Uma fraude contributiva

20-09-2003
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Uma Fraude Contributiva

Sábado, 13 de Setembro de 2003

%Jorge Reis-Sá

Antes de comentar é melhor ler com atenção. E não supor opiniões e conclusões que lá não estão. E é isso que, notoriamente, falta no texto de Pedro Mexia (PM) - leitura atenta -, sobrando-lhe imaginação. Não contribuindo em nada para o debate sobre a poesia portuguesa de agora, não passa de uma fraude contributiva. Assim, e apenas para repor alguma da verdade do texto que publiquei no Mil Folhas de 26 de Julho, seguem algumas considerações, num primeiro e último comentário às suas palavras.

1. Sou, com valter hugo mãe, co-director da revista "Apeadeiro". No último número, versando a problemática da crítica, alguns colaboradores criticam PM. Eu nem sequer colaboro. Mas como co-director nunca censuro qualquer um dos convidados. E até convidei PM a colaborar.

2. A "Relâmpago" nunca é citada no meu texto. Não tinha sequer conhecimento dela quando o concluí. Talvez fosse melhor PM manter o comentário no que escrevi e não fazer suposições.

3. As acusações desiludem-me, mais do que tudo. Queria eu falar de poesia e vejo PM dizer que quero "ajustar contas pessoais" com "teorias da conspiração", "exercícios de desorientação e preconceito", "leituras superficiais" e "eivado de pobreza de espírito". Talvez fosse melhor PM ler o texto e ver se existe lá algum termo que se pareça sequer com um destes. Não, não há. O meu texto, no seu jeito "compostinho" (mais um brinde de PM), não acusa ninguém.

4. Nunca falei "na tarefa de fazer reagrupamentos de autores" por parte de quem quer que seja. Apenas que existe, agora, um reagrupamento, que existem dois grupos. E que um desses grupos tem quatro críticos nos jornais nacionais a exercerem a sua actividade. Apenas isso. Não acusei ninguém, não ataquei, não insultei. Apenas constatei um facto indiscutível. Agora se isso incomoda PM...

5. A afirmação de que a poesia dos autores franciscanos de que "desgosto" - que não são todos, lê com atenção Pedro - "saem directamente dos anos 70" é exactamente creditada a PM numa reportagem de Luís Miguel Queirós no PÚBLICO de uma sessão na Feira do Livro do Porto deste ano.

6. "Antologia que tanto incomoda"? Porque me incomodaria uma antologia? Onde terá lido isso PM? Sempre disse que o que falta são antologias. E PM sabe-o.

7. Nunca comparei a poesia de Luís Quintais com a de Carlos Luís Bessa. Nem sequer os inseri no mesmo grupo passível de comparação interna. Assim é fácil comentar. Sugiro mais uma vez a PM que leia o texto com atenção antes de dizer o que quer que seja.

8. "(...) Acontece que a poesia que patrocina tem imensos riscos, e só raros poetas conseguem superar esses riscos (...)", diz PM. A poesia é, como qualquer arte ou profissão, uma actividade que implica risco. Para que importe é necessário risco. Antes cem poetas a tentarem corrê-lo do que um vergado ao simplismo. Se PM - ou os poetas que supostamente ataquei e que tanto quer defender - não querem arriscar e apenas se deixam nos domínios do facilitismo, isso é lá com eles.

9. "Não sou crítico, professor de literatura, ensaísta". Sou "leitor de poesia, editor". São as primeiras palavras do meu texto. PM descobre-as nas suas últimas frases. Não sou "crítico amador", como refere, nem amador nem profissional. Sou editor ("amador", segundo PM, o que é uma acusação grave já que faço disso a minha profissão). E é claro que defendo os meus autores. Mas não é nesse texto, desengane-se PM. Antes edito quem gosto, por isso todos os poetas que cito e gosto acabaram por colaborar com as Quasi. "Comércio"? Não saberá PM que uma recensão num jornal, se importante pelo prestígio que representa, pouco modifica as vendas de um livro. Não, não sabe. Mas também não tem obrigação de saber, não é editor, nem amador nem profissional.

10. Fico apenas desiludido com a inexistência de qualquer comentário relevante à poesia de agora. É muito fácil dizer que variam entre o "interessante e o péssimo", que se "chame, de forma despropositada, uma poesia imagética". Mais difícil concretizar. Nos termos expostos parece-me ter sido nula a tua contribuição, Pedro. A roçar a fraude.

