Associações contentes com alteração da taxa

16-08-2002
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Associações Contentes com Alteração da Taxa

Por JOSÉ BENTO AMARO

Sexta-feira, 5 de Julho de 2002

Confagri diz que "as vendas das adegas registaram um decréscimo na ordem dos 30 por cento"

"É o fim de uma medida irracional. O fim de uma taxa de medo", disse ontem Francisco Silva, da Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e Crédito Agrícola de Portugal (Confagri), a propósito da votação de hoje, no Parlamento, onde a taxa de alcoolemia irá, definitivamente, ser fixada em 0,5 gramas de álcool por litro de sangue.

Francisco Silva, depois de lembrar que o limite de 0,5 é o mais praticado na Europa comunitária (a excepção é a Suécia, onde, efectivamente, o limite máxima é de 0,2) acrescentou ainda que, desde Outubro do ano passado, altura em que o então ministro da Administração Interna, Severiano Teixeira, assumiu a mudança da taxa, foram "incontáveis" os prejuízos acumulados pelos sectores directamente envolvidos. "As vendas das adegas registaram um decréscimo na ordem dos 30 por cento, enquanto a quebra na restauração atingiu os 50 por cento", especificou. O mesmo responsável da Confagri reconhece, contudo, que não foi apenas a alteração da taxa de alcoolemia que esteve na origem dos prejuízos, uma vez que o aumento da competitividade no sector e dos impostos geraram, igualmente, menos consumo. Por outro lado, conforme salientou o mesmo responsável, nunca se fez prova científica de que fosse o valor alcoolémico de 0,5 o responsável por qualquer aumento da sinistralidade rodoviária em qualquer país da União Europeia.

Coincidente é a opinião do secretário-geral da Federação Nacional das Adegas - Fenadegas, Costa e Oliveira, que espera agora que "seja feita uma divulgação tão intensa da reposição da taxa de alcoolemia em 0,5 como se fez em relação aos 0,2". "Infelizmente, este foi um assunto que demorou demasiado tempo a ser resolvido, acumulando-se assim grandes prejuízos para os produtores", adiantou.

Os representantes da Confagri e da Fenadegas lembraram ainda que, "apesar da campanha de intoxicação levada a cabo pelo anterior Governo, e pelo MAI em particular", os agricultores portugueses acabaram por ter um papel fundamental em todo o processo que hoje deverá culminar no Parlamento. "Fizeram-se manifestações e provou-se que o vinho, bebido com moderação, é um elemento fundamental da alimentação dos portugueses", acrescentaram.

Mas, se esta viragem na lei é apreciada pelos sectores directamente ligados à produção de vinho, também existem organizações que preferiam que a taxa se mantivesse nos 0,2. É o caso da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M), que na noite de quarta-feira, em Lisboa, promoveu uma campanha contra a actual deliberação do PSD (ver texto ao lado). Segundo disse à Lusa o presidente da ACA-M, Manuel João Ramos, desde que, no final do passado ano, foi suspensa a penalização de condutores que apresentassem mais dos 0,2 gramas de álcool por litro de sangue, verificou-se um aumento de "mais de 70 mortes nas estradas".

Manuel João Ramos entende que o retrocesso do então Governo socialista em relação à taxa de alcoolemia se ficou a dever ao "medo de perder as eleições autárquicas".

Associações Contentes com Alteração da Taxa

Por JOSÉ BENTO AMARO

Sexta-feira, 5 de Julho de 2002

Confagri diz que "as vendas das adegas registaram um decréscimo na ordem dos 30 por cento"

"É o fim de uma medida irracional. O fim de uma taxa de medo", disse ontem Francisco Silva, da Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e Crédito Agrícola de Portugal (Confagri), a propósito da votação de hoje, no Parlamento, onde a taxa de alcoolemia irá, definitivamente, ser fixada em 0,5 gramas de álcool por litro de sangue.

Francisco Silva, depois de lembrar que o limite de 0,5 é o mais praticado na Europa comunitária (a excepção é a Suécia, onde, efectivamente, o limite máxima é de 0,2) acrescentou ainda que, desde Outubro do ano passado, altura em que o então ministro da Administração Interna, Severiano Teixeira, assumiu a mudança da taxa, foram "incontáveis" os prejuízos acumulados pelos sectores directamente envolvidos. "As vendas das adegas registaram um decréscimo na ordem dos 30 por cento, enquanto a quebra na restauração atingiu os 50 por cento", especificou. O mesmo responsável da Confagri reconhece, contudo, que não foi apenas a alteração da taxa de alcoolemia que esteve na origem dos prejuízos, uma vez que o aumento da competitividade no sector e dos impostos geraram, igualmente, menos consumo. Por outro lado, conforme salientou o mesmo responsável, nunca se fez prova científica de que fosse o valor alcoolémico de 0,5 o responsável por qualquer aumento da sinistralidade rodoviária em qualquer país da União Europeia.

Coincidente é a opinião do secretário-geral da Federação Nacional das Adegas - Fenadegas, Costa e Oliveira, que espera agora que "seja feita uma divulgação tão intensa da reposição da taxa de alcoolemia em 0,5 como se fez em relação aos 0,2". "Infelizmente, este foi um assunto que demorou demasiado tempo a ser resolvido, acumulando-se assim grandes prejuízos para os produtores", adiantou.

Os representantes da Confagri e da Fenadegas lembraram ainda que, "apesar da campanha de intoxicação levada a cabo pelo anterior Governo, e pelo MAI em particular", os agricultores portugueses acabaram por ter um papel fundamental em todo o processo que hoje deverá culminar no Parlamento. "Fizeram-se manifestações e provou-se que o vinho, bebido com moderação, é um elemento fundamental da alimentação dos portugueses", acrescentaram.

Mas, se esta viragem na lei é apreciada pelos sectores directamente ligados à produção de vinho, também existem organizações que preferiam que a taxa se mantivesse nos 0,2. É o caso da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M), que na noite de quarta-feira, em Lisboa, promoveu uma campanha contra a actual deliberação do PSD (ver texto ao lado). Segundo disse à Lusa o presidente da ACA-M, Manuel João Ramos, desde que, no final do passado ano, foi suspensa a penalização de condutores que apresentassem mais dos 0,2 gramas de álcool por litro de sangue, verificou-se um aumento de "mais de 70 mortes nas estradas".

Manuel João Ramos entende que o retrocesso do então Governo socialista em relação à taxa de alcoolemia se ficou a dever ao "medo de perder as eleições autárquicas".

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