Capital de risco para ajudar no crescimento

08-08-2004
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Capital de Risco para Ajudar no Crescimento

Segunda-feira, 19 de Julho de 2004

O objectivo do fundo de capital de risco criado pelo banco liderado por Carlos Rodrigues é tornar-se parceiro temporário de empresas portuguesas de média dimensão, com uma posição sólida no mercado e potencial de crescimento. Já estão identificadas 20 possíveis "alvos"

Anabela Campos

O Banco de Investimento Global (BIG) quer tornar-se accionista temporário de empresas portuguesas de cariz familiar, com posições de liderança no mercado e balanços "saudáveis", uma função que será assumida por um fundo de capital de risco criado para o efeito, cuja capacidade de investimento é de 150 milhões de euros.

Os potenciais alvos "prioritários" já estão identificados: são cerca de 20 empresas nacionais, com o negócio maduro, sem risco económico, não cotadas, dedicadas a áreas de negócio diversas, e apelidadas pelo banco de "campeões nacionais", devido à sua solidez e capacidade gerar capital ("cash flow"). Todavia, o fundo, cuja duração prevista é de oito anos, poderá entrar apenas no capital de seis a 10 empresas, sendo que o BIG espera tornar-se accionista de pelo menos uma até ao final deste ano. O prazo estabelecido para concretizar os investimentos, ou seja, para entrar nas empresas, é de três anos e poderá ascender no mínimo a 35 por cento do capital e no máximo a 100 por cento.

Este fundo de capital de risco é chamado "Lead Capital", foi constituído no passado mês de Junho e já está complemente subscrito, embora o banco tenha aberto agora uma segunda fase de subscrição. É um fundo fechado com características de "buyout" (ver definição), o primeiro do género a ser lançado em Portugal. Para gerir este fundo - e outros idênticos a constituir no futuro, caso a experiência tenha êxito - o banco criou uma nova sociedade, a BIG Capital, cujo presidente é Mário Bolota, também administrador do banco.

"Há uma grande lacuna no mercado português na área de capital de risco - onde, aliás, não há muitos casos de sucesso, e os investimentos realizados resultam sobretudo de apoios de organismos públicos a projectos de criação de empresas, a instituições em situação difícil ou sectores deprimidos - que procuramos preencher", explicou ao PÚBLICO Mário Bolota. A experiência e o contacto estabelecido ao nível da banca de investimento ao longo dos últimos cinco anos com os empresários portugueses, identificando e ajudando a solucionar os seus problemas, diz Mário Bolota, foi fundamental para que o BIG desse este passo.

Soluções para empresas maduras

Mário Bolota aponta potenciais situações em que o "Lead Capital" pode ser utilizado: problemas de sucessão, vontade de reforço da estrutura accionista ou institucionalização da mesma para a realização de negócio com multinacionais, necessidade de profissionalização da gestão, e procura da diversificação do património familiar com a entrada em novas áreas de negócio. "Queremos entrar em empresas que são casos provados de sucesso e saudáveis, e apoiá-las na passagem para outros patamares de crescimento. Podemos, por exemplo, ajudá-las a dar o salto para lá da fronteira, apresentar novas visões de gestão, arranjar novos parceiros ou mesmo encontrar soluções para uma fusão", explicou Carlos Rodrigues, presidente do BIG. O banqueiro lembra, a título de exemplo, que há em Portugal empresas com problemas de sucessão - por diversas ordens de razão -, e que o fundo poderá funcionar como um parceiro de transição.

