Extractos da intervenção de Carlos Carvalhas

09-09-2003
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Encontro Distrital da CDU

"Participação, Desenvolvimento e Qualidade de Vida"

Extractos da intervenção de Carlos Carvalhas, Secretário-geral do PCP

12 de Outubro de 1996

(...) E esta postura desde logo sublinha uma grande diferença em relação aos outros Partidos. E, eu creio que vós estareis de acordo que ao contrário de outras forças políticas, cuja grande preocupação não é a situação do povo e a resolução dos seus problemas, mas a conquista de tal ou tal município, a conquista do poder local como trampolim para as eleições legislativas, a conquista do poder pelo poder, pelos privilégios do seu exercício tal como o entendem, a CDU continue a dirigir os seus esforços para servir as populações. Que a CDU continue a dirigir as suas energias, atenções e esforços para que cada vez mais se possa reivindicar dos atributos do trabalho, honestidade, competência e experiência. Continuemos serena e empenhadamente com o trabalho ao serviço do desenvolvimento. Os outros que fiquem com o frenesim eleitoralista.

O valioso trabalho autárquico da CDU fala por si. Mesmo os nossos adversários são obrigados a reconhecer que no plano autárquico a CDU leva a dianteira e que tem um trabalho valioso e globalmente muito positivo. E mesmo assim nem sempre valorizamos e divulgamos o trabalho realizado.

Mas se conseguimos granjear este justo prestígio, isto deve-se ao trabalho esforçado, à participação das populações, à valia do projecto e à garantia real que damos aqueles que em nós confiam, da defesa intransigente dos interesses populares e de um funcionamento transparente e democrático em cada autarquia. O valor das nossas propostas, das soluções e da obra realizada são sólidos argumentos que permitem enfrentar as próximas batalhas com grande confiança e determinação, apesar de não dispormos nem dos meios e recursos financeiros de que outros dispõem.

E é lamentável ver agora o PS no Governo a seguir os mesmos métodos eleitoralistas que tanto criticou e com razão ao PSD.

Ele é o atrasar e adiantar obras em municípios adversários e adiantar outras com custos acrescidos e pagos por todos nós, na área dos municípios do PS, super endividados e desacreditados na sua gestão, ele é a interferência directa dos Governadores Civis, confundindo cargos partidários com cargos oficiais, eles são os responsáveis das CCRS a funcionarem como uma extensão da campanha eleitoral do Partido do Governo numa actuação inaceitável e desenvergonhada.

E apesar das promessas, dos compromissos e das declarações ao mais alto nível o PS prepara-se não só para não cumprir a Lei das Finanças Locais em 1997, como a não compensar sequer as isenções sobre receitas municipais que vai decretando. É inaceitável.

Paralelamente e com todo o descaramento o Governo vai engordar a rubrica dos contratos programas recuperando assim de forma enviesada a figura dos subsídios e das comparticipações, autênticos "sacos azuis" para utilizar de acordo com interesses políticos. Ao que tudo indica a rubrica passará de 1,8 milhões de contos no Orçamento de Estado de 1995 para os 5,5 milhões de contos em 1997. Um escândalo, que mesmo muitos autarcas do PS não cobrirão...

Mas o PS que não tenha ilusões. A opinião pública vai-se dando conta destes métodos e actuações e da mesma maneira que penalizou o PSD não deixará de vir a penalizar o PS.

Pela nossa parte continuaremos a pautar a nossa intervenção pela positiva, pela transparência, pelo empenho em resolver os problemas do presente e em abrir os caminhos do futuro. E aqui no distrito de Setúbal é conhecido o esforço e combate conjunto que os eleitos da CDU têm vindo a travar para que se concretize entre outros projectos o do "Metro de superfície Sul do Tejo", a "Estação de Tratamento de Águas Residuais da Península de Setúbal" e o "Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos".

É a CDU que luta pela concretização destes projectos e que se afirma e deve continuar a afirmar-se cada vez mais com um espaço aberto à participação efectiva e real de todos aqueles que connosco querem dar resposta aos problemas mais sentidos das populações.

Mas a CDU espaço plural, aberto à participação de milhares de independentes, só por si não pode resolver os problemas que dependem da Administração Central, que dependem das opções e da política do Governo.

