Portugal Diário

17-04-2002
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Dicionário do Barrosismo

João Vasco Almeida 18-03-2002 03:23 ESPECIAL: De A a Z, o que vai mudar em Portugal Portugal voltou na noite deste domingo a optar pela direita no poder. A alternância democrática voltou a funcionar e os portugueses votaram com memória de Cavaco Silva no PSD.

O que muda a partir desta segunda-feira são medidas de fundo, cenários e protagonistas. Uma viragem querida por 40,12 por cento dos portugueses que votaram. No total, em 10 milhões de portugueses, dois milhões escolheram PSD. O PortugalDiário deixa-lhe um pequeno dicionário dos tempos que aí vêem. A, de Absoluta – A maioria que falhou a Durão pode chegar com Paulo Portas. Maioria absoluta significa a esmagadora maioria das leis poder ser aprovada no Parlamento sem necessidade de recorrer à negociação com outros partidos. Numa expressão, acabaram-se os Campelos. B, de Boys – Acabaram-se os boys rosa. Agora, cabe a outro B, de Barroso, impedir a cavalgada da boyada laranja. C, de Caixa Geral de Depósitos – Durão nunca esclareceu o que queria fazer ao maior banco do País. Privatizar, manter uma "golden share" estatal ou dar parte do capital aos privados. Se privatizar, o banco do Estado deixa de o ser e Portugal deixa de ter banca em mãos estatais. D, de Defesa – O PSD criticou a compra de submarinos, a Lei de Programação Militar e os "leasings". Mas o PSD é partido para gritar «às armas» e, com a simpatia que os conservadores têm por militares, acalmar as hostes das Forças Armadas. E, de Educação - Exames nacionais, maior disciplina nas escolas, maior poder para os professores. E, se Portas chegar ao Governo, manuais escolares que passem de mão nas famílias, para poupar dinheiro. Mais uma volta no massacrado sistema de ensino. F, de Finanças – Durão prometeu baixar o IRS, o IRC e aumentar o IVA para compensar. O «choque fiscal» pode levar a uma injustiça óbvia: a subida do IVA apanha, por igual, pobres e ricos. Mas se os escalões de IRS descerem para os mais pobres, haverá alguma justiça fiscal. Tudo depende do modelo económico e fiscal que Durão quiser. E do ministro das Finanças que Durão quiser. G, de Governo – Dias Loureiro, Tavares Moreira, Miguel Cadilhe, José Luís Arnaut, Fernando Negrão, Proença de Carvalho, Manuela Ferreira Leite são alguns dos ministeriáveis. Por dias, está por saber se Maria José Nogueira Pinto e Lobo Xavier, do PP, ascendem aos corredores do poder. H, de Hospitais– Acabar com as listas de espera e privatizar. O que espera o Serviço Nacional de Saúde é uma revolução à medida do liberalismo. Clara Carneiro, a ministra-sombra da Saúde, tecia há meses, no PortugalDiário, largos elogios ao ministro socialista Correia de Campos. Será que sobe a ministra? I, de Indústria – Sector que perdeu fortemente com os socialistas, a indústria precisa de revitalização económica, requalificação de mão-de-obra e mais investimento estrangeiro. O PSD sabe fazê-lo e tem no currículo várias vitórias neste campo. J, de Juventude - Licenciados no desemprego, iliteracia e analfabetismo funcional, alheamento do mundo político. Durão, se quiser renovar a base de apoio do PSD, terá de dar a mão à juventude. Mas tem de estancar a voragem da JSD, dos jotinhas, dos amiguismos. A tarefa não é fácil. L, de liberalismo – O PSD poderia chamar-se já, em boa verdade, PSL. Isto é, Partido Social Liberal. Escrevia um repórter da Associated Press, este domingo, que o PSD estava mais próximo do «liberalismo económico» de Margaret Thatcher do que da social-democracia de Olof Palme. M, de Margarida – É a mulher de Durão. Margarida Sousa Uva, uma doméstica que lê O’Neill, tem uma cara bonita e uma sinceridade que ajudou Durão. Estará a seu lado em centenas de cerimónias oficiais e será, com Maria José Ritta, a cara feminina de Portugal.

