"Não está nos meus horizontes" ser secretário-geral do PCP

14-06-2002
marcar artigo

"Não Está nos Meus Horizontes" Ser Secretário-geral do PCP

Sexta-feira, 7 de Junho de 2002 Militante do PCP, Carvalho da Silva há anos que gere com pinças este facto e o de ser líder da CGTP. Sobre o seu partido diz que vê com "tristeza" algumas "situações limite" e assume a urgência do debate. Em nome da coesão da central sindical não se pronuncia sobre o Congresso ou sobre Carvalhas, mas recusa ver-se na corrida para secretário-geral. P. - Deve ou não haver congresso do PCP? R. - Não me pronuncio sobre isso. A única coisa que posso dizer é que tenho a consciência de que há muita coisa que é necessário debater e que não está debatido. P. - No PCP e sobre o PCP? R. - Sim. Tenho consciência que esse debate dos problemas no seio do PCP interessa muito aos trabalhadores, dada a característica do próprio partido e o seu compromisso na sociedade, mas interessa também à sociedade em geral. Acho que a sociedade portuguesa se empobrece muito com a fragilização do PCP. Vejo os problemas actuais do PCP, face a isto, com preocupação e algumas situações limite, até com tristeza. Mas continuo a ter esperança em relação ao futuro. P. - Carlos Carvalhas ainda é um líder com validade? R. - Como sabem eu procuro cumprir com rigor um compromisso que tenho nesta casa e neste projecto, sou secretário-geral da CGTP, procuro ser factor de dinamização e coesão deste projecto. Isso implica que eu não me envolva mais do que tenho envolvido nas questões da vida do PCP. P. - Como vê a ideia defendida por algumas pessoas de que o Manuel Carvalho da Silva devia ser o líder do PCP ou mesmo de um movimento mais amplo de cariz social e partidário que renovasse a esquerda e procurasse dar resposta ao anquilosamento dos partidos? R. - Não ponham em mim dimensões que eu não tenho. Julgo que tenho mais ou menos consciência daquilo que sou e daquilo que posso fazer. Como disse, o meu compromisso é um compromisso sindical, sério, julgo que têm noção que sou um sindicalista empenhado e que vivo estas coisas. Aqui há uns três anos ia para um restaurante com o Nicolas Redondo, antigo secretário-geral da UGT espanhola, e ele disse-me uma coisa que tem muita razão: "Eh pá! Olha que, com raras excepções, sindicalista que se mete na política não dá certo." E eu sigo um bocado essa linha de pensamento na análise que faço sobre mim próprio. Tenho uma visão sobre as coisas no plano social, que procuro aprofundar com rigor, mas os desafios da política e da condução de projectos político-partidários são outros e com outras amplitudes. Não tenho inclinação para essas funções. P. - Por enquanto ou em definitivo? R. - Clara e inequivocamente essas especulações sobre a hipótese de vir a ser secretário-geral do PCP não têm pés nem cabeça. Não têm porque não serão exequíveis. P. - Mas por si ou pela situação do PCP? R. - As pessoas não são desligadas dos processos, mas eu não tenho essa opção, não está nos meus horizontes e portanto não vale a pena falar sobre as razões que levam a não estar nos meus horizontes. De qualquer forma sou militante do PCP. Quando se reúne o meu organismo, participo nas reuniões e apenas nisso. E olho os problemas do meu partido com atenção. Vejo hoje que o partido tem necessidade de debater problemas ideológicos, há visões diversas sobre a evolução da sociedade, há concepções de organização, de funcionamento, há questões de estratégia e de táctica que, inevitavelmente, precisam ser discutidas. As coisas não se colocam apenas no plano de evolução dos partidos, colocam-se também aos movimentos sindicais, aos movimentos sociais, aos partidos de esquerda que têm provocado empobrecimento. Às vezes, o quadro de exigências que colocamos a nós próprios numa reunião, num debate, tem um nível inferior àquele que se exigia, isso eu sinto em relação a reuniões sindicais, a partidos e em particular ao PCP. Não tenho dúvidas. É difícil elevar os patamares em que as coisas são apreciadas. Além disso, a evolução da situação política, os problemas que se passam à esquerda, no PS mas em particular no PCP, podem provocar salpicos que instabilizem a CGTP. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE "O poder económico-financeiro está devidamente instalado no poder"

"O Governo lançou a ideia de que é fácil despedir"

"Não há clima de responsabilidade ao nível da gestão"

"Vai haver greves, paralisações, concentrações"

Não peçam aos sindicatos papéis que estes não podem desempenhar"