E é uma evidência que o que o País precisa é de crescimento económico, emprego e justiça social e não de austeridade, concentração da riqueza e obediência cega aos sacrossantos critérios de Maastricht.

A política de leilão ao desbarato do sector empresarial do Estado, a política de deflação da economia vai agravar a situação social e a situação do nosso aparelho produtivo. Por cada ponto que se perde no crescimento do PIB, são milhares de empregos que se perdem e imensas possibilidades de dar resposta a problemas que ficam goradas.

Mas o Governo insiste na política económica que os portugueses quiseram ver derrotada nas eleições legislativas do ano passado.

É absolutamente intolerável que o Governo ao mesmo tempo que propõe ridículos aumentos aos trabalhadores da Função Pública, considerados pelos Sindicatos uma autêntica provocação, tenha o descaramento de vir propor a diminuição do imposto sobre os lucros... Grande Governo socialista...

O aumento dos salários reais é não só uma medida de justiça social, como é um factor de aumento do emprego e dinamização de toda a economia, quando acompanhado da defesa e valorização da produção nacional.

O aumento dos salários reais em termos aceitáveis é um elemento decisivo para dinamizar o consumo, que por sua vez dinamiza o comércio, o escoamento da produção, o investimento e o emprego. Com o nome de socialista este Governo está a levar à prática uma política económica que poderia ser subscrita por um qualquer governo neoliberal.

Uma política de austeridade, que se encaixa no receituário dum FMI fazendo recair os custos de tais opções sobre os trabalhadores e as camadas médias, é uma política votada ao fracasso.

Por isso, reafirmamos que a luta por melhores salários é simultaneamente uma luta pelo emprego e pela dinamização da economia.

A juventude em geral, as mulheres, os trabalhadores e as camadas médias pagam a grande parcela desta política, com o desemprego, o trabalho a recibo verde, o trabalho sem direitos.

Esta é uma política que desestabiliza o presente e aumenta as incertezas quanto ao futuro das jovens gerações. Esta é uma política que favorece e cria o caldo de cultura da insegurança, do racismo e da xenofobia.

Mas o povo português não está condenado a tais opções e caminho. Não há um único caminho nem de sentido único. (...)

Encontro Distrital da CDU

"Participação, Desenvolvimento e Qualidade de Vida"

Extractos da intervenção de Carlos Carvalhas, Secretário-geral do PCP

12 de Outubro de 1996

(...) E esta postura desde logo sublinha uma grande diferença em relação aos outros Partidos. E, eu creio que vós estareis de acordo que ao contrário de outras forças políticas, cuja grande preocupação não é a situação do povo e a resolução dos seus problemas, mas a conquista de tal ou tal município, a conquista do poder local como trampolim para as eleições legislativas, a conquista do poder pelo poder, pelos privilégios do seu exercício tal como o entendem, a CDU continue a dirigir os seus esforços para servir as populações. Que a CDU continue a dirigir as suas energias, atenções e esforços para que cada vez mais se possa reivindicar dos atributos do trabalho, honestidade, competência e experiência. Continuemos serena e empenhadamente com o trabalho ao serviço do desenvolvimento. Os outros que fiquem com o frenesim eleitoralista.

O valioso trabalho autárquico da CDU fala por si. Mesmo os nossos adversários são obrigados a reconhecer que no plano autárquico a CDU leva a dianteira e que tem um trabalho valioso e globalmente muito positivo. E mesmo assim nem sempre valorizamos e divulgamos o trabalho realizado.

Mas se conseguimos granjear este justo prestígio, isto deve-se ao trabalho esforçado, à participação das populações, à valia do projecto e à garantia real que damos aqueles que em nós confiam, da defesa intransigente dos interesses populares e de um funcionamento transparente e democrático em cada autarquia. O valor das nossas propostas, das soluções e da obra realizada são sólidos argumentos que permitem enfrentar as próximas batalhas com grande confiança e determinação, apesar de não dispormos nem dos meios e recursos financeiros de que outros dispõem.

E é lamentável ver agora o PS no Governo a seguir os mesmos métodos eleitoralistas que tanto criticou e com razão ao PSD.

