Cunhal: o líder sem substituto há dez anos

03-10-2002
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Cunhal: o Líder Sem Substituto Há Dez Anos

Por RAQUEL PIRES

Sexta-feira, 6 de Setembro de 2002 Festa do Avante! Álvaro Cunhal anunciou em 1992, em plena Festa do Avante!, que ia abandonar cargo de secretário-geral, apelando a uma "busca fraterna de consensos" Faz hoje dez anos que Álvaro Cunhal anunciou aos militantes comunistas que ia deixar o cargo de secretário-geral do PCP. No comício de encerramento da XVI Festa do Avante!, precisamente no dia 6 de Setembro de 1992, o ex-secretário-geral do PCP desfez o tabu da sua substituição, que viria a ter lugar no XIV Congresso do partido, realizado no final desse mesmo ano. Álvaro Cunhal alertou para o facto de que "renovação não significa abandono ou desfiguração da identidade do partido, mas que, ao contrário, reforçará a identidade enriquecendo-a com respostas novas às novas situações". Após o anúncio de mudanças na direcção, o líder carismático do PCP desdramatizou a situação e sublinhou a importância da coesão dentro do partido através de uma "busca fraterna de consensos". Isto, numa altura em que o PCP havia perdido vários militantes devido a divergências internas, tendo chegado a haver três expulsões. Álvaro Cunhal pretendeu dar uma nova cara ao partido, convicto de que a mudança passaria por uma reflexão profunda e por uma luta com força renovada: "As gerações passam, o testemunho é transmitido e o PCP continua como grande partido comunista que sempre foi e quer continuar a ser." Numa época em que os comunistas lutavam pelo "não a Maastricht" e em que se apresentavam como "a verdadeira alternativa" pois, garantiam, o PS "não é muito diferente" do PSD, Álvaro Cunhal deixou na memória um discurso marcadamente ideológico, reafirmando a sua convicção nos princípios que sempre defendeu. "O PCP continuará a afirmar-se como a vanguarda da classe operária (...) e a base teórica do partido é o marxismo-leninismo", disse. Carlos Carvalhas, o então secretário-geral adjunto, assumia-se como uma certeza no topo do PCP, tendo discursado pela primeira vez na abertura da Festa do Avante!. Na sua pequena intervenção, Carlos Carvalhas caracterizou o PCP como a "grande força da esquerda voltada para o futuro", sublinhando, ao mesmo tempo, a ineficácia da política de direita na resolução dos problemas do país. O então número dois do PCP demonstrou ainda a sua confiança nos militantes face aos problemas ocorridos em 1991, aquando do golpe de Estado na ex-URSS e as inevitáveis consequências em Portugal, e reforçou a importância da Festa do Avante!, caracterizando-a como a "maior realização política cultural de massas" realizada no país. Para além das revelações que implicariam novas mudanças no PCP, a Festa do Avante! de 1992 contou também com a atracção internacional do grupo Chieftains e com nomes sonantes do panorama musical português, como os Sitiados, Rádio Macau, Sérgio Godinho e o músico Rui Veloso, que fez as despedidas desse ano. Dez anos passados da alteração da liderança no PCP, a festa mais famosa dos comunistas portugueses inicia-se hoje, numa altura em que continua a estar presente a discussão sobre a "renovação e o reforço da identidade comunista", de que Cunhal falava. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Renovadores avançam com novo movimento comunista

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