Uma Fraude Contributiva

Sábado, 13 de Setembro de 2003

%Jorge Reis-Sá

Antes de comentar é melhor ler com atenção. E não supor opiniões e conclusões que lá não estão. E é isso que, notoriamente, falta no texto de Pedro Mexia (PM) - leitura atenta -, sobrando-lhe imaginação. Não contribuindo em nada para o debate sobre a poesia portuguesa de agora, não passa de uma fraude contributiva. Assim, e apenas para repor alguma da verdade do texto que publiquei no Mil Folhas de 26 de Julho, seguem algumas considerações, num primeiro e último comentário às suas palavras.

1. Sou, com valter hugo mãe, co-director da revista "Apeadeiro". No último número, versando a problemática da crítica, alguns colaboradores criticam PM. Eu nem sequer colaboro. Mas como co-director nunca censuro qualquer um dos convidados. E até convidei PM a colaborar.

2. A "Relâmpago" nunca é citada no meu texto. Não tinha sequer conhecimento dela quando o concluí. Talvez fosse melhor PM manter o comentário no que escrevi e não fazer suposições.

3. As acusações desiludem-me, mais do que tudo. Queria eu falar de poesia e vejo PM dizer que quero "ajustar contas pessoais" com "teorias da conspiração", "exercícios de desorientação e preconceito", "leituras superficiais" e "eivado de pobreza de espírito". Talvez fosse melhor PM ler o texto e ver se existe lá algum termo que se pareça sequer com um destes. Não, não há. O meu texto, no seu jeito "compostinho" (mais um brinde de PM), não acusa ninguém.

4. Nunca falei "na tarefa de fazer reagrupamentos de autores" por parte de quem quer que seja. Apenas que existe, agora, um reagrupamento, que existem dois grupos. E que um desses grupos tem quatro críticos nos jornais nacionais a exercerem a sua actividade. Apenas isso. Não acusei ninguém, não ataquei, não insultei. Apenas constatei um facto indiscutível. Agora se isso incomoda PM...

5. A afirmação de que a poesia dos autores franciscanos de que "desgosto" - que não são todos, lê com atenção Pedro - "saem directamente dos anos 70" é exactamente creditada a PM numa reportagem de Luís Miguel Queirós no PÚBLICO de uma sessão na Feira do Livro do Porto deste ano.

6. "Antologia que tanto incomoda"? Porque me incomodaria uma antologia? Onde terá lido isso PM? Sempre disse que o que falta são antologias. E PM sabe-o.

7. Nunca comparei a poesia de Luís Quintais com a de Carlos Luís Bessa. Nem sequer os inseri no mesmo grupo passível de comparação interna. Assim é fácil comentar. Sugiro mais uma vez a PM que leia o texto com atenção antes de dizer o que quer que seja.

8. "(...) Acontece que a poesia que patrocina tem imensos riscos, e só raros poetas conseguem superar esses riscos (...)", diz PM. A poesia é, como qualquer arte ou profissão, uma actividade que implica risco. Para que importe é necessário risco. Antes cem poetas a tentarem corrê-lo do que um vergado ao simplismo. Se PM - ou os poetas que supostamente ataquei e que tanto quer defender - não querem arriscar e apenas se deixam nos domínios do facilitismo, isso é lá com eles.

9. "Não sou crítico, professor de literatura, ensaísta". Sou "leitor de poesia, editor". São as primeiras palavras do meu texto. PM descobre-as nas suas últimas frases. Não sou "crítico amador", como refere, nem amador nem profissional. Sou editor ("amador", segundo PM, o que é uma acusação grave já que faço disso a minha profissão). E é claro que defendo os meus autores. Mas não é nesse texto, desengane-se PM. Antes edito quem gosto, por isso todos os poetas que cito e gosto acabaram por colaborar com as Quasi. "Comércio"? Não saberá PM que uma recensão num jornal, se importante pelo prestígio que representa, pouco modifica as vendas de um livro. Não, não sabe. Mas também não tem obrigação de saber, não é editor, nem amador nem profissional.

10. Fico apenas desiludido com a inexistência de qualquer comentário relevante à poesia de agora. É muito fácil dizer que variam entre o "interessante e o péssimo", que se "chame, de forma despropositada, uma poesia imagética". Mais difícil concretizar. Nos termos expostos parece-me ter sido nula a tua contribuição, Pedro. A roçar a fraude.

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