O "Lead Capital" poderá sempre, conforme adiantou Mário Bolota, encontrar um gestor profissional para as empresas. Mas quem entrar como gestor, sublinha, tomará uma posição no capital, para que se sinta também responsável pelo negócio. O objectivo será sempre, diz Mário Bolota, encontrar as soluções mais adequadas para as empresas: compreender a estratégia de gestão adoptada, delinear uma nova se for necessário, e ajudar a aplicá-la. O fundo, através de alguém ligado à BIG Capital, acompanhará a gestão da empresa. E há um conselho estratégico (ver caixa), independente do banco, que terá uma palavra a dizer nas decisões estratégicas e apoiará a gestão da empresa. Findo o prazo de investimento, entre três e cinco anos, o fundo, adianta Mário Bolota, preparará a sua saída, havendo duas opções em aberto: encontra um novo parceiro para adquirir a sua posição ou faz uma dispersão em bolsa, através de uma oferta pública inicial.

Mário Bolota não quis avançar o nome dos actuais subscritores do "Lead Capital", mas afirma que são dez instituições e que entre eles estão seguradoras, fundos de pensões, bancos e alguns "corporate investers". Alguns deles, afirma, nunca tinham subscrito um fundo de capital de risco.

O que é o "Lead Capital"

- É um fundo orientado para a realização de investimentos em empresas portuguesas de média dimensão, maduras, de elevada rentabilidade esperada e uma adequada geração de "cash flow", nomeadamente sociedades de cariz familiar, sem gestão independente.

- Seis a 10 empresas podem receber investimentos. O valor máximo a investir por operação é 20 por cento de capital do fundo e o mínimo cinco por cento.

- O capital base inicial do fundo é de 50 milhões de euros, um valor que poderá aumentar com a segunda fase de subscrição actualmente em curso. A capacidade de endividamento é de 100 milhões. O fundo terá um conselho estratégico, independente do banco, cuja principal função será apoiar a equipa de gestão na definição da estratégia de investimento e no processo de tomada de decisão do fundo.

Fundos "buyout"

São fundos classificados na categoria do investimento de capital de risco, destinados a adquirir o controlo total ou parcial de empresas maduras, com o objectivo de promover processos de racionalização, reestruturação, consolidação, expansão para novos mercados ou por aquisição. Concluídos os referidos processos, os fundos saem das empresas, arranjando um comprador ou colocando-as em bolsa.

Capital de Risco para Ajudar no Crescimento

Segunda-feira, 19 de Julho de 2004

O objectivo do fundo de capital de risco criado pelo banco liderado por Carlos Rodrigues é tornar-se parceiro temporário de empresas portuguesas de média dimensão, com uma posição sólida no mercado e potencial de crescimento. Já estão identificadas 20 possíveis "alvos"

Anabela Campos

O Banco de Investimento Global (BIG) quer tornar-se accionista temporário de empresas portuguesas de cariz familiar, com posições de liderança no mercado e balanços "saudáveis", uma função que será assumida por um fundo de capital de risco criado para o efeito, cuja capacidade de investimento é de 150 milhões de euros.

Os potenciais alvos "prioritários" já estão identificados: são cerca de 20 empresas nacionais, com o negócio maduro, sem risco económico, não cotadas, dedicadas a áreas de negócio diversas, e apelidadas pelo banco de "campeões nacionais", devido à sua solidez e capacidade gerar capital ("cash flow"). Todavia, o fundo, cuja duração prevista é de oito anos, poderá entrar apenas no capital de seis a 10 empresas, sendo que o BIG espera tornar-se accionista de pelo menos uma até ao final deste ano. O prazo estabelecido para concretizar os investimentos, ou seja, para entrar nas empresas, é de três anos e poderá ascender no mínimo a 35 por cento do capital e no máximo a 100 por cento.

Este fundo de capital de risco é chamado "Lead Capital", foi constituído no passado mês de Junho e já está complemente subscrito, embora o banco tenha aberto agora uma segunda fase de subscrição. É um fundo fechado com características de "buyout" (ver definição), o primeiro do género a ser lançado em Portugal. Para gerir este fundo - e outros idênticos a constituir no futuro, caso a experiência tenha êxito - o banco criou uma nova sociedade, a BIG Capital, cujo presidente é Mário Bolota, também administrador do banco.

