Cavaco Silva "esteve no sítio certo à hora certa"

24-12-2004
marcar artigo

Cavaco Silva "Esteve no Sítio Certo à Hora Certa"

Por ANA RITA FERREIRA

Sexta-feira, 17 de Dezembro de 2004

"Cavaco Silva tinha um grande domínio sobre a gestão e a coordenação do governo e do partido", afirmou Rui Paulo Figueiredo, durante o lançamento do seu livro "Aníbal Cavaco Silva e o PSD (1985-1995)", frisando que este era um aspecto positivo do ex-primeiro-ministro, que o governo de Santana Lopes "claramente não teve".

No debate que marcou o lançamento da tese de Rui Figueiredo, as intervenções centraram-se, naturalmente, na figura de Cavaco Silva durante os dez anos em que conduziu os destinos do país. Segundo o autor do livro, "Cavaco Silva não foi líder do PSD e primeiro-ministro por acaso", como geralmente se pensa, pois já havia sido ministro das Finanças, contribuindo para uma boa imagem do governo da AD, e tinha liderado, dentro do PSD, a oposição ao governo de coligação do seu partido com o PS.

Também o historiador e professor no ISCTE António Costa Pinto, que orientou a tese de mestrado que deu origem ao livro, sublinhou que Cavaco Silva "não surge, dentro do partido, como uma espécie de raio no meio da planície". "Esteve no sítio certo à hora certa", reforça Rui Figueiredo.

Já Nandim de Carvalho, ex-ministro de Pinto Balsemão também no tempo da AD, preferiu salientar que Cavaco Silva fez com que os portugueses passassem a ter "uma certa admiração pelos políticos sérios e rigorosos". Costa Pinto também referiu o facto de o ex-primeiro-ministro ser um "tecnocrata, uma pessoa tecnicamente muito competente" para frisar que estas características são actualmente "pedidas pelos portugueses aos políticos". No entanto, o professor do ISCTE não acredita que já tenha voltado a haver "espaço para pessoas como Cavaco Silva, mesmo dentro do PSD".

Críticas ao "anti-político"

Para Carlos Zorrinho, dirigente e deputado socialista, hoje é necessário encontrar "'Cavacos Silvas' com competências políticas e políticos com competências técnicas". Também neste sentido e respondendo ao jornalista Luís Osório, moderador do debate, que havia afirmado que Cavaco Silva tinha uma "noção enviezada da política" por raramente ir ao Parlamento e se recusar a governar sem maioria absoluta, António Costa Pinto declarou que Cavaco Silva "protagonizou o anti-político", pois "governamentalizou o partido, mas esqueceu a parte da profissionalização da política", nomeadamente a gestão da relação com os media.

Carlos Zorrinho apontou ainda o "clima de crispação", o "clientelismo" e o "esconder da realidade" como "os três pecados mortais do cavaquismo". Já Costa Pinto é da opinião que Aníbal Cavaco Silva e começou "a cair, aos olhos da opinião pública, porque os portugueses começaram a ficar fartos do seu estilo de governação autoritária".

Cavaco Silva "Esteve no Sítio Certo à Hora Certa"

Por ANA RITA FERREIRA

Sexta-feira, 17 de Dezembro de 2004

"Cavaco Silva tinha um grande domínio sobre a gestão e a coordenação do governo e do partido", afirmou Rui Paulo Figueiredo, durante o lançamento do seu livro "Aníbal Cavaco Silva e o PSD (1985-1995)", frisando que este era um aspecto positivo do ex-primeiro-ministro, que o governo de Santana Lopes "claramente não teve".

No debate que marcou o lançamento da tese de Rui Figueiredo, as intervenções centraram-se, naturalmente, na figura de Cavaco Silva durante os dez anos em que conduziu os destinos do país. Segundo o autor do livro, "Cavaco Silva não foi líder do PSD e primeiro-ministro por acaso", como geralmente se pensa, pois já havia sido ministro das Finanças, contribuindo para uma boa imagem do governo da AD, e tinha liderado, dentro do PSD, a oposição ao governo de coligação do seu partido com o PS.

Também o historiador e professor no ISCTE António Costa Pinto, que orientou a tese de mestrado que deu origem ao livro, sublinhou que Cavaco Silva "não surge, dentro do partido, como uma espécie de raio no meio da planície". "Esteve no sítio certo à hora certa", reforça Rui Figueiredo.

Já Nandim de Carvalho, ex-ministro de Pinto Balsemão também no tempo da AD, preferiu salientar que Cavaco Silva fez com que os portugueses passassem a ter "uma certa admiração pelos políticos sérios e rigorosos". Costa Pinto também referiu o facto de o ex-primeiro-ministro ser um "tecnocrata, uma pessoa tecnicamente muito competente" para frisar que estas características são actualmente "pedidas pelos portugueses aos políticos". No entanto, o professor do ISCTE não acredita que já tenha voltado a haver "espaço para pessoas como Cavaco Silva, mesmo dentro do PSD".

Críticas ao "anti-político"

Para Carlos Zorrinho, dirigente e deputado socialista, hoje é necessário encontrar "'Cavacos Silvas' com competências políticas e políticos com competências técnicas". Também neste sentido e respondendo ao jornalista Luís Osório, moderador do debate, que havia afirmado que Cavaco Silva tinha uma "noção enviezada da política" por raramente ir ao Parlamento e se recusar a governar sem maioria absoluta, António Costa Pinto declarou que Cavaco Silva "protagonizou o anti-político", pois "governamentalizou o partido, mas esqueceu a parte da profissionalização da política", nomeadamente a gestão da relação com os media.

Carlos Zorrinho apontou ainda o "clima de crispação", o "clientelismo" e o "esconder da realidade" como "os três pecados mortais do cavaquismo". Já Costa Pinto é da opinião que Aníbal Cavaco Silva e começou "a cair, aos olhos da opinião pública, porque os portugueses começaram a ficar fartos do seu estilo de governação autoritária".

marcar artigo