PCP põe condições para um entendimento à esquerda

11-09-2002
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PCP Põe Condições para Um Entendimento à Esquerda

Por HELENA PEREIRA

Segunda-feira, 9 de Setembro de 2002 No encerramento da Festa do "Avante!", o secretário-geral do PCP respondeu a Durão Barroso com a certeza que Portugal precisa de "trabalho geral, mas com direitos" e sugeriu que Portas devia demitir-se por causa do caso Moderna. Para os renovadores, as palavras foram brandas. O secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, garantiu ontem no encerramento da Festa do "Avante!" que o PCP está disponível para um entendimento à esquerda que permita lutar contra o Governo de coligação PSD-CDS. Considerando que é possível "encontrar formas comuns ou convergentes de acção no plano político e institucional que derrotem esta ofensiva e designadamente o sério retrocesso histórico nos direitos do trabalho", o dirigente pôs como como condições aos outros partidos, nomeadamente o PS, que não aceitem a introdução de tectos contributivos na segurança social, a privatização na área da saúde, as alterações às leis laborais e ao sistema eleitoral para a Assembleia da República. Dirigindo-se em especial ao Bloco de Esquerda, Carvalhas apelou a que este partido reflicta "no alcance dos seus entusiasmos" com a abertura de novo processo de revisão constitucional porque as revisões "têm acabado com péssimos resultados". Este anúncio vai de alguma forma ao encontro daquilo que os renovadores queriam: que o PCP apresentasse uma plataforma comum de entedimento por pontos, embora defendessem que isto fosse feito antes das últimas legislativas. Carvalhas aproveitou também para responder ao primeiro-ministro, Durão Barroso. "Nós, daqui da Festa do Avante! dizemos ao primeiro-ministro que de facto o país precisa de trabalho, mas de trabalho com direitos, justamente remunerado e não de mais desregulamentação, de novas praças de jorna ou de novo trabalho escravo! De facto, o país precisa de trabalho e trabalho geral. Mas não de salários em atraso, ou do regabofe das deslocalizações e do encerramento de empresas", disse, prometendo não "dar tréguas à política de direita" e anunciando que o PCP vai apresentar no Parlamento uma proposta para reposição do crédito bonificado à compra de casa própria. Ao Governo, o PCP exigiu "uma posição clara sobre a invasão do Iraque e a utilização da base das Lajes pelos EUA" e o esclarecimento das mudanças no topo da Polícia Judiciária. "É fundamental para a credibilidade do Estado democrático de direito, e para o PCP é uma exigência elementar que não fiquem por concretizar com celeridade e eficácia todas as investigações das grandes fraudes fiscais (...) e acertadas as contas da justiça com o incontornável caso da Universidade Moderna", sustentou, sugerindo a demissão de Paulo Portas. "Como já foi observado, o director de ontem do jornal 'O Independente' já tinha pedido, sem apelo nem agravo, a demissão do ministro da Defesa de hoje aduzindo ainda que qualquer cidadão com uma réstia de respeito, mesmo formal, pela democracia tomaria a decisão de se demitir até que toda a verdade fosse apurada! Como dizia o 'seu amigo' Marcelo Rebelo de Sousa 'há fantasmas que têm razão de ser'", disse. PCP não é "uma igreja, nem um Exército" Carvalhas anunciou para breve um jornada nacional de esclarecimento e mobilização em torno da revisão das leis laborais, um encontro nacional com os trabalhadores e uma iniciativa mais vasta, "Em movimento, por um Portugal com futuro". Sobre a situação interna, pouco falou. No final do discurso disse que o PCP não é "uma igreja, nem um Exército", mas que se trata de "um partido que respeita e não teme nem a diferença de opiniões entre os seus membros, nem o debate político e ideológico feito com verdade, seriedade e rigor, e antes os vê como naturais e susceptíveis de promover avanços de reflexão, mas em que naturalmente não se aceita a sobreposição da vontade e opiniões individuais à vontade e opinião colectivamente formadas". O comício de encerramento da Festa do "Avante!" decorreu no auditório 1º de Maio, uma tenda fechada, devido ao mau tempo. Os jovens gritavam "a chuva fascista na hora comunista". O recinto encheu-se e por ironia a chuva não se fez sentir durante todo o comício. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE PCP põe condições para um entendimento à esquerda

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