Dicionário do Barrosismo

João Vasco Almeida 18-03-2002 03:23 ESPECIAL: De A a Z, o que vai mudar em Portugal Portugal voltou na noite deste domingo a optar pela direita no poder. A alternância democrática voltou a funcionar e os portugueses votaram com memória de Cavaco Silva no PSD.

O que muda a partir desta segunda-feira são medidas de fundo, cenários e protagonistas. Uma viragem querida por 40,12 por cento dos portugueses que votaram. No total, em 10 milhões de portugueses, dois milhões escolheram PSD. O PortugalDiário deixa-lhe um pequeno dicionário dos tempos que aí vêem. A, de Absoluta – A maioria que falhou a Durão pode chegar com Paulo Portas. Maioria absoluta significa a esmagadora maioria das leis poder ser aprovada no Parlamento sem necessidade de recorrer à negociação com outros partidos. Numa expressão, acabaram-se os Campelos. B, de Boys – Acabaram-se os boys rosa. Agora, cabe a outro B, de Barroso, impedir a cavalgada da boyada laranja. C, de Caixa Geral de Depósitos – Durão nunca esclareceu o que queria fazer ao maior banco do País. Privatizar, manter uma "golden share" estatal ou dar parte do capital aos privados. Se privatizar, o banco do Estado deixa de o ser e Portugal deixa de ter banca em mãos estatais. D, de Defesa – O PSD criticou a compra de submarinos, a Lei de Programação Militar e os "leasings". Mas o PSD é partido para gritar «às armas» e, com a simpatia que os conservadores têm por militares, acalmar as hostes das Forças Armadas. E, de Educação - Exames nacionais, maior disciplina nas escolas, maior poder para os professores. E, se Portas chegar ao Governo, manuais escolares que passem de mão nas famílias, para poupar dinheiro. Mais uma volta no massacrado sistema de ensino. F, de Finanças – Durão prometeu baixar o IRS, o IRC e aumentar o IVA para compensar. O «choque fiscal» pode levar a uma injustiça óbvia: a subida do IVA apanha, por igual, pobres e ricos. Mas se os escalões de IRS descerem para os mais pobres, haverá alguma justiça fiscal. Tudo depende do modelo económico e fiscal que Durão quiser. E do ministro das Finanças que Durão quiser. G, de Governo – Dias Loureiro, Tavares Moreira, Miguel Cadilhe, José Luís Arnaut, Fernando Negrão, Proença de Carvalho, Manuela Ferreira Leite são alguns dos ministeriáveis. Por dias, está por saber se Maria José Nogueira Pinto e Lobo Xavier, do PP, ascendem aos corredores do poder. H, de Hospitais– Acabar com as listas de espera e privatizar. O que espera o Serviço Nacional de Saúde é uma revolução à medida do liberalismo. Clara Carneiro, a ministra-sombra da Saúde, tecia há meses, no PortugalDiário, largos elogios ao ministro socialista Correia de Campos. Será que sobe a ministra? I, de Indústria – Sector que perdeu fortemente com os socialistas, a indústria precisa de revitalização económica, requalificação de mão-de-obra e mais investimento estrangeiro. O PSD sabe fazê-lo e tem no currículo várias vitórias neste campo. J, de Juventude - Licenciados no desemprego, iliteracia e analfabetismo funcional, alheamento do mundo político. Durão, se quiser renovar a base de apoio do PSD, terá de dar a mão à juventude. Mas tem de estancar a voragem da JSD, dos jotinhas, dos amiguismos. A tarefa não é fácil. L, de liberalismo – O PSD poderia chamar-se já, em boa verdade, PSL. Isto é, Partido Social Liberal. Escrevia um repórter da Associated Press, este domingo, que o PSD estava mais próximo do «liberalismo económico» de Margaret Thatcher do que da social-democracia de Olof Palme. M, de Margarida – É a mulher de Durão. Margarida Sousa Uva, uma doméstica que lê O’Neill, tem uma cara bonita e uma sinceridade que ajudou Durão. Estará a seu lado em centenas de cerimónias oficiais e será, com Maria José Ritta, a cara feminina de Portugal.

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