"Não está nos meus horizontes" ser secretário-geral do PCP

"Não Está nos Meus Horizontes" Ser Secretário-geral do PCP

Sexta-feira, 7 de Junho de 2002 Militante do PCP, Carvalho da Silva há anos que gere com pinças este facto e o de ser líder da CGTP. Sobre o seu partido diz que vê com "tristeza" algumas "situações limite" e assume a urgência do debate. Em nome da coesão da central sindical não se pronuncia sobre o Congresso ou sobre Carvalhas, mas recusa ver-se na corrida para secretário-geral. P. - Deve ou não haver congresso do PCP? R. - Não me pronuncio sobre isso. A única coisa que posso dizer é que tenho a consciência de que há muita coisa que é necessário debater e que não está debatido. P. - No PCP e sobre o PCP? R. - Sim. Tenho consciência que esse debate dos problemas no seio do PCP interessa muito aos trabalhadores, dada a característica do próprio partido e o seu compromisso na sociedade, mas interessa também à sociedade em geral. Acho que a sociedade portuguesa se empobrece muito com a fragilização do PCP. Vejo os problemas actuais do PCP, face a isto, com preocupação e algumas situações limite, até com tristeza. Mas continuo a ter esperança em relação ao futuro. P. - Carlos Carvalhas ainda é um líder com validade? R. - Como sabem eu procuro cumprir com rigor um compromisso que tenho nesta casa e neste projecto, sou secretário-geral da CGTP, procuro ser factor de dinamização e coesão deste projecto. Isso implica que eu não me envolva mais do que tenho envolvido nas questões da vida do PCP. P. - Como vê a ideia defendida por algumas pessoas de que o Manuel Carvalho da Silva devia ser o líder do PCP ou mesmo de um movimento mais amplo de cariz social e partidário que renovasse a esquerda e procurasse dar resposta ao anquilosamento dos partidos? R. - Não ponham em mim dimensões que eu não tenho. Julgo que tenho mais ou menos consciência daquilo que sou e daquilo que posso fazer. Como disse, o meu compromisso é um compromisso sindical, sério, julgo que têm noção que sou um sindicalista empenhado e que vivo estas coisas. Aqui há uns três anos ia para um restaurante com o Nicolas Redondo, antigo secretário-geral da UGT espanhola, e ele disse-me uma coisa que tem muita razão: "Eh pá! Olha que, com raras excepções, sindicalista que se mete na política não dá certo." E eu sigo um bocado essa linha de pensamento na análise que faço sobre mim próprio. Tenho uma visão sobre as coisas no plano social, que procuro aprofundar com rigor, mas os desafios da política e da condução de projectos político-partidários são outros e com outras amplitudes. Não tenho inclinação para essas funções. P. - Por enquanto ou em definitivo? R. - Clara e inequivocamente essas especulações sobre a hipótese de vir a ser secretário-geral do PCP não têm pés nem cabeça. Não têm porque não serão exequíveis. P. - Mas por si ou pela situação do PCP? R. - As pessoas não são desligadas dos processos, mas eu não tenho essa opção, não está nos meus horizontes e portanto não vale a pena falar sobre as razões que levam a não estar nos meus horizontes. De qualquer forma sou militante do PCP. Quando se reúne o meu organismo, participo nas reuniões e apenas nisso. E olho os problemas do meu partido com atenção. Vejo hoje que o partido tem necessidade de debater problemas ideológicos, há visões diversas sobre a evolução da sociedade, há concepções de organização, de funcionamento, há questões de estratégia e de táctica que, inevitavelmente, precisam ser discutidas. As coisas não se colocam apenas no plano de evolução dos partidos, colocam-se também aos movimentos sindicais, aos movimentos sociais, aos partidos de esquerda que têm provocado empobrecimento. Às vezes, o quadro de exigências que colocamos a nós próprios numa reunião, num debate, tem um nível inferior àquele que se exigia, isso eu sinto em relação a reuniões sindicais, a partidos e em particular ao PCP. Não tenho dúvidas. É difícil elevar os patamares em que as coisas são apreciadas. Além disso, a evolução da situação política, os problemas que se passam à esquerda, no PS mas em particular no PCP, podem provocar salpicos que instabilizem a CGTP. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE "O poder económico-financeiro está devidamente instalado no poder"

"O Governo lançou a ideia de que é fácil despedir"

"Não há clima de responsabilidade ao nível da gestão"

"Vai haver greves, paralisações, concentrações"

Não peçam aos sindicatos papéis que estes não podem desempenhar"

"Não está nos meus horizontes" ser secretário-geral do PCP

marcar artigo