"Há uma grande lacuna no mercado português na área de capital de risco - onde, aliás, não há muitos casos de sucesso, e os investimentos realizados resultam sobretudo de apoios de organismos públicos a projectos de criação de empresas, a instituições em situação difícil ou sectores deprimidos - que procuramos preencher", explicou ao PÚBLICO Mário Bolota. A experiência e o contacto estabelecido ao nível da banca de investimento ao longo dos últimos cinco anos com os empresários portugueses, identificando e ajudando a solucionar os seus problemas, diz Mário Bolota, foi fundamental para que o BIG desse este passo.

Soluções para empresas maduras

Mário Bolota aponta potenciais situações em que o "Lead Capital" pode ser utilizado: problemas de sucessão, vontade de reforço da estrutura accionista ou institucionalização da mesma para a realização de negócio com multinacionais, necessidade de profissionalização da gestão, e procura da diversificação do património familiar com a entrada em novas áreas de negócio. "Queremos entrar em empresas que são casos provados de sucesso e saudáveis, e apoiá-las na passagem para outros patamares de crescimento. Podemos, por exemplo, ajudá-las a dar o salto para lá da fronteira, apresentar novas visões de gestão, arranjar novos parceiros ou mesmo encontrar soluções para uma fusão", explicou Carlos Rodrigues, presidente do BIG. O banqueiro lembra, a título de exemplo, que há em Portugal empresas com problemas de sucessão - por diversas ordens de razão -, e que o fundo poderá funcionar como um parceiro de transição.

O "Lead Capital" poderá sempre, conforme adiantou Mário Bolota, encontrar um gestor profissional para as empresas. Mas quem entrar como gestor, sublinha, tomará uma posição no capital, para que se sinta também responsável pelo negócio. O objectivo será sempre, diz Mário Bolota, encontrar as soluções mais adequadas para as empresas: compreender a estratégia de gestão adoptada, delinear uma nova se for necessário, e ajudar a aplicá-la. O fundo, através de alguém ligado à BIG Capital, acompanhará a gestão da empresa. E há um conselho estratégico (ver caixa), independente do banco, que terá uma palavra a dizer nas decisões estratégicas e apoiará a gestão da empresa. Findo o prazo de investimento, entre três e cinco anos, o fundo, adianta Mário Bolota, preparará a sua saída, havendo duas opções em aberto: encontra um novo parceiro para adquirir a sua posição ou faz uma dispersão em bolsa, através de uma oferta pública inicial.

Mário Bolota não quis avançar o nome dos actuais subscritores do "Lead Capital", mas afirma que são dez instituições e que entre eles estão seguradoras, fundos de pensões, bancos e alguns "corporate investers". Alguns deles, afirma, nunca tinham subscrito um fundo de capital de risco.

O que é o "Lead Capital"

- É um fundo orientado para a realização de investimentos em empresas portuguesas de média dimensão, maduras, de elevada rentabilidade esperada e uma adequada geração de "cash flow", nomeadamente sociedades de cariz familiar, sem gestão independente.

- Seis a 10 empresas podem receber investimentos. O valor máximo a investir por operação é 20 por cento de capital do fundo e o mínimo cinco por cento.

- O capital base inicial do fundo é de 50 milhões de euros, um valor que poderá aumentar com a segunda fase de subscrição actualmente em curso. A capacidade de endividamento é de 100 milhões. O fundo terá um conselho estratégico, independente do banco, cuja principal função será apoiar a equipa de gestão na definição da estratégia de investimento e no processo de tomada de decisão do fundo.

Fundos "buyout"

São fundos classificados na categoria do investimento de capital de risco, destinados a adquirir o controlo total ou parcial de empresas maduras, com o objectivo de promover processos de racionalização, reestruturação, consolidação, expansão para novos mercados ou por aquisição. Concluídos os referidos processos, os fundos saem das empresas, arranjando um comprador ou colocando-as em bolsa.

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