim dizer. Num espaço ao ar livre e praticamente sem decoração, para além do palco, debaixo de chuviscos, o PS juntou militantes do distrito e não jogou na mobilização nacional. Com os militantes mais apertados, compactados, que o comício do PSD, o do PS nunca atingiu, porém, o mesmo grau de entusiasmo. Até porque a JS fez-se representar apenas por um grupo de jovens que decoravam o palco. No chão, ninguém puxava pela militância.

Mesmo assim, a deputada Cristina Granada conseguiu entusiasmar os socialistas presentes. Com um discurso de forte crítica ao Governo, Cristina Granada arrancou forte assobios da assistência cada vez que falava o nome de Santana ou de Morais Sarmento, por exemplo.

Só que o entusiasmo nos protestos arrancado por Cristina Granada, arrefeceu pouco depois, quando António Guterres subiu ao palco, para, com a "autoridade moral" de quem "governou seis anos" com maioria relativa, pedir para José Sócrates o que nunca pediu para si: a maioria absoluta. Os "PS, PS" ouviram-se, mas foi transparente que Guterres não empolga multidões e não puxa pelos brios socialistas como o fez no passado. O antigo primeiro-ministro ainda se demorou uns segundos a sair de palco, mas foi mais um gesto voluntário seu a acenar para a assistência - e para ser filmado pelas câmaras - do que propriamente um momento em que trespassasse no recinto uma relação de "electricidade militante".

Depois, José Sócrates encerrou. Com o seu discurso de campanha e com a sua imagem racional de quem não se emociona, apenas sabe que tem como objectivo ser primeiro-ministro. Numa prestação profissional e limpa, sem gaffes, de quem não pode correr riscos, ao contrário de Santana.

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