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29-08-2002
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Cenário hipotético de febre aftosa no país

Portugal admite, com maiores ou menores reservas,

a vacinação

Por Joana Amaral Cardoso

Terça-feira, 24 de Abril de 2001

A medida profiláctica contra a febre aftosa menos querida, a vacinação, pode, se a doença se manifestar em Portugal, vir a ser utilizada. A opinião dos responsáveis na matéria divide-se apenas quanto à extensão da aplicação da vacinação, sendo que o Governo defende que essa deve ser uma "solução de último recurso", enquanto que os veterinários encaram com facilidade a prática, se necessária, de uma operação maciça de inoculação dos animais. O Ministério da Agricultura garante que a vacinação em Portugal, num cenário da presença da febre aftosa no país, é uma hipótese, apesar de remota. Será utilizada "quando não houver mais nenhuma medida a tomar". O assessor de imprensa do ministro da Agricultura, José Sacavém, justificou que se se recorrer à vacinação "uma país perde o seu estatuto de exportador" de acordo com as leis de comércio internacional, o que não é aceitável para o Governo português, nem permitido pela Comissão Europeia.

Por isso mesmo, vacinação contra a febre aftosa em Portugal "só em último recurso", conclui José Sacavém, que assim faz eco da intervenção do ministro Capoulas Santos na Assembleia da República, que explicou aos deputados que a possibilidade não está posta de parte, mas que encara apenas a vertente limitada e controlada da vacinação.

No discurso de 22 de Março, Capoulas aludiu também à possibilidade, como medida de preservação da espécie, de vacinar as raças autóctones, o que está ainda em discussão. Tudo está dependente, claro, do surgimento da doença em Portugal, cenário em que o director geral de Veterinária, Francisco Carmo Reis, considera também que é mais importante "não perder o estatuto de indemnidade" que poupar os abates de animais. A posição de Carmo Reis é a de "não utilizar a vacinação até determinado cenário", estando a fronteira de todos os males nos Pirinéus, figura. Se a febre aftosa passar de França para Espanha, Portugal teria de ponderar o recurso à impopular medida, concede o responsável.

Mas se a cautela e a consciência económica reinam entre os representantes institucionais, o bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, Tito Fernandes, limita-se a explicar que só é contra a aplicação da vacinação em Portugal enquanto não existir um foco dentro de fronteiras. A partir do momento em que isso se verificasse, é "a favor da vacinação" num modelo similar ao que se está a aplicar na Holanda, no que é corroborado pelo presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários, João Alvoeiro, que coloca, no entanto, várias condições para que o primeiro passo nesse sentido seja dado. Face a um número reduzido de casos, a aplicação da medida em Portugal deve ser precedida por todas as medidas profilácticas previstas, defende o sindicalista. Em todo o caso, a vacinação controlada e de emergência, como medida de excepção, autorizada pela Comissão Europeia para uma área limitada em torno de focos confirmados de febre aftosa é o meio termo admitido. João Alvoeiro deixa a ressalva de que esta, em todo o caso, "não é a melhor medida", confessou ao PUBLICO.PT.

Num período posterior e "a médio-prazo", e perante um agravamento da situação, o bastonário dos veterinários é claramente a favor da vacinação maciça dos animais. "Não temos nada a perder. Portugal não é um país exportador de carne", relativiza. Mas João Alvoeiro não é da mesma opinião. "Vacinação maciça? Jamais!", a não ser que estejamos numa situação similar à do Reino Unido.

Cenário hipotético de febre aftosa no país

Portugal admite, com maiores ou menores reservas,

a vacinação

Por Joana Amaral Cardoso

Terça-feira, 24 de Abril de 2001

A medida profiláctica contra a febre aftosa menos querida, a vacinação, pode, se a doença se manifestar em Portugal, vir a ser utilizada. A opinião dos responsáveis na matéria divide-se apenas quanto à extensão da aplicação da vacinação, sendo que o Governo defende que essa deve ser uma "solução de último recurso", enquanto que os veterinários encaram com facilidade a prática, se necessária, de uma operação maciça de inoculação dos animais. O Ministério da Agricultura garante que a vacinação em Portugal, num cenário da presença da febre aftosa no país, é uma hipótese, apesar de remota. Será utilizada "quando não houver mais nenhuma medida a tomar". O assessor de imprensa do ministro da Agricultura, José Sacavém, justificou que se se recorrer à vacinação "uma país perde o seu estatuto de exportador" de acordo com as leis de comércio internacional, o que não é aceitável para o Governo português, nem permitido pela Comissão Europeia.

Por isso mesmo, vacinação contra a febre aftosa em Portugal "só em último recurso", conclui José Sacavém, que assim faz eco da intervenção do ministro Capoulas Santos na Assembleia da República, que explicou aos deputados que a possibilidade não está posta de parte, mas que encara apenas a vertente limitada e controlada da vacinação.

No discurso de 22 de Março, Capoulas aludiu também à possibilidade, como medida de preservação da espécie, de vacinar as raças autóctones, o que está ainda em discussão. Tudo está dependente, claro, do surgimento da doença em Portugal, cenário em que o director geral de Veterinária, Francisco Carmo Reis, considera também que é mais importante "não perder o estatuto de indemnidade" que poupar os abates de animais. A posição de Carmo Reis é a de "não utilizar a vacinação até determinado cenário", estando a fronteira de todos os males nos Pirinéus, figura. Se a febre aftosa passar de França para Espanha, Portugal teria de ponderar o recurso à impopular medida, concede o responsável.

Mas se a cautela e a consciência económica reinam entre os representantes institucionais, o bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, Tito Fernandes, limita-se a explicar que só é contra a aplicação da vacinação em Portugal enquanto não existir um foco dentro de fronteiras. A partir do momento em que isso se verificasse, é "a favor da vacinação" num modelo similar ao que se está a aplicar na Holanda, no que é corroborado pelo presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários, João Alvoeiro, que coloca, no entanto, várias condições para que o primeiro passo nesse sentido seja dado. Face a um número reduzido de casos, a aplicação da medida em Portugal deve ser precedida por todas as medidas profilácticas previstas, defende o sindicalista. Em todo o caso, a vacinação controlada e de emergência, como medida de excepção, autorizada pela Comissão Europeia para uma área limitada em torno de focos confirmados de febre aftosa é o meio termo admitido. João Alvoeiro deixa a ressalva de que esta, em todo o caso, "não é a melhor medida", confessou ao PUBLICO.PT.

Num período posterior e "a médio-prazo", e perante um agravamento da situação, o bastonário dos veterinários é claramente a favor da vacinação maciça dos animais. "Não temos nada a perder. Portugal não é um país exportador de carne", relativiza. Mas João Alvoeiro não é da mesma opinião. "Vacinação maciça? Jamais!", a não ser que estejamos numa situação similar à do Reino Unido.

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