Ele é o atrasar e adiantar obras em municípios adversários e adiantar outras com custos acrescidos e pagos por todos nós, na área dos municípios do PS, super endividados e desacreditados na sua gestão, ele é a interferência directa dos Governadores Civis, confundindo cargos partidários com cargos oficiais, eles são os responsáveis das CCRS a funcionarem como uma extensão da campanha eleitoral do Partido do Governo numa actuação inaceitável e desenvergonhada.

E apesar das promessas, dos compromissos e das declarações ao mais alto nível o PS prepara-se não só para não cumprir a Lei das Finanças Locais em 1997, como a não compensar sequer as isenções sobre receitas municipais que vai decretando. É inaceitável.

Paralelamente e com todo o descaramento o Governo vai engordar a rubrica dos contratos programas recuperando assim de forma enviesada a figura dos subsídios e das comparticipações, autênticos "sacos azuis" para utilizar de acordo com interesses políticos. Ao que tudo indica a rubrica passará de 1,8 milhões de contos no Orçamento de Estado de 1995 para os 5,5 milhões de contos em 1997. Um escândalo, que mesmo muitos autarcas do PS não cobrirão...

Mas o PS que não tenha ilusões. A opinião pública vai-se dando conta destes métodos e actuações e da mesma maneira que penalizou o PSD não deixará de vir a penalizar o PS.

Pela nossa parte continuaremos a pautar a nossa intervenção pela positiva, pela transparência, pelo empenho em resolver os problemas do presente e em abrir os caminhos do futuro. E aqui no distrito de Setúbal é conhecido o esforço e combate conjunto que os eleitos da CDU têm vindo a travar para que se concretize entre outros projectos o do "Metro de superfície Sul do Tejo", a "Estação de Tratamento de Águas Residuais da Península de Setúbal" e o "Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos".

É a CDU que luta pela concretização destes projectos e que se afirma e deve continuar a afirmar-se cada vez mais com um espaço aberto à participação efectiva e real de todos aqueles que connosco querem dar resposta aos problemas mais sentidos das populações.

Mas a CDU espaço plural, aberto à participação de milhares de independentes, só por si não pode resolver os problemas que dependem da Administração Central, que dependem das opções e da política do Governo.

E é uma evidência que o que o País precisa é de crescimento económico, emprego e justiça social e não de austeridade, concentração da riqueza e obediência cega aos sacrossantos critérios de Maastricht.

A política de leilão ao desbarato do sector empresarial do Estado, a política de deflação da economia vai agravar a situação social e a situação do nosso aparelho produtivo. Por cada ponto que se perde no crescimento do PIB, são milhares de empregos que se perdem e imensas possibilidades de dar resposta a problemas que ficam goradas.

Mas o Governo insiste na política económica que os portugueses quiseram ver derrotada nas eleições legislativas do ano passado.

É absolutamente intolerável que o Governo ao mesmo tempo que propõe ridículos aumentos aos trabalhadores da Função Pública, considerados pelos Sindicatos uma autêntica provocação, tenha o descaramento de vir propor a diminuição do imposto sobre os lucros... Grande Governo socialista...

O aumento dos salários reais é não só uma medida de justiça social, como é um factor de aumento do emprego e dinamização de toda a economia, quando acompanhado da defesa e valorização da produção nacional.

O aumento dos salários reais em termos aceitáveis é um elemento decisivo para dinamizar o consumo, que por sua vez dinamiza o comércio, o escoamento da produção, o investimento e o emprego. Com o nome de socialista este Governo está a levar à prática uma política económica que poderia ser subscrita por um qualquer governo neoliberal.

Uma política de austeridade, que se encaixa no receituário dum FMI fazendo recair os custos de tais opções sobre os trabalhadores e as camadas médias, é uma política votada ao fracasso.

Por isso, reafirmamos que a luta por melhores salários é simultaneamente uma luta pelo emprego e pela dinamização da economia.

A juventude em geral, as mulheres, os trabalhadores e as camadas médias pagam a grande parcela desta política, com o desemprego, o trabalho a recibo verde, o trabalho sem direitos.

Esta é uma política que desestabiliza o presente e aumenta as incertezas quanto ao futuro das jovens gerações. Esta é uma política que favorece e cria o caldo de cultura da insegurança, do racismo e da xenofobia.

Mas o povo português não está condenado a tais opções e caminho. Não há um único caminho nem de sentido único